COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Chegamos
ao Quinto Domingo da Quaresma. Depois de quarenta dias de grande
jejum, continuada penitência e profundo retiro de oração, vamos contemplar hoje
a Ressurreição e a Vida. Este Quinto Domingo da Quaresma,
pelos antigos era chamado de "Domingo da Paixão" -
ressaltado pelos acontecimentos da ressurreição de Lázaro. Ressurreição que
causou ódio das autoridades civis daquele tempo contra Jesus, que dava um sinal
de como deveria ser sua própria ressurreição. O acontecimento de hoje conduz à Páscoa
da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
A
experiência batismal estabelece e manifesta a sintonia existente entre os três
últimos domingos da Quaresma. No Terceiro Domingo da Quaresma,
no acontecimento da Samaritana, falou-se em água viva, em água que jorra
para a vida eterna, e Jesus apresentou-se como quem é capaz de dar de beber
esta água salvadora. No Quarto Domingo da Quaresma, Jesus
revelou-se como a luz do mundo. A água e a luz fazem crescer, vivificam
os seres vivos. Sem água e sem luz, conhecemos a morte. A partir da água
e da luz, Jesus reafirma sua divindade e seu poder de dar a vida, e a vida
plena, que não se acaba.
O
motivo da celebração eucarística é a ressurreição e a vida de todos os que se
deixam conduzir pela palavra de Deus. Dela nos vem a força e a esperança para
continuar na caminhada rumo à Páscoa, superando toda tristeza e morte. O
profeta Ezequiel anuncia ao povo que Deus deseja comunicar a vida a quem está
sob o jugo da morte. Jesus, ao ressuscitar Lázaro, concretiza o sonho do
profeta e se apresenta como “a ressurreição e a vida”. Deus não quer que seu
povo viva em condições de mortos-vivos e abandonado à própria sorte. Jesus ama
seu povo e, por isso, ordena que desatemos as amarras que mantêm as pessoas
presas. Viver segundo o Espírito de Deus é fazer nossas opções de Jesus.
O
Profeta Ezequiel prega para um povo 'morto', caído por terra e sem esperança de
vida. Um povo vencido e desanimado no exílio, que é visto como um monte de
ossos secos. A 'palavra profética' é palavra recriadora. Por isso, o que parece
impossível aos homens, pode se transformar numa ocasião para Deus revelar a sua
força recriadora. Lentamente os ossos são revivificados pelo Espírito de Deus.
O povo renova-se à medida que vai tomando consciência da sua dignidade.
O
Apóstolo Paulo fala do espírito que vivifica, mesmo se o corpo estiver morto. O
espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos fará viver até os nossos corpos
mortais. Esta vida nova, vida habitada pelo Espírito, requer superação de tudo
o que não agrada a Deus. A partir da Ressurreição de Cristo quem
determina o ser e agir do ser humano, não é mais o pecado e o egoísmo, mas o
Espírito; não é mais a morte, mas a vida.
Jesus
está a caminho de Jerusalém. É sua última viagem. Em Betânia, apenas a uns 3 km
de Jerusalém, faz o grande milagre da ressurreição de Lázaro. Betânia era
parada obrigatória dos peregrinos de Jerusalém. Ali eles tomavam banho,
preparavam-se para entrar na cidade santa. Não poderia ser diferente com Jesus
e com os apóstolos. A parada de Jesus foi na casa de Maria, de Marta e de
Lázaro, seus íntimos amigos.
A
figura de Lázaro, encerrado no sepulcro e amarrado em faixas, personifica o
discípulo que, ao convite do Senhor, necessita sair de seu mundo (aqui o
sepulcro é imagem forte disso), para ganhar a vida. A vida do batizado implica
rupturas e mudanças radicais com determinadas práticas de vida, ao mesmo tempo
em que ele se insere numa comunidade de vida. Na Quaresma, somos
chamados à conversão, a deixar projetos que nos prendem ao egoísmo e a apostar
na tarefa de criar um mundo solidário, com mais vida. Temos de anunciar, mais
com ações do que com palavras, que acreditamos que só é parceiro de Deus quem
defende a vida e que tudo será possível com amor autêntico e coerente.
Somos
convidados a preparar-nos bem, a fim de que esta seja a mais rica
Páscoa já celebrada em nossa vida pessoal, comunitária e social.
Não deixemos para celebrar o rico Sacramento da Confissão na
última hora, na Semana Santa! Aproveitemos os Mutirões de
Confissões nas Foranias de nossa Arquidiocese, que reúnem dezenas de Sacerdotes
cada noite, em praticamente todas as Paróquias para atender-nos e devolver-nos
a paz que o pecado nos tira. Os Padres também precisam de tempo oportuno e
necessário para bem prepararem-se para as solenes celebrações de toda a Semana
Santa! Procurar a confissão de última hora, geralmente frustra tanto o
Sacerdote como quem o busca. A confissão deve ser celebrada e
não improvisada. É compensador ver e sentir as pessoas celebrarem
sua Reconciliação com Deus, consigo mesmas e com os outros! O
alívio do perdão e da reconciliação revestirá a Celebração da nossa principal
festa anual: a Páscoa da Ressurreição do Senhor e nossa de
sentido mais profundo, oferecendo-nos, diante de nossa Cultura de
Sobrevivência, novas esperanças, perspectivas, ânimo e sentido de vida
verdadeira.
Desejando
a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto
Kasper
(Ler Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11 e Jo
11,1-45).