"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
UM NOVO MODO DE RELACIONAR-SE
Pe. Gilberto Kasper*
“Presenciamos uma aceleração contínua de novos comportamentos, tendências, estilos de vida e expressões de subjetividade. A complexidade e a diversidade das realidades humanas e sociais interagem e se expandem de tal forma que cada vez mais fica difícil prever o comportamento dos jovens e dos seus grupos.
O relacionamento para os jovens da cultura midiática refere-se ao novo modo de comunicar-se. Eles querem ser autores e participantes dos processos de relacionamento. Em virtude disso, cada vez mais, as pessoas, as empresas, as escolas têm deixado modelos hierarquizados, funcionalistas, para valorizar o ser humano, a gestão do conhecimento, a criatividade, a originalidade e o talento associados ao respeito, à individualidade e à busca da qualidade de vida, da valorização de si, do próprio corpo, do tempo livre, da afetividade, da família.
Os jovens e as novas tecnologias formam uma teia complexa e imensa de interatividade e relações. A interatividade significa uma mudança de poder nas relações humanas mais significativas da sociedade, ou seja, na família e na escola. Os jovens exigem cada vez mais um falar e ouvir, um ouvir e falar – o diálogo nasce e cresce a partir da relação natural de interatividade. Essa interatividade está presente no protagonismo dos jovens na música, na arte, no esporte, no trabalho e na educação. Ao interagir com pessoas no ambiente educativo e no trabalho, eles estão exigindo, cada vez mais, mudanças nos diversos âmbitos, como o sociopolítico e econômico, para que possam criar ambientes colaborativos, de transparência, de competência, de inovação e de engajamento na sociedade” (cf. Manual da CNBB para a CF de 2013, pp. 21-23).
A Campanha da Fraternidade em sintonia com a Jornada Mundial da Juventude despertam novo horizonte aos jovens do Brasil e do mundo. Se de um lado parecem passivos e insensíveis aos desafios que a vida se lhes impõem, de outro são convidados a serem os protagonistas no seguimento de Jesus Cristo, que conta com eles na concretização de um Reino de Justiça, Verdade, Liberdade, Paz e Amor verdadeiro. Não basta o jovem ter reservado e respeitado seu espaço na sociedade. Ele precisa agir e reagir com a coragem profética que a Igreja lhe confia!
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
AS INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS
Pe. Gilberto Kasper*
A medicina artificial privilegiou o tratamento mais agressivo à natureza, tanto através da receita de remédios químicos, cada vez mais fortes, como pela intervenção cirúrgica, por extirpar órgãos ou corrigir disfunções. Não há dúvida de que as operações, que interferem profundamente no organismo vivo, cortando-o e mutilando-o, têm salvado muitas vidas. Se eu mesmo, aos 10 anos de idade, não tivesse sido operado, para extração do apêndice, teria morrido de apendicite naquela idade. A técnica, nesse campo, foi-se aprimorando cada vez mais. Hoje essas intervenções se apresentam com grande segurança.
Acontece, porém, que o exagero no uso desse expediente não só agride a natureza humana, como também revela uma concepção distorcida da vida e da função da medicina. O Brasil tem a triste fama de recordista mundial de cesarianas. Felizmente, me garantia alguém adido a este setor da saúde, nem todas essas intervenções são realizadas. Constam apenas para fins de pagamentos. Corrupção! Apenas monetária e não medicinal.
Conheço cidades em que há mais cesarianas registradas na Saúde Pública do que nascituros. Muitas vezes, mulheres que nem deram à luz, são registradas como parturientes. Simplesmente, para que determinados profissionais da Saúde se apossem de valores maiores do que ganhariam, sem tamanha barbárie de falcatruas.
Tomo esse exemplo para advertir sobre dois problemas: um é o faturamento, ou seja, a ganância de lucro que, muitas vezes, está na raiz das intervenções cirúrgicas; e outro é o método de violentar a natureza. Só, em última instância, é permitido recorrer, a esse expediente, que afeta tão profundamente a vida humana e acarreta uma enorme despesa. É quando se esgotaram todos os demais recursos, mais ainda, quando existem fundadas esperanças de melhorar.
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
A HUMANIZAÇÃO DOS HOSPITAIS E CASAS DE SAÚDE
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Investir em saúde, para muitos, tornou-se sinônimo de cuidar de hospitais e centros de saúde. Mas geralmente se pensam essas instituições como espaço para tratar doentes. Calculam-se os leitos por número de habitantes para se certificar da condição ideal de atendimento à saúde pública. Veem-se esses ambientes como uma espécie de oficina de reparos humanos. Destinam-se aos consertos das avarias. Vai-se ao hospital ou ao centro de saúde para tratar de algum distúrbio e, depois de suficientemente medicado, voltar para casa.
