-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: outubro 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A misericórdia cura tudo


“Embora de nada adiante por nossas esperanças em um novo mundo totalmente utópico, no qual cada um será sublimemente misericordioso, somos obrigados, como cristãos, a procurar algum modo de dar à misericórdia e à compaixão de Cristo uma dimensão social e até política. A função escatológica da misericórdia, repetimos, é preparar a transformação cristã do mundo e introduzir o Reino de Deus. Esse Reino manifestamente ‘não é deste mundo’ (ao contrário de todas as formas de cristianismo milenarista e messiânico), mas exige ser exemplificado e preparado por formas de testemunho social heróico que tornem a misericórdia cristã clara e evidente no mundo.

(…) A misericórdia cristã deve descobrir na fé, no Espírito, um poder suficientemente forte para iniciar a transformação do mundo em um lugar onde reinem compreensão, unidade e relativa paz, onde a humanidade, as nações e as sociedades estejam dispostas a fazer o enorme sacrifício necessário para se comunicarem de modo inteligível, compreender-se, cooperar para alimentar os milhões de famintos e construir um mundo de paz. ”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(Farrar, Straus and Giroux, New York) 1979, p. 219
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2.004. p. 230-231

Reflexão da semana de 26-01-2009

Um pensamento para reflexão: “A misericórdia cura tudo. Cura corpos, espíritos, sociedade e história. É a única força que pode realmente curar e salvar.”
Amor e Vida, Thomas Merton

domingo, 30 de outubro de 2011

Autenticidade de vida e testemunho


Liturgia da Palavra:
Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração
SÃO PAULO, quinta-feira, 27 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à Liturgia da Palavra do 31° domingo do Tempo Comum – Ml 1,14b-2,1.8-10; 1 Ts 2,7b-9.13; Mt 23, 1-12 –, redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneu Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele é monge beneditino camaldolense.

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DOMINGO 31 – Comum – A

Autenticidade de vida e testemunho do Evangelho

Leituras: Ml 1,14b-2,1.8-10; 1 Ts 2,7b-9.13; Mt 23, 1-12

“Se eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,14-15). O próprio Jesus se torna sempre a realização encarnada da Palavra que nos entrega. Seu exemplo precede seu ensino, e deste constitui a força interior que lhe dá autoridade e eficácia.

Movido pelo impulso do Espírito e inspirado pelo exemplo de Jesus, Paulo afirma que seu ministério apostólico no meio da comunidade dos tessalonicenses foi exatamente a atuação do exemplo e do mandamento de Mestre: “foi com muita ternura que nos apresentamos a vós, como uma mãe que acalenta seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida” (1 Ts 2,7b-8). E acrescenta pouco depois “Bem sabeis que exortamos a cada um de vós, como um pai aos filhos” (1 Ts 2, 11).

Não é fácil encontrar hoje em homilias de padres e em cartas pastorais de bispos uma linguagem tão apaixonada e humana, capaz de expressar aquela autêntica experiência da paternidade e da maternidade espiritual na qual a Igreja, através do serviço e da dedicação generosa dos seus ministros, nos gera à vida de Deus na fé, e se torna nossa “mãe”. Quantas vezes estamos proclamando na linguagem eclesiástica corrente do dia-a-dia que a Igreja é nossa mãe!

Quanto da paixão e da ternura da mãe e do empenho generoso e sábio do pai - que o apóstolo reivindica como características do seu serviço ao evangelho para os tessalonicenses - moldam de verdade nossas atitudes pastorais, e alimentam nossa pregação e catequese, enquanto somos chamados a não somente “escutar”, mas “encontrar” a boa nova libertadora de Jesus, que transforma e dá vida?

As duras palavras de Jesus na polêmica contra os fariseus colocam em luz a contradição radical entre palavras e comportamentos, sobretudo nas pessoas que, na comunidade, têm a missão e a tarefa de abrir o caminho aos irmãos e irmãs para encontrar a Deus, o Pai fonte de toda paternidade (cf. Ef 3,15), que cuida, educa e acompanha com ternura de mãe seus filhos amados, até que se tornem adultos (cf. Os 11, 1-4).

Os fariseus e os mestres da lei proporcionam um ensino autorizado do qual é preciso ter conta, enquanto guarda em si a Palavra viva que vem de Deus e que transcende a postura pessoal deles. Seu estilo de vida deveria ser o espelho da mesma palavra e dar a ela credibilidade. Ao invés se torna um tropeço que atrapalha a vida do povo. Distinguir as situações ambíguas, com sabedoria e discernimento crítico no Espírito, como convém a pessoas maduras na fé, e pegar a distância das falsas aparências, para seguir o único verdadeiro Senhor, Pai e Mestre: eis a vocação e o desafio para os verdadeiros discípulos em todo tempo.

