COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Meus pensamentos são
de paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me
invocareis,
e hei de escutar-vos,
e vos trarei de vosso cativeiro,
de onde estiverdes”
(Jr 29,11s.14).
A Palavra de Deus do Trigésimo-Terceiro
Domingo do Tempo Comum, apresenta-nos a Parábola dos Talentos.
Atraídos por Jesus, “reunimo-nos para
celebrar a sua páscoa, pedindo-lhe que nos torne comunidade vigilante e
responsável na administração dos dons
que Deus nos concede. Participando da alegria do Senhor, queremos ouvir dele: ‘Empregado
bom e fiel, eu lhe confiarei muito mais’.
Deus
concede às pessoas muitos dons. Sua Palavra nos convida a ser habilidosos e
vigilantes para administrar esses dons
e fazê-los frutificar para o bem de todos.
A
mulher virtuosa e temente a Deus é bênção para toda a família. A vigilância
verdadeira consiste em trabalhar os talentos recebidos para construir o reino
de Deus. A vigilância cristã deve ser contínua.
Com
a Eucaristia, Deus renova em nós o dom do compromisso com a edificação do reino
celeste. Convidados ao banquete eucarístico, participamos da alegria do Senhor”
(cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp.
60-63).
A primeira leitura deste
domingo faz o elogio de uma mulher ideal, exemplo de pessoa sábia: sua
administração e sabedoria são completas. É a sabedoria em ação;
o homem depende dela; tem capacidade para os negócios; ela é o contrário da
pessoa preguiçosa, insensata e sem responsabilidade de que o Evangelho nos
fala.
A mulher aqui descrita é
a personificação da sabedoria. Sabedoria significa o sentido que
damos à vida e a tudo que a partir dela realizamos. O sentido da vida passa a
ser a nossa esposa-companheira-ideal, capaz de recriar, colocar sabor àquilo
que faz parte do nosso dia-a-dia. Essa mulher é inspiração e fama do marido, na
cidade e na comunidade, mãe zelosa dos filhos que somos nós nas labutas
diárias. O marido e os filhos são discípulos da sabedoria, aceitam os
ensinamentos da Lei, dos Profetas e dos Sapienciais.
Não devemos dormir, mas
permanecer vigilantes e sóbrios. Isso significa vigiar e vigiar é abandonar os
ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça e entrar no coração do
Reino que comporta uma prática de serviço no culto ao Deus verdadeiro.
É preciso estar atento à
leitura e compreensão do Evangelho. Quem é o homem que vai fazer uma longa
viagem? Quem são os servos? O que significa a entrega dos talentos? Em que consiste
a prestação de contas?
O patrão da parábola é o
próprio Deus. Ele nos confiou seus bens, a cada um conforme sua capacidade. A
um deu cinco, a outro dois e ao outro um talento.
A parábola mostra a
grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em nos entregar seus bens.
Nada retém para si. Tudo é entregue. Sua fragilidade é confiar em nós, que
podemos desperdiçar toda a sua riqueza. Deus arrisca perder confiando em nós.
Sua fragilidade ressalta sua grandeza e bondade.
A Palavra de Deus deste
domingo nos convida a viver como filhos da sabedoria, da luz e do dia.
Impele-nos a entrar na luta com coragem e responsabilidade para que o Reino de
Deus cresça neste mundo. Não desperdicemos os talentos, que são de
Deus, a nós entregues em confiança.
O Senhor nos pergunta pelo
sentido que damos para a nossa vida e o que dela fazemos na perspectiva da
chegada do Reino de Deus. Essa avaliação acontece no encontro pessoal com ele.
Não devemos ter medo dele nem considerá-lo um homem severo, mas que nos confia
uma missão e não faz as coisas por nós nem assume as nossas tarefas.
Somos convidados a rever
o compromisso,
a missionariedade
e o discipulado de nossas Comunidades. Tanto os ministros
ordenados, como os agentes de pastoral não tem direito de “enterrar” os talentos
que o Senhor lhes confiou. A Religião Católica é uma das mais “liberais” do
mundo. Não podemos mais aceitar, à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II, da
Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha de Aparecida, da Evangelii Gaudium e Documento 100 da
CNBB: Comunidade de Comunidades: Uma Nova
Paróquia – A Conversão Pastoral da Paróquia, fiéis que tão somente sejam “cumpridores de preceitos”, sem profundo
compromisso pastoral! Com quanta
facilidade nos descompromissamos com
nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor! Elencamos inúmeras justificativas e
responsabilizamos “outros” para nossa ausência na vida eclesial.
Penso que há dois
elementos a serem superados, a fim de fazermos render os talentos que nos são
confiados para enriquecer a Igreja do Senhor: sermos menos acomodados e
insensíveis, colocando-nos mais a serviço e valorizar os irmãos que
receberam talentos, mas são ignorados por irmãos invejosos e
carreiristas: aqueles medíocres, que têm medo de serem “ultrapassados” porque
preguiçosos, enterram os próprios talentos e tentam desfazer dos talentos
dos outros, por pura inveja!
Não tenho como não
repetir a conversão, a coerência e o bom senso de: poder em serviço; de talentos em partilha e de prestígio em humildade!
Desejando-lhes muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127(128);
1Ts 5,1-5 e Mt 25,14-30).