Na verdade não deveria essa ser a função primordial dessas instituições de saúde. Não se poderiam limitar às doenças e, consequentemente, a remediar situações penosas. Pelo contrário: sua função é irradiar saúde, o que equivale a dizer que deveriam ser as grandes promotoras da saúde. As internações são geralmente muito caras e desumanas. Nos primórdios, hospital era somente para quem não tivesse condições de ser tratado em casa.
Hoje se insiste na humanização dos hospitais e casas de saúde, não só no que se refere aos pacientes, mas principalmente no que diz respeito aos familiares. Perdeu-se, nos hospitais, não só a dimensão da subjetividade dos pacientes, como também a intersubjetividade, que os liga aos parentes, como também a intersubjetividade, que os liga aos parentes e amigos. Antes de mudar o sistema, é preciso mudar a mentalidade. Chega de reclamação de pessoas que pedem socorro, porque estão sendo judiadas. E o pior é que não há a quem recorrer para apresentá-las! Os médicos dialogam com exames e não com pacientes, muito menos com familiares!
Os hospitais de nossa cidade metropolitana se congestionam, porque os Governos dos Municípios vizinhos preferem comparar Vans e Coletivos para enviarem seus enfermos a serem atendidos pela excelência de nossa medicina, ao invés de construírem hospitais e casas de saúde capazes de atender seus próprios munícipes. Perdi a conta de quantas vezes precisei “gritar por socorro” em favor de pessoas que morreriam nos Postos de Saúde, caso não fossem encaminhadas imediatamente a algum hospital. Sempre fui prontamente atendido seja por nosso Vice-Prefeito e sua Assessoria, seja pelo Secretário Municipal da Saúde e seus Colaboradores. Mas convenhamos: não é por conta de prestígio, do “jeitinho brasileiro” e da direta interferência dos Responsáveis pela Saúde, que podemos considerar nossa Saúde boa! As coisas deveriam acontecer naturalmente, sem que se tivesse de interceder para salvar vidas. E quantas já conseguimos salvar porque o eco de nosso “grito” chegou à sensibilidade de nossos Servidores! Não apontamos culpados, pelo contrário, agradecemos a sempre benevolência, que sabemos, por sua vez, fazem o que podem. Se as verbas destinadas à Saúde realmente chegassem ao seu destino com transparência, seria possível A Humanização dos Hospitais e Casas de Saúde.
FRATERNIDADE E A CULTURA MIDIÁTICA
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
“A cultura midiática pode ser compreendida como um processo comunicacional que se realiza por meio dos chamados Meios de Comunicação de Massa (Mass Media), jornais, revistas, rádio, televisão, internet, instrumentos utilizados para comunicar, ao mesmo tempo, uma mensagem a um número maior de pessoas.
Com o advento da informática, surge um novo modelo de agentes de comunicação. Os jovens, que até então recebiam a informação de modo passivo, passam a utilizar as novas tecnologias, dominando-as. Eles detêm o conhecimento técnico de tais instrumentos, pois nasceram e crescem na era digital.
A internet criou uma ‘aldeia global’, que possibilita acesso e interação com um número muito grande de pessoas ou segmentos, oferecendo oportunidades que vão ao encontro dos mais diversos interesses. A utilização de redes sem fio e o rápido surgimento de novos aparelhos colaboram para uma comunicação mais ágil e interativa. As redes sociais ganham considerável destaque por permitirem conectar-se ao mundo ou a grupos de interesses, criando mobilizações ou apenas favorecendo entretenimento” (cf. Manual da CNBB para a CF de 2013, pp.19-20).
A Quaresma juntamente com a Campanha da Fraternidade nos possibilita inúmeros questionamentos com relação à Cultura Midiática, especialmente em relação à Juventude. Nunca antes estivemos tão próximos, ao mesmo tempo, tão sós. Alunos em Faculdade assistem às aulas conectados com o mundo, seja por celular, seja pela internet. O professor presencial é, geralmente, ignorado. Pensamos que sabemos mais que nossos pais, mas não conseguimos administrar tanta informação, muito embora manipulemos com propriedade ímpar os sofisticados mecanismos de avançada tecnologia. Será que já inventaram alguma tecnologia que seja capaz de substituir um olhar “olho no olho”; um abraço caloroso e apertado; a sensação de estarmos presentes, visivelmente, sendo quem realmente dizemos ser?
ACOLHENDO O CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II EM MINHA TRAGETÓRIA VOCACIONAL
Em pleno Concílio Vaticano II, recebi pela primeira vez, a Sagrada Eucaristia, exatamente no dia 4 de outubro de 1964, na Igreja Matriz da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Vila Santo Afonso, em Novo Hamburgo, Arquidiocese de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Não se falava em outra coisa. Se na minha primeira infância, imitava o Pároco de minha cidade natal, Três Corôas (RS), para brincar de Missa em latim, minha preparação para a Primeira Eucaristia já se deu totalmente com o uso da língua vernácula – português – bem como aquela celebração jamais esquecida em minha vida. Contava na época com apenas sete anos de idade. Sentia-se, entretanto, uma sensação entre susto e medo.
