-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: 10/06/12

sábado, 6 de outubro de 2012

O EXERCÍCIO DA CIDADANIA – O VOTO

O EXERCÍCIO DA CIDADANIA – O VOTO Pe. Gilberto Kasper pe.kasper@gmail.com Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. A pessoa é considerada, segundo a Doutrina Social da Igreja, não como um apêndice da sociedade, uma célula de um órgão maior, mas como alguém que tem uma prioridade absoluta. A prioridade da pessoa é dada pela sua própria consciência: o exercício da cidadania – o voto livre! Rubem Alves afirma que “Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão!”. As eleições se aproximam e certamente já sabemos em quem votar. Seria uma calamidade, se ainda tivéssemos dúvidas. Muitas vezes somos cobrados, porque não indicamos, publicamente, os candidatos a serem eleitos no próximo domingo. A Igreja Católica não se arroga o direito de “obrigar” ou impor esse ou aquele candidato, porque respeita um dos valores fundamentais da Pessoa: a Liberdade. Procuramos, sim, colaborar na formação de consciência política crítica, sem, entretanto, “barganhar” candidaturas. Não me parece coerente com o que pregamos, já que nem Deus impõe nada, mas propõem. A orientação é de que se observe a primeira eleição com a conquista da Ficha Limpa. Particularmente, e sem escrúpulo nenhum, penso que não deveríamos eleger Candidatos que já serviram por mais de dois mandatos seguidos. É preciso arejar, pensar em perspectivas, oportunidades e esperanças novas. Quem realmente serviu o povo sem a pretensão de pensar-se insubstituível, contribuirá com o Bem Comum de nossa Cidade, mesmo sem exercer o que gosto de chamar de Serviço, embora digam serem Cargos, Funções e Mandatos. Afinal, nosso Governo ou está a serviço de seu povo, ou não é digno de nosso voto. O verdadeiro pluralismo democrático consiste na convivência de várias identidades culturais, no respeito pela diversidade. O serviço dos eleitos nas urnas que já se instalam, é de promover o Bem Comum oferecendo os meios para o desenvolvimento das pessoas e das agregações sociais que nascem das pessoas. Saibamos votar com lucidez, liberdade e esperança de uma cidade mais humana, menos violenta, com saúde, educação, infraestrutura cada vez mais a serviço da dignidade dos filhos que necessitam de oportunidades e que sejam respeitados em sua capacidade de eleições, e não subestimados com mais ilusões.

Uma Fé Missionária

Uma Fé Missionária Outubro, mês das missões. No Ano da Fé. Se a Fé é algo transcendente, incompreensível aos olhos humanos, maior do que podemos e do que produzimos, é ela que impulsiona os seguidores de Cristo a levar adiante a proposta de Deus de vida para todos, algo sem limites. Fé missionária! Mas as coisas devem estar em seu lugar e definidas: é verdade que “ninguém vai ao Cristo se não for atraído pelo Pai”; é verdade, também, que o Pai nos atrai pela Palavra proclamada e acolhida - por alguém -, pelo testemunho experimentado, pela história de vida de cada um de nós, por circunstâncias às vezes inesperadas e não explicadas... A fé não é ingênua, nem conclusão humana, é dom gratuito de Deus, mas entra para fazer parte da vida do crente; é vida nova, nova maneira de ver, apreciar, agir... E ela não é invasiva, manipuladora, opressora; ela é proposta de vida para o amor, proposta de rumo novo em vista à esperança, impulso de vitalidade para se levar aos outros aquilo que se vive. Não me passou despercebida a indignação do senhor Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, em suas considerações na edição de 24 de agosto, do Jornal Folha de São Paulo, A3, sob o título “Oração da vitória”, sobre a atitude dos atletas brasileiros de vôlei, ouro na Olimpíada recém realizada, de se ajoelhar em “ostensiva prece de agradecimento” ao que ele chama de “hipotético sujeito poderoso suficiente para fraudar uma competição olímpica”. Diz ele que “professar uma religião em público não é crime nenhum, embora costume ser desagradável para quem está em volta”. Acrescenta que “crescente parcela dos cristãos não se contenta com a prática privada; para eles é importante a ostentação... ela tem valor de proselitismo.” “No caso das Olimpíadas, a publicidade é irregular por que... deixa em situação constrangedora todos os que não partilham a mesma crença...” “A oração fere a liberdade constitucional de consciência e crença dos jogadores”. “O que os atletas fizeram foi sequestrar aquele privilegiado espaço publicitário para promover atividades sectárias que só beneficiam seus fins particulares, em detrimento de todos os demais cidadãos brasileiros”. Amplia o raciocínio o autor: “no que diz respeito aos poderes públicos, somos todos, sim, cristãos à força...” Quanto aos atletas, diz que “a seleção olímpica deixa de representar a mim e aos milhões de brasileiros não cristãos”. Para ele “aí está um dos aspectos mais corrosivos da religião: priorizando pretensos seres metafísicos em detrimento dos humanos de verdade, ela só causa sofrimento”. São afirmações que fazem pensar, mesmo parecendo ter muito de suposição, exagero e racionalização da própria atitude. Tanto quanto me causou agradável surpresa e contentamento ver os atletas ajoelhar-se e agradecer Àquele que é a fonte da vida, o Pai do Senhor Jesus e de todos nós, um Deus pessoal, o que não os eximiu de terem se preparado ao máximo para a competição, percebo que se deve mais e mais estar atento para que fé não seja só reação emocional, ou apenas sentimentalismo, ou acomodação, ou fuga dos problemas. Nem seja algo como verniz exterior, só casca, só aparência. E que a decisão de viver a fé e levar vida a todos não seja proselitismo, imposição ou desrespeito ao que os outros pensam ou deixam de pensar, mas oportunidade de favorecer vida a todos. Que nossas autênticas atitudes de fé missionária favoreçam à vida, ao crescimento das pessoas, à dignidade de todos, ao reino que vai se estabelecendo contando com nossa generosa, embora frágil colaboração! Sejamos missionários de fé profunda, feliz e provocadora. E com muita alegria e convicção de estar vivendo e fazendo o melhor! Pe. Nasser Kehdy Netto, administrador arquidiocesano

