"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
domingo, 6 de janeiro de 2013
HOMILIA PARA A FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“A festa da Epifania celebra a manifestação de Jesus Cristo, luz e salvação de Deus, a todos os povos e nações. Jesus é o verdadeiro Messias, o rei justo, o libertador, esperado por todas as pessoas comprometidas em construir o Reino da justiça. Os sábios do Oriente representam os que se deixam guiar pela luz, pelo projeto de Deus a serviço da vida plena. Eles experimentaram uma grande alegria ao encontrarem Jesus, o rei dos judeus, e o adoram, oferecendo-lhe os seus presentes.
As promessas das Escrituras acerca do Messias são compreendidas à luz da fé na ressurreição. Quem se deixa iluminar pela sabedoria de Deus, acolhe e reconhece Jesus como o Messias prometido, o portador da salvação a toda a humanidade. A ambição, o poder, como os de Herodes, leva a rejeitar a presença do Salvador desde o seu nascimento. A atitude dos reis, que chegam de longe para adorar o Menino, contrasta com a dos chefes de Jerusalém que tramam sua morte.
‘Somos convidados a seguir o exemplo dos magos: guiados pela estrela, caminhar ao encontro do salvador da humanidade. A páscoa de Cristo se manifesta como luz na vida de todos nós que esperamos a revelação do Senhor e ansiamos por unidade, justiça e paz.
Contemplemos nas leituras a glória do Senhor, luz que ilumina e reúne em torno de si toda a humanidade, e acolhamos com fé a manifestação do recém-nascido, nosso salvador.
Abandonemos o desânimo e olhemos para frente com esperança, pois a glória de Deus já se manifestou sobre a humanidade. Precisamos descobrir a estrela que nos guie de forma segura ao longo do ano. Já não há povo excluído das promessas divinas, manifestadas em Jesus. Deus se manifesta a todos os povos na pessoa frágil do menino Jesus’ (cf. Liturgia Diária de Janeiro de 2013 da Paulus, pp. 26-29).
O episódio dos reis magos acentua o acolhimento de Jesus e sua mensagem pelos gentios e prefigura a missão universal dos discípulos de evangelizar ‘todas as nações’. É um apelo bem atual para a nossa realidade. Por isso, a Jornada Mundial da Juventude que acontecerá de 23 a 28 de julho, na cidade do Rio de Janeiro, refletirá o tema: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ (Mt 28,19). O itinerário percorrido pelos magos propõe o caminho para encontrar Jesus. Ao descobrir os sinais (a estrela), eles se colocam no caminho, perguntam aos que conhecem as Escrituras, procuram até encontrá-lo e o adoram, aderindo a ele com a fé e a vida.
O encontro com o Senhor transforma a nossa vida. Sua presença e palavra nos iluminam e nos convidam a levantar, comprometendo-nos a construir um caminho novo de libertação. Em Cristo nos tornamos discípulos e discípulas, participantes da mesma herança, do mesmo corpo, da mesma promessa de salvação. A ‘Epifania’ do Senhor nos proporciona viver a comunhão e a fraternidade com todos os povos do universo.
Lá na periferia, longe do palácio real, ‘os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra’ que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e incorruptibilidade” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 24, pp. 54-59).
A estrela que leva os cristãos a Jesus nos dias atuais, é a fé recebida, como dom gratuito no dia em que mergulhados no útero da Igreja, a Pia Batismal. Adotados da sabedoria divina, nosso horizonte aponta a “estrela” que nos conduz a Jesus. Além disso, todo cristão é convidado a ser estrela a qualquer pessoa que esteja à procura de Jesus. É interessante que os Magos procuram saber o itinerário com Herodes, porque nem de longe poderiam imaginar que aquele rei não soubesse do acontecido em Belém. Enganados pelo rei invejoso, tomam caminho adverso, depois de encontrar-se com Jesus. Mesmo assim não conseguem evitar que a inveja incontrolável de Herodes mande matar todos os meninos com menos de dois anos de idade. Seria insuportável conceber um rei em seu lugar, ou então, alguém superior a ele.
Quantas vezes, entre nós, vestimos a inveja de Herodes, degolando (com nossa língua maldosa) nossos irmãos por pura inveja?
Há quem engane o itinerário até Jesus. São aqueles que se rogam o direito de julgar, condenar e despistar, para não dizer, enxotar as pessoas de nossas Comunidades: seja por ignorância, seja por pura inveja, esta que cheira a Herodes!
Como seria bom e agradável ao Senhor, que a Epifania fosse mais real, sincera, sentida e comprometida em nossas Comunidades Eclesiais, Políticas e Sociais. Ainda há tempo de conversão! Sejamos a Estrela que conduza nossos irmãos a Jesus o Salvador!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3.5-6 e Mt 2,1-12).
EPIFANIA: MANIFESTAÇÃO DE NOVA ESPERANÇA
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
O mês de janeiro marca o início de um Novo Ano civil. Celebrou, na dinâmica das festas natalinas, no tempo de Natal, a festa da “Epifania”, palavra grega, que significa “manifestação”. Esta festa retoma o Natal de Jesus, celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística da universalidade da salvação.
