
"Vimos a sua glória, a glória que lhe vem do Pai
como a de um Filho único,
cheio de graça e verdade" (Jo 1,14).
Celebrando a Semana da Epifania do Senhor, proclaramemos em nossas celebrações a Primeira Carta de São João que nos remete à Teologia da Ternura e do Amor de Deus para com a Humanidade! "Jesus é esperança e certeza de que as trevas podem ser dissipadas. Com sua constante presença de amor e luz em nossa existência, ele nos orienta pelo caminho da verdade e da vida. O discernimento é fundamental na vida do cristão, a fim de que este não seja iludido por inspirações que não provêm de Deus". (Ler Mt 4,12-17.23-25 e 1Jo 3,22-4,6) (Cfe. Liturgia Diária de Janeiro da Paulus, pp. 27-20).
A história da manifestação de Deus, feito pessoa, interessantemente dribla a humanidade, já que começa numa madeira, a manjedoura da estrebaria e termina num madeiro, a cruz! Quem não fizer a experiência do amor e da ternura de Deus em sua vida pessoal e relacional com os outros, jamais compreenderá a sua manifestação humana e divina. Mesmo assim, aparentemente insgnificante, paupérrimo, nascido entre animais, perturba o coração real de Herodes, de toda a Jerusalém e certamente também das estruturas e instituições religiosas de sua época. Por que será? Por que a inveja aflorou no coração de Herodes e de tantos outros, ao verem os Magos procurando Alguém mais importante do que eles? Seria Deus tão louco assim de amor pela humanidade, a ponto de nascer na fragilidade e na meiguiguice de um menino desconhecido, desconsiderado, preterido da sociedade a ponto de ter de nascer numa estrebaria, entre o mau cheiro de feno e animais? Como seria possivel alguém ser mais importante do que o rei? A mesma coisa acontece conosco, em nossas relações humanas. Talvez pudéssemos refletir um pouco sobre a nossa inveja em relação aos outros! Como temos administrado isso em nosso dia-a-dia? A inveja de Herodes usou da espada, para matar todos os meninos com menos de dois anos de idade, nascidos em Belém, para tirar de campo qualquer um que pudesse desinstalá-lo ou tirá-lo de cena; ser melhor do que ele. A inveja nossa, nas mais diversas esferas de nossas relações: sociais, políticas, eclesiais, profissionais e tantas outras, utiliza-se da língua afiada, da palavra maldosa, da calúnia e da mentira para degolar quem passar à nossa frente e parecer melhor do que nós nisso ou naquilo. Sufocamos o amor e a ternura divinas que Deus nos concede, para deixar a inveja tomar conta de nosso coração. Que nesta semana da Epifania do Senhor possamos trabalhar a superação da inveja que possa causar mal-estar nas entranhas e nos porões de nossa intimidade. Aprendamos com Jesus a amar o diferente, até mesmo o que parece ser melhor do que nós!
Trocar a inveja pela humildade poderá ser um bom esforço a ser empreendido: "Filhinhos... Nós somos de Deus. Quem conhece a Deus escuta-nos... Nisso reconheceremos o espírito da verdade e o espírito do erro".
Pe. Gilberto Kasper
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