“Por isso deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam” (Mt 23, 3). Evidenciando uma série de contradições, Jesus destaca dois pecados fundamentais, que constituem o núcleo venenoso da alma, a hipocrisia, isto é, a manipulação da verdade para consigo mesmo, diante de Deus e na relação com os demais.

O primeiro pecado é a tentativa de esconder-se atrás de um aparente zelo religioso, identificado com a rígida observância da Lei, por eles aludida, mas carregada sobre os ombros do povo, observância desprovida de todo amor e autenticidade (Mt 23, 4). O segundo pecado é a procura em chamar a atenção do povo para si mesmo, colocando-se no lugar próprio de Deus, ao ostentar formas e palavras, capazes de capturar os simples, em vez de guiá-los ao Senhor da vida (Mt 23, 5-7).

Jesus se coloca na linha do profeta Malachias, que denuncia a perversão da própria missão por parte dos sacerdotes. Eles deveriam ser de ajuda e servir de guias para viver com fidelidade a aliança; ao contrário: se tornaram “pedra de tropeço” para os pobres (1ª Leitura, Ml 2, 8).

Os pequeninos são os privilegiados do Pai! Por isso a ameaça de Jesus se faz ainda maior daquela já severa que encontramos aqui. “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria que lhe pendurassem ao pescoço uma pesada mó e fosse precipitado nas profundezas do mar!” (Mt 18,6).

O tropeço e o escândalo dos pequeninos não passam somente através dos comportamentos abertamente em contradição com o evangelho e o ensino da Igreja. Quando isso acontece, é mais fácil reconhecer o desvio e se defender. Hoje em dia atuam também duas formas, dentre outras, de possíveis desvios do caminho próprio do discípulo de Jesus.

Todo mundo é alertado contra certa mentalidade secular que descuida de Deus e da dimensão espiritual da existência humana, para seguir um relativismo individualista e limitado ao nível do bem estar material.

Outro perigo mais sutil é a exploração do sentimento religioso espontâneo e simples das pessoas, dobrando-o para formas pobres de conteúdo, fortemente ligadas às emoções, sem o cuidado paterno e materno de Paulo, para educar este mesmo sentimento religioso, e acompanhar os fieis a gozar das riquezas espirituais que a Igreja proporciona para todo o povo na Palavra de Deus, na Liturgia, na formação mais consciente e adulta da própria fé.

Ao pegar nas mãos certas publicações que se dizem de caráter piedoso, e ao olhar certos programas de TV (não somente evangélicos!), que pretenderiam alimentar a fé do povo de Deus, vêm naturalmente à mente as severas palavras de Jesus no evangelho de hoje! Muitas vezes são propostas na realidade formas quase mágicas de piedade, embora os altares apareçam bem arrumados, segundo as exigências das rubricas litúrgicas!

Para onde foi o luminoso empenho da Igreja assumido através do Concílio Vaticano II, orientado a reconduzir a fé e a piedade do povo de Deus às suas divinas raízes da Palavra de Deus e do mistério pascal de Cristo na liturgia, renovando as bases da catequese, para que se tornasse mais idônea a iluminar a mente e a esquentar o coração das pessoas com a caridade de Cristo?

Para onde foi o caminho de comunhão entre todos os membros do povo de Deus, peregrino na esperança rumo à vinda gloriosa do Senhor, que sustenta seu caminho, o ilumina, o faz solidário com todos os homens e mulheres do nosso tempo, e o abre à esperança?

Esta foi a grande estrela polar da eclesiologia promovida pelo Concílio Vaticano II, retomando a mais antiga e original tradição da Igreja.

A Igreja está se preparando a celebrar no ano 2013 os cinqüenta anos da abertura do Concílio ecumênico Vaticano II (1963- 2013). Este aniversário deveria constituir uma oportunidade para todos redescobrirem as grandes Constituições do Concílio (os principais documentos doutrinais e pastorais), e assumir com renovado empenho o caminho de renovação e de autenticidade da vida cristã que o Espírito Santo abriu para a Igreja.

