"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Solenidade da Imaculada Conceição
No dia 8 de dezembro, a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição, professando que a Mãe de Jesus foi concebida sem o pecado original, herança com que todos nascemos. A festa é celebrada no tempo litúrgico do Advento, de preparação para o Natal. Neste tempo, é importante lembrar-se também daquela que foi escolhida por Deus para ser a mãe do Verbo Encarnado; o Filho de Deus vem até nós através de uma mulher.
CHEIA DE GRAÇA - Para ser a mãe de Cristo, Deus escolheu uma mulher santa e pura, cheia de graça. Por isso, como afirma o Concílio Vaticano II, na constituição “Lumen gentium”, Maria, “desde o primeiro instante de sua existência, é enriquecida com uma santidade surpreendente, absolutamente única.” (LG 56) É esse o mistério que celebramos no dia 8 de dezembro: para ser digna Mãe do Verbo, Deus preservou Maria do pecado original e a fez cheia de graça, a fez imaculada desde sua concepção.
REMIDA POR CRISTO - A doutrina da santidade original de Nossa Senhora se firmou inicialmente no Oriente, por volta do século VI ou VII, daí passou para o Ocidente. No século XIII, Duns Scott, teólogo franciscano de inteligência brilhante, defendia que Maria havia sido concebida sem o pecado original, afirmando que ela foi remida por Cristo como todas as pessoas humanas, mas antes de contrair o pecado original, em previsão dos méritos do Redentor que lhe são aplicados também.
DOGMA DE FÉ - Séculos mais tarde, o Papa Pio IX, com a bula “Ineffabilis Deus”, de 8 de dezembro de 1.854, proclamou o dogma da Imaculada Conceição: “Maria foi imune de toda mancha da culpa original desde o primeiro instante de sua concepção, em vista dos méritos de Cristo.” Quatro anos mais tarde, em 1.858, Nossa Senhora confirmava essa verdade. Aparecendo a Bernadete, na cidade francesa de Lurdes, apresentou-se: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
MODELO DE VIDA - A Mãe do Salvador se revela como exemplo de fé, de oração, de escuta da palavra divina, de amor-doação. Nossa devoção deve sempre lembrar a moça que soube dizer sim ao chamado para ser mãe, que se deslocou por caminhos difíceis para servir sua prima Isabel, que na festa de Caná estava servindo e preocupada com a felicidade dos noivos. Maria é a pessoa simples, pobre, que pertencia aos excluídos de sua época. É a mulher firme na condução dos passos de seu Menino, forte ao pé da cruz, exultante na ressurreição de seu Filho.
MÃE DOS CRISTÃOS - Sua existência é uma plena comunhão com o Filho, uma entrega total a Deus. Ela é a mãe imaculada dos cristãos. Como afirma o Papa João Paulo II, Maria é “a primeira e a mais completa realização das promessas divinas. Sua espiritual beleza nos convida à confiança e à esperança. A Virgem toda pura e toda santa nos anima a preparar os caminhos do Senhor e a endireitar seus caminhos.”
CAMINHO PARA BELÉM - A celebração da Imaculada dentro do Advento – tempo de preparação para o Natal de Jesus Cristo – deve nos levar até o presépio de Belém, descobrindo a humildade e a pobreza de nosso Deus e de sua mãe, comprometendo-nos com os pobres e excluídos, os que tiveram o privilégio de receber primeiro o convite para irem adorar o Menino que nasceu
Fonte:Catequisar
domingo, 27 de novembro de 2011
Papa no Angelus: "O verdadeiro dono do mundo não é o homem, mas Deus"
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI conduziu a oração mariana do Angelus, deste I Domingo do Advento, na Praça São Pedro, no Vaticano, repleta de fiéis e peregrinos que ouviram as palavras proferidas pelo Papa.
O Santo Padre iniciou o Angelus destacando o início do novo Ano Litúrgico: "Um novo caminho de fé que deve ser vivido juntos nas comunidades cristãs, mas também, como sempre, um caminho que deve ser percorrido dentro da história do mundo, para abri-la ao mistério de Deus, para a salvação que vem de seu amor. O Ano Litúrgico inicia-se com o Tempo do Advento: tempo maravilhoso em que se desperta nos corações a espera do retorno de Cristo e a memória de sua primeira vinda, quando se despojou de sua glória divina para assumir a nossa carne mortal."
