Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A Palavra de Deus do Terceiro Domingo da Quaresma nos ajudará a revermos a pureza de nossa relação com Deus. A relação pessoal e a relação com Deus, seja através das leis que administram a vivência de nossa fé, seja através da fé transformada em obras, logo, nossa relação com Deus por intermédio dos irmãos, seja à luz da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, cuja Páscoa preparamos!
A página do Livro do Êxodo nos apresenta o Decálogo, a Lei Mosaica, os Mandamentos como bússola orientadora de caminharmos em direção ao nosso fim último que nada mais é do que a felicidade eterna! A lei torna-se necessária na medida em que a ética se distancia do comportamento humano. O Decálogo é resumido, por Jesus, num único mandamento: o do Amor! Jesus não subestima os Dez Mandamentos, mas os enriquece. Quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, acolhe o Decálogo com muita simplicidade, sem escrúpulos, descomplicadamente. Para muitos, os Dez Mandamentos são ainda um “peso”, ou então compreendidos como meras proibições ou castigo. Já para quem desenvolve sua capacidade de amar um amor com sabor divino, os Mandamentos são um modo de administrar bem o dom precioso da vida.
Jesus vai além dos Mandamentos e se irrita quando a lei é colocada acima do amor. Pior fica, quando se utilizam do Templo, da Religião, de iniciativas Pastorais que sacrificam as pessoas, favorecendo lucros indecentes. Não penso que o chicote utilizado por Jesus, tivesse os vendilhões como alvo, mas a estrutura da instituição religiosa de seu tempo, que se utilizava do Templo e do Culto para angariar riquezas. Há uma grande diferença entre manter o Templo, zelar por ele, conservá-lo e ampliá-lo, do que faziam as autoridades religiosas de Jerusalém. O não cumprimento dos preceitos implicava na exclusão do povo simples. Todos esmeravam-se por cumprir o que estava prescrito. O povo viajava meses para a celebração da páscoa judaica, e naturalmente necessitava de “suporte” em torno do Templo para ali adorar a Javé. A exploração do simplesmente necessário foi que irritou a Jesus e o fez expulsar os vendilhões do Templo. Impor sacrifícios descabidos sobre os ombros do povo, exigir o cumprimento de leis simplesmente, não agrada o coração de Deus. Jesus tenta demonstrar que o amor supera e deve estar sempre acima da lei!
“Toda celebração da Eucaristia é um divisor de águas. Nela vivemos a tensão entre o culto perfeito e o culto baseado nos interesses pessoais e mesquinhos. O evangelho fala da substituição do templo antigo pelo novo. Nós já somos o novo templo, contudo, a cada momento, precisamos ser purificados de tudo aquilo que não nos deixa oferecer sacrifícios agradáveis ao Senhor. Daí a importância da escuta da Palavra de Deus, da avaliação das nossas práticas, do afinar-se com os desígnios do Senhor e do entrar no espírito do culto em espírito e verdade. A liturgia transpira do começo ao fim, o sentido e a espiritualidade do culto prestado por Cristo ao Pai.
Importa nos deixarmos impregnar por esta liturgia e fazer da vida um culto perfeito. Na celebração, bebemos na fonte que é a misericórdia de Deus Pai. Nele aprendemos a confessar as nossas faltas. Na liturgia importa cantar tudo o que o Senhor fez por nós, antes e depois de ter proposto o código da aliança. A oração eucarística canta exatamente isso, tendo como centro o memorial da páscoa de Cristo.
Na fé, a cruz parece satisfazer e superar as expectativas humanas. Enviar seu filho para sofrer a morte por amor desafia todo pensamento humano. Nesta Quaresma, devemos ser mais solidários entre nós e, certamente, fazer uma loucura como a da cruz, um gesto insensato em benefício da justiça para com os pobres.
Estamos em plena Campanha da Fraternidade. Tantas realidades ligadas ao seu tema poderíamos trazer presentes... Poderíamos lembrar a dependência química do álcool que profana o templo que é o nosso corpo. Diz o Texto Base:
‘A dependência do álcool é um dos graves problemas de saúde pública brasileiro. Hoje, 18% da população adulta consomem álcool em excesso. O uso do álcool, além de causar sérios e irreversíveis danos a vários órgãos do corpo, está também relacionado a cerca de 60% dos acidentes de trânsito e a 70% das mortes violentas. Segundo o Documento de Aparecida, o problema da droga é como mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas, nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja não pode permanecer indiferente diante desse flagelo que está destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações’.
