MÊS MISSIONÁRIO
Meus queridos Amigos e Irmãos na fé!
“Somos servos inúteis; fizemos o que
devíamos fazer” (Lc 17,10b).
“É Cristo que nos chama. É
nossa fé que responde e nos move ao encontro com Ele e com os irmãos.
Somos, mais uma vez,
convidados a tomar parte na Ceia do Senhor. Buscando nosso
aperfeiçoamento, somos chamados a encontrar, no Pão da vida eterna, força e
alimento para nossa vida de fé. Na escuta da Palavra
de Deus, confiamos a Ele nossas aflições e dificuldades, na certeza de
sua presença junto a nós.
Estamos iniciando o mês
de outubro, Mês Missionário e também dedicado a Nossa Senhora e à
recitação do Rosário. O testemunho de fé de Maria, junto à cruz, nos
mostra o real valor da fé para aquele que crê. Sua
esperança nos mostra o verdadeiro significado da espera e da confiança naquele
que nos chama à vida em plenitude.
‘Reunimo-nos para reavivar em nós a chama do amor e da fé operante e
transformadora, que nos compromete com o projeto de Jesus. O olhar da fé nos
mostra o rosto sofrido de homens e mulheres desorientados pelas injustiças e
necessidades do serviço e da missão da Igreja.
As
leituras nos revelam que o justo vive pela fé. Fortalecidos por ela, não nos envergonhamos do evangelho e conseguimos cumprir
com humildade e gratuidade o serviço ao reino que Jesus nos pede.
O
primeiro passo para a superação da violência é acabar com a impunidade e a
injustiça. Perto do fim do Ano da Fé, somos motivados pelo evangelho a pedir ao
Senhor que aumente a nossa fé, para que ela nos ajude a ser generosos e
gratuitos em benefício da comunidade. O autor da segunda carta de São Paulo a
Timóteo nos convida a não ter vergonha de viver e proclamar a boa-nova de
Jesus.
A
eucaristia que celebramos adquire sentido e plenitude pela fé com que fazemos
nossa ação de graças. A fé permite acolher o dom da libertação que Cristo nos
oferece’ (cf. Liturgia Diária de Outubro de 2013 da Paulus, pp.
27-30).
Os ensinamentos que da Palavra
de Deus recebemos, neste domingo, devem ser levados e considerados com
máxima atenção. Uma vez mais Jesus
fala da fé a seus discípulos, de sua importância, mas também e
principalmente da forma como devemos tratá-la em nossa vida.
A fé não é um conjunto de
verdades abstratas em que devemos simplesmente acreditar, com ‘olhos fechados’. A fé é, antes de tudo, uma
atitude fundamental diante de Deus e das situações da vida e da história.
Para falarmos sobre a fé,
tem um significado particular o célebre texto de Habacuc (primeira leitura),
que apresenta a fé como resposta misteriosa e, no entanto, a única em que se
pode confiar perante as injustiças e as violências do mundo, assim como face ao
aparente silêncio de Deus. Só quem continua a ter fé pode viver e esperar,
ao passo que quem não tem confiança nem retidão cai na ruína.
No Evangelho de Lucas, a fé,
antes de ser uma palavra de Jesus, é um pedido explícito
apresentado pelos apóstolos. E o pedido é dirigido ao ‘Senhor’, título solene
atribuído a Jesus ressuscitado e
que Lucas
aplica com antecedência a Jesus pré-pascal. Os Apóstolos pedem, por isso, ao Senhor que lhes aumente a
fé,
sem a qual não estão em condições de seguir o Mestre e de cumprir os seus preceitos. Aqui não se trata, porém, de
‘aumentar
a fé’, mas de começar de verdade a crer, de não se limitar à fé
genérica e ineficaz, mas de confiar em Deus de uma forma total e incondicional.
‘Então de verdade, tudo será possível’.
Também a segunda leitura
convida a tornar a fé operativa, ‘reanimando
o dom de Deus’ recebido, dando ‘testemunho’
corajoso do Senhor.
Recebemos de Deus a fé
como dom, mas como lidamos com ela? Exigindo o agir de Deus em nossas
dificuldades? Esperando ações concretas de Deus em nosso meio? [...]
O que então dizer de
nossos Deputados Federais, que contrários ao Supremo Tribunal Federal,
readmitem um comprovado ladrão, o Deputado Donadan, para representar e formular
leis àqueles que o elegeram e que ele comprovadamente roubou? Condenado a treze
anos de prisão, nosso nobre Deputado não tem nem vergonha de sentar-se na Casa de
Leis de um País que é movido pela mentira, corrupção e por atitudes diabólicas
daqui e dali.
E o que pensar da Suprema Corte, que vota
tecnicamente leis mal elaboradas, que só prendem os menos favorecidos, que não
poucas vezes são empurrados a delitos para sobreviverem, enquanto doze dos
exaustivamente condenados por um mensalão comprovado, seguramente não cumprirão
suas penas em regime fechado? Quanta vergonha nos fazem sentir os nobres
Ministros do Supremo Tribunal Federal! Quanta decepção desde a Presidente da
República que se “blinda e se imuniza” de qualquer culpa, mesmo que seja tarefa
sua, designar quem nos julga?