O Papa frisou que o apelo de Jesus no Evangelho de hoje a vigiar é um convite dirigido não só aos seus discípulos, mas a todos nós: "É um convite salutar para nos lembrar que a vida não tem apenas a dimensão terrena, mas é projetada rumo ao além, como uma plantinha que brota da terra e se abre para o céu. Uma plantinha pensante, o ser humano, dotada de liberdade e responsabilidade, por isso cada um de nós será chamado a prestar contas de como viveu, como utilizou suas capacidades: se as guardou para si ou as fez frutificar em favor do bem dos irmãos."
O Santo Padre recordou que Isaías, o Profeta do Advento, nos faz refletir hoje com uma oração sincera, dirigida a Deus em nome do povo. "Ele reconheceu as falhas do seu povo e disse: Não há quem invoque o teu nome, quem acorde para em ti se apoiar, pois escondeste de nós a tua face, deixaste que, como onda, a força dos nossos pecados nos arrastasse" – disse Bento XVI citando o Profeta Isaías.
Segundo o Papa, tal descrição parece refletir certos panoramas do mundo pós-moderno: "As cidades onde a vida tornou-se anônima e horizontal, em que Deus parece estar ausente e o homem o único senhor, como se ele fosse o criador e o diretor de tudo: as construções, o trabalho, a economia, os transportes, as ciências, a tecnologia, tudo parece depender somente do homem. E às vezes, neste mundo que parece quase perfeito, acontecem coisas chocantes, ou na natureza, ou na sociedade, que nos leva a pensar que Deus tenha se retirado, nos tenha abandonado."
"Na realidade, o verdadeiro dono do mundo não é o homem, mas Deus. O Tempo do Advento chega a cada ano para nos lembrar isso, a fim de que a nossa vida reencontre sua orientação justa, em direção à face de Deus. A face não de um patrão, mas de um Pai e amigo" – concluiu o Papa que concedeu a todos a sua bênção apostólica. (MJ)
terça-feira, 22 de novembro de 2011
A força do amor
A palavra "amor" está envolvida de predicados, de qualidades, de situações e expressões que, na visão da Sagrada Escritura, tudo se resume na frase "amar a Deus e amar o próximo como a si mesmo". Ela constitui o maior de todos os mandamentos da vida.
O amor tem uma força que, às vezes, até explode dentro da pessoa. Mas tem que ser bem canalizado, não deixando que se transforme em atitudes de agressão e prejuízo para os que o detêm e para aqueles com quem a pessoa convive.
Pela força do amor podemos até esvaziar nossa vida para fazer o outro feliz. Mas pode acontecer o contrário, experimentando um falso amor e explorar a vida alheia. É um amor que se transforma em ódio e violência, podendo ocasionar até morte.
Em Deus, o amor é uma vocação, um caminho de acesso à realização plena, que só acontece de forma gratuita. Esta prática supõe fazer ao outro aquilo que gostaria que fosse feito à gente mesmo, mas dentro da realização da gratuidade.
Sentimos um grande desgaste na palavra amor nos últimos tempos. A cultura atual é marcada pelo individualismo, causando fechamento, egoísmo e falta de calor humano. Não existe amor sem relacionamento e diálogo. Ele acontece em relação ao outro, ao próximo ou a Deus.
O amor-relação, que deixa como legado a fraternidade, tem como exigência fundamental a fé cristã. Só assim ele será vivido no meio de tribulações e desafios. É o que lhe dá força e gratuidade. Um amor que vai além da dimensão simplesmente humana.
Na vivência da fraternidade, não se pode confundir o próximo com uma pessoa necessitada. É principalmente com quem convive e partilha a própria vida, e com quem cria relacionamento fraterno e o defende em todas as situações.
O amor condiciona a pessoa para uma verdadeira e sólida alegria, um coração realizado e profundamente feliz. Isto é capaz de superar todo tipo de rancor e de vingança. Provoca luta pela justiça social e por um mundo melhor.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Bispo de São José do Rio Preto.
domingo, 20 de novembro de 2011
A Coroa do Advento
A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Espanha, quando no ano 380, o Sínodo de Saragoça prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Na França, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu seis semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de São Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania.
Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos. Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular à Anglicana, à Luterana, e à Metodista, dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum em preparação ao Natal.
Outra origem: entre os pagãos da Europa do norte, que colocavam uma roda de carroça, enfeitada com luzes, para agradar um deus pagão, deus do sol, que se escondia durante o inverno por longas horas de escuridão. Os cristãos, preparando-se para sua festa de luz e de vida, a natividade do Salvador, aproveitaram esse costume pagão, e passaram a acrescentar uma vela à Coroa em cada Domingo do tempo do Advento. Essas luzes relembram a escuridão do mundo pecador antes do Salvador, a promessa da Salvação, a preparação para o Messias pelos profetas e, finalmente, a Virgem que deu à luz a um filho chamado Emanuel: Deus-conosco.
Originariamente, a velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento. O roxo, para indicar a penitência, a conversão a Deus e o rosa como sinal de alegria pelo próximo nascimento de Jesus, usada no 3º domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete” (Alegrai-vos).
A Coroa, um círculo sem início e sem fim, simboliza a vida e a esperança. As velas representam os séculos de escuridão, cada uma aumentando a luz até o Natal. Por isso, começa da Roxa (1º Domingo), Verde (2º Domingo), Rósea (3º Domingo) e Branca (4º Domingo). Gradativamente vão sendo clareados os tons, como que expressando a alegria cada vez mais próxima do nascimento do Salvador, a Luz eterna.
No geral, ela tem essas cores, mas pode ser também com as quatro velas brancas ou roxas. Ao redor do círculo, há os ramos de cipreste e uma tira vermelha: símbolo da vida nascente (sangue) do Senhor Jesus, na manjedoura. As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas.
Existem diferentes tradições sobre os significados das velas. Uma bastante difundida:
A primeira vela é do profeta;
A segunda vela é de Belém;
A terceira vela é dos pastores;
A quarta vela é dos anjos.
Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim:
A primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
A segunda é a vela da fé dos patriarcas que crêem na promessa da Terra Prometida;
A terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
A quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.
Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:
O tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
O tempo dos patriarcas;
O tempo dos reis;
O tempo dos profetas.
A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história. O círculo indica o sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando a vida. Para os cristãos este sol é símbolo de Cristo.
Desde a Antigüidade, a coroa é símbolo de vitória e do prêmio pela vitória. Lembremos a coroa de louros, a coroa de ramos de oliveira, com a qual são coroados os atletas vitoriosos nos jogos olímpicos.
Os ramos verdes que enfeitam o círculo constumam ser de abeto ou de pinus, de ciprese. É símbolo nórdico. Não perdem as folhas no inverno. É, pois, sinal de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte. Para nós no Brasil este elemento é um tanto artificial e, por isso, problemático, menos significativo, visto que celebramos o Natal no início do verão e com isso não vivenciamos esta mudança da renovação da natureza. Por isso, há uma tendência de se substituir o verde por outros elementos ornamentais do círculo: frutos da terra, sementes, flores, raízes, nozes, espigas de trigo.
Publicada por Cleiton Robson.
Fontes: Salvem a Liturgia
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
O dom da Piedade
Todo homem é chamado a viver em sociedade, relacionando-se com Deus e com seus semelhantes.
Requer-se que esse relacionamento seja reto ou justo. Por isto a virtude da justiça rege as relações de cada ser humano, assumindo diversos nomes de acordo com o tipo de relacionamento que ela deve orientar: é justiça propriamente dita, sempre que nos relacionamos com aqueles a quem temos uma dívida rigorosa; a justiça se torna religião desde que nos voltemos para Deus; é piedade, se nos relacionamos com nossos pais, nossa família ou nossa pátria; é gratidão, em relação aos benfeitores.
Ora, há um dom do Espírito Santo que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas: é o dom da Piedade.
São Paulo implicitamente alude a este dom quando escreve: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos: Pai” (RM 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da Piedade, nos faz, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai.
E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas inspirados pelo mesmo dom da Piedade.
O dom da Piedade nos leva a transcender as relações de “dar e receber” que caracterizam o relacionamento natural; leva-nos a considerar não apenas os benefícios recebidos, mas muito mais, o fato de Deus ser sumamente santo e sábio: “Nós vos damos Graça por vossa imensa Glória”, diz a Igreja no hino da Liturgia Eucarística.
