-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: julho 2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Amor de Jesus sobre todas a coisas


“Bem-aventurado aquele que compreende o que seja amar a Jesus e desprezar-se a si por amor de Jesus. Por esse amor deves deixar qualquer outro, pois Jesus quer ser amado acima de tudo. O amor da criatura é anganoso e inconstante; o amor de Jesus é fiel e inabalável. Apegado à criatura, cairás com ela, que é instável; abraçado com Jesus, estarás firme para sempre. A Ele ama e guarda como amigo que não te desamparará, quando todos te abandonarem, nem consentirá que pereças na hora suprema. De todos te hás de separar um dia, quer queiras, que não.
Conchega-te a Jesus na vida e na morte; entrega-te à sua fidelidade, que só Ele te pode socorrer, quando todos te faltarem. Teu Amado é de tal natureza, que não admite rival: Ele só quer possuir teu coração e nele reinar como rei em seu trono. Se souberas desprender-te de toda criatura, Jesus acharia prazer em morar contigo.
Facilmente serás enganado, se só olhares para as aparências dos homens. Se procuras alívio e proveito nos outros, quase sempre terás prejuízo. Procura a Jesus em todas as coisas, e Jesus acharás. Se te buscas a ti mesmo, também te acharás, mas para a tua ruína. Pois o homem que não busca a Jesus é mais nocivo a si mesmo que todo o mundo e seus inimigos todos.”
Trecho de “A Imitação de Cristo” - Tomás de Kempis.

Da privação de toda consolação


Quando, pois, Deus te mandar consolação espiritual, recebe-a com ações de graças, mas lembra-te que é dom de Deus, e não merecimento teu.
Com ela não te desvaneças, nem te entregues a excessiva alegria ou a vã presunção; sê antes mais humilde pelo dom recebido, mais prudente e zeloso em tuas ações, pois passará aquela hora de alegria e voltará a tentação. Quando te for tirada a consolação, não desesperes logo, mas aguarda, com humildade e paciência, a visita celestial: pois Deus é bastante poderoso para restituir-te maior graça e consolação que a precedente.
Isto não é novo nem estranho aos que são experientes nos caminhos de Deus; porque os grandes santos e antigos profetas experimentaram muitas vezes esta alternância de paz e perturbação. (Imitação de Cristo Liv. II ,Cap. IX )

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A via da infância espiritual



« Nosso Senhor diz aos seus Apóstolos: Se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos, não entrareis no reino dos céus. São Paulo acrescenta: o Espírito Santo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, e aconselha-nos frequentemente uma grande docilidade ao mesmo Espírito Santo. Esta docilidade encontra-se particularmente na via da infância espiritual, recomendada por muitos santos e, ultimamente, por Santa Teresa do Menino Jesus [nota minha: e por S. Josemaría Escrivá]. Esta via, tão fácil e proveitosa para a vida interior, é muito pouco conhecida e seguida.

Por que pouco seguida? Porque muitos imaginam erroneamente que esta é uma via especial, reservada às almas que se conservaram completamente puras e inocentes; e outros, quando lhes falamos desta via, pensam numa virtude pueril, uma espécie de infantilidade, que não lhes poderia convir. Estas idéias são falsas. A via da infância espiritual não é nem uma via especial nem uma via de puerilidade. A prova é que foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo quem a recomendou a todos, mesmo aos responsáveis pelas almas, como os Apóstolos por si formados.

Para se ter uma visão de conjunto da via da infância espiritual, é preciso de início notar as suas semelhanças e, em seguida, as suas diferenças com a infância corporal.

As semelhanças são patentes. Quais as qualidades inatas das crianças? Em geral, são simples, sem nenhuma duplicidade, ingênuas, cândidas; não representam, não se mascaram; mostram-se tal como são. Ademais, têm consciência da sua deficiência, pois têm de receber tudo dos seus pais, o que as dispõe à humildade. São levadas a crer simplesmente em tudo o que dizem as suas mães, a depositar uma confiança absoluta nelas e a amá-las de todo o seu coração, sem cálculo.

Quais as diferenças entre a infância ordinária e a infância espiritual? — A primeira diferença é notada por São Paulo: Não sejais meninos na compreensão, mas sede pequeninos na malícia. A infância espiritual distingue-se da outra pela maturidade do julgamento e de um julgamento sobrenatural inspirado por Deus.

Uma segunda grande diferença é indicada por São Francisco de Sales: na ordem natural, quanto mais o filho cresce, mais ele tem de se tornar auto-suficiente, pois um dia o seu pai e a sua mãe lhe faltarão. Pelo contrário, na ordem da graça, quanto mais o filho de Deus cresce, mais ele compreende que não poderá jamais bastar-se a si próprio e que dependerá sempre intimamente de Deus. Quanto mais ele cresce, mais ele deve viver da inspiração especial do Espírito Santo, que vem suprir pelos seus dons a imperfeição das nossas virtudes, de modo que, no fim, o filho de Deus torna-se mais passivo sob a ação divina do que entregue à sua atividade pessoal e no fim entra no seio do Pai, onde encontrará a beatitude por toda a eternidade.