Em qual terreno está caindo, dentro das nossas comunidades, a fecunda semente de vida lançada pelo papa Bento XVI, com a Exortação apostólica “Verbum Domini - A Palavra do Senhor” (2008), que, num gesto de profunda comunhão com os bispos da Igreja católica, assumiu as sugestões do Sínodo dos bispos, para colocar novamente no centro do coração da Igreja e da vida de todos os fieis a Palavra de Deus, que é o próprio Jesus, Palavra-Verbo do Pai?

Este é o caminho para, no nosso tempo, cultivar e promover uma fé e uma piedade autênticas, capazes de enfrentar os desafios da secularização e do falso “pietismo” de certas propostas religiosas, que podem nascer da boa vontade, mas que não conseguem fundamentar bastante as pessoas diante dos novos desafios.

O Encontro de Reflexão, Diálogo e Oração, promovido pelo papa em Assis no dia 27 de outubro, 25o aniversário do primeiro encontro organizado pelo Bem Aventurado papa João Paulo II (1986), tem como horizonte espiritual o lema “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”. O espírito com que o papa tem promovido este evento e o lema que o identifica destacam bem a exigência de crescer na autenticidade da relação com o mistério de Deus que nos habita e nos transcende, e na relação para com todos os membros da família humana, qualquer que seja a forma religiosa ou cultural, para expressar e honrar este mistério divino. Este encontro do dia 27 é preciso que de algum modo faça parte da celebração da eucaristia deste domingo, como palavra atualizadora do evangelho e da páscoa de Jesus.

Os estudiosos do Novo Testamento nos advertem que o tom altamente polêmico do trecho do evangelho de Mateus proclamado na liturgia deste domingo, se de um lado parece exagerar na leitura negativa do movimento dos fariseus, assim como se exprimia no tempo de Jesus, de outro lado, provavelmente, tende a marcar o perigo da hipocrisia e da modalidade errônea de se exercer a autoridade dentro da própria comunidade cristã no tempo do evangelista.

Tais riscos, seria esta a mensagem do evangelista, não se encontram somente no povo dos judeus, mas também na comunidade dos discípulos de Jesus, na nossa comunidade, em qualquer tempo e lugar.

Para os discípulos, Jesus indica outros critérios de relações recíprocas, e outro modelo para exercitar em maneira autêntica a autoridade: “Quanto a vós, nunca....” (Mt 23,8-12).

Diante da perspectiva da paixão, passagem escolhida pelo Pai para realizar a missão de Jesus como Messias e Salvador, os discípulos não conseguem entender o mistério de Jesus. E, sobretudo, não conseguem entender o que isto deveria significar para eles mesmos, enquanto seus “discípulos”. Continuam brigando entre si, sobre quem deveria ocupar os primeiros postos de poder entre eles.

Jesus revira as perspectivas: “Sabeis que os governadores das nações as dominam... Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate por muitos” (Mt 20, 25-28).

Eis fundada a razão porque ninguém, entre os discípulos, pode pretender o “título” de mestre, de pai, de guia. Estas funções pertencem ao Pai e a seu Filho Jesus, que atua no Espírito Santo (Mt 23, 8-10).

Cristo, que se esvazia de todo poder e de aparência de glória, que lhe pertencem enquanto Verbo do Pai, e assume a fragilidade do escravo, morrendo na cruz, suprema manifestação do seu amor e da sua glória, permanece a fonte e o modelo de toda comunidade cristã, nas relações entre seus membros e no exercício da autoridade (cf Fl 2, 6-11).

Que sentido tem na Igreja as pessoas que exercitam os ministérios de ensinar, de suscitar a fé e de guiar e acompanhar o caminho de fé do povo de Deus?

Como diz a própria palavra “ministério”, elas são chamadas pelo Senhor a exercitarem um “serviço”, finalizado a promover a relação vital de cada um com o Pai, com o Mestre interior que é o Espírito, e com o Cristo, que é o verdadeiro caminho para o Pai. Nisto consiste toda a dignidade e a responsabilidade destes “ministros”. A partir da autenticidade desta delicada mediação, cada um precisa julgar seu próprio ministério na luz do Senhor, para verificar com humildade e sinceridade, se está de verdade servindo ao Senhor no seu povo, ou se por acaso não se está tornado pedra de tropeço para o mesmo.

Até a capacidade de servir o Senhor e o povo, como se convém, é graça. É a graça que a Igreja pede hoje, mais consciente do que nunca das próprias fragilidades: “Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas”.

sábado, 29 de outubro de 2011

Amor ao proximo



Aquele que ama a Deus ama também a seu próximo; e quem não ama o próximo não ama a Deus.