É próprio de um filho olhar a honra e a glória de seu pai, sem levar em conta os benefícios que ele possa receber do mesmo. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus “… para que em tudo seja Deus glorificado”, diz São Bento.
Santo Inácio de Loyola exclama: “… tudo para a maior glória de Deus”.
É também o dom da piedade que desperta no católico viva e inabalável confiança em Deus Pai. Como, por exemplo, muito bem explica Santa Teresinha de Lisieux em sua doutrina sobre a infância espiritual.
O dom da piedade não leva o autêntico católico a cumprir apenas seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-o também a fazer apostolado (ou seja, a praticar o amor de Deus) com todos os seus semelhantes.
Típico exemplo deste sentimento encontra-se na vida de São Francisco de Assis: quando este, certo dia, sonhando com as glórias de um cavaleiro medieval, avistou um leproso, sentiu-se impelido a dominar a repugnância e dar-lhe o ósculo que exprimia a sua compaixão e ajuda.
O dom da piedade, tornando os católicos conscientes de sua formação de família dos filhos de Deus, move-os a ultrapassar os limites do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não regateia nem mede esforços desde que seja para o bem das almas. É o que exprime São Paulo, Apóstolo, ao escrever: “E eu de mui boa vontade darei o que é meu e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos eu mais, seja por vós menos amado” (2 Cor 12, 15).
Fonte: Baseado em http://vocacionadosdedeusemaria.blogspot.com/
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Almas sem confiança, porque duvidamos?
“Ergo os olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem de Deus, que fez o Céu e a Terra”. (Salmos 121. 1-2)
A desconfiança, sejam quais forem as suas causas, nos traz prejuízo, privando-nos de grandes bens. Quando São Pedro, saltando da barca, se lançou ao encontro do Salvador, caminhou, a princípio, com firmeza sobre as ondas.
Soprava o vento com violência. As vagas oras levantavam-se em turbilhões furiosos ora cavavam no mar abismos profundos… A voragem abria-se diante do Apóstolo. Pedro tremeu… hesitou um segundo, e, logo, começou a afundar … “Homem de pouca fé, disse-lhe Jesus, por que duvidaste? … “ (São Mateus 14,31)
Eis a nossa história. Nos momentos de fervor, ficamos tranqüilos e recolhidos ao pé do Mestre. Vindo a tempestade, o perigo absorve a nossa atenção. Desviamos então os olhares de Nosso Senhor para fitá-los ansiosamente sobre os nossos sofrimentos e perigos. Hesitamos… e afundamos logo! Assalta-nos a tentação. O dever se nos torna enfadonho, a sua austeridade nos repugna, os seu peso nos oprime. Imaginações perturbadoras nos perseguem. A tormenta ruge na inteligência, na sensibilidade, na carne…
E perdemos pé; caímos no pecado, caímos no desânimo, mais pernicioso do que a própria falta. Almas sem confiança, porque duvidamos?
A provação nos assalta de mil maneiras. Ora os negócios temporais periclitam, o futuro material nos inquieta. Ora a maldade ataca-nos a reputação. A morte quebra os laços de afeições das mais legítimas e carinhosas. Esquecemos, então, o cuidado maternal que tem por nós a Providência… Murmuramos, revoltamo-nos, aumentamos assim as dificuldades e o travo doloroso do nosso infortúnio.
Almas sem confiança, porque duvidamos?…
Se nos tivéssemos apegado ao Divino Mestre com uma confiança tanto maior quanto mais desesperada parecesse a situação, nenhum mal desta nos adviria…
Teríamos caminhado calmamente sobre as ondas; teríamos chegado, sem tropeços, ao golfo tranqüilo e seguro, e, breve, teríamos achado a placa hospitaleira que a luz do Céu ilumina…
Os Santos lutaram com as mesmas dificuldades… muitos dentre eles cometeram as mesmas faltas. Mas estes, ao menos, não duvidaram… Ergueram-se sem tardança, mais humildes após a queda, não contando, desde então, senão com os socorros do Alto.