Acolher o Concílio Vaticano II foi um desafio, principalmente na aplicação da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. Éramos submetidos a uma nova Formação Litúrgica, principalmente como Coroinhas da Paróquia. Misturavam-se entre fiéis as reações de alegria por maior participação nas Celebrações com a desconfiança e certa resistência em deixar de rezar o Rosário ao invés de participar da Santa Missa com as respostas “em português”.
Na minha juventude constatavam-se a multiplicidade dos Cursos Bíblicos, a fim de assimilar a CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA; dos Cursos de Liturgia e de Eclesiologia, tentando também maior compreensão da CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM SOBRE A IGREJA.
Ao ingressar no Seminário Menor, no início da década de 70, já não se falava mais diretamente dos Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, mas das Conclusões da IIª CONFERÊNCIA EPISCOPAL LATINO-AMERICANA DE MEDELLÌN. Afirmava-se que Medellìn era o documento da aplicabilidade do Concílio Vaticano II na Igreja da América Latina.
Chegara o momento histórico de compreender e aplicar a quarta CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA GAUDIUM ET SPES, CONSTITUIÇÃO PASTORAL SOBRE A IGREJA NO MUNDO ATUAL. Foram, além das quatro Constituições Dogmáticas, aprovadas ainda nove Decretos e três Declarações, somando o total de dezesseis Documentos Conciliares.
No início da década de 80, ao ingressar no Seminário Maior para cursar Filosofia, tampouco se utilizava os Documentos do Concílio Vaticano II, porque além de ressoar na Igreja as Conclusões da IIIª Conferência Episcopal Latino-Americana de PUEBLA, vivia-se o auge da Teologia da Libertação. Meu primeiro semestre de Teologia, cursado na Universidade Javeriana de Bogotá, na Colômbia, privilegiou-me conhecer, pessoalmente Gustavo Gutierrez, considerado “o pai da Teologia da Libertação” que nos proferiu a aula inaugural em Janeiro de 1985.
Já na Universidade Católica de Eichstätt, na Alemanha, além da Bíblia de Jerusalém, era indispensável o Compêndio do Concílio Vaticano II. De novembro de 1985 a abril de 1989 fomos incentivados a percorrer todos os seus Documentos, sendo examinados minunciosamente no exame “de Universa”. Com isso, criamos além de simpatia, uma necessária aplicabilidade em nossos inúmeros serviços pastorais nestes 23 anos de Ministério Presbiteral. Desconhecer, desconsiderar, não aplicar as riquezas dos Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, meio século depois de sua abertura, nos leva a correr o risco de caminhar à margem da Igreja de Jesus Cristo, totalmente ministerial, missionária e discípula à qual dizemos pertencer.
Já a Arquidiocese de Ribeirão Preto contou com três Padres Conciliares: o então Arcebispo de Ribeirão Preto, Cardeal Agnelo Rossi, transferido durante o Concílio para a Arquidiocese de São Paulo, onde foi elevado ao Cardinalado; Dom Romeu Alberti, nomeado primeiro Bispo Diocesano de Apucarana (PR), transferido como Arcebispo de Ribeirão Preto em 1982, que foi o primeiro Padre Conciliar a solicitar a reinplantação do Diaconado Permanente na Igreja e, por isso foi o Bispo Pioneiro a implantar este grau do Sacramento da Ordem em sua Diocese, ordenando o maior número de Diáconos Permanentes durante seu Ministério Episcopal tanto em Apucarana como em Ribeirão Preto. Dizia com bom humor, que chegou a sugerir a Ordenação de Mulheres como Diaconisas, tendo sido vaiado pelo Plenário do Concílio. Finalmente, participou o Padre Luiz Baraúna também de Ribeirão Preto, falecido há pouco tempo, e em nossa humilde opinião, muito mal aproveitado pelo Magistério de nossa Igreja particular.
Quem acolhe com amor eclesial os Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, se apaixona de tal modo pela Igreja de Jesus Cristo, que dificilmente lhe faltará com a fidelidade! Compreenderá melhor a riqueza contida no Catecismo da Igreja Católica, cujo lançamento pelo Beato, o Papa João Paulo II, celebra sua segunda década. Há vinte anos, recebíamos uma preciosidade de bússola orientadora para a vivência, manifestação e testemunho daquela fé, recebida no dia de nosso Batismo. Só assim seremos capazes de acolher a proposta do Santo Padre o Papa Bento XVI, para vivermos intensa e profundamente este ANO DA FÉ aberto ao mundo inteiro no dia 11 de Outubro passado, e no Brasil, dia 12 de Outubro, Festa de Nossa Senhora Aparecida, encerrando na Festa de Cristo Rei no dia 24 de Novembro deste ano.
O ANO DA FÉ tempera com sabor divino cada um que participa de sua Comunidade de Fé, Oração e Amor, especialmente em seus momentos mais marcantes, como a Festa da Padroeira, NOSSA SENHORA DE LOURDES!
Pe. Gilberto Kasper
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