-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: agosto 2010

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A via da infância espiritual


« Nosso Senhor diz aos seus Apóstolos: Se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos, não entrareis no reino dos céus. São Paulo acrescenta: o Espírito Santo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, e aconselha-nos frequentemente uma grande docilidade ao mesmo Espírito Santo. Esta docilidade encontra-se particularmente na via da infância espiritual, recomendada por muitos santos e, ultimamente, por Santa Teresa do Menino Jesus [nota minha: e por S. Josemaría Escrivá]. Esta via, tão fácil e proveitosa para a vida interior, é muito pouco conhecida e seguida.

Por que pouco seguida? Porque muitos imaginam erroneamente que esta é uma via especial, reservada às almas que se conservaram completamente puras e inocentes; e outros, quando lhes falamos desta via, pensam numa virtude pueril, uma espécie de infantilidade, que não lhes poderia convir. Estas idéias são falsas. A via da infância espiritual não é nem uma via especial nem uma via de puerilidade. A prova é que foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo quem a recomendou a todos, mesmo aos responsáveis pelas almas, como os Apóstolos por si formados.

Para se ter uma visão de conjunto da via da infância espiritual, é preciso de início notar as suas semelhanças e, em seguida, as suas diferenças com a infância corporal.

As semelhanças são patentes. Quais as qualidades inatas das crianças? Em geral, são simples, sem nenhuma duplicidade, ingênuas, cândidas; não representam, não se mascaram; mostram-se tal como são. Ademais, têm consciência da sua deficiência, pois têm de receber tudo dos seus pais, o que as dispõe à humildade. São levadas a crer simplesmente em tudo o que dizem as suas mães, a depositar uma confiança absoluta nelas e a amá-las de todo o seu coração, sem cálculo.

Quais as diferenças entre a infância ordinária e a infância espiritual? — A primeira diferença é notada por São Paulo: Não sejais meninos na compreensão, mas sede pequeninos na malícia. A infância espiritual distingue-se da outra pela maturidade do julgamento e de um julgamento sobrenatural inspirado por Deus.

Uma segunda grande diferença é indicada por São Francisco de Sales: na ordem natural, quanto mais o filho cresce, mais ele tem de se tornar auto-suficiente, pois um dia o seu pai e a sua mãe lhe faltarão. Pelo contrário, na ordem da graça, quanto mais o filho de Deus cresce, mais ele compreende que não poderá jamais bastar-se a si próprio e que dependerá sempre intimamente de Deus. Quanto mais ele cresce, mais ele deve viver da inspiração especial do Espírito Santo, que vem suprir pelos seus dons a imperfeição das nossas virtudes, de modo que, no fim, o filho de Deus torna-se mais passivo sob a ação divina do que entregue à sua atividade pessoal e no fim entra no seio do Pai, onde encontrará a beatitude por toda a eternidade.

Os rapazes e as meninas, quando chegam à idade adulta, deixam os seus pais para viverem as suas vidas. Mais tarde, o homem de quarenta anos vem com bastante frequência visitar a sua mãe, mas não depende dela como antes. É ele agora que a sustenta. Pelo contrário, o filho de Deus, ao crescer, se é fiel, torna-se mais e mais dependente do seu Pai, até que nada faça sem ele, sem as suas inspirações ou os seus conselhos. Então, toda a sua vida é banhada pela oração; é a melhor parte que não lhe será tirada. Santa Teresinha de Lisieux o compreendeu assim. Ela, após ter atravessado a noite do espírito, chegou desse modo à união transcendental com Deus nela.

Tais são as características gerais da infância espiritual: as suas semelhanças e as suas diferenças com a infância corporal.

Vejamos agora as principais virtudes que se manifestam nela.

De início, a SIMPLICIDADE, a ausência total de duplicidade. Por que? ... porque o olhar desta alma não procura senão a Deus e vai direito a ele. Assim, verifica-se aquilo que é dito no Evangelho: O teu olho é o espelho do teu corpo. Se o teu olho for simples todo o teu corpo será luz. Mas, se o teu olho for mau, todo o teu corpo estará em trevas. Do mesmo modo, se a intenção da tua alma é simples e direta, pura e sem duplicidade, toda a tua vida será iluminada como o rosto de uma criança.

Então, a alma simples, que tudo sempre considera com relação a Deus, acaba por vê-lo nas pessoas e eventos; em tudo o que acontece, ela vê aquilo que é desejado por Deus, ou, ao menos, que é permitido por ele para um bem superior.