Conservaram no coração a certeza absoluta de que, apoiados em Deus, tudo poderiam. Não foram iludidos nessa confiança.
Tornai-vos, pois, almas confiantes. Nosso Senhor a isso vos convida; e o vosso interesse assim o exige. Tornar-vos-eis, ao mesmo tempo, almas iluminadas, almas de paz.
Extraído do livro: “O Livro da Confiança” de Padre Thomas de Saint Laurent.
Fonte:Associação do Sagrado Coração
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Autenticidade de vida e testemunho do Santo Evangelho
“Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais vós também”
(Jo 13,15).
O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo é sempre a realização viva de seus ensinamentos. Seu exemplo precede seu ensino, e dele constitui a força interior que lhe dá autoridade e eficácia.
Movido pelo impulso do Espírito e inspirado pelo exemplo de Jesus, São Paulo afirma que seu ministério apostólico, junto aos tessalonicenses, foi exatamente a aplicação do exemplo e do mandamento do Mestre: “fizemo-nos pequenos entre vós, como a mãe que cerca de ternos cuidados os seus filhos. Assim, amando-vos muito, ansiosamente desejávamos dar-vos não só o Evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias vidas” (1 Ts 2,7b-8).
E acrescenta, pouco depois: “Assim como sabeis de que maneira a cada um de vós (como um pai a seus filhos), vos andávamos exortando, e confortando, e suplicando que andásseis duma maneira digna de Deus” (1 Ts 2, 11-12).
Não é fácil encontrar hoje, em homilias de padres e em cartas pastorais de bispos, uma linguagem capaz de expressar aquela autêntica expressão de paternidade e de maternidade, espirituais, na qual a Igreja, através da conferição dos sacramentos e dedicação generosa dos seus ministros, nos infunde a vida de Deus, pela fé, e se torna nossa “mãe”. Quantas vezes estamos proclamando, na linguagem eclesiástica do dia-a-dia, que a Igreja é nossa mãe!
Quanto da paixão e da ternura de mãe, bem como do empenho generoso e sábio de pai – que o apóstolo reivindica como características do seu empenho apostólico para com os tessalonicenses – alimentam nossa pregação e catequese, da “boa nova” santificadora de Nosso Senhor Jesus Cristo?
As firmes palavras de Nosso Senhor na polêmica com os fariseus projetam uma luz na contradição radical entre “palavras” e comportamentos, sobretudo nas pessoas que, na sociedade, têm a missão e a tarefa de encaminhar as pessoas para a glória de Deus, as quais deveriam cuidar, educar e acompanhar, com ternura de mãe, seus filhos espirituais.
Seu estilo de vida deveria ser um espelho do mesmo ensino, para dar-lhe credibilidade. Caso contrário, torna-se um tropeço que atrapalha a vida espiritual do povo. Distinguir as situações ambíguas, com sabedoria e discernimento, como convém a pessoas maduras na fé, e pegar a renúncia às coisas mundanas, para seguir o único verdadeiro Senhor, Pai e Mestre: eis a vocação dos verdadeiros discípulos em todo tempo.
Em relação aos fariseus, disse Nosso Senhor: “Observai, pois, e fazei tudo o que eles disserem; mas não imiteis as suas ações, porque dizem e não fazem” (Mt 23, 3). Evidenciando uma série de contradições, Nosso Senhor destaca dois principais pecados dos maus pastores, que constituem o núcleo venenoso da alma, a hipocrisia. Isto é, a manipulação da verdade para consigo mesmo, perante Deus e os homens.
O primeiro pecado é a tentativa de esconder-se atrás de um aparente zelo religioso, identificado com a rígida observância da Lei, por eles aludida, mas carregada sobre os ombros do povo, observância desprovida de autenticidade (Mt 23, 4). O segundo pecado é a procura em chamar a atenção para si mesmo, ao ostentar formas e palavras capazes de atrair os simples, em vez de guiá-los ao Senhor da vida (Mt 23, 5-7).
Nosso Senhor Jesus Cristo assume a atitude do profeta Malachias, que denuncia a perversão da própria missão, por parte dos sacerdotes. Eles (os sacerdotes) deveriam ser de ajuda e servir de guia ao viver, com fidelidade, o próprio mandato recebido; ao contrário: se tornaram “pedra de tropeço” para os pobres (1ª Leitura, Ml 2, 8).
