"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
sexta-feira, 29 de junho de 2012
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS - DIA DO PAPA
Dia do Papa
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – as duas grandes Colunas da Igreja de Jesus Cristo: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da salvação” (Prefácio próprio da Festa).
“Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus. Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, assumindo na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.
Esta é uma celebração antiquíssima. Existia antes da festa do Natal. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente e que nós estamos para celebrar.
Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos, chegaram, várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 d.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio. Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas é único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.
Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele. Convertido, Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.
A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe ‘ligar e desligar’. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e rejeita tudo o que provoca a morte.
Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor: ‘A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular’.
‘Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a vida dele, o mártir Jesus!’.
Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.
Professamos com alegria nossa fé na Igreja una, santa, católica, apostólica, aberta à comunhão universal e visceralmente missionária e proclamada da vida digna para todos.
Participando a Eucaristia, somos identificados com Cristo e confirmados no seu caminho, para sermos disponíveis aos nossos irmãos e irmãs, até a morte, como marcas da identidade cristã.
Hoje rezamos especialmente pelo Papa Bento XVI, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada vez mais inculturado, profético e aberto a todos.
Supliquemos para que o Papa e todos os pastores sejam pétrus nas mãos do Senhor, fiéis ao Evangelho na condução da Igreja como servidora da vida, como sinal e instrumento da comunhão entre os povos” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 51-57).
Com facilidade emitimos opiniões errôneas, quando não medíocres em relação à autoridade e ao serviço do Santo Padre, o Papa! Talvez a celebração de hoje seja uma oportunidade de remissão, conversão e renovação de nossa fidelidade ao sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI. Frequentemente me pergunto: quem sou eu para emitir qualquer crítica, desrespeitar ou até mesmo questionar a autoridade = serviço do Papa? Homem que se despe totalmente de si mesmo. Deixa para trás até o próprio nome e toda sua liberdade, para estar totalmente a serviço da Igreja de Jesus Cristo que lhe é confiada ao coração, colocada nos ombros, como a ovelha debruçada sobre o Bom Pastor. Só o fato do sim do Papa já basta para que mereça o carinho, a ternura, a fidelidade de todo cristão, que debruça sua fé sobre o evento da “confirmação de Pedro”, continuado em nossos dias na pessoa totalmente a serviço do Reino de Deus, o amado Santo Padre o Papa Bento XVI.
Nesta solenidade, a Igreja do mundo inteiro, realiza a Coleta do Óbolo de São Pedro. Com esta coleta o Papa socorre a humanidade em suas necessidades, especialmente em situações emergenciais, em nome dos Católicos do mundo. O resultado das Coletas realizadas em todas as Celebrações deste domingo deverá ser remetido à Cúria, que dará seu verdadeiro destino, fazendo-o chegar aos cuidados do Vaticano. Por vezes há resistência à Coleta do Óbolo de São Pedro por pura ignorância. Nem sempre as pessoas conhecem o bem que fazem, sendo generosas. Todos que se sentem dignos de serem cristãos, são conclamados a partilharem de sua pobreza em favor de quem tem menos. Pois é em nome da Igreja Católica Apostólica Romana, que o Santo Padre socorre nossos irmãos que são vitimadas pela fome, pela miséria, por catástrofes, como terremotos, enchentes e tantas outras ocasiões. Sejamos sensíveis e coerentes entre o que celebramos, pregamos e doamos.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel.
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8,17-18 e Mt 16,13-19)
Unidos muito podemos fazer!
Caros padres diocesanos e religiosos,
consagradas e consagrados,
diáconos, leigas e leigos de nossa Arquidiocese.
O Colégio de Consultores confiou-me o serviço de administrar nossa arquidiocese até a chegada de nosso novo arcebispo. Pesa sobre nós a recente perda do querido D. Joviano e vem-nos a necessidade e o desafio de não pararmos no tempo. O momento, ao mesmo tempo, que manifesta nossa fragilidade, também sugere solidariedade, união de forças.
Por isso, aqui me coloco como um irmão padre que com todos vocês vamos continuar o esforço de ser discípulos-missionários. Temos um rumo a seguir, não apenas indicado pela fé, como também definido em nossa realidade, o nosso projeto SIM (Ser Igreja em Missão). Marcamos nossa ação evangelizadora pelas pastorais da família e da juventude e com a formação dos leigos. Nosso empenho evangelizador venha, mais do que nunca, do companheirismo, da amizade, da sadia cumplicidade na obra evangelizadora, onde cada um de nós dê o máximo pela obra do Cristo em nossa Igreja particular.