HUMILDADE. Ao seguir esta via, a alma torna-se humilde. A criança tem consciência da sua deficiência; depende da sua mãe para tudo e pede constantemente a sua ajuda, ou refugia-se perto dela à menor ameaça.

Do mesmo modo, o filho de Deus sente que, deixado a si mesmo, não é nada; lembra-se com frequência das palavras de Jesus: Sem mim, não há nada que possais fazer. E assim, ele tem uma necessidade instintiva de se esquecer de si mesmo, de depender de Nosso Senhor, de se abandonar a Ele. A alma cessa de se estimar de modo vão, de querer ocupar um lugar no espírito dos outros; desvia o seu olhar de si mesma.

Por causa disso, essa alma combate muito eficazmente o amor próprio. E, com o sentimento da sua deficiência, experimenta a necessidade de se apoiar constantemente em Nosso Senhor e de ser em tudo guiada e dirigida por ele. Lança-se assim nos seus braços, como a criança nos braços da sua mãe. Por isso, o espírito de oração desenvolve-se muito nela.

FÉ. Assim como o filho crê sem hesitar e firmemente em tudo o que a sua mãe lhe diz, o filho de Deus, acima de todo o raciocínio, de todo o exame, baseia-se totalmente na palavra de Nosso Senhor. “Jesus o disse”, seja por si mesmo, seja pela sua Igreja; isto é suficiente para que ele não tenha nenhuma dúvida no seu espírito.

Que se segue? Assim como a mãe fica feliz em poder instruir o seu filho, tanto mais quanto ele se mostrar atento, Nosso Senhor compraz-se em manifestar a profunda simplicidade dos mistérios da fé aos humildes que o ouvem. Ele dizia: Dou-vos graças, ó Pai, por terdes escondido estas coisas dos prudentes e dos sábios e por tê-las revelado aos pequenos. A fé dessa alma torna-se então penetrante, saborosa, contemplativa, radiante, prática, fonte de mil conselhos excelentes. O espírito da fé leva a ver os mistérios revelados, as pessoas, os fatos como Deus os vê; vê-se Deus em tudo.

Mesmo que o Senhor permita a noite escura, a alma a atravessa a segurar na sua mão, como o filho segura a mão da sua mãe, que o protege.

A CONFIANÇA torna-se, desde então, mais e mais firme, inteira. Por que? ... porque ela repousa no amor de Deus por nós, nas suas promessas, nos méritos infinitos de Nosso Senhor.

Como a criança está segura da sua mãe, porque se sabe amada por ela, a alma de que falamos está segura de Deus. Ela não pode duvidar da sua fidelidade em manter as suas promessas: pedi e recebereis. Ela não se baseia nos seus próprios méritos, na sua sorte pessoal, mas nos méritos infinitos do Salvador, que são para ela; do mesmo modo, os bens do pai são para os seus filhos que ainda não possuem bens pessoais.

A fragilidade a desencoraja? De modo algum. O filho não se desencoraja por causa da sua deficiência. Pelo contrário, ele sabe que é por causa da sua impotência que a sua mãe está sempre pronta para protegê-lo. Do mesmo modo, Nosso Senhor sempre protege os pequenos e os pobres que se fiam nele. O Espírito Santo, que ele nos enviou, é chamado “Pater pauperum”.

Esta alma não confia senão em Deus, em Nosso Senhor e na Virgem, e naqueles que vivem de Deus, como a criança não confia senão na sua mãe e naquelas pessoas a quem a sua própria mãe a confia por um momento.

É uma confiança total, mesmo nas horas mais graves. Lembramo-nos então do que dizia santa Teresinha: “Senhor, vós tudo vedes, tudo podeis e me amais”.

O único temor desta alma é o de não amar o bastante Nosso Senhor, de não se abandonar totalmente a Ele.

A CARIDADE é o amor de Deus por ele mesmo, e das almas em Deus, para que elas o glorifiquem no tempo e na eternidade.

A criança pequena ama a sua mãe de todo o seu coração, mais que os carinhos que recebe dela; ela vive da sua mãe.

Do mesmo modo, o filho de Deus vive de Deus e o ama por si mesmo, por causa das infinitas perfeições que nele transbordam. O que este filho de Deus ama, não é a sua própria perfeição, mas o próprio Deus, sobre o qual ele se apóia.

A este amor ele refere tudo: é um amor delicado, simples, que inspira a piedade filial e uma grande caridade pelo próximo, na medida em que este é amado por Deus e chamado a glorificá-lo eternamente.

O filho de Deus, porém, é tão prudente como simples: simples com Deus e as almas de Deus; está sob a inspiração do dom de conselho e é prudente com aqueles em quem não podemos ter confiança.