Os pequeninos (ou seja, as almas inocentes) são os privilegiados de Deus Nosso Senhor! Por isso a ameaça de Jesus Cristo se faz ainda maior: “Porém o que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem no fundo do mar” (Mt 18,6).
Tropeço e escândalo dos pequeninos não são apenas os comportamentos abertamente em contradição com o Evangelho e o ensino da Igreja. Quando isso acontece, é mais fácil reconhecer o desvio, e se defender. Hoje em dia atuam também duas formas, dentre outras, de possíveis desvios do caminho próprio do discípulo de Jesus.
Uma delas é certa mentalidade secular que descuida do amor de Deus sobre todas as coisas, para seguir um individualismo limitado ao nível do bem estar material.
A outra é até mais sutil: é a exploração do sentimento religioso das pessoas, desviando-o para formas pobres de conteúdo doutrinário, mas fortemente ligadas às emoções, sem o cuidado paterno e materno de São Paulo Apóstolo, para educar este mesmo sentimento religioso, e encaminhar os fieis para haurir das riquezas espirituais que a Igreja proporciona para todo o povo, pela sua Doutrina, pela sua Liturgia, e na formação mais substanciosa da própria fé.
Ao pegar certas publicações que se dizem de caráter piedoso, e ao olhar certos programas de TV (não somente evangélicos!), que pretenderiam alimentar a fé do povo de Deus, vêm naturalmente à mente as severas palavras de Nosso Senhor, no Evangelho! Muitas vezes são propostas, na realidade, formas quase mágicas de piedade! Para onde foi o luminoso empenho da Igreja, orientado a reconduzir a fé e a piedade do povo de Deus às suas divinas raízes dos ensinamentos de Deus e das práticas litúrgicas, renovando as bases da catequese, para que se tornasse mais idônea a iluminar a mente e a abrasar os corações, com a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo? Esta foi a grande “estrela polar” da eclesiologia, segundo a mais antiga e original Tradição da Igreja.
Este é o caminho para, no nosso tempo, praticar e promover uma fé e uma piedade autênticas, capazes de enfrentar os tentações da secularização e a falsidade de certas propostas religiosas.
Os bons estudiosos do Novo Testamento advertem que o tom altamente polêmico do trecho do Evangelho de São Mateus, provavelmente, tende a marcar que o perigo da hipocrisia não se encontrava somente no povo judeu, mas também nos discípulos de Jesus, e se encontra em qualquer tempo e lugar.
Entretanto, para os discípulos, Nosso Senhor indica outros critérios e outro modelo para se executar de maneira autêntica a autoridade: “Vós sois todos irmãos ….” (Mt 23,8-12).
Contudo, os discípulos não conseguiram entender o que isto deveria significar para eles mesmos. Continuam brigando sobre quem deveria ocupar os primeiros postos de poder entre eles.
Então Nosso Senhor explica mais ainda: “Vós sabeis que os príncipes das nações têm o domínio sobre elas, e que os grandes as governam com autoridade. Não será assim entre vós, mas todo o que quiser ser entre vós o maior, seja vosso ministro; e o que quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para redenção de muitos” (Mt 20, 25-28).
Este é sentido que, na Igreja, têm as pessoas que exercem a função de ensinar, de sustentar a fé e de guiar o povo de Deus: “dar a sua vida para redenção de muitos”!
Assim sendo, a capacidade de servir a Deus Nosso Senhor e guiar o povo, como convém, é uma graça. Esta graça, como todas as graças, devemos pedir, para vencermos heróica e santamente as nossas debilidades: “Ó Deus, de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas”.
Fonte: (Associação Apostolos do Sagrado de Jesus) Baseado em Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração, publicado em zenit.org
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Cinco características principais quem em nós reveste a força de Jesus
“Tu, pois, filho, fortifica-te na graça que está em Jesus Cristo” (2 Tim 2,1). A graça é a participação na vida do Homem-Deus. Jesus é a força por essência. Nele reside, em toda a plenitude, a força do Pai, a onipotência da ação divina, e o seu Espírito é chamado Espírito de Força.
“Ó Jesus – exclama São Gregório de Nazianzo – somente em Vós reside toda a minha força”. “Fora de Cristo – dia por sua vez São Jerônimo – eu sou de todo impotente”.