Celebrar a Eucaristia, memória da páscoa de Cristo, significa entrar de corpo e alma na liturgia que ele oferece eternamente ao Pai. Significa tornar-se discípulo missionário e adorador perfeito e privilegiado” (cf. Roteiros Homiléticos da Quaresma de 2012 da CNBB, n. 20, pp. 41-47).
São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios lembra e atualiza essa questão também a nós, de que não devemos correr atrás do espetaculoso, mas procurar encontra o espetacular na própria cruz de Cristo. É dele que emana todo o sentido de nossa fé e a esperança de nossa salvação. Cristo não espera “coisas” de nós, Ele não precisa delas; mas espera que nos amemos, seguindo o Seu exemplo. Saibamos ser misericordiosos uns para com os outros. Mas também solidários e comprometidos com a promoção da dignidade humana.
Oxalá consigamos passar a Quaresma esforçando-nos por não falar nada mal de ninguém, bem como reservar os frutos de nossos exercícios quaresmais de penitência, como o jejum, a abstinência e outros, para o grande dia da Coleta da Solidariedade, no Domingo de Ramos!
Desejando-lhes abençoada semana, com ternura e gratidão, o abraço sempre fiel e amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex 20,1-17; Sl 18(19); 1 Cor 1,22-25 e Jo 2,13-25)
"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
sexta-feira, 9 de março de 2012
HOMILIA PARA O SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA DE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A Palavra de Deus do Segundo Domingo da Quaresma nos permite uma espiadinha no céu, através do evento da Transfiguração do Senhor diante de três discípulos: Pedro, Tiago e João na Montanha Sagrada.
A página do Livro de Gênesis nos leva a pensar que, de quando em vez, Deus brinca conosco. Não é possível à nossa razão, um Deus de Amor pedir a Abraão, que sacrifique seu próprio filho. Mas não é brincadeira de Deus, e sim uma pedagógica provação da maturidade da fé. Será que somos realmente fiéis à Aliança que Deus selou conosco? É lógico que Ele não quer sacrifícios, muito menos de vidas, mas fidelidade. O holocausto Ele já tem preparado; é Seu Filho Amado. Por isso, o episódio narrado em Gênesis de hoje, remete-nos à Paixão e Morte de Jesus na cruz.
As provações que a vida nos impõe, ou amadurecem nossa fé em Deus, ou nos revoltam e afastam d’Ele. Sempre dependerá de nossa eleição pessoal.
“Ao nosso redor, tantas coisas mexem com o coração e desafiam a nossa fé. Tantas pessoas que se afastaram das nossas comunidades. Milhões de crianças que moram nas ruas, na mais triste pobreza. Tantos jovens entregues às drogas. É incontável a fila de irmãos e irmãs que passam fome e não tem casa para morar. Entre os poderosos e donos do dinheiro imperam o egoísmo, a concentração de poder, os privilégios. São milhões os sobrantes e excluídos da mesa da vida, no dizer dos Bispos em Aparecida.
No contexto da Campanha da Fraternidade de 2012, como não nos lembrarmos das doenças pela dependência química. ‘O Brasil é o segundo maior mercado de cocaína das Américas, com cerca de 870 mil usuários adultos (...) 2,6% da população (dados de 2005) consomem maconha e haxixe. Segundo o Ministério da Saúde, o crack poderá tirar a vida de, pelo menos, 25 mil jovens por no ano no Brasil. A média de idade do início do uso é de 13 anos. Ultimamente, há notícias que indicam a rápida difusão de uma nova devastadora droga, o oxi, uma droga mais barata e de consequências ainda mais danosas para os usuários que o temível crack’ (cf. Texto Base da CF 2012, nn. 87-89).
O que essa situação tem a ver com a nossa preparação para a festa da Páscoa e com o evangelho da Transfiguração de Jesus.
Como a narrativa da Transfiguração está no centro do Evangelho de Marcos, o evangelista quer responder a uma pergunta bem concreta: Quem é Jesus? O povo vai descobrindo que ele é o Messias. Mas não um Messias milagreiro, rei glorioso, vencedor, rico, poderoso, capaz de mudar rapidamente a condição da humanidade e fazer acontecer num rito mágico a presença do Reino. Pedro, na montanha, tem essa idéia e acredita que o reino, simbolizado nas três tendas, pode acontecer sem a doação, sem os sacrifícios, sem a morte e a entrega da vida.
Hoje, nas filosofias do mundo, somos contaminados por falsas expectativas como as presentes na conversa de Pedro na montanha. Ter fé significa entrar nos desígnios de Deus que frutifica na solidariedade com os irmãos. A doação na força da páscoa de Jesus nos transfigura por dentro e por fora. Transforma a situação e a realidade dos abandonados e dos privados do necessário para viver e cantar a vida: saúde, pão, terra, casa, salário digno, respeito e amor pela vida...