Por isso, atrevo-me a marcar o próximo tempo que viveremos, até a chegada do novo arcebispo com a seguinte proposta: UNIDOS MUITO PODEMOS FAZER! Somos um a favor do outro e cada um é importante; na nossa união está a certeza de que a graça de Deus nos acompanha. Vamos lá: um precisa do outro!
São mantidos todos os cargos e serviços que estavam vigorando; lembro, de maneira especial o padre ecônomo, o secretário de pastoral, o chanceler, os serviços da Cúria, os vigários forâneos que continuam autorizados a crismar, os conselhos, as coordenações.
Em Julho, teremos a capacitação na Casa D. Luiz, em Brodowski, de nossos leigos, tanto de Ribeirão Preto, como do Interior. Famílias e Jovens serão representados. Continuemos dando o apoio a esta formação tão carinhosamente querida, preparada e assumida.
Aos padres, especialmente os diocesanos, mas com igual carinho acolhendo os religiosos que concorrerem, lembro que nosso próximo retiro espiritual, de 02 a 05 de julho, na Casa Santa Fé, em São Paulo, será oportunidade especial para estarmos unidos e refazendo as baterias para a atual fase de nossa vida e ministério. Os padres que ainda estavam indecisos em participar, mas que resolverem se juntar a nós nestes dias de frutuosa convivência, tenham a certeza de que sua presença será valiosa para si, tanto quanto para nós.
UNIDOS MUITO PODEMOS FAZER! E muito conversaremos. Este é apenas o início de conversa.
Um abraço a todos.
Ribeirão Preto, 25 de Junho de 2012
Pe. Nasser Kehdy Netto,
Administrador Arquidiocesano
Colégio de Consultores
Colégio de Consultores elege o Administrador Arquidiocesano
Colégio de Consultores Cônego José Carlos Rossini, Pe. José Aparecido Borini, Pe. Nasser Khedy Netto, Pe. Ilson Vicente Olimpio, Pe. Sérgio Donizetti Carmona, Pe. Júlio César Melo Miranda, cmf
Conforme prescreve as normas da Igreja Católica Apostólica Romana, no Código de Direito Canônico, por ocasião do falecimento de Dom Joviano de Lima Júnior, SSS, no dia 21 de junho de 2012 e a vacância da Sé Metropolitana de Ribeirão Preto, o Colégio de Consultores se reuniu às 10 horas, do dia 25 de junho, na Cúria Metropolitana de Ribeirão Preto, e elegeu o Revmo. Sr. Pe. Nasser Kehdy Netto, Administrador Arquidiocesano da Arquidiocese de Ribeirão Preto. Ele administrará a Arquidiocese até que o Santo Padre o Papa Bento XVI nomeie o novo Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto.
Padre Nasser Kehdy Netto
Padre Nasser Kehdy Netto é natural de Nova Granada (SP). Nasceu em 03 de maio de 1941, sendo filho de Jorge Nasser Kehdy e Geny Calil Nasser Kehdy, ambos falecidos. Possui um irmão: Newton Jorge Kehdy.
De 1948 a 1952, fez os estudos primários no Grêmio Estudantil Armando de Salles Oliveira, em Jardinópolis. Os estudos ginasiais, entre os anos 1952 a 1955, foram concluidos no Seminário Maria Imaculada, em Brodowski. Nos de 1956 e 1957, cursou os estudos secundários no Seminário Maria Imaculada, em Brodowski, e no Seminário Médio Imaculado Coração de Maria, em São Roque. Cursou a filosofia entre os anos de 1958 a 1960 no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo, e no Seminário de Filosofia, de Aparecida. A partir de setembro de 1960 ingressou no Colégio Pio Brasileiro, em Roma (Itália), e conclui em 1964 o bacharelato em teologia na Pontíficia Universidade Gregoriana.
Em 01 de dezembro de 1963 recebeu a ordenação diaconal das mãos do terceiro arcebispo de Ribeirão Preto, dom Agnelo Rossi, em Savigliano, Itália. Foi ordenado presbítero em 14 de março de 1964, pelas mãos de D. Eugênio de Araújo Sales, em Roma.
