COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Queridos Irmãos e Amigos na
Fé!
“Como Jesus morreu e ressuscitou,
Deus ressuscitará os que nele
morreram.
E como todos morrem em Adão,
todos em Cristo terão a vida” (1Ts
4,14; 1Cor 15,22).
“A Igreja
convida-nos a entrar em comunhão com o Deus da vida e rezar pelos nossos
falecidos. O dia nos lembra que nossa existência terrena é passageira, mas nem
por isso deve ser desvalorizada; lembra-nos também que não podemos perder a fé
na ressurreição. Por isso nos unimos ao salmista e proclamamos: ‘O Senhor é minha luz e salvação’.
Nossa vida não se resume nos poucos anos de existência neste mundo.
Fomos criados para a eternidade. Assim como o Senhor vive para sempre, na
ressurreição viveremos eternamente junto a ele.
Muitos
nos precederam no tempo; deixaram-nos uma herança de vida construída no amor e
na fé, no sacrifício e no trabalho. Apresentamos ao coração de Deus todos os
nossos falecidos” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 26-28).
A palavra da Sabedoria gira em torno do
conflito justos versus injustos,
chamados de insensatos. No Sermão da
Montanha (cf. Mt 5,7-27), Mateus reúne a nova justiça trazida por Jesus. As
bem-aventuranças abrem esse sermão, anunciando a felicidade verdadeira de ser
merecedor do Reino. São proclamações de
salvação para aqueles que aderem à comunidade dos seguidores de Jesus Cristo.
Quando tudo parecer acabado, novas coisas surgirão, e quem se manteve fiel
receberá sua herança. Será tudo novo, sem dor, sem choro, sem luto. Nem morte
haverá.
A Palavra de Deus é um
apelo para sermos pobres em espírito
e nos propõe o aspecto dinâmico do ser humano, de buscar a incerteza do ser.
Expressa muita exigência e não apenas desprendimento dos bens materiais. Ser
pobre ‘em espírito’ nos leva a
transformar a referência de uma situação econômica e social em uma atitude para
aceitar a Palavra de Deus. Este é um tema central das Sagradas Escrituras
que nos convida a viver em total disponibilidade à vontade de Deus e fazer dela
nosso alimento. É uma atitude de filhos e filhas, irmãos e irmãs dos demais
filhos de Deus; ser pobre em espírito é
ser discípulo de Cristo. O discipulado exige abertura ao dom do amor de
Deus e solidariedade preferencial com os pobres e oprimidos.
As demais bem-aventuranças
referem-se a outras atitudes do discípulo, do pobre: bom trato, aflição pela
ausência do Senhor, fome e sede de justiça, misericórdia, coerência de vida,
construção da paz, perseguição por causa da justiça. Elas enriquecem e aprofundam
a primeira bem-aventurança.
Neste dia
de esperança, de comunhão com quem amamos e continuamos amando, mesmo
sem a presença física, a Ressurreição de Jesus é uma luz
cintilante para nossa fé na vida. Temos certeza que todo mal já foi
vencido e nos aguarda um futuro onde a morte não existirá mais. É essa também a
certeza que temos quanto a nossos pais, irmãos, amigos e a todos os que
adormeceram no Senhor.
Temos que construir o
novo céu e a nova terra durante o tempo de nossa história, mas temos a confiança
que quem morreu, tendo guardado a fidelidade a Jesus Cristo, já pode usufruir
do novo céu e da nova terra sem fim.
Com Santo Agostinho de
Hipona, gosto de pensar que “Ter fé é
assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser!” Nossa
fé se debruça sobre a esperança de que, morrendo, veremos Deus como Deus é, e
isto nos basta. “Nascemos para morrer e
morremos para viver de verdade...”, mesmo na incerteza de que “O passado já não é mais e o futuro não é
ainda...”, questionando “Que é, pois
o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede,
não sei”. Finalmente fazemos a experiência, neste dia, que “A angústia de ter perdido, não supera a
alegria de ter um dia possuído!”
Desejando-lhes a esperança
na ressurreição, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Sb
3,1-9; Sl 41(42); Ap 21,1-7 e Mt 5,1-12).