E o projeto maquiavélico de “Mais
Médicos”, meramente politiqueiro e totalmente injusto para com os
nossos bons e dedicados médicos: verdadeiros curandeiros em situações de
calamidade. De repente nosso Ministro da Saúde, Alexandre Padilha remete a
culpa da horrível situação da Saúde do País aos médicos! Quantos Hospitais e
Postos de Saúde inacabados, sem condições mínimas de cuidar da saúde dos menos
favorecidos! Não faltam médicos em nosso País: falta vergonha de nossos
políticos que embolsam verbas destinadas à Saúde e que nunca chegam ao destino.
E é este o homem que quer governar o Estado mais rico de nosso País. Quem tem fé lúcida e comprometida com a justiça, a
verdade, o amor gratuito, jamais votará
neste tipo de gente! A não ser que traia sua própria fé! Mas não
desanimemos, porque o que não é de Deus cai. Um dia cai e o tombo de muitos de
nossos maus políticos desde a Presidência da República às Prefeituras e Câmaras
de Vereadores não sobreviverão uma sociedade que viva sua fé no Deus da justiça, do amor pelos que sofrem as conseqüências da
corrupção, mentiras e maquiagens diabólicas, que subestimam a capacidade de
pensar de seu povo!
[...] ‘Somos
servos inúteis; fizemos o que devemos fazer’. Somos chamados a viver a
plenitude do Reino, no entanto, queremos, muitas vezes, nos satisfazer com a
mediocridade de grandes e visíveis ações. O chamado de Jesus é para que saibamos
encontrar força na graça, dom de Deus, mas muito além disso, para buscarmos
viver de forma a cooperar com Deus na construção do Reino de Amor.
Recebemos hoje, portanto, uma mensagem para
valorizar a fé. Mas nossa fé não é uma espécie de ‘fundo de
garantia’ para que Deus nos atenda. Assim como ele não precisa prestar contas,
também não é forçado pela nossa fé. Nossa fé é necessária para nós
mesmos, para ficarmos firmes na adesão a Deus em Jesus Cristo. Deus mesmo,
porém, é soberano, e soberanamente nos dá mais do que ousamos pedir.
Em sintonia com a Campanha da Fraternidade
(CF 2013) e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2013), o tema da Campanha
Missionária deste ano é ‘JUVENTUDE EM MISSÃO’. A Juventude
representa dinamismo e ousadia na tarefa missionária que precisa contar com
todas as forças. O lema tirado do profeta Jeremias: ‘A quem eu te enviar, irás’ (cf. Jr 1,7b) recorda-nos que Deus continua a chamar e enviar pessoas
para anunciar a Boa-Nova de Jesus
a todos os povos.
Aproximando-nos da conclusão do ANO
DA FÉ (Festa de Cristo Rei no dia 24 de novembro de 2013), a Liturgia
da Palavra deste Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum
nos ajudará muito a entendermos um pouco melhor este dom que recebemos” (cf.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II de 2013 da CNBB, pp. 43-48).
Costumo pensar que no dia do nosso Batismo
recebemos, como dom precioso, a fé na medida em que precisamos. Comparo-a a
um anel de brilhantes, que o noivo oferece à noiva, para selar o compromisso, a
aliança e a fidelidade, convidando a ao sacramento do Matrimônio. No evento do
pedido da moça em casamento, momento do noivado, o rapaz não leva o anel sem um
estojo aveludado invólucro em um lindo papel de presentes. A moça recebe o anel
de brilhantes, mas fica tão encantada com o invólucro, que nem se dá o trabalho
de puxar a fitinha. Guarda o presente na última gaveta de seu criado mudo, para
que ninguém lhe tome o anel. Assim, também nós, fazemos com a fé recebida no Batismo. Então nossa oração
deveria ser “Senhor, ajudai-me a cultivar
e a manifestar em atitudes concretas, minha fé. Que todos, vendo-a possam
encontrar-se convosco!” É a proposta do Ano da Fé. Descubramos o
dia de nosso Batismo e o celebremos, testemunhando nossa fé ao mundo, sem
vergonha e sem medo. Sejamos corajosos, a fim de que nossa fé transforme nosso
mundo. Não esqueçamos que o Reino de Deus é um Reino de Justiça. Todos os batizado são
responsáveis por um Reino de amor, justiça,
verdade, liberdade e de paz. Brilhe nossa fé ao mundo decaído, como
brilha um anel de brilhantes no dedo da noiva, comprometida com seu noivo, na
aliança e fidelidade. Somente assim, o Ano da Fé alcançará seu objetivo!
Sejam todos muito abençoados, sentindo-se
também missionários. Com ternura e
gratidão, meu abraço fiel,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler
Hab 1,2-3; 2,2-4; Sl 94(95); 2Tm 1,6-8.13-14 e Lc 17,5-10).