Ele é deficiente, mas é do mesmo modo forte, pelo dom de fortaleza que se manifestou nos mártires, e até nas jovens virgens e nos velhos.

Um modelo impressionante de infância espiritual encontra-se numa alma santa, que atingiu, no meio das maiores dificuldades, uma grande intimidade com Nosso Senhor: a Venerável Madre Marie-Thérèse de Soubiran, fundadora da Sociedade de Maria Auxiliadora. A sua vida admirável mostra-nos a enorme superioridade da vida sobrenatural plenamente abandonada a Nosso Senhor, acima da atividade natural das pessoas melhor dotadas e mais enérgicas, que se apóiam sobre elas mesmas, que se esquecem de pedir a bênção de Deus.

A sua vida é um comentário das palavras do Salvador: Dou-vos graças, ó Pai, por terdes escondido estas coisas aos prudentes e aos sábios e por as terdes revelado aos pequeninos.»

(Garrigou-Lagrange, "La vie spirituelle" número 302, dez. 1945)
Fonte: Vida Espiritual Católica

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Abusar da misericórdia de Deus é desprezar Sua Bondade


Da misericórdia de Deus muito se fala, mas pouco de Sua justiça. Abusa-se da misericórdia divina, para, assim, se continuar numa vida pecaminosa, apenas fazendo um propósito: Mais para o fim da vida farei uma confissão e Deus me perdoará. Mas, e se o fim da vida for amanhã...? O inferno está cheio de bons propósitos, disse um santo. É o próprio demônio que nos engana, incutindo-nos uma falsa idéia de misericórdia para ofendermos ainda mais a Deus e tornarmo-nos indignos de Seu perdão.

Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, Príncipe dos Moralistas, adverte-nos a respeito desse grande perigo para nossa vida espiritual, num sermão no qual demonstra que abusar da misericórdia de Deus é desprezar Sua bondade:

"Pode ser que haja, no meio de vós, meus irmãos, alguém que se encontre com a alma carregada de pecados e que -- longe de pensar em se livrar deles pela confissão e penitência -- não cessa de cometer novos pecados, se sobrecarregando ainda mais. Este, certamente, abusa da misericórdia divina; pois, a que fim nosso Deus tão bom deixa que este pecador viva senão para que ele se converta e, por conseqüência, escape da desgraça de perder sua alma?

"Ele merece as severas censuras que o Apóstolo dirigiu ao povo judeu impenitente: Porventura desprezas as riquezas da bondade, da paciência e da longanimidade de Deus? Ignoras que Sua bondade te convida à penitência? Mas que na tua dureza e coração impenitente, acumulas para ti um tesouro de ira no dia da ira e da manifestação do justo juízo de Deus (Rom. II. 4,5).

"Eu quero vos afastar, meus irmãos, desse funesto abuso, e vos preservar da desgraça de cair na morte eterna do inferno. A esse propósito, chamo vossa atenção para a seguinte verdade: Quando uma alma abusa da misericórdia divina, a misericórdia divina está bem próxima de a abandonar....

Misericórdia e justiça divinas: infinitas

"Santo Agostinho observa que, para enganar os homens, o demônio emprega ora o desespero, ora a confiança.

Após o pecado, o demônio nos mostra o rigor da justiça de Deus para que desconfiemos de Sua misericórdia. Entretanto, antes do pecado, o demônio nos coloca diante dos olhos a grande misericórdia de Deus, a fim de que o receio dos castigos, devidos ao pecado, não nos impeça de satisfazer nossas paixões....

Essa misericórdia sobre a qual vós contais para poder pecar, dizei-me, quem vo-la prometeu? Não Deus, certamente, mas o demônio, obstinado em vos perder. Cuidado!, diz São João Crisóstomo, de dar ouvidos a este monstro infernal que vos promete a misericórdia celeste....

"'Deus é cheio de misericórdia, eu pecarei e em seguida confessar-me-ei'. Eis aí a ilusão, ou antes, a armadilha que o demônio usa para arrastar tantas almas ao inferno!....

"Nosso Senhor, aparecendo um dia a Santa Brígida, queixou-Se: Eu sou justo e misericordioso, mas os pecadores não querem ver senão minha misericórdia (Ego sum justos et misericors; peccatores tantum misericordem me existimant - Rev. 1. I. c. 5). Não duvideis, diz São Basílio, que Deus é misericordioso, mas saibamos que Ele é também justo, e estejamos bem atentos para não considerar apenas uma metade de Deus. Uma vez que Deus é justo, é impossível que os ingratos escapem do castigo.... Misericórdia! Misericórdia! Sim, mas para aquele que teme a Deus, e não para aquele que abusa da paciência divina!".