Para praticar a virtude da caridade, é preciso:

1 –Amar o próximo como a si mesmo do fundo do coração;

2 – Abster-se de suspeitar ou julgar mal dele sem causa justa;

3 – Evitar a maledicência;

4 – Ter cautela em não dizer a outrem o mal que dele falaram;

5 – Evitar ofender o próximo;

6 – fugir de rixas;

7 – Falar com doçura a todos, ainda aos inferiores;

8 – Socorrer o próximo, quando pode;

9 – Procurar salvar as almas;

10 – Assistir os enfermos, principalmente se são pobres;

11 – Perdoar e fazer bem aos inimigos;

12 – Orar pelos pecadores e pelas almas do purgatório.

Oremos:

Meu Deus amo a meu próximo como a mim mesmo por amor de vós. E porque o amo, vos recomendo as almas do purgatório, os meus pais, benfeitores, amigos, parentes, e todos aqueles de quem recebi alguma afronta ou desgosto; peço-vos que os cumuleis de toda a sorte de bens.

Recomendo-vos também os infiéis, hereges e todos os que se acham em pecado. Pois sois digno de amor infinito, ó meu Deus, fazei-vos conhecer e amar de todo o gênero humano, e principalmente de mim, que vos mostrei tanta ingratidão; já que vos hei ofendido muito, muito vos ame agora, a fim de ir cantar eternamente as vossas misericórdias no céu.

Extraído do livro “As mais belas orações de Santo Afonso”.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Somos cidadãos da terra, destinados à pátria celeste


O católico, pela graça do batismo, fica apto a ser um bem-aventurado no Céu. Mas, como está neste mundo deve seguir as leis da terra também. Tem obrigações para com Deus e também para com os homens. Os Dez Mandamentos contêm os nossos principais deveres para com Deus (os três primeiros Mandamentos), para conosco mesmos e para com o próximo (os sete últimos). Eles constituem a súmula de toda a lei moral. Neles Deus nos ordena que façamos o bem e evitemos o mal. Por isso, cada Mandamento contém um preceito e uma proibição.
Constituem, portanto, o caminho necessário para cada um de nós, individualmente, alcançar a salvação eterna: basta pecar gravemente contra qualquer um deles para merecer o inferno.
Por outro lado, os Mandamentos são também o fundamento de toda a vida em sociedade: sua simples observância bastaria para restabelecer a ordem e trazer a paz a todos os povos, nações, sociedades e Estados. É exatamente esta a missão dos leigos católicos: imbuir do espírito de Jesus Cristo a sociedade temporal.
O plano de Deus quanto aos homens
O homem foi criado por Deus com dons excelentíssimos, e colocado no mais magnífico local da Terra, que era o Paraíso terrestre. Ali deveriam viver todos os homens, já nascendo com aqueles dons e destinados a, após uma existência cheia de santidade e felicidade, serem levados para o Céu sem passarem pela morte. Tal plano de Deus envolvia:
a) Que cada homem progredisse na virtude e desenvolvesse admiravelmente suas próprias perfeições;
b) O serviço de Deus e progresso na virtude os homens deveriam fazê-lo juntos, colaborando uns com os outros e influenciando uns sobre os outros;
c) Formariam assim uma sociedade e um Estado perfeito, com uma civilização e cultura admiráveis, que poderiam ser poderosíssimos auxiliares na santificação.
Se imaginarmos um mundo habitado por milhões de homens, todos com perfeições admiráveis como vemos nos santos, realizando obras de arte com a perfeição e beleza das de um Fra Angélico, produzindo as instituições admiráveis da Civilização Cristã, etc. – e sem as dificuldades e limitações produzidas pelo pecado original – poderemos ter uma certa idéia do que seria o Paraíso terrestre se não tivesse havido o pecado original. A humanidade era chamada pois, a embelezar prodigiosamente o Paraíso terrestre, e edificar ali uma cultura e uma civilização de perfeição absolutamente maravilhosa.
O pecado original, decorrente da tentação do demônio e da queda de Adão, degradou o homem, que perdeu os dons sobrenaturais e preternaturais, teve a desordem dentro de si e ficou sujeito à morte, às doenças, lançado em meio a uma natureza hostil. Fez ruir, portanto, aquele plano maravilhoso.

