-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: 06/21/14

sábado, 21 de junho de 2014

DÉCIMO-SEGUNDO DO TEMPO COMUM

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia;
O que escutais ao pé do ouvido,
Proclamai-o sobre os telhados!”(Mt 10,27).

          “O Décimo-Segundo Domingo do Tempo Comum pode ser considerado como o ‘primeiro’ da ‘segunda parte’ deste tempo litúrgico. Os Domingos do Tempo Comum são nossa páscoa semanal. São os dias da nossa ressurreição, princípio e fim da nossa semana. O centro deste magnífico dia é a Eucaristia, Ceia do Senhor, ‘onde toda a comunidade dos fiéis se encontra com o Senhor ressuscitado, que os convida ao seu banquete. O domingo é o dia por excelência da assembléia litúrgica em que os fiéis se reúnem ‘para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da paixão e ressurreição do Senhor Jesus, e darem graças a Deus que os regenerou para a viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos’.
          Costumo lembrar-me do evento que um de nossos Padres da Arquidiocese de Ribeirão Preto conta, enquanto chegava, na Amazônia, a uma Comunidade Ribeirinha, depois de quinze horas de viagem de barco. Encontrou uma faixa no barranco com a seguinte frase: “Padre, seja bem-vindo. Faz cinco anos que não vemos um!”. O Padre em missão foi acolhido com uma sede da Eucaristia, que ninguém é capaz de descrever. Enquanto em lugares como esse, as pessoas só tem um padre para celebrar-lhes a Eucaristia, contamos na cidade de Ribeirão Preto, num único final de semana mais de duzentas Missas Dominicais. Ainda assim, quantos de nós, encontramos desculpas daqui e dali para faltarmos tanto nas celebrações de nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor? Qualquer motivo nos tenta a faltar do que São Paulo chama de Corpo Místico, mutilando, portanto, nossas Comunidades Eclesiais. Cada membro que falta, mutila o Corpo da Igreja, do qual somos os membros, enquanto Cristo é a Cabeça e o Espírito Santo a alma! Torna-se desafiador afirmar que não existe Igreja sem Eucaristia. Onde temos tantas Eucaristias celebradas, porém mal aproveitadas, seríamos mais Igreja do que aquelas Comunidades que se alimentam durante cinco anos apenas da Palavra, da fidelidade a Deus nas relações verdadeiras entre os irmãos? Cada um tire suas próprias conclusões!
          Dos homens não devemos ter nem temor nem medo; ensina-nos o Evangelho deste domingo, de Deus, porém devemos ter temor, mas não medo. O sentido do temor a Deus é completamente diferente daquele do medo. ‘Temer a Deus é o princípio do saber’ (Sl 111,10), isto é, tem sua fonte exatamente no saber quem é o Senhor. Se o medo nasce da obscuridade do desconhecido, o temor de Deus nasce do conhecimento de Deus.
          Como sempre o Evangelho nos ajuda a olharmos para os nossos dias com olhar transfigurado e lança luzes sobre o nosso cotidiano. O nosso tempo é um tempo de angústia e a ansiedade e o medo têm se tornado as doenças por excelência e principais causas de infartos e suicídios. Como se pode explicar essa situação se na atual conjuntura temos tantos recursos, em relação ao passado, que nos garantem segurança econômica, planos de saúde, meios para enfrentar doenças e formas para retardar o envelhecimento e a morte? Não será que na nossa sociedade diminuiu o temor de Deus e quanto mais se diminui o temor de Deus se cresce o medo dos homens? Os adolescentes e jovens que perderam o temor dos pais, que por sua vez perderam o temor de Deus, são mais livres e seguros de si?” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I de Junho/Agosto de 2014 da CNBB, pp. 31-38).
          Enfim, a mensagem de Jesus, a Boa Nova do Evangelho, é maior e mais forte que a fortaleza dos homens, que muitas vezes se consomem em destruir relações, difamar, deixar a inveja derrubarem os irmãos mais fragilizados. Tampouco a mensagem de Jesus é destinada apenas a um pequeno grupo, aqueles que buscam ocupar cargos, funções e correm atrás de privilégios à custa da instituição, seja ela eclesial, política ou social, nem a um grupo de elite, de privilegiados, mas sim uma boa nova que precisa ser dita “à luz do dia” e proclamada “sobre os telhados”.
          O cristão não deve ter medo de anunciar com a própria vida os valores que lhe são essenciais e que o caracterizam como verdadeiro filho que se sente amado por Deus, a saber: o amor gratuito, a verdade, a justiça, a liberdade, a cidadania e a paz!
          Desejando-lhe muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço fiel,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Jr 20,10-13; Sl 68(69); Rm 5,12-15 e Mt 10,26-33).

FESTA DE CORPUS CHRISTI

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo
E com o mel do rochedo o saciou” (Sl 80,17).