(Sermons de S. Alphonse de Liguori, Analyses, commentaires, exposé du système de sa prédication, par le R.P. Basile Braeckman, de la Congrégation du T. S. Rédempteur, Tome Second. Jules de Meester-Imprimeur-Éditeur, Roulers, pp. 55-60).
(Santo Afonso Maria de Ligório)

sábado, 28 de agosto de 2010

ATENTOS À TENTAÇÃO



“Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor como um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora” (I Pedro 5, 8-9).
Este não é basicamente um passo para nos aproximarmos de Deus, mas é um alerta para não nos distanciarmos dEle. O diabo existe, sim, a Palavra revela isso claramente nesse trecho da Carta de São Pedro.

Como o próprio nome do maligno diz, ele é o divisor. Ele quer nos dividir na nossa fé entre o crer e o não crer, entre o confiar e o desconfiar. Por isso, São Pedro coloca em sua carta: “Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora”. Até mesmo para pararmos com a autopiedade e o pessimismo na nossa vida.

O Altíssimo nos deu a graça de sermos chamados filhos dEle, por essa razão o maligno, que é o inimigo de Deus, nos quer devorar. Contudo, o demônio não se apresenta como o nosso inimigo; pelo contrário, apresenta-se como o nosso melhor amigo, aquele que nos satisfaz naquele momento. Na verdade, ele não é o nosso inimigo declarado, nós é que o somos, pois não queremos a mentira na nossa vida, sendo ele o pai desse mal.

Somos humanos e caímos muitas vezes, mas, todas as vezes em que isso acontecer, devemos aguentar firmes na fé, pois é no nosso momento de queda, de fraqueza, de tristeza, que a tentação vem e nos pergunta: “Onde está o vosso Deus?” No deserto, Jesus estava com fome e foi tentado pelo diabo: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. Nesse momento, Cristo se coloca não como o Filho de Deus, mas como um verdadeiro homem, provando-nos que somos capazes de resistir à tentação quando verdadeiramente confiamos em Deus: “Não se vive só de pão, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4, 1-11).

Na nossa vida íntima com o Senhor, somos muito visados por satanás, pois ele quer nos provar que Deus não existe, que ele é que é o deus, apresentando-nos outros deuses, outras religiões, outras formas de conseguir a felicidade, de termos riquezas materiais, de sermos o centro, de sermos deuses também. Na verdade, ele quer desmoralizar o Senhor, destruindo eu e você, fazendo-se de carneirinho, mas a Palavra diz que o demônio é um leão que ruge querendo devorar-nos.

Quanto mais renunciarmos ao diabo, tanto mais nos aproximaremos de Deus. Não que o Senhor se separe de nós; nós é que, pelo dom da nossa liberdade, nos distanciamos dEle. Se você quer cortar toda a aproximação do diabo na sua vida, todas as suas artimanhas dele, reze agora renunciando a ele e a todos os seus espíritos malignos:

Em Nome de Jesus, pelo poder das Cinco Chagas de Jesus, por intercessão de Nossa Senhora, que esmagou a cabeça da serpente, eu renuncio a satanás, autor e pai de todo mal e de toda mentira. Renuncio a todas as suas façanhas na minha vida e a todas as sua falcatruas. Renuncio a todos os espíritos malignos e a toda contaminação que eu possa ter recebido de lugares ou coisas que eu fiz na minha vida. Renuncio a todo tipo de culto que eu possa ter feito a satanás e a seus anjos, consciente ou inconscientemente.

Neste dia, eu assumo o Senhorio de Jesus na minha vida, sobretudo o que eu tenho e tudo o que eu sou. No meu passado, na minha história, no meu presente e no meu futuro. Eu sou de Jesus, inteiramente de Jesus.

Deus é meu Pai, Jesus é meu Irmão e Salvador; o Espírito Santo é o meu Companheiro e Santificador; Maria é minha Mãe e Intercessora. Amém. (Renove as promessas do seu Batismo rezando o nosso Credo).

Pe. Anderson Marçal
Com. Canção Nova

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Família: Missão Apaixonante


O Papa João Paulo II diz, na sua “Carta às Famílias”, que “a família é o centro e o coração da civilização do amor”, que está nas raízes mais profundas do desejo de Deus para o homem na terra. Neste tempo em que a necessidade do matrimônio e da família no mundo tem sido posta em questão, é preciso anunciar o que de fato ela é: uma missão apaixonante!