Mas o plano de Deus, quanto ao fim do homem, continua substancialmente o mesmo, envolvendo:
a) Que os homens devem santificar-se; e não apenas isoladamente, mas formando uma sociedade;
b) Que eles devem pois constituir um Estado, uma cultura, uma civilização, como meios para sua santificação e para a glória de Deus;
c) Assim se santificando, virão a ocupar os tronos angélicos vazios. O término dessa maravilhosa obra divina marcará o término da História, na Terra.
O plano de Deus na História
A História é o desenrolar da admirável ação da Providência, em meio ora à fidelidade, ora à recusa e até à revolta dos homens, para a realização daquele grandioso plano. Assim, na História:
1) Ora os homens aceitam o plano divino, e são as grandes maravilhas que ocorrem;
2) Freqüentemente resistem e seguem o demônio, trazendo pecados, tragédias e degradações, ora maiores ora menores;
3) Deus, ante a resistência dos homens, em Sua insondável Sabedoria: a) ora intervém e produz as grandes conversões; b) ora intervém castigando as apostasias e reiniciando a realização de Sua obra; c) ora permite que o mal se alastre e se prolongue enormemente; d) mas, nunca derrotado, tira o bem do mal; apesar de todo o ódio de Satanás e de todas as maldades dos ímpios, conduz a História, através de maravilhas, para a realização de Seus desígnios.
Visão geral e sucinta da História: Começa a História humana – Dons admiráveis de Deus; o pecado de Adão – Deus castiga, mas promete o Redentor.
Na era patriarcal – Deus dava aos homens graças para que, com a religião natural e já algo da religião revelada, criassem uma ordem patriarcal boa. Os homens terminam implantando uma ordem má. Deus manda o dilúvio, destruindo não só os ímpios, mas também aquela ordem de coisas má. Mas ao mesmo tempo separa um resíduo: Noé e sua família. E fez maravilhas mais belas que antes (o pacto com Noé, o arco-íris).
Os homens pecam de novo, e constroem outra vez uma ordem de coisas pecaminosa, que os induz a pecar mais. Deus impede seus desígnios e os castiga: confusão das línguas e dispersão dos homens (torre de Babel).
De decadência em decadência, chegando à idolatria e a mil degradações sociais, culturais, etc., os homens vão imergindo no paganismo.
Mas Deus separa um povo. É um povo apenas, porém já temos novas maravilhas divinas: desse povo sairá o Messias e sairá Nossa Senhora. E este povo recebe no Sinai a Lei que é a base da ordem sadia, e será assistido por uma Providência especialíssima.
Revoltas sucessivas do povo judeu. Decadência final. Outra vez o plano de Deus é coarctado pela maldade dos homens.
Deus castiga os judeus e os dispersa pelo mundo. Mas Se serve de seus restos para construir a grande maravilha que é a Igreja. E triunfa dos desvarios da gentilidade, atraindo-a para o grêmio da Igreja.
A Igreja floresce. A santidade produz frutos impressionantes. A Idade Média progride. Começa a construção da ordem perfeita, que é a Civilização Cristã.
Mas vem a grande apostasia do Ocidente cristão, e surge a Revolução. Porém Deus, ao longo da progressiva tragédia da Revolução, vai aprimorando a Igreja com novas maravilhas: a Contra-Reforma; o movimento ultramontano no século XIX; o movimento ultramontano em nossos dias.
É preciso que, antes de a História se encerrar, se cumpra o plano que Deus quer que os homens realizem também nesta Terra. Não apenas num brevíssimo espaço de tempo, mas de modo estável.
Então Deus utilizará Seu instrumento máximo, Nossa Senhora. Por ação d’Ela, e para a glória d’Ela, o que até agora foram tentativas precursoras será realidade durável, consistente e gloriosa: o Reino de Maria.
Mas depois de sua duração devida, virá a revolta última dos homens. Tão grave será – porque será contra o reinado de Maria – que Deus destruirá a humanidade. Mas ainda fazendo uma maravilha: os últimos fiéis serão tão santos, que serão a florescência do apogeu da Igreja. A Igreja militante expirante se transformará na Igreja triunfante do Céu. Os tronos angélicos vazios estarão preenchidos. A Terra será purificada.
O plano rejeitado por Satanás será realizado sem ele e contra ele. Será o apogeu da glória de Deus.
Fonte: Vocacionados Menores

sábado, 22 de outubro de 2011

Amar tem poder de renovação



Amar tem poder de renovação
Pe . Fabio de Melo
Como posso amar o próximo se ainda não me amo?

