
Graças a Deus, a Bíblia está nas mãos do povo de Deus.
Ainda não totalmente, não suficientemente.
Em todo caso, vão longe os tempos em que a Bíblia era livro reservado aos padres e a outros poucos leitores.
Traduções diferentes, novas edições, milhares de exemplares “semeiam” a Palavra de Deus um pouco por toda parte.
Apesar disso, é preciso que a “semeadura” aumente para que os frutos sejam mais abundantes.
Esta é também a finalidade do “Mês da Bíblia” que, no Brasil, celebramos durante o mês de setembro.
O poeta Castro Alves, numa de suas poesias, escreveu: “Bendito quem semeia livros e faz o povo pensar”.
Podemos parafrasear: “Bendito quem difunde a Bíblia e faz o povo rezar”.
Eis uma boa idéia.
Quem sabe, você, no mês de setembro, consiga gastar um dinheirinho e oferecer uma Bíblia a quem não tem.
Se quem dá um copo de água por amor de Jesus merece a vida eterna, imagine o que não merece quem dá de beber a água da vida eterna que brota no coração por meio da Palavra de Deus.
Esta é uma bela maneira de celebrar o Mês da Bíblia; não perca a oportunidade; bastaria renunciar a um cineminha aqui, a um refrigerante ali, a um pastel acolá; gastamos em tanta coisa inútil ou secundária...
Ter a Bíblia, lê-la, meditá-la, usá-la para a oração e para orientar a própria vida é o que a Igreja deseja e pede.
Tudo depende, porém, da maneira como isso é feito.
Nesse sentido, será bom dar atenção a algumas observações que farei aqui.
¢ Em primeiro lugar, a Bíblia não é um livro científico; por isso, não vá procurar nela soluções para problemas que cabe à ciência resolver.
Quer um exemplo?
A criação do mundo em seis dias, conforme narra o Livro do Gênesis, não é um relato científico; é uma síntese do ponto de vista religioso para fazer compreender como tudo provém da ação criadora de Deus.
Para os redatores da Bíblia, que tudo contemplavam à luz de Deus, era fundamental sublinhar que o mundo – seja lá como for que tenha surgido e se tenha formado (não era disso que queriam tratar) – em sua existência e devir era e é obra do Criador.
Esta é a mensagem que a narração da criação deseja transmitir no Livro do Gênesis.
Embora a Bíblia, por longo tempo, tenha sido tomada ao pé da letra – nisso consiste o “fundamentalismo” –, aos poucos foi crescendo na Igreja a tomada de consciência da dimensão estritamente religiosa da Bíblia, que não pode mais ser vista como um “manual de ciências”.
Evidentemente, a Bíblia não exclui a ciência, nem se opõe a ela, pois a Verdade é sempre uma só.
¢ Em segundo lugar, a Bíblia não é um livro de história e geografia, tal como entendemos os manuais referentes a essas realidades.
A Bíblia contém muitas referências históricas e também geográficas, hoje confirmadas por testemunhos contemporâneos ou posteriores a ela, tanto escritos quanto arqueológicos.
Entretanto, a intenção primeira da Bíblia não consiste em ser um texto de história universal ou nacional, nem um livro de geografia.
Como disse, o objetivo da Bíblia é religioso, ou seja, ressaltar que todos os acontecimentos da vida humana (história), todas as configurações e transformações do nosso universo (geografia) são iluminadas pela luz de Deus, pois nada escapa ao seu poder e a seu amor.
É importante você compreender essas coisas para não fazer da Bíblia um livro que ela não é e não quer ser (o que seria um tipo de “fundamentalismo”).
Tudo pode ser resumido no seguinte: os autores da Bíblia se puseram diante das mais variadas realidades do mundo – sejam elas quais forem –, projetaram sobre elas a luz de Deus, procuraram vê-las como Deus as vê e escreveram o resultado de sua contemplação e reflexão para que outras pessoas também vejam o mundo e suas realidades dessa forma.
¢ Em terceiro lugar, a Bíblia tem Deus como autor.
Sim, Deus é o autor último da Bíblia; Ele, porém, se serviu de seres humanos para redigi-la ao longo dos séculos; é lógico, Deus não escreve, não imprime livros...
Também aqui é preciso evitar todo tipo de “fundamentalismo”, que consistiria em imaginar que os autores da Bíblia tinham Deus a seu lado que soprava em seus ouvidos o que eles deveriam pôr por escrito.
Ser Deus o autor da Bíblia significa afirmar que a Bíblia é Palavra de Deus porque Ele “inspirou” os redatores dos diversos livros de tal modo que pusessem por escrito, não o próprio modo de pensar, mas o dEle.
Você pode perguntar: como aconteceu isso?
Houve um tempo em que os intérpretes da Bíblia chegaram a ensinar que Deus fazia com que os redatores escolhessem “aquelas” palavras que Ele queria que usassem; em outras palavras, os redatores não passariam de alunos que põem por escrito um ditado feito pela professora...
Com o tempo compreendeu-se que isso também é uma forma de “fundamentalismo”.
De fato, Deus, ao inspirar os autores da Bíblia, não os anulava em sua personalidade, em sua cultura, em seus conhecimentos, em seu modo de ser, de comportar-se, de falar; os redatores eram o que eram, escreviam do jeito de cada um; porém, eram fiéis em redigir o que Deus lhes fazia compreender.
Tanto é verdade que, a mesma história, contada por diversos redatores, nem sempre coincide nos detalhes; precisamente porque cada redator via a mesma realidade de forma diferente.
Entretanto, se você der atenção à “intenção religiosa” do que foi escrito, verá que todos os redatores transmitem, em última análise, a mesma mensagem.
É nesse sentido que se diz que a Bíblia é inspirada por Deus: é preciso não se perder nas questões humanas, que são variadas, secundárias e até limitadas, e concentrar a atenção na “intenção” visada para comunicar uma mensagem vinda de Deus.
¢ Conclusão: Bíblia nas mãos, mente e coração em Deus, pergunte o que Ele quer dizer com a passagem que você está lendo.
Quem vai dar a você a resposta correta? – A IGREJA, pois a Palavra de Deus não foi comunicada para “individualidades”, mas para um “povo”, ou melhor, para o Povo de Deus.
Por isso, a Bíblia nunca pode ser separada da Igreja
Dom Hilário Mozer-SDB
Fonte:http://domhilario.blogspot.com
Quem dar a resposta correta sobre as escrituras sagradas e o
ResponderExcluirEspírito Santo de Deus e não igreja pq a igreja São homens