Criada por Deus, a família existe para Ele, e só n’Ele pode encontrar o seu sentido. Vamos começar a encontrar o seu sentido no livro do Gênesis, mais exatamente no trecho que fala da origem do homem e da mulher sobre a terra.

Criados à imagem e semelhança do Deus Trinitário, que vive uma eterna comunhão de amor, o homem e a mulher são desde o início chamados a “crescer e multiplicar-se” por uma comunhão semelhante à divina. Deus chama o ser humano, obra-prima da Sua criação, a uma eterna comunhão de amor com Ele, e este chamado encontra uma significativa expressão na aliança nupcial que se instaura entre o homem e a mulher, cujo vínculo de amor é tantas vezes descrito na revelação como imagem da Aliança que une Deus com seu povo.

Contudo, o egoísmo que se esconde desde o primeiro pecado no amor do homem e da mulher (Gn 3,16), requer a Redenção da família, e a reordenação para sua finalidade última. Só assim a família reencontra a sua razão de ser, pois o amor humano corre constantemente o risco de partir do homem e acabar no homem, quando o seu destino é partir do homem para encontrar a imagem de Deus.

A comunhão entre Deus e o ser humano, ferida pelo pecado, foi restaurada no sacrifício que Jesus Cristo faz de si mesmo por sua Esposa, a Igreja. “Neste sacrifício, descobre-se inteiramente aquele desígnio que Deus imprimiu na humanidade do homem e da mulher, desde a sua criação” (João Paulo II, Familiaris Consortio, n.13). E o Espírito, que Ele nos envia, é que nos capacita, como homens e mulheres unidos pelo sacramento do Matrimônio, a nos amarmos mutuamente, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.

Assim é que o amor conjugal, iluminado pela Caridade de Cristo, nos capacita a vivermos no interior da família a mesma Caridade com que Cristo se doa sobre a cruz (Ef 5,32). E este amor sobrenatural que atinge o casal deve se estender como graça para os filhos e entre os filhos, como também entre pais e filhos, e, mais ainda, entre os membros de cada família e os de fora.

“Esposos e famílias, recordai-vos por que preço fostes comprados” (João Paulo II, Carta às famílias, n.18). Missão apaixonante é a dos esposos e da família por eles constituída: Viver a mesma Caridade com que Cristo se doa sobre a cruz! Os esposos participam da função redentora de Cristo ao assumirem integralmente, por vocação divina, a finalidade para a qual o matrimônio foi instituído. Eis a beleza e a honra da missão que o Senhor atribui à família!

A família não só usufrui do mistério Pascal de Cristo, mas é chamada a participar dele, o que passa através das manifestações mais simples do amor conjugal, que por causa da sua dimensão terrena parecem inadequadas em comparação com o grande mistério que devem expressar. Mas não podemos nunca esquecer que “o mistério divino da Encarnação do Verbo está em estreita relação com a família humana” (Carta às Famílias, n.2).

O Filho unigênito, Deus de Deus, Luz da Luz, entrou na história dos homens através da família: Pela Sua Encarnação, Ele, o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, que tornou-se semelhante a nós em tudo, menos no pecado, nasceu e cresceu numa família humana, trabalhou com mãos humanas, e passou grande parte da Sua vida no recanto escondido de Nazaré, submisso a Maria, Sua mãe, e a José, o carpinteiro.

Assim é que a vida familiar constituída pelos esposos, pelos filhos, pela profissão, e por todos os demais complexos de realidades humanas é o lugar em que Deus expressa Seu convite à santidade, e se propõe como imagem que a família é chamada a expressar. Tudo isso, que acontece por puro Dom de Deus, requer a resposta humana, a adesão de cada um dos membros da família.

A alegria, gerada nos momentos de amor e compreensão recíproca, é instrumento de participação no gozo Pascal de Cristo, ocasião de agradecimento, louvor, e sobretudo abertura ao mundo, mas também a dor, infalível e indispensável da experiência humana, é instrumento de adesão da família ao mistério da cruz. E não somente as grandes dores, mas mesmo as menores, as mais pequeninas da vida diária, as doenças, o cansaço, o desgaste nas relações mútuas, a experiência das limitações de seus membros, constituem fatos construtivos de uma unidade espiritual dirigida para a Caridade que não tem fim. O que importa, de fato, é que os cônjuges não confiem acima de tudo em si mesmos, mas tenham a lúcida consciência de que Cristo os chamou e sustenta, e de que, à obscuridade da crucifixão, se segue sempre a alegria da Ressurreição.