Se quiser ser de Deus, terá que viver as duas vias do Senhor: ‘Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo’.
O que você entende por esta palavra 'amor'?
É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca. Os poetas sempre tentaram decifrar esse sentimento, mas nunca conseguiram. Assim como Luiz de Camões em seu célebre poema: ‘O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer’.
O amor não se poetiza. Quantas vezes o sentimos e não sabemos onde realmente dói. O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho.
Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, as que não damos valor e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar?
Como posso descobrir esse convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, eu lhe proponho que acabe com os 'achismos' do amor. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. Pois, muitas vezes, em nome dele [amor], nós fazemos absurdos: seqüestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões.
O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que ele tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro que nos motiva a ser melhores. É o amor com suas clarezas e suas confusões...
Muitas vezes, em nome do amor tratamos as pessoas como ‘coisas’.
Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos de entrar como Ele: agregando valores. Caso contrário é melhor que fiquemos de fora, porque você é um território que merece respeito.
Na passagem da sarça ardente (cf. Ex 3,2ss ) Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo, mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos; e se estamos esgotados é porque amamos ‘de menos’. Vamos ficando sem o vigor; mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois é um fogo que faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro. Quantas vezes você passou noites inteiras acordado pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor... Amar o outro é levar prejuízo.
Você vai saber o que é o verdadeiro amor quando você se consome, mas não se esgota. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados por ele, mas não de amá-lo.
Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas em sua busca correm atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Todos estão querendo saber o que é o amor e todos estão precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado.
Tenha coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você as carrega até o dia de hoje. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si própria, pelo respeito por si mesma. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo se ainda não me amo?
Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos irão agradecer por você se amar. Quando o amor nos atinge, somos mais felizes. Um povo que se ama é um povo que sabe aonde vai. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quem ama a Jesus Cristo ama a mansidão



"A caridade é benigna". O espírito de mansidão é próprio de Deus. "Meu espírito é mais doce do que o mel"1. A pessoa que ama a Deus, ama a todos os que são amados por Deus, isto é, todos os homens. Por isso procura sempre socorrer, consolar, contentar a todos na medida do possível. Eis o que diz São Francisco de Sales, mestre e modelo da mansidão: "A humilde mansidão é a virtude das virtudes que Deus tanto nos recomendou. É necessário praticá-la sempre e em toda parte".
Dá-nos ainda a seguinte regra: "Quando vedes alguma coisa que se pode fazer com amor, fazei-o; o que não se pode fazer sem discussões, deixai-o”2. Isso se refere ao que podemos deixar sem ofender a Deus, porque, quando existe ofensa a Deus, esta deve ser impedida sempre e depressa por aquele que é obrigado a impedi-la.


A mansidão deve ser praticada especialmente com os pobres, os quais normalmente, por causa da sua pobreza, são tratados asperamente pelos homens. Deve-se ainda usar da mansidão particularmente com os doentes que se encontram aflitos e, as mais das vezes, recebem pouco cuidado dos outros. Devemos exercer a mansidão principalmente com os inimigos. É preciso “vencer o mal com o bem"3, isto é, o ódio com o amor, a perseguição com a mansidão. Assim fizeram os santos e por esse meio conseguiram o afeto de seus maiores inimigos.


Diz São Francisco de Sales: "Não há nada que tanto edifique o próximo como a caridosa benignidade no trato"4. Ele tinha ordinariamente o sorriso nos lábios. “Sua aparência, suas palavras, suas maneiras respiravam mansidão”5. São Vicente de Paulo afirmava jamais ter conhecido um homem mais manso, parecendo-lhe ver a imagem viva da bondade de Jesus Cristo. Mesmo quando sua consciência o obrigava a negar alguma coisa, o santo mostrava tanta benevolência com as pessoas, que elas iam embora contentes, embora não tivessem obtido o que desejavam6. Era manso para com todos, com os superiores e com seus iguais, com seus inferiores, com as pessoas de casa e de fora7. Era bem diferente dos que, segundo sua expressão, parecem anjos na rua e demônios em casa8. No trato com seus empregados, não se queixava nunca de suas faltas; advertia-os apenas e sempre com bondade9. Coisa muito louvável em todos os superiores!


O superior deve usar de toda mansidão com os seus súditos. Ao lhes impor alguma coisa, deve antes pedir que mandar. Dizia São Vicente de Paulo “Para os superiores, não há melhor meio de se fazer obedecer do que a mansidão"10. "Experimentei todos os meios de governar - dizia Santa Joana de Chantal - e não encontrei nenhum melhor do que o modo bondoso e paciente"11.