A fome do irmão, as crianças abandonadas nas ruas, as violências ao ser humano são chamadas de Jesus para subirmos com ele a um monte alto e entrarmos nos desígnios de Deus Pai, depois descermos da montanha e fazermos a nossa parte. Páscoa é isso: passagem de situações de menos vida para situações de mais vida, de situações de pobreza e miséria para uma vida digna, bonita, feliz e realizada para todos.
Na leitura da carta aos Romanos, aprendemos que o amor de Deus Pai é imenso, gratuito, generoso, infinito e que não pode ser destruído por nenhuma quebra da aliança ou infidelidade por parte do ser humano (cf. Roteiros Homiléticos da Quaresma da CNBB n. 20, pp. 32-40).
Acolhamos o convite deste Segundo Domingo da Quaresma, deixando-nos transfigurar com Jesus e, também transfigurarmos a vida desfigurada de nossos irmãos cuja dignidade lhes foi tirada por conta do consumismo, do hedonismo e do egoísta individualismo.
Debrucemos nossa esperança sobre a possibilidade de dias melhores. Uma das mais edificantes visitas que fiz, nos meus 22 anos de ministério ordenado, foi há algum tempo: entrando no quarto de um irmão enfermo pensei: Este moço é um santo!... A santidade dele se fazia sentir naquele quarto. Nem bem terminara de pensar, a irmã que cuida dele, disse em voz alta: “Padre, este meu irmão é um santo. E tem mais: ele me ensina a santidade... faz 57 anos que ele se encontra acamado e sempre sorridente e agradecido a Deus. Nunca meu irmão reclamou de nada...” Diante daquela realidade, do semblante sereno e agradecido do moço, senti muita vergonha pelas vezes em que reclamei da vida. Isso não significa que devamos ficar passivos à precária Saúde Pública, que não raras vezes trata das pessoas como se fossem bichinhos. Todos somos conclamados a promover a dignidade e “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8).
Desejando-lhes muitas bênçãos e saúde, com ternura e gratidão o abraço amigo,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Gn 22,1-2.9-13.15-18; Sl 115(116B); Rm 8,31-34 e Mc 9,2-10)
A Palavra de Deus do Segundo Domingo da Quaresma nos permite uma espiadinha no céu, através do evento da Transfiguração do Senhor diante de três discípulos: Pedro, Tiago e João na Montanha Sagrada.
A página do Livro de Gênesis nos leva a pensar que, de quando em vez, Deus brinca conosco. Não é possível à nossa razão, um Deus de Amor pedir a Abraão, que sacrifique seu próprio filho. Mas não é brincadeira de Deus, e sim uma pedagógica provação da maturidade da fé. Será que somos realmente fiéis à Aliança que Deus selou conosco? É lógico que Ele não quer sacrifícios, muito menos de vidas, mas fidelidade. O holocausto Ele já tem preparado; é Seu Filho Amado. Por isso, o episódio narrado em Gênesis de hoje, remete-nos à Paixão e Morte de Jesus na cruz.
As provações que a vida nos impõe, ou amadurecem nossa fé em Deus, ou nos revoltam e afastam d’Ele. Sempre dependerá de nossa eleição pessoal.
“Ao nosso redor, tantas coisas mexem com o coração e desafiam a nossa fé. Tantas pessoas que se afastaram das nossas comunidades. Milhões de crianças que moram nas ruas, na mais triste pobreza. Tantos jovens entregues às drogas. É incontável a fila de irmãos e irmãs que passam fome e não tem casa para morar. Entre os poderosos e donos do dinheiro imperam o egoísmo, a concentração de poder, os privilégios. São milhões os sobrantes e excluídos da mesa da vida, no dizer dos Bispos em Aparecida.
No contexto da Campanha da Fraternidade de 2012, como não nos lembrarmos das doenças pela dependência química. ‘O Brasil é o segundo maior mercado de cocaína das Américas, com cerca de 870 mil usuários adultos (...) 2,6% da população (dados de 2005) consomem maconha e haxixe. Segundo o Ministério da Saúde, o crack poderá tirar a vida de, pelo menos, 25 mil jovens por no ano no Brasil. A média de idade do início do uso é de 13 anos. Ultimamente, há notícias que indicam a rápida difusão de uma nova devastadora droga, o oxi, uma droga mais barata e de consequências ainda mais danosas para os usuários que o temível crack’ (cf. Texto Base da CF 2012, nn. 87-89).
O que essa situação tem a ver com a nossa preparação para a festa da Páscoa e com o evangelho da Transfiguração de Jesus.