É primeiramente dentro da realidade diária da família que o casal está no mundo a fim de orientar o mundo para Deus. Em Cristo, a missão de cada membro da família encontra o seu sentido: “Ser para os outros”. A família cristã não é para si, mas para os outros; e não só os outros mais diretos e próximos, mas para todos os homens. A família é assim o espaço em que o amor de Deus não somente é acolhido em si mesmo, mas doado aos outros. Membros de cada família, é necessário que nos doemos uns aos outros, mas é também imprescindível que, juntos, nos doemos à Igreja e ao mundo. Por este caminho é que a família, através do esforço cotidiano para vencer o próprio egoísmo e abraçar a Caridade de Cristo, de fato se realiza.

Em cada época histórica e em cada ambiente cultural e social, houve cônjuges que experimentaram seu matrimônio como uma missão, como um serviço a Deus, e por isso se tornaram sinal da unidade e fidelidade de Cristo à Igreja, através da sua própria unidade e fidelidade mútua, unidade esta que é uma conquista diária, e fidelidade esta que deve atingir inclusive o plano espiritual, pela solidariedade em carregar até o fim “o peso uns dos outros” (Gl 6,2). Ambas, unidade e fidelidade, manifestam a indissolubilidade do compromisso matrimonial, não entendida pelos homens do Antigo Testamento, por causa da dureza dos seus corações, mas proclamada claramente por Cristo aos fariseus (Mt 19,8).

Muitos esposos se tornaram sinal do amor de Cristo pelo seu serviço à vida, manifestado concretamente pela procriação, pela adoção, pela educação, pela hospitalidade, pela maternidade e paternidade espiritual, pela fraternidade universal e pelo serviço à Igreja e ao mundo. “Neste sentido, a família é o espaço em que o amor de Deus, encarnado e, por assim dizer, comprovado no amor entre o homem e a mulher, é não somente acolhido em si mesmo, mas doado aos outros, através do testemunho de vida, da entrega à evangelização e ao compromisso apostólico”.

Fonte:Espaço Maria

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Maria nos planos de Deus


Aos profetas – sobretudo a Isaías – já havia sido revelado: o Messias chegaria nascido de uma jovem, de uma virgem. Certamente, não poderiam aqueles homens imaginar quem seria essa jovem, e, como a maioria do povo provavelmente também eles acreditavam que a escolhida por Deus seria alguém de alta linhagem social.
Importa saber que o Senhor não se revelaria mais como uma força da Natureza como por diversas vezes havia se mostrado ao povo. Nem tampouco seria apenas mais palavras nas bocas dos profetas. Seria, sim, homem nascido de uma mulher, encarnado no seio da humanidade para experimentar-lhe os limites, as dificuldades, as possibilidades. Este era um primeiro passo do plano de Deus: se até aquele momento, tudo o que já demonstrara por seu povo não havia sido suficiente, Ele se tornaria um de nós, para mostrar, definitivamente, que era possível.
Havia entre as jovens daquele tempo a expectativa de ser a escolhida. Certamente não sabiam como isso aconteceria e o imaginário muito provavelmente alimentava as esperanças das moças que desejavam ser aquela que o Senhor viria a escolher para ser a mãe do Messias. Essa expectativa muito provavelmente deve ter sido experimentada também por Maria.
Ainda que em atitude humilde, ainda que provavelmente não conseguindo reconhecer nenhum mérito em sua simples vida, Maria era uma jovem absolutamente normal, conhecia e vivia a realidade das mulheres de seu tempo. Por que, então, estaria ela nos planos de Deus? Por que o Senhor marcou apenas aquela jovem para ser a mãe de Seu Filho? O que haveria nela de tão especial?
Maria estava nos planos de Deus como toda a humanidade está. Deus sabia da infidelidade do homem à sua aliança e,por ser todo misericórdia, decidiu o envio de Seu Filho ao mundo. Era preciso, pois, que Jesus nascesse de uma mulher, que crescesse, que por ela fosse cuidado, educado, constituído homem. Maria foi capaz de ler o anúncio de Deus, foi capaz de reconhecer naquele ser que lhe visitava o anjo do Senhor e, mais que tudo, foi capaz de responder sim ao que lhe era pedido. E se ela tivesse respondido “não”, ou se não tivesse visto nada de especial naquele homem que lhe abordava com uma proposta absurda – como ela mesma o questionará. Provavelmente, Deus teria se dirigido a outra jovem, até encontrar aquela que tivesse no coração a capacidade de escuta, o amor por seu Deus acima de si mesma, o desejo de contribuir com a salvação da humanidade – tudo o que conseguiu encontrar em Maria!
O diálogo de Maria com o anjo mostra alguém que questiona, que não entende o que vai acontecer. A revelação de que Isabel também está grávida, faz com que corra a ver a prima, que também é detentora de uma situação especial, para com ela compartilhar daquela reviravolta. E quantas outras vezes Maria não terá se perdido em reflexões sobre o que desejava Deus com aquilo tudo… Atitudes e dúvidas plenamente humanas, mas que revelam um diálogo profundo e constante com o Senhor para que Nele encontrasse todas as respostas.
Maria fora preparada por Deus para ser a Mãe de Jesus como todos também somos preparados por Deus para fazer Jesus chegar à humanidade. A fé nos faz crer que a jovem de Nazaré fora concebida e mantida imaculada, como um carinho de Deus para não permitir que o pecado tocasse o corpo que geraria Seu Filho, para que não tocasse Ele próprio. Mas Deus não tirou uma só característica da personalidade de Maria, Ele a quis em sua integridade, em sua forma de ser. Nela confiou, nela acreditou e sabia que daria conta da Missão que lhe confiava.
Como Maria, cada um de nós faz parte também dos planos de Deus. Somos todos escolhidos. Estamos em Deus antes mesmo de ser concebidos. Deus nos quer desde sempre e nos prepara para a missão. Cabe a cada um reconhecer os anjos que nos procuram, responder aos convites que Deus nos faz – ainda que nos pareçam impossíveis serem realizados. Maria foi preparada por Deus para a Sua Missão, que certamente supera a nossa. Mas, por Ela e nEla podemos crer que Deus também nos prepara para as nossas missões individuais, nos concede graças especiais que nos fortalecem e protegem na caminhada. Ele só quer que digamos “sim”, como quis um dia que aquela jovem, por Ele escolhida, também o dissesse.
Fonte: Amai-vos

