"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
O ENTUSIASMO DE COMUNICAR A FÉ
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
“É o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28,19). Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a si os homens de cada geração: em todo o tempo, ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé” (cf. Carta Apostólica sobre A PORTA DA FÉ do Papa Bento XVI).
A fé nos é dada, como dom precioso no Sacramento do Batismo. Não se trata de um dom mágico, mas que supõe nossa coparticipação no seu cultivo. Dom Arnaldo Ribeiro, quando presidia os Sacramentos da Iniciação Cristã, especialmente o da Crisma, costumava comparar-nos a uma esponja de lavar louça. A esponja que tem um lado mais áspero, para limpar louça mais gordurosa, como panelas e talheres, e outro mais macio, para limpar louças mais frágeis, como copos. Dizia que no Batismo, a esponja é encharcada na água batismal da qual exalam os dons do Espírito Santo, tornando o batizando capaz de tornar-se discípulo e missionário do Senhor. A esponja só tem utilidade, quando encharcada, molhadinha. Enquanto seca, só risca e não limpa a louça. Antes machuca e estraga. É inútil e desprezível.
Se durante nosso Batismo somos encharcados dos dons do Espírito Santo provenientes da água batismal, corremos o risco de secar, ao longo de nossa vida. Não basta sermos batizados. Precisamos frequentemente renovar nossos compromissos batismais e buscar novos meios de encharcar-nos, como a esponja, a fim de sermos úteis. Uma esponja seca de nada serve. Já uma esponja encharcada deixa tudo brilhando e cheiroso.
O Ano da Fé nos conclama a estarmos sempre encharcados dos dons do Espírito Santo, a fim de sermos úteis em nossa missão de discípulos e missionários que anunciam a Boa Notícia de que o Reino de Deus está entre nós. Se estivermos ressecados, busquemos, através da vida sacramental, sobretudo do exercício da caridade, encharcar-nos dos dons do Espírito Santo!
PORTA FIDEI – A PORTA DA FÉ
Pe. Gilberto Kasper*
“A PORTA DA FÉ (cf. At 14,27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar esse limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar essa porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Esse caminho tem início no Batismo (cf. Rm 6,4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos creem nele (cf. Jo 17,22)” (cf. Carta Apostólica do Papa Bento XVI sobre o Ano da Fé, n. 1).
Costumo perguntar, quando batizo, se pais e padrinhos sabem o dia do próprio batizado. A maioria não sabe. Não sabendo o dia do Batismo, dificilmente o celebramos. Não celebrando o próprio Batismo, dificilmente assumimos nossos compromissos batismais. Mas o Batismo é o primeiro Sacramento da Iniciação cristã, que afinal nos adota como filhos de Deus. Gosto de chamar nosso Batismo, o segundo parto. O primeiro é quando nascemos do útero materno. O parto do Batismo é quando nascemos do útero da Igreja, a Pia ou Bacia Batismal. Há um terceiro parto, para o qual nosso Batismo nos prepara, quando partimos do útero da terra em direção à eternidade.
No Batismo recebemos o dom da fé. É dom gratuito que nos confere a dignidade de Filhos de Deus, partícipes de uma mesma Família: a Família Cristã, a Família dos Filhos de Deus.
Podemos comparar tamanho dom, como um rapaz que ao pedir sua namorada em noivado, lhe oferece um lindo anel. Ao entregar o anel, que certamente estará num estojo aveludado envolvido em papel de presente, a noiva admira o invólucro, mas nem abre o estojo para ver e admirar o anel. Mais ou menos é o que fazemos com a fé recebida, como dom gratuito, no dia de nosso Batismo. Nem nos damos o trabalho de abrir o estojo. Guardamos o presente no fundinho da gaveta e lá, mofa, esclerosa, fica escondido. Mas a fé, como o anel deve ser mostrado, exibidos, e assim brilhar diante de todos que nos olham e admiram não um anel no dedo, mas uma fé vivida concretamente, produzindo frutos saborosos de amor, verdade, justiça, liberdade e dignidade.
Penso que o Ano da Fé espera justamente isso de cada cristão: manifestemos nossa fé ao mundo, a fim de que todos saibam em quem cremos. De quem nos sentimos filhos, de verdade!
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
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