Como a narrativa da Transfiguração está no centro do Evangelho de Marcos, o evangelista quer responder a uma pergunta bem concreta: Quem é Jesus? O povo vai descobrindo que ele é o Messias. Mas não um Messias milagreiro, rei glorioso, vencedor, rico, poderoso, capaz de mudar rapidamente a condição da humanidade e fazer acontecer num rito mágico a presença do Reino. Pedro, na montanha, tem essa idéia e acredita que o reino, simbolizado nas três tendas, pode acontecer sem a doação, sem os sacrifícios, sem a morte e a entrega da vida.
Hoje, nas filosofias do mundo, somos contaminados por falsas expectativas como as presentes na conversa de Pedro na montanha. Ter fé significa entrar nos desígnios de Deus que frutifica na solidariedade com os irmãos. A doação na força da páscoa de Jesus nos transfigura por dentro e por fora. Transforma a situação e a realidade dos abandonados e dos privados do necessário para viver e cantar a vida: saúde, pão, terra, casa, salário digno, respeito e amor pela vida...
A fome do irmão, as crianças abandonadas nas ruas, as violências ao ser humano são chamadas de Jesus para subirmos com ele a um monte alto e entrarmos nos desígnios de Deus Pai, depois descermos da montanha e fazermos a nossa parte. Páscoa é isso: passagem de situações de menos vida para situações de mais vida, de situações de pobreza e miséria para uma vida digna, bonita, feliz e realizada para todos.
Na leitura da carta aos Romanos, aprendemos que o amor de Deus Pai é imenso, gratuito, generoso, infinito e que não pode ser destruído por nenhuma quebra da aliança ou infidelidade por parte do ser humano (cf. Roteiros Homiléticos da Quaresma da CNBB n. 20, pp. 32-40).
Acolhamos o convite deste Segundo Domingo da Quaresma, deixando-nos transfigurar com Jesus e, também transfigurarmos a vida desfigurada de nossos irmãos cuja dignidade lhes foi tirada por conta do consumismo, do hedonismo e do egoísta individualismo.
Debrucemos nossa esperança sobre a possibilidade de dias melhores. Uma das mais edificantes visitas que fiz, nos meus 22 anos de ministério ordenado, foi há algum tempo: entrando no quarto de um irmão enfermo pensei: Este moço é um santo!... A santidade dele se fazia sentir naquele quarto. Nem bem terminara de pensar, a irmã que cuida dele, disse em voz alta: “Padre, este meu irmão é um santo. E tem mais: ele me ensina a santidade... faz 57 anos que ele se encontra acamado e sempre sorridente e agradecido a Deus. Nunca meu irmão reclamou de nada...” Diante daquela realidade, do semblante sereno e agradecido do moço, senti muita vergonha pelas vezes em que reclamei da vida. Isso não significa que devamos ficar passivos à precária Saúde Pública, que não raras vezes trata das pessoas como se fossem bichinhos. Todos somos conclamados a promover a dignidade e “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8).
Desejando-lhes muitas bênçãos e saúde, com ternura e gratidão o abraço amigo,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Gn 22,1-2.9-13.15-18; Sl 115(116B); Rm 8,31-34 e Mc 9,2-10)
HOMILIA PARA O PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA DE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A forte insistência da Palavra de Deus proclamada no Primeiro Domingo da Quaresma é a conversão: mergulhados nos porões de nossa intimidade, reconhecermos o que não está bem e querermos mudar... Devemos sempre querer ser melhores hoje do que ontem. Ser melhores, significa ser mais humildes, bondosos, amorosos e ternos uns com os outros.
A página do Livro de Gênesis apresenta este Deus “louco de amor” pela humanidade, insistindo em selar Aliança! Aliança implica em fidelidade! Quando o ser humano deixa Deus falando sozinho, virando-lhe as costas, este mesmo Deus tão misericordioso, teima em retomar a amizade com sua criatura predileta: a PESSOA!
O dilúvio lembrado neste texto, remete-nos ao nosso Batismo, no qual somos lavados de todas nossas misérias e definitivamente adotados como filhos e herdeiros de Deus. Já o arco-íris lembra a ponte que Deus constrói entre o céu (a eternidade) e a terra (a humanidade), selando Sua aliança que nos permite tomar parte em Sua divindade, enquanto Ele se submete à nossa humanidade!