A bondade e a mansidão


O superior deve mostrar-se benigno mesmo nas repreensões que tem a fazer. Uma coisa é repreender com energia e outra repreender com aspereza. É preciso, às vezes, repreender com energia, quando a falta é grave, principalmente em caso de repetição da falta e depois de a pessoa ter sido avisada. Mas evitemos repreender com aspereza e com raiva; quem repreende com raiva faz mais mal do que bem. Esse é o zelo errado que São Tiago reprova. Há quem se glorie de dominar assim sua família ou comunidade, e pensa que é assim que se deve governar. São Tiago não pensa assim: "Se tendes um zelo amargo, não vos glorieis”12.


Se em algum caso raro houvesse necessidade de dizer uma palavra áspera para que alguém percebesse a gravidade de seu erro, é preciso temperar a dureza, terminandocom alguma palavra mais mansa. É preciso curar as feridas, a exemplo do bom samaritano, com vinho e óleo. São Francisco de Sales dizia: “Assim como o óleo fica boiando quando despejado num copo de água, assim em todos nossos atos deve ficar por cima a bondade"13. Se a pessoa a ser repreendida está alterada, convém deixar a repreensão para outra hora e esperar que passe a raiva, caso contrário mais a irritaríamos. "Quando uma casa pega fogo não se deve jogar mais lenha na fogueira"14.


"Não sabeis de que espíritos sois". Foi esta a resposta que Jesus deu a Seus discípulos Tiago e João, quando eles queriam que fossem castigados os samaritanos, que os tinham expulsado da sua cidade:


- Que espírito é esse? Não é o Meu! O Meu espírito é de bondade e mansidão; "não vim para perder, mas para salvar as pessoas"15 e estais querendo que Eu as perca? Calai-vos e não Me façais semelhantes pedidos, porque não é esse o Meu espírito!


De fato, com que mansidão tratou Jesus a mulher adúltera:


- "Mulher, ninguém te condenou? Nem Eu te condenarei. Vai e não peques mais"16.


Contentou-Se apenas em admoestá-la a não mais pecar e a mandou em paz. Com quanta bondade procurou converter e converteu a samaritana. Começou pedindo-lhe água. Depois lhe disse:


- "Se soubesses quem é que te pede de beber!"


Em seguida revelou-lhe que era o Messias esperado.


Com quanta bondade procurou converter o traidor Judas. Deixou que ele comesse com Ele no mesmo prato. Lavou-lhe os pés e o admoestou no momento da traição:


- "Judas, é com um beijo que Me trais? Com um beijo trais o Filho do Homem?"


Como é que mais tarde converteu Pedro, depois de ter sido regenerado por ele? "O Senhor voltou-Se e olhou para Pedro”17. Ao sair da casa do pontífice, sem censurar o seu pecado, lançou sobre ele um olhar de ternura e o converteu. E converteu de tal forma que Pedro durante toda a vida não deixou de chorar a grave ofensa que fizera ao seu Mestre.


A força da mansidão


É certo, ganha-se mais sendo manso do que severo. Dizia São Francisco de Sales que não há nada mais amargo que a noz; mas quando bem preparada, torna-se doce e agradável.O mesmo se dá com as repreensões; embora sejam em si desagradáveis, contudo quando feitas com amor e bondade, são bem aceitas e produzem maior proveito18.


São Vicente de Paulo dizia que, no governo de seu instituto, fizera apenas três repreensões severas, acreditando ter boas razões para agir assim. Mas depois sempre se arrependeu porque nenhuma surtira efeito, ao passo que as correções feitas com mansidão sempre tiveram bom resultado19.


São Francisco de Sales, por sua mansidão, alcançava dos outros tudo o que desejava. Assim conseguiu levar para Deus os pecadores mais endurecidos20. A mesma coisa fazia São Vicente de Paulo que ensinava a seus missionários esta regra: "A afabilidade, o amor e a humildade têm uma força maravilhosa para ganhar os corações dos homens, e levá-los a abraçar as coisas mais desagradáveis à natureza humana"21. Uma vez mandou um grande pecador a um de seus padres para que o convertesse. Mas o missionário, vendo inúteis todos seus esforços, pediu ao santo que lhe dissesse alguma coisa. Ele o fez e o pecador se converteu. Este declarou depois que a singular bondade e extrema caridade do santo lhe ganharam o coração. Por isso o santo não admitia que seus missionários tratassem os seus penitentes com dureza, e lhes dizia que o espírito infernal se serve do rigor de alguns para causar maior dano às almas22.