Segundo os Roteiros Homiléticos da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) “Os reis magos querem presentear ao Rei Menino com seus tesouros (tributos). Isso indica que os pagãos são atraídos pela luz de Jesus, o Senhor dos senhores. Aponta para nós, hoje, que é preciso percorrer o itinerário da fé: a busca dos sinais de Deus e deixar-se guiar pela estrela que conduz às ‘periferias’ onde pessoas vivem na precariedade da saúde pública, da escola, da moradia e do desemprego, entre outras necessidades, e lá ‘abrir os tesouros’ da nossa solidariedade (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, nº 24, p. 54). Desta forma, todas as pessoas de boa vontade, especialmente Cidadãos e Poderes constituídos e eleitos para governar-nos nestes próximos quatro anos, seja a Prefeita Municipal com suas Secretarias, seja os nobres Vereadores que já ocupam seu espaço na Casa de Leis, deverão ser sinal da universalidade, da Epifania: Manifestação de Nova Esperança!
Na periferia, longe do palácio real, “os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra” que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e incorruptibilidade (cf. Mt 2,11).
As eleições falaram por si só: nosso povo sente-se desencantado, mergulhado num profundo desânimo, que naturalmente descredibiliza pessoas que ainda se revestem da missão política, a partir do serviço ao bem comum. A ambição, o poder, como os de Herodes, leva a rejeitar a presença de valores essenciais a um bom político, como a verdade, a justiça, a liberdade, a humildade e o ardente desejo de servir, sem olhar a quem.
A Epifania: Manifestação de Nova Esperança proporcione aos Servidores Eleitos viver a comunhão e a fraternidade com todos os cidadãos que remetem suas esperanças no coração de cada um. Oxalá, os Eleitos saibam sentirem-se Servos e não “Donos” de um Povo desencantado e carente de nova Esperança, novo Ânimo e novas Perspectivas de Vida. Saibamos, como cidadãos, exercer nossos direitos e manifestar a consciência de nossas responsabilidades. Sejam nossas Cidades zelosamente acariciadas pelo Bem Comum e jamais por interesses particulares. Saibamos todos juntos: Servidos e Povo esforçar-nos por melhor qualidade de vida e maior dignidade humana!
Maria nos ensina a ser "epifania" do Senhor
A luz que brilhou naquela noite de Natal, iluminando a gruta de Belém, onde Maria, José e os pastores se encontravam em silenciosa adoração, resplandece hoje, e se manifesta a todos. A Epifania é um mistério de luz, representado simbolicamente pela estrela que guiou os Reis Magos. No entanto, a verdadeira fonte de luz, "o Astro das alturas que vem nos visitar” (cf. Lc 1, 78) é Jesus Cristo.
No contexto litúrgico da Epifania manifesta-se também o mistério da Igreja e a sua dimensão missionária. Ela é chamada para fazer resplandecer no mundo a luz de Cristo, refletindo-a em si mesma como a lua reflete a luz do sol. Na Igreja cumpriram-se as antigas profecias relativas à cidade santa de Jerusalém, como a maravilhosa profecia de Isaías: "Levanta-te, resplandece, Jerusalém, que está a chegar a tua luz... As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor da tua aurora" (Is 60, 1-3). É isto que os discípulos de Cristo deverão realizar: ensinados por Ele a viver no estilo das Bem-Aventuranças, deverão atrair, mediante o testemunho do amor, todos os homens para Deus: "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu" (Mt 5, 16).
Ao ouvir estas palavras de Jesus, nós, membros da Igreja, não podemos deixar de sentir toda a insuficiência da nossa condição humana, marcada pelo pecado. A Igreja é santa, mas formada por homens e mulheres com seus limites e erros. É Cristo, só Ele, que, ao conceder-nos o Espírito Santo pode transformar a nossa miséria e renovar-nos constantemente. É Ele a luz dos povos, lumen gentium, que escolheu iluminar o mundo mediante a sua Igreja (cf. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 1).
"Como poderá acontecer isto?", nós também nos perguntamos, refletindo sobre as palavras que a Virgem dirigiu ao arcanjo Gabriel. E é precisamente ela, Maria, a Mãe de Cristo e da Igreja, que nos oferece a resposta: com o seu exemplo de total disponibilidade à vontade de Deus "fiat mihi secundum verbum tuum" (Lc 1, 38) a Virgem Santa nos ensina a ser "epifania" do Senhor, abrindo o coração à força da graça e aderindo, fielmente, à palavra do seu Filho, luz do mundo e objetivo último da história.
Papa Bento XVI
Extrato da homilia para a Epifania
6 de janeiro de 2006
Sobre a historicidade do episódio dos Magos
O episódio dos Magos parecia algo lendário. Via-se nele o simples cenário de textos bíblicos, implicitamente mencionado na filigrana do relato: o Salmo 72 previa que os reis, vindos do Oriente, se prostrariam diante do Messias, homenageando-o e oferecendo-lhe ouro e incenso. (Mt 2:11).
Mais precisamente, Mateus não classifica esses magos de “reis”, como aludem alguns textos. E esses textos não falam sequer da oferta de mirra. Eles, então, não produziram o relato. É o próprio evento que sugere esta alusão, bíblica, sem extrapolação ou megalomania.
Que os magos cheguem, à procura de um rei, baseados nas estrelas − precisa Xavier Leon-Dufour * (criticando aqui, certo radicalismo de Brown) −, não é absolutamente impossível, já que, por volta do ano 70, um mago chamado Tiridates, veio adorar Nero.
Por que não dizer que, se faltam todas as provas negativas, subsiste um índice de não impossibilidade.
* Cf. Xavier Léon-Dufour, Recensão de R. E. Brown, em Recherches de Science religieuse (Pesquisas de Ciência religiosa) 66, 1978, p. 131.
Padre René Laurentin,
Les Evangiles de l’Enfance du Christ
(Os Evangelhos da Infância de Cristo),
ed Desclée, Paris, 1982, pp 431-432
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