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Do alto dessa montanha...



Fundamenta eius in montibus sanctis.24 Mons in vértice montium.25 - Felizes e mil vezes felizes os sacerdotes que tão bem escolhestes e predestinastes para habitar convosco nesta divina e abundante montanha, para aí se tornarem reis da eternidade, por seu desprezo da Terra e sua elevação em Deus; para aí se tornarem mais brancos que a neve por sua união a Maria, vossa Esposa toda formosa, toda pura e imaculada; para aí se enriquecerem do orvalho do Céu e do húmus da Terra, de todas as bênçãos temporais e eternas de que é plena Maria Santíssima.

É do alto dessa montanha que hão de lançar, quais novos Moisés, por suas ardentes súplicas, dardos contra seus inimigos, para os prostrar ou para os converter.

É sobre essa montanha que hão de aprender, dos lábios de Jesus Cristo, que aí habita desde sempre, a inteligência das suas oito bem-aventuranças.

É sobre essa montanha de Deus que junto a Ele serão transfigurados, como no Monte Tabor, que morrerão com Ele, como no Calvário, e que hão de subir com Ele ao Céu, como no monte das Oliveiras.

São Luís Maria Grignion de Montfort
A Oração Abrasada, nº 25

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Sacramento da Reconciliação


«Tudo o que desligares na terra será desligado no Céu»


A confissão é um ato magnífico, um ato de grande amor. Só aí podemos entregar-nos enquanto pecadores, portadores de pecado, e só da confissão podemos sair como pecadores perdoados, sem pecado.

A confissão nunca é mais do que humildade em ação. Dantes chamávamos-lhe penitência mas trata-se na verdade de um sacramento de amor, do sacramento do perdão. Quando se abre uma brecha entre mim e Cristo, quando o meu amor faz uma fissura, qualquer coisa pode vir preencher essa falha. A confissão é esse momento em que eu permito a Cristo suprimir de mim tudo o que divide, tudo o que destrói. A realidade dos meus pecados deve vir primeiro. Quase todos nós corremos o perigo de nos esquecermos de que somos pecadores e de que nos devemos apresentar à confissão como tais. Devemos dirigir-nos a Deus para Lhe dizer quão pesarosos estamos de tudo o que possamos ter feito que O tenha magoado.

O confessionário não é um local para conversas banais ou para tagarelices. Aí preside um único tema – os meus pecados, o meu arrependimento, como vencer as minhas tentações, como praticar a virtude, como crescer no amor a Deus.

Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), Fundadora das irmãs Missionárias da Caridade

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

TERÇO :SANTISSIMO SACRAMENTO


"Quereis que o Senhor vos dê muitas graças?

Visitai-o muitas vezes.

Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o poucas vezes.