            A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo “recorda o mistério da encarnação de Jesus, que veio ser nosso companheiro e alimento em nossa caminhada de peregrinos. Ele mesmo nos diz: ‘Quem come minha carne e bebe meu sangue possui a vida eterna’.
          O alimento é necessário para a vida da pessoa, o pão eucarístico é fundamental para a vida do cristão. O pão alimenta e une as pessoas. Cristo, o verdadeiro alimento descido do céu, fortalece-nos na busca da eternidade.
          A dureza do deserto mostra que o ser humano não é auto-suficiente. Comer a carne e beber o sangue de Cristo é assimilá-lo e assumir seu projeto. Na Eucaristia participamos da vida (corpo) e da morte (sangue) de Cristo. A Eucaristia é o banquete sagrado no qual a assembléia participa dos bens do sacrifício pascal e renova a aliança feita por Deus com toda a humanidade, uma vez para sempre, no sangue de Cristo” (cf. Liturgia Diária de Junho de 2014 da Paulus, pp. 73-76).
          Comer a carne de Cristo feito pão e beber o sangue feito vinho, significa assimilar em nossos corpos essa Palavra viva que Ele é. Não é só uma questão piedosa de ‘receber Jesus no coração’. Trata-se de, na ação de comer e beber, assimilar em nós a fala maior, a saber, o nutriente maior que é a doação total do Senhor Jesus, para sermos também nós uma entrega a serviço dos irmãos. Comer deste Pão quer dizer aceitar identificar-se com esse Cristo, tornar-se como Ele, e com Ele formar um só corpo. Comungar o corpo de Cristo quer dizer aceitar, identificar-se com esta Palavra viva do Pai que é Ele mesmo, Jesus Cristo. Caso contrário, não temos vida, tudo desmorona, a sociedade vira um caos.
          Assimilar o Corpo-Palavra de Cristo e identificar-se com Ele significa, ao mesmo tempo, comungar o corpo de Cristo eclesial, comprometer-se com ele. Não dá para separá-los. ‘Não se comunga o corpo de Cristo sem comungar o corpo do irmão, sobretudo o fraco, pelo qual Cristo morreu’. Caso contrário, fazemos da Eucaristia uma idolatria e nos tornamos cúmplices da morte. É bom pensar nisso!
          Fortalecidos pela comunhão com o Corpo de Cristo e, consequentemente, com todos os membros deste Corpo, partimos para a missão em favor de uma sociedade sempre mais fraterna e solidária: em favor da vida!
          Celebrar a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, pretende amadurecer nossa consciência, de que devemos amar apaixonadamente a Eucaristia sempre, porém, tornando-nos o sacrário, tarbernáculo, hostensório, custódia do Cristo Eucarístico, que sacia a fome e a sede de amor, ternura, justiça, liberdade, verdade e paz da humanidade toda. As pessoas, olhando para nós, devem enxergar o próprio Cristo contemplado em nossas atitudes. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes adoramos Jesus na Hóstia Consagrada e o ignoramos no outro. Nossa insensibilidade para com os irmãos contradiz qualquer homenagem que fazemos diante do Sacrário.
          É bom expressar nossa alegria em reconhecer, a partir de nossa fé, a presença eucarística na Hóstia Consagrada desfilando entre nós. Desde que essa festa produza atitudes concretas de amor maior entre nós. Havia um homem muito simples, que diariamente entrava na Igreja, por volta do meio-dia. Sentava-se no último banco e ali permanecia quieto, sem nada dizer, rezar, falar, permanecia em silêncio. As senhoras piedosas que zelavam pela Igreja Matriz, pediram ao Padre que averiguasse as intenções daquele homem. Poderia ser um ladrão, alguém que estaria estudando um modo de roubar alguma imagem da Igreja ou assaltar o cofre. Ao ser perguntado pelo Padre o que fazia, diariamente, sentado no último banco da Igreja sem nada dizer, o homem, apontando para o Sacrário respondeu: “Senhor Padre! Venho aqui no horário do meu almoço. Trabalho aqui perto. Não tenho como almoçar em casa. Então venho aqui e fico olhando para Ele e Ele olha para mim!” O Padre perguntou de quem falava? O homem respondeu: “Padre, eu olho para Jesus e Jesus lá do sacrário olha para mim...” O Padre, um tanto constrangido, acalmou as senhoras e passou a imitar o pobre homem, dedicando mais tempo de silêncio diante do Sacrário, todos os dias!
          A filha do sacristão de determinada Igreja, foi surpreendida pelo pai, beijando a hóstia grande já preparada na patena, para a Missa. O pai lhe disse: “Sua bobinha. Por que beija esta hóstia aí, que ainda nem foi consagrada? Jesus nem aí está!” A menina respondeu imediatamente: “Papai, bobinho é você. Eu sei que Jesus ainda não está nesta hóstia grande. Mas quando o Padre a erguer e Ele chegar nela, encontrará meu beijo, está bem?”
          Que a Eucaristia cure, como um antibiótico, as infecções de nossos pecados e, como vacina, nos impermeabilize das tentações. Seja eficaz em nossas relações mais humanas e dignas entre nós.
         
          Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 8,2-3; Sl 147(147B); 1 Cor 10,16-17 e Jo 6,51-58).