COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Exulte o
coração dos que buscam a Deus.
Sim,
buscai o Senhor e sua força,
procurai
sem cessar a sua face” (Sl 104,3s).
Neste Trigésimo
Domingo do Tempo Comum, nos
reunimos “para celebrar novamente, a páscoa de Jesus e buscar a face de Deus,
que se revela no rosto sofrido dos pobres e oprimidos. Amando os irmãos
sofredores, amamos o próprio Deus. A eucaristia é a expressão da ternura
misericordiosa do Pai para com todos.
As
leituras nos convidam a amar a Deus acima de tudo e nos comprometem a amar os
necessitados. O amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis.
Deus
nos convida a defender a vida dos pobres e esquecidos. Os dois amores da vida,
Deus e o próximo: amando um, estaremos amando o outro. É importante que a
comunidade saiba fazer memória da sua caminhada.
Neste
domingo, rezamos especialmente, pelo trabalho missionário e continuamos doando
nossas ofertas em favor das missões. Agradecemos a Deus a generosidade dos
fiéis que torna possível a atividade missionária da Igreja” (cf. Liturgia Diária de Outubro de 2014 da
Paulus, pp. 79-81).
Na certa, temos uma
situação que nos incomoda e mexe com o nosso modo de anunciar e celebrar com a
comunidade o memorial da páscoa de Jesus. Como interpretar e viver nos dias de
hoje a Palavra de Deus proclamada na liturgia?
No Dia do Senhor, o Domingo,
nos reunimos para nos encontrar com Deus. Mas para chegar a Ele é preciso ter
feito uma opção e passar pela porta de entrada que é o povo com sua história,
suas angústias, esperanças, lutas e privações, pois, Deus não quer um amor
distante do povo e intimista.
O nosso Deus que amamos e
juramos fidelidade é o Deus defensor dos pobres. Somos seus aliados na defesa dos
excluídos, desprotegidos e rejeitados da sociedade. A nossa religião se firma
nesse Deus e cultiva o seu amor pelos últimos da terra.
Somos reunidos por um
Deus que está no meio dos deserdados e iletrados e que nos diz que a porta de
entrada na sua amizade passa pelo amor ao povo que sofre e ama. E amar
a Deus significa amar esse povo que vive e faz história conosco.
E a Palavra de Deus nos faz
lembrar que ser cristão significa ser missionário do bem, do amor, da justiça.
Isso supõe o desmascaramento dos ídolos que mantém o povo à margem da vida e
das celebrações que cultivam um deus falso e um culto vazio.
O compromisso missionário é
dos cristãos e das comunidades eclesiais. É dia de oração. Dia de ofertas
generosas. Antes de tudo um dia de avaliação pessoal e comunitária. As missões
não são apenas uma atividade da Igreja ou um dia do calendário pastoral. A fé
que recebemos como dom e bênção não sobrevive nem se sustenta sem o mergulho no
compromisso
missionário e profético.
A liturgia nos leva a olhar
para o Senhor de braços abertos e olhar fixo no horizonte da missão e nos
campos imensos que esperam operários e ceifadores. O que podemos e vamos fazer
para contribuir no anúncio da Palavra do Senhor: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração,
de toda a tua alma e todo o teu entendimento’. ‘Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo’. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o
resumo de toda a Bíblia!
Ao definir o amor
a Deus e ao próximo como a si mesmo, o resumo da lei e de toda a mensagem
bíblica, costumo pensar na qualidade desse amor. Vivemos um tempo, em que os
contra valores engolem nossa sociedade, levando-a ao consumismo, egoísmo,
hedonismo e individualismo. Será que nosso amor tem sabor divino? Enquanto
criados à imagem e semelhança de Deus, somos capacitados a amar um amor com
sabor de Deus mesmo. Porém, nunca antes houve tanta depressão e
descontentamento com nossa imagem. Penso que ao criar-nos à Sua imagem e
semelhança, nem régua Deus usou. Moldou-nos segundo Seu amor profundo por cada
um de nós, Suas criaturas prediletas. Nem sempre nos damos conta disto. Por
isso, penso que amar a Deus e o próximo como a mim mesmo, implica num terceiro
mandamento: amar-me a mim mesmo como Deus me criou e moldou. Isso nem
sempre é fácil. Quantas intervenções cirúrgicas plásticas vemos acontecer mundo
afora, com a desculpa de melhorar a auto-estima? Para mim, não existem pessoas
feias, a não ser em suas atitudes, comportamentos e relações com os
semelhantes. Logo gosto de dizer assim: amar a Deus e ao próximo como a mim
mesmo, do jeito que cada um é, e não como gostaríamos que fosse. Se eu não for
capaz de aceitar-me como sou e amar-me do jeitinho como Deus me moldou, também
não serei capaz de amar meu próximo e muito menos a Deus.
Não esqueçamos de
devolver o envelope da Coleta para as Missões. Mesmo que a Coleta tenha sido
semana passada, ainda há tempo, para os que esqueceram. Seja esta coleta o
fruto saboroso, a partilha de nossa pobreza em favor das Missões. A coleta não
poderá ser uma simples esmola ou migalha, mas um valor considerável que
demonstre nossa generosidade. Deixar de consumir algo em favor de quem precisa
mais do que nós, agrada o coração de Deus. A indiferença e insensibilidade para
com as Missões, desfigura nosso compromisso de sermos uma verdadeira Igreja de
Jesus Cristo, totalmente missionária e ministerial.
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão,
meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex 22,20-26; Sl 17(18); 1 Ts 1,5-10 e Mt 22,34-40).