Os rapazes e as meninas, quando chegam à idade adulta, deixam os seus pais para viverem as suas vidas. Mais tarde, o homem de quarenta anos vem com bastante frequência visitar a sua mãe, mas não depende dela como antes. É ele agora que a sustenta. Pelo contrário, o filho de Deus, ao crescer, se é fiel, torna-se mais e mais dependente do seu Pai, até que nada faça sem ele, sem as suas inspirações ou os seus conselhos. Então, toda a sua vida é banhada pela oração; é a melhor parte que não lhe será tirada. Santa Teresinha de Lisieux o compreendeu assim. Ela, após ter atravessado a noite do espírito, chegou desse modo à união transcendental com Deus nela.

Tais são as características gerais da infância espiritual: as suas semelhanças e as suas diferenças com a infância corporal.

Vejamos agora as principais virtudes que se manifestam nela.

De início, a SIMPLICIDADE, a ausência total de duplicidade. Por que? ... porque o olhar desta alma não procura senão a Deus e vai direito a ele. Assim, verifica-se aquilo que é dito no Evangelho: O teu olho é o espelho do teu corpo. Se o teu olho for simples todo o teu corpo será luz. Mas, se o teu olho for mau, todo o teu corpo estará em trevas. Do mesmo modo, se a intenção da tua alma é simples e direta, pura e sem duplicidade, toda a tua vida será iluminada como o rosto de uma criança.

Então, a alma simples, que tudo sempre considera com relação a Deus, acaba por vê-lo nas pessoas e eventos; em tudo o que acontece, ela vê aquilo que é desejado por Deus, ou, ao menos, que é permitido por ele para um bem superior.

HUMILDADE. Ao seguir esta via, a alma torna-se humilde. A criança tem consciência da sua deficiência; depende da sua mãe para tudo e pede constantemente a sua ajuda, ou refugia-se perto dela à menor ameaça.

Do mesmo modo, o filho de Deus sente que, deixado a si mesmo, não é nada; lembra-se com frequência das palavras de Jesus: Sem mim, não há nada que possais fazer. E assim, ele tem uma necessidade instintiva de se esquecer de si mesmo, de depender de Nosso Senhor, de se abandonar a Ele. A alma cessa de se estimar de modo vão, de querer ocupar um lugar no espírito dos outros; desvia o seu olhar de si mesma.

Por causa disso, essa alma combate muito eficazmente o amor próprio. E, com o sentimento da sua deficiência, experimenta a necessidade de se apoiar constantemente em Nosso Senhor e de ser em tudo guiada e dirigida por ele. Lança-se assim nos seus braços, como a criança nos braços da sua mãe. Por isso, o espírito de oração desenvolve-se muito nela.

FÉ. Assim como o filho crê sem hesitar e firmemente em tudo o que a sua mãe lhe diz, o filho de Deus, acima de todo o raciocínio, de todo o exame, baseia-se totalmente na palavra de Nosso Senhor. “Jesus o disse”, seja por si mesmo, seja pela sua Igreja; isto é suficiente para que ele não tenha nenhuma dúvida no seu espírito.

Que se segue? Assim como a mãe fica feliz em poder instruir o seu filho, tanto mais quanto ele se mostrar atento, Nosso Senhor compraz-se em manifestar a profunda simplicidade dos mistérios da fé aos humildes que o ouvem. Ele dizia: Dou-vos graças, ó Pai, por terdes escondido estas coisas dos prudentes e dos sábios e por tê-las revelado aos pequenos. A fé dessa alma torna-se então penetrante, saborosa, contemplativa, radiante, prática, fonte de mil conselhos excelentes. O espírito da fé leva a ver os mistérios revelados, as pessoas, os fatos como Deus os vê; vê-se Deus em tudo.

Mesmo que o Senhor permita a noite escura, a alma a atravessa a segurar na sua mão, como o filho segura a mão da sua mãe, que o protege.

A CONFIANÇA torna-se, desde então, mais e mais firme, inteira. Por que? ... porque ela repousa no amor de Deus por nós, nas suas promessas, nos méritos infinitos de Nosso Senhor.

Como a criança está segura da sua mãe, porque se sabe amada por ela, a alma de que falamos está segura de Deus. Ela não pode duvidar da sua fidelidade em manter as suas promessas: pedi e recebereis. Ela não se baseia nos seus próprios méritos, na sua sorte pessoal, mas nos méritos infinitos do Salvador, que são para ela; do mesmo modo, os bens do pai são para os seus filhos que ainda não possuem bens pessoais.