HOMILIA PARA O 27º DOMINGO DO TEMPO COMUM - OUTUBRO - MÊS MISSIONÁRIO

“Brasil missionário, partilha tua fé”! Meus queridos Amigos e irmãos na Fé! “Estamos no início do mês de outubro, mês missionário, do Rosário e também um mês político, pois, nas eleições para prefeito (a) e vereadores (as), escolheremos aqueles (as) que governarão nossas cidades, nos próximos quatro anos. Quantas vezes já ouvimos falar que a Igreja não deve se meter na política e sim cuidar da religião, das coisas de Deus, o que nos parece certo, se entendermos por política as diferentes concepções e maneiras de se governar, próprias dos partidos políticos (em demasia, aliás). No entanto, se política for a arte de governar uma cidade, nação ou estado, então, como cidadãos, temos não só o direito, mas também o dever de participar. Por isso, votar é, antes de tudo, a participação de todo cidadão, seja ele cristão ou não, visando à construção de uma sociedade menos injusta e mais igualitária. Sem dúvida, a luz do evangelho é fundamental nesta luta de participação democrática. As leituras do 27º Domingo do Tempo Comum apresentam uma temática sempre atual: a união matrimonial. Fruto do amor de um homem e uma mulher, o matrimônio aparece como projeto de Deus para o ser humano na busca da realização e da felicidade. Esse amor fiel, construído e fundamentado na doação e na entrega, será para o mundo um reflexo do amor de Deus para com o ser humano. Os textos bíblicos situam o debate em seu verdadeiro horizonte, trazendo a intenção originária do Criador. Essa forma enfatiza a fidelidade no matrimônio, proibindo explicitamente o divórcio. O adultério é a ruptura de uma relação que deve ser concebida não como um simples contrato legal, mas como uma disposição de vida, uma aliança estável, à semelhança daquela que o mesmo Deus fez com seu povo, alimentada pelo amor e não pela lei. ‘O ser humano foi criado para a comunhão com os outros. A família, comunidade primeira da sociedade, é querida e abençoada por Deus. Solidário conosco e nosso irmão, Jesus nos instrui sobre o profundo sentido do matrimônio. Formamos família que vive a prática do amor fraterno e busca tornar novas as relações entre homens e mulheres, superando preconceitos e atitudes de dominação. Os seres humanos foram criados para viver em harmonia uns com os outros. Ao se encarnar, Jesus tornou-se solidário com a humanidade, participando da mesma sorte. O projeto inicial de Deus é homem e mulher vivendo o amor e o benquerer’ (Cf. Liturgia Diária de Outubro de 2012 da Paulus, pp. 30-33). A liturgia proposta para este domingo é uma reafirmação da vocação de todo ser humano: o amor. Sem ele a vida não deixa de ser uma experiência de solidão que condena qualquer um à triste experiência da morte. Como diz São Paulo: ‘sem o amor, nada sou’. Atualmente, a constante mudança dos valores em nossa sociedade, apresentada principalmente pelos meios de comunicação social, dificulta a fidelidade dos esposos. Em muitos casos, uma simples dificuldade já serve de motivo para a separação. Existem uniões que já começam praticamente pensadas para durarem determinado tempo: sem o sacramento, com separação de bens... A separação será sempre o fracasso do amor. Só o amor eterno, manifestado em um compromisso indissolúvel, está de acordo com o que o Criador nos ensinou, respeitando desta forma seu verdadeiro projeto” (Cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, nº 23, pp. 43-50). É interessante observar como o Evangelho de Marcos, em