O Doutor seráfico, no 4° livro do seu Compêndio de Teologia, enumera os cinco caracteres principais que em nós reveste a força de Jesus:
O primeiro é empreender coisas difíceis e enfrentar, resolutamente, os obstáculos: “animai-vos e sede fortes de coração” (Sl 30,25).
O segundo é o desprezo das coisas da terra: “Por seu amor quis perder tudo, avaliando-o como esterco, a fim de ganhar Cristo” (Fil 3,8).
O terceiro, a paciência nas tribulações: “O amor é forte como a morte” (Cant 8,6).
O quarto, a resistência às tentações: “O diabo anda em redor de vós como um leão furioso… resisti-lhe fortes na fé” (1Pe 5,8-9).
O quinto é o martírio interior, o testemunho, não do sangue, mas da própria vida, que se consome no desejo de pertencer a Jesus. Consiste em combater a concupiscência, dominar os vícios e trabalhar, com energia, na aquisição das virtudes: “Combati o bom combate” (2 Tim 4,7).
Enquanto o homem exterior confia nas suas forças naturais, o homem interior apenas vê nelas auxiliares úteis, embora insuficientes.
O conhecimento da sua fraqueza e a fé na onipotência de Deus dão-lhe, como a São Paulo, a medida exata das suas forças. À vista dos obstáculos que se reguem diante dele, exclama com humilde altivez: “quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Cor 12,10)
Extraído do livro: “A Alma de todo o Apostolado” J B Chautard
Fonte:aascj.org.br
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Ladainha do amor de Deus
Composta pelo Santo Padre Papa Pio VI
A vós, que sois o amor infinito, amo-vos ó meu Deus.
A vós, que me haveis prevenido pelo vosso amor, amo-vos ó meu Deus.
A vós, que me mandais vos ame, amo-vos ó meu Deus.
De todo o meu coração, amo-vos ó meu Deus.
Em toda a minha alma, amo-vos ó meu Deus.
Em todo o meu entendimento, amo-vos ó meu Deus.
Com todas as minhas forças, amo-vos ó meu Deus.
Sobre todos os bens e honras, amo-vos ó meu Deus.
Sobre todos os prazeres e gozos, amo-vos ó meu Deus.
Mais do que a mim mesmo e tudo o que me pertence, amo-vos ó meu Deus.
Mais do que a todos os homens e anjos, amo-vos ó meu Deus.
Mas do que todas as coisas criadas no céu e na terra, amo-vos ó meu Deus.
Unicamente por amor de vós, amo-vos ó meu Deus.
Porque sois infinitamente digno de ser amado, amo-vos ó meu Deus.
Porque sois infinitamente perfeito, amo-vos ó meu Deus.
Ainda que não houvésseis prometido o céu, amo-vos ó meu Deus.
Ainda que me ameaçásseis com o inferno, amo-vos ó meu Deus.
Ainda que me provásseis pela miséria e infortúnio, amo-vos ó meu Deus.
Na abundância e na pobreza, amo-vos ó meu Deus.
Na prosperidade e na adversidade, amo-vos ó meu Deus.
Nas dignidades e nos desprezos, amo-vos ó meu Deus.
Nos prazeres e nos sofrimentos, amo-vos ó meu Deus.
Na saúde e na doença, amo-vos ó meu Deus.
Na vida e na morte, amo-vos ó meu Deus.
No tempo e na eternidade, amo-vos ó meu Deus.
Em união do amor com que vos amam no céu todos os anjos e santos, amo-vos ó meu Deus.
Em união do amor com que vos ama a bem-aventurada da Virgem Maria, amo-vos ó meu Deus.
Em união do amor infinito com que eternamente vos amais. amo-vos ó meu Deus.
Oração: Ó meu Deus, que possuis em abundância incompreensível tudo o que pode ser perfeito e digno de amor, extingui em mim todo o amor criminoso, sensual e desordenado às criaturas, e acendei no meu coração o fogo puríssimo do vosso amor, para que não ame senão a vós e por vós, até sendo enfim consumido pelo vosso santíssimo amor, vá amar-vos eternamente com os eleitos no céu, pátria do amor. Assim seja
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