A fragilidade a desencoraja? De modo algum. O filho não se desencoraja por causa da sua deficiência. Pelo contrário, ele sabe que é por causa da sua impotência que a sua mãe está sempre pronta para protegê-lo. Do mesmo modo, Nosso Senhor sempre protege os pequenos e os pobres que se fiam nele. O Espírito Santo, que ele nos enviou, é chamado “Pater pauperum”.

Esta alma não confia senão em Deus, em Nosso Senhor e na Virgem, e naqueles que vivem de Deus, como a criança não confia senão na sua mãe e naquelas pessoas a quem a sua própria mãe a confia por um momento.

É uma confiança total, mesmo nas horas mais graves. Lembramo-nos então do que dizia santa Teresinha: “Senhor, vós tudo vedes, tudo podeis e me amais”.

O único temor desta alma é o de não amar o bastante Nosso Senhor, de não se abandonar totalmente a Ele.

A CARIDADE é o amor de Deus por ele mesmo, e das almas em Deus, para que elas o glorifiquem no tempo e na eternidade.

A criança pequena ama a sua mãe de todo o seu coração, mais que os carinhos que recebe dela; ela vive da sua mãe.

Do mesmo modo, o filho de Deus vive de Deus e o ama por si mesmo, por causa das infinitas perfeições que nele transbordam. O que este filho de Deus ama, não é a sua própria perfeição, mas o próprio Deus, sobre o qual ele se apóia.

A este amor ele refere tudo: é um amor delicado, simples, que inspira a piedade filial e uma grande caridade pelo próximo, na medida em que este é amado por Deus e chamado a glorificá-lo eternamente.

O filho de Deus, porém, é tão prudente como simples: simples com Deus e as almas de Deus; está sob a inspiração do dom de conselho e é prudente com aqueles em quem não podemos ter confiança.

Ele é deficiente, mas é do mesmo modo forte, pelo dom de fortaleza que se manifestou nos mártires, e até nas jovens virgens e nos velhos.

Um modelo impressionante de infância espiritual encontra-se numa alma santa, que atingiu, no meio das maiores dificuldades, uma grande intimidade com Nosso Senhor: a Venerável Madre Marie-Thérèse de Soubiran, fundadora da Sociedade de Maria Auxiliadora. A sua vida admirável mostra-nos a enorme superioridade da vida sobrenatural plenamente abandonada a Nosso Senhor, acima da atividade natural das pessoas melhor dotadas e mais enérgicas, que se apóiam sobre elas mesmas, que se esquecem de pedir a bênção de Deus.

A sua vida é um comentário das palavras do Salvador: Dou-vos graças, ó Pai, por terdes escondido estas coisas aos prudentes e aos sábios e por as terdes revelado aos pequeninos.»

(Garrigou-Lagrange, "La vie spirituelle" número 302, dez. 1945)
Fonte: Vida Espiritual Católica

Amar tem poder de renovação


Amar tem poder de renovação
Pe . Fabio de Melo
Como posso amar o próximo se ainda não me amo?

Se quiser ser de Deus, terá que viver as duas vias do Senhor: ‘Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo’.
O que você entende por esta palavra 'amor'?
É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca. Os poetas sempre tentaram decifrar esse sentimento, mas nunca conseguiram. Assim como Luiz de Camões em seu célebre poema: ‘O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer’.
O amor não se poetiza. Quantas vezes o sentimos e não sabemos onde realmente dói. O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho.
Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, as que não damos valor e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar?
Como posso descobrir esse convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, eu lhe proponho que acabe com os 'achismos' do amor. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. Pois, muitas vezes, em nome dele [amor], nós fazemos absurdos: seqüestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões.
O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que ele tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro que nos motiva a ser melhores. É o amor com suas clarezas e suas confusões...
Muitas vezes, em nome do amor tratamos as pessoas como ‘coisas’.
Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos de entrar como Ele: agregando valores. Caso contrário é melhor que fiquemos de fora, porque você é um território que merece respeito.
Na passagem da sarça ardente (cf. Ex 3,2ss ) Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo, mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos; e se estamos esgotados é porque amamos ‘de menos’. Vamos ficando sem o vigor; mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois é um fogo que faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro. Quantas vezes você passou noites inteiras acordado pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor... Amar o outro é levar prejuízo.
Você vai saber o que é o verdadeiro amor quando você se consome, mas não se esgota. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados por ele, mas não de amá-lo.
Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas em sua busca correm atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Todos estão querendo saber o que é o amor e todos estão precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado.
Tenha coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você as carrega até o dia de hoje. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si própria, pelo respeito por si mesma. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo se ainda não me amo?
Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos irão agradecer por você se amar. Quando o amor nos atinge, somos mais felizes. Um povo que se ama é um povo que sabe aonde vai. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!