sua primeira parte trata da fidelidade, do verdadeiro matrimônio e das consequências do adultério. Deus faz aliança conosco. O matrimônio também é uma aliança, que naturalmente implica em fidelidade! Quando rompemos a fidelidade, cometemos adultério. Sou até mais ousado, em pensar, que facilmente nos “prostituímos”, traindo a aliança de Deus conosco! Isso acontece quando mentimos, fingimos e maliciamos pessoas, comportamentos, atitudes, eventos... Depois que Jesus, em casa, orienta seus discípulos sobre o tema da necessária fidelidade em toda relação humana, acolhe as crianças: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o reino de Deus é dos que são como elas”. Dois pensamentos merecem nossa atenção. As características da criança que perdemos, tornando-nos adultos: sinceridade, espontaneidade e pureza. Quando crescemos tornamo-nos mentirosos, fingidos e maliciosos. Eis o convite a recuperarmos as características das crianças. A outra questão a ser levada em conta, é que de cada separação, divórcio ou infidelidade, quem mais sofre as consequências do desamor, são as crianças. Os filhos de um casal que, muitas vezes, não passam de um cruel acidente, susto ou simplesmente um detalhe! Pode haver maior irresponsabilidade, egoísmo, desumanidade e insensibilidade? Depois nos perguntamos por que o mundo está tão enfermo, violento, deprimido e desencantado! Ou levamos a sério o amor com sabor divino que nos é permitido viver, ou não ousemos brincar de criaturas humanas, porque nem os animais são tão selvagens como nossa arrogância e prepotência, de queremos ser deuses sobre os outros! Inicia-se neste domingo até o dia 28 de outubro em Roma, o Sínodo dos Bispos sobre “A Nova Evangelização para a transmissão da Fé Cristã”! E do próximo dia 11 de Outubro até 24 de Novembro de 2013, o Papa Bento XVI proclamou, para toda a Igreja, um “Ano da Fé”. Começará no dia 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e aniversário de vinte e cinco anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. Em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, convidados por nosso Administrador Arquidiocesano, Côn. Nasser Kehdy Netto, faremos o lançamento do ANO DA FÉ na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, dia 12 de Outubro. Em nossa Igreja Santo Antoninho, celebraremos este marco em comunhão e no exercício da unidade com toda a Igreja, durante a Celebração Eucarística das 19 horas da próxima sexta-feira, renovando nossa fé, no momento em que mergulharemos no “útero da Igreja”, a Bacia Batismal, nossa querida irmãzinha Maria Fernanda! Celebraremos, também pedindo a proteção de nossa Mãe, Rainha e Padroeira do Brasil para todas nossas crianças, especialmente as que têm pais separados, ou que por eles foram abandonadas! Neste domingo, levaremos os envelopes para a Coleta das Missões. Seja nossa partilha consciente e generosa. Não deixemos para colocar nossa oferta no Dia Mundial das Missões, 21 de Outubro próximo. Naquele domingo devolveremos nossos envelopes, contendo o resultado do esforço que fizermos ao longo desses dias, partilhando de nossa pobreza, com os Missionários e Missionárias do Mundo todo, que com inúmeras dificuldades dependem de nossa oferta generosa, para poder anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Seja esta a nossa Coleta mais consciente, porque realizada no Ano da Fé! Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo, Padre Gilberto Kasper (Ler Gn 2,18-24; Sl 127(128); Hb 2,9-11 e Mc 10,2-16)