Quereis que o demônio vos assalte?

Visitai raramente a Jesus Sacramentado.

Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes.

Quereis vencer o demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus.

Quereis ser vencidos? Deixai de visitar a Jesus

Meu caros, a visita é um meio muito necessário para vencer o demônio. Portanto, ide freqüentemente visitar Jesus, e o demônio não terá vitória contra vós."

Dom Bosco

Terço do Santíssimo Sacramento

Contas grandes:

Anuncia-se o Mistério.

Reza-se nas dez contas pequenas:

Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, o fruto do ventre sagrado da Virgem puríssima.

Segue-se a Jaculatória e a Oração.

Primeiro Mistério:
Contemplamos como Nosso Senhor Jesus Cristo desceu do seio de Seu eterno Pai para vir ao mundo e livrar-nos com Sua morte santíssima da escravidão do pecado, e abrir-nos as portas do céu.
Jaculatória: Oh! Jesus, Deus de bondade, da paz e Autor da vida, enchei nossos corações de divino amor!

Oração: Santíssimo Jesus, pela infinita caridade com que quisestes sofrer a fraqueza humana para o nosso bem e nossa felicidade, nós Vos pedimos o perdão de nossas culpas e um amor para Convosco que abrase nosso coração de tal sorte que só procuremos a Vossa honra e a Vossa glória.
Segundo Mistério: Contemplamos como Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu no presépio de Belém, desprezado, pobre e desconhecido para nos merecer o céu e ensinar-nos a desprezar as riquezas da terra e procurar só as do céu.

Jaculatória: Oh! Jesus Divino, nossa vida, nosso amor, enchei o nosso espírito de um verdadeiro fervor.

Oração: Oh! Bondade infinita do meu Jesus, de infinita caridade e sabedoria, com que quisestes nascer sobre a terra, experimentando logo as tiranias do cego mundo para assim ensinardes aos Vossos escolhidos e lhes conseguirdes a felicidade eterna, nós Vos pedimos que purifiqueis nossos corações do vil interesse por honras e riquezas caducas e os orneis dos puros sentimentos de que é dotado o Vosso, para que assim, desprezando tudo o que é terreno, só a Vós louvemos e amemos. Amém.

Terceiro Mistério: Contemplamos como Nosso Senhor Jesus Cristo na noite da Ceia instituiu este Sacramento de amor, repartindo entre seus discípulos, com Suas próprias mãos, o Seu Santíssimo Corpo, para os confortar e encher de amor e santidade.

Jaculatória:Bom Jesus, nós Vos louvamos no sacramento do Amor; sede sempre para nós um compassivo Senhor!
Oração: Santíssimo Jesus e Bom Pastor de nossas almas, pela infinita caridade com que Vos quisestes deixar sacramentado para nosso socorro, amparo e consolação, nós vos pedimos que não consintais que nossos corações tenham amor e interesse mais do que a Vossa honra e a Vossa glória. Amém.

Quarto Mistério: Contemplamos como Nosso Senhor Jesus Cristo, justamente no dia em que instituiu o sacramento augusto de Seu Santíssimo Corpo, foi ofendido pelo pérfido Judas, que não temeu recebê-lo indignamente.

Jaculatória:Bom Jesus, sejais Bendito, pois sois nossa Redenção; sois toda a nossa ventura, nosso amparo e nossa consolação.

Oração: Santíssimo Jesus, Mestre de paciência e bondade, pela mansidão e pelo sofrimento consentistes que Vosso indigno discípulo Vos recebesse sacrilegamente.

Pedimos que não permitais que nós, pecadores, sem a cândida estola da graça Vos recebamos, mas antes, enchei-nos de uma grande pureza e perfeita caridade, para termos o prazer de muitas vezes comungar e louvar-Vos. Amém.

Quinto Mistério: Contemplamos como Nosso Senhor Jesus Cristo, depois de Sua Ressurreição, apareceu a Seus discípulos confirmando-os na fé e nas verdades do Reino eterno, prometendo-lhes mandar sobre eles o Divino Espírito Santo, para os encher de todas as virtudes.

Jaculatória: Coração misericordioso de Jesus, tende misericórdia de nós!
Oração: Oh! Bom Jesus, pelo inefável mistério da vinda do Espírito Santo sobre Vossos apóstolos e discípulos, nós Vos pedimos que sejam cheias as nossas almas de Vossas santíssimas luzes, para acertarmos o caminho reto de Vos servir e amar, a fim de termos a felicidade de sempre Vos louvar sobre a terra, e reinar Convosco no céu, por todos os séculos. Amém.


Paz e Bem!