O Evangelho de São Marcos é um convite ao deserto. Deserto implica em silêncio, interiorização. Olharmos para dentro de nós. Quanto mais olharmos para dentro de nós mesmos, menos encontraremos defeitos nos outros. Assim, nosso exercício de não falarmos mal de ninguém durante a Quaresma, torna-se mais deleitoso. Mas em nossa intimidade, seguramente encontraremos algum mofo, bolor, entulho, pó e mal cheio a serem purificados na riqueza que o Tempo Quaresmal nos propõe: a conversão! Porém, não basta mudarmos o errado e pronto. É preciso também, crer no Evangelho. E o Evangelho tem suas exigências, quando colocado em prática na relação hodierna com os outros. Ele nos propõe um novo projeto de vida, pautado em valores essenciais, como o amor gratuito, a verdade, a justiça, a liberdade e a paz!
Imagino o quanto Deus gosta de ser reconhecido no rosto dos irmãos, especialmente os enfermos, sofredores e surrados pelas injustiças de nosso mundo. De que adianta passarmos a mão no ostensório, se o Cristo Sacramentado não nos remete ao sacrário humano, tantas vezes desrespeitado em seus direitos básicos, como a Saúde Pública, por exemplo. Enquanto não nos esforçarmos por maior dignidade humana, estaremos falando com o Senhor, como se fala em telefone desconectado.
São Pedro, em sua Primeira Carta, também lembra o dilúvio e nos propõe a alegoria da arca: “À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo”. No dia de nosso Batismo, recebemos como dom precioso de Deus, a fé, que nos possibilita a fidelidade diante da Aliança de Amor de Deus para com seus amados filhinhos, nascidos do “útero da Igreja, a Pia Batismal!”.
Que o início da Quaresma nos ajude a sermos Anjos Bons uns para os outros. Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 9,8-15; Sl 24(25); 1 Pd 3,18-22 e Mc 1,12-15)
A forte insistência da Palavra de Deus proclamada no Primeiro Domingo da Quaresma é a conversão: mergulhados nos porões de nossa intimidade, reconhecermos o que não está bem e querermos mudar... Devemos sempre querer ser melhores hoje do que ontem. Ser melhores, significa ser mais humildes, bondosos, amorosos e ternos uns com os outros.
A página do Livro de Gênesis apresenta este Deus “louco de amor” pela humanidade, insistindo em selar Aliança! Aliança implica em fidelidade! Quando o ser humano deixa Deus falando sozinho, virando-lhe as costas, este mesmo Deus tão misericordioso, teima em retomar a amizade com sua criatura predileta: a PESSOA!
O dilúvio lembrado neste texto, remete-nos ao nosso Batismo, no qual somos lavados de todas nossas misérias e definitivamente adotados como filhos e herdeiros de Deus. Já o arco-íris lembra a ponte que Deus constrói entre o céu (a eternidade) e a terra (a humanidade), selando Sua aliança que nos permite tomar parte em Sua divindade, enquanto Ele se submete à nossa humanidade!
O Evangelho de São Marcos é um convite ao deserto. Deserto implica em silêncio, interiorização. Olharmos para dentro de nós. Quanto mais olharmos para dentro de nós mesmos, menos encontraremos defeitos nos outros. Assim, nosso exercício de não falarmos mal de ninguém durante a Quaresma, torna-se mais deleitoso. Mas em nossa intimidade, seguramente encontraremos algum mofo, bolor, entulho, pó e mal cheio a serem purificados na riqueza que o Tempo Quaresmal nos propõe: a conversão! Porém, não basta mudarmos o errado e pronto. É preciso também, crer no Evangelho. E o Evangelho tem suas exigências, quando colocado em prática na relação hodierna com os outros. Ele nos propõe um novo projeto de vida, pautado em valores essenciais, como o amor gratuito, a verdade, a justiça, a liberdade e a paz!
Imagino o quanto Deus gosta de ser reconhecido no rosto dos irmãos, especialmente os enfermos, sofredores e surrados pelas injustiças de nosso mundo. De que adianta passarmos a mão no ostensório, se o Cristo Sacramentado não nos remete ao sacrário humano, tantas vezes desrespeitado em seus direitos básicos, como a Saúde Pública, por exemplo. Enquanto não nos esforçarmos por maior dignidade humana, estaremos falando com o Senhor, como se fala em telefone desconectado.
São Pedro, em sua Primeira Carta, também lembra o dilúvio e nos propõe a alegoria da arca: “À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo”. No dia de nosso Batismo, recebemos como dom precioso de Deus, a fé, que nos possibilita a fidelidade diante da Aliança de Amor de Deus para com seus amados filhinhos, nascidos do “útero da Igreja, a Pia Batismal!”.
Que o início da Quaresma nos ajude a sermos Anjos Bons uns para os outros. Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 9,8-15; Sl 24(25); 1 Pd 3,18-22 e Mc 1,12-15)
Assinar:
Postagens (Atom)