É preciso praticar a benignidade com todos, em todas as circunstâncias e em todo o tempo. Adverte São Bernardo que alguns são mansos enquanto as coisas correm de acordo com sua vontade. Mas quando atingidos por alguma contrariedade ou dificuldade, logo se inflamam, e começam a fumegar como um vulcão23. Pode-se chamá-los muito bem de carvões acesos escondidos debaixo de cinzas. Quem quer ser santo, deve ser nesta vida como o lírio entre espinhos. Embora nasça entre eles, não deixa de ser lírio, isto é, sempre igualmente suave e benigno! Quem ama a Deus conserva sempre a paz no coração e a deixa transparecer no rosto, apresentando-se sempre o mesmo, tanto nas dificuldades como na prosperidade: “As várias solicitações das criaturas não o perturbam na incessante luta da vida. Seu coração é como um santuário onde vive sempre em paz, unido a Deus"24.


Ser manso...


Conhecemos o espírito de uma pessoa nas horas difíceis. São Francisco de Sales amava com ternura a Ordem da Visitação que lhe custara tantos trabalhos. Muitas vezes, por causa das perseguições que sofria, viu-a em perigo. Conservou, porém, sempre a mesma paz, contente até mesmo em vê-la destruída, se essa fosse a vontade de Deus. Foi então que ele disse estas palavras: "De algum tempo para cá, as numerosas oposições e contradições que me têm acontecido me dão uma paz incomparável e muito suave. São sinais da união próxima de minha alma com Deus, e sinceramente, essa é a única ambição de meu coração"25.


Quando nos acontece ter que responder a quem nos maltrata, tenhamos cuidado em responder sempre com mansidão. "Uma resposta branda aplaca o furor"26. Uma resposta suave basta para apagar todo o fogo da raiva. Se nos sentimos aborrecidos, é melhor calar, porque nesse momento nos parece justo dizer o que nos vem na cabeça, mas depois, acalmada a paixão, veremos que todas as palavras que proferimos foram erradas.


Quando nos acontece cometer alguma falta, é preciso que usemos de mansidão para conosco mesmos; irritar-se contra nós mesmos, após uma falta, não é humildade, mas refinada soberba, como se nós não fôssemos fracas e miseráveis criaturas. Dizia Santa Teresa: “A humildade de que inquieta nunca vem de Deus, mas do demônio”27.


Zangar-se contra nós mesmos, após uma falta, é uma falta maior do que a cometida, e trará consigo muitas outras, pois nos fará deixar as práticas de piedade, a oração, a comunhão; e, se as fazemos, serão mal feitas. Dizia São Luís Gonzaga que não se enxerga na água turva e nela pesca o demônio28. Uma alma perturbada pouco conhece a Deus e aquilo que deve fazer. É preciso, portanto, quando caímos em alguma falta, voltarmo-nos para Deus com humildade e confiança e, pedindo-Lhe perdão, dizer, como Santa Catarina de Gênova:


- Senhor, estas são as ervas do meu jardim!29. Amo-Vos de todo o coração e me arrependo de Vos ter dado esse desgosto. Não quero mais fazê-lo, dai-me o Vosso auxílio.


ORAÇÃO





Felizes correntes, que ligais o homem a Deus, atai-me também e uni-me a Deus de maneira que não possa mais me separar de Seu amor, Meu Jesus, eu Vos amo; sim, eu Vos amo, tesouro e vida de minha alma e a Vós me prendo e entrego todo meu ser, Não quero deixar, meu amado Senhor, de Vos amar. Para apagar os meus pecados, consentistes em ser preso como um criminoso e assim ser conduzido à morte pelas ruas de Jerusalém; quisestes ser pregado na cruz e de lá descer só depois de nela deixar a vida. Pelos méritos de tantos sofrimentos, não permitais que eu me separe de Vós.


Arrependo-me de todo coração de ter me afastado de Vós; com Vossa graça estou resolvido a antes morrer do que Vos tornar a ofender.


Meu Jesus, em Vós me abandono, amo-Vos de todo o coração, amo-Vos mais do que a mim mesmo. Na vida passada eu Vos ofendi, mas agora eu me arrependo e quisera morrer de arrependimento. Eu Vos peço, atraí-me todo a Vós; renuncio a todas as consolações sensíveis, quero só a Vós e nada mais. Farei que Vos ame, farei de mim o que mais Vos agradar.


Maria, minha esperança, uni-me a Jesus e fazei que eu passe minha vida unido a Ele, e unido com Ele morra, para assim chegar um dia no céu, onde já não existirá o medo de me ver separado do Seu santo amor!

(Santo Afonso Maria de Ligório – A Prática do Amor a Jesus Cristo, Capítulo
VI.)
fonte:espacomaria.com.br