"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
sábado, 26 de maio de 2012
HOMILIA PARA A SOLENIDADE DE PENTECOSTES 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações
Pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia!” (Rm 5,5; 10,11).
“O Domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao Evangelho: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).
Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer perseguições, nem morte.” [...]
Devido à importância da Solenidade de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de Pentecostes, “é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.
As três grandes e permanentes tentações da humanidade acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).
Na Solenidade de Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco pela presença do Espírito criador e unificador.
O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso proposto por Jesus.
A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a capacidade do amor gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino, significa esforçar-se por promover, quer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.
A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a ação do Espírito Santo, torna-se estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar. A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas gasta-se, consome-se por amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo Senhor.
Os dons recebidos do Espírito são para a edificação da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos somos portadores de todos os dons do Espírito Santo. Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam, como muitas vezes acontece. Há, frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente” (Cf. Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2012, pp. 88-94).
“Assim como o Pai me enviou,
Também eu vos envio:
Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,21-22).
“A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor e vida nova.
O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.
As palavras do Papa Bento XVI nos ajudam a entender a ação perene do Espírito na Igreja e no mundo: ‘Pudemos assim constatar, com alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura’ (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).
Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.
Que nesta Solenidade de Pentecostes se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos faça missionários sem-fronteiras” (Cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, N. 16).
Santo Antônio faleceu na Festa de Pentecostes no dia 13 de Junho de 1231. Em nossa Igreja Santo Antoninho, celebraremos a Festa da Vinda do Espírito Santo, tanto na Missa das 8 como na das 10 horas com nova esperança, novo sentido e perspectiva de vida em Comunidade! Seja nosso Espaço Cultural de Espiritualidade acolhedor dos dons do Espírito Santo! Sintam-se acolhidos todos os que nos enriquecem com sua presença, permitindo-nos sempre mais partilhar de nossa pobreza!
Que a Solenidade de Pentecostes nos anime a sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa vida!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23)
Pentecostes
Pentecostes
Pentecostes é a plenitude da Páscoa. A efusão do Espírito, em Pentecostes, dá início à missão que Jesus confiou aos apóstolos. É ele que distribui os carismas e garante a comunhão do Corpo de Cristo. A primeira leitura (cf At 2,1-11) diz que o Espírito Santo se manifesta como labaredas de fogo “que se repartiram e pousaram” sobre os discípulos reunidos no mesmo lugar. Paulo afirma: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito.” E acrescenta: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum.” (cf 1 Cor 12,3b-7.12-13)
O Evangelho (Jo 20,19-23) ressalta a unidade entre a Páscoa e a vinda do Espírito.: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana... Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’... Soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’.”
Costuma-se dizer que Pentecostes foi a inversão de Babel. Em Babel, houve uma confusão de línguas e os homens se desentenderam. Em Pentecostes, há a maravilha do amor. Os apóstolos são entendidos por pessoas que falam diversas línguas. Todos compreendem a linguagem do amor.
A presença do Espírito Santo na liturgia torna eficaz a memória do mistério pascal de Jesus. E faz com que nos tornemos “um só corpo e um só espírito”. E ele nos acompanha na missão, ao suscitar a adesão ao projeto do Reino. Pois, “todos nós bebemos de um único Espírito.” (1Cor 12,13)
+ Joviano de Lima Júnior,sss
Arcebispo de Ribeirão Preto - SP
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