Na Arquidiocese de Ribeirão Preto exerceu as seguintes atividades: Pastoral Vocacional; Grupos de Garotos Perseverança: de 1966-1969; 1974-1984; Seminário Menor: 1969-1973; Seminário Maior: 1979-1983; Coordenador de Pastoral: 1990-1998; Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Brodowski, primeiro como Vigário Paroquial de 1974-2000, e pároco de 1974-1983; Pároco de São Lourenço, em Pontal, desde 1984 (atual); Juiz Auditor na Câmara Eclesiástica de Ribeirão Preto; Juiz do Tribunal Eclesiástico; e em 25 de junho de 2012 eleito Administrador Arquidiocesano.
Administrador Arquidiocesano
O Administrador Arquidiocesano
O Administrador Arquidiocesano eleito pelo Colégio dos Consultores possui o poder e as obrigações do Bispo diocesano, com exceção daquilo que é excluído pela própria natureza da coisa ou pelo próprio direito. O Administrador é Ordinário do lugar, como assinala o cân. 134 e o seu poder não é vigário (delegado), mas ordinário. (cf. cân. 427, § 1).
Esse poder vem adquirido, ipso iure, quando o Bispo ou o presbítero aceita a sua eleição, já que a mesma, como vem estabelecido no cân. 178 não precisa de confirmação, restando, somente, a obrigação formal de fazer a profissão de fé diante do Colégio dos Consultores, como vem determinado pelo cân. 833, 4o. (cf. cân. 427, § 2).
As faculdades do Administrador Arquidiocesano:
1. Pode confirmar ou instituir os presbíteros que tenham sido legitimamente eleitos ou apresentados para uma paróquia (cf. cân. 525, 1º);
2. Pode nomear párocos, somente após um ano de Sé vacante ou impedida (cf. cân. 525, 2º);
3. Pode administrar a Crisma mesmo sendo presbítero, podendo conceder a outro presbítero a faculdade de administrá-la (cf. can. 882, 883, § 1 e 884, § 2);
4. Pode remover, por justa causa, os vigários paroquiais, salvaguardando, porém, quanto prescreve o direito no caso específico em que se trate de religiosos (cf. can. 552 e 682, § 2);
5. É membro da Conferência Episcopal, com voto deliberativo, com exceção das declarações doutrinais, se não for Bispo (cf. Diretório para o Ministério pastoral dos Bispos n. 240 e 31);
6. Pode, em caso de verdadeira necessidade, pessoalmente ter acesso ao Arquivo secreto da cúria (cf. cân. 490, § 2);
7. Pode, com o consentimento do Colégio dos Consultores, conceder as cartas dimissórias para a ordenação dos diáconos e dos presbíteros, se estas não foram negadas pelo Bispo Diocesano (cf. cân. 1018, § 1, 2o e § 2). O Administrador Apostólico, na Sé vacante, para isso, não precisa do consentimento do Colégio dos Consultores;
8. Pode por grave causa, mesmo que não tenha cessado o quinquênio, remover o Ecônomo, ouvindo o Colégio dos Consultores e o Conselho Econômico (cf. cân. 494, § 2).
Os limites do poder do Administrador Arquidiocesano:
1. Não pode confiar paróquias a um Instituto religioso ou a uma Sociedade de vida apostólica (cf. cân. 520, § 1);
2. Não pode conceder a excardinação e a incardicação, nem mesmo conceder a licença a um clérigo para se transferir a outra Igreja particular, a não ser depois de um ano de vacância da Sé Metropolitana de Ribeirão e com o consentimento do Colégio dos Consultores (cf. cân. 272);
3. Não tem competência para erigir Associações públicas de fiéis (cf. cân. 312, § 1, 3o);
4. Não pode remover o Vigário Judicial e os Vigários Judiciais Adjuntos (cf. cân. 1420, § 5);
5. Não pode convocar o Sínodo diocesano (cf. cân. 462, § 1);
6. Não pode remover do ofício o Chanceler ou outros notários, a não ser com o consentimento do Colégio dos Consultores (cf. cân. 485);
7. Não pode conferir canonicatos no Cabido da Catedral nem no Cabido Colegial (cf. cân. 509, § 1).
As proibições formais:
A primeira proibição é de caráter geral, (cf. cân. 428, § 1) vedando, segundo o velho princípio jurídico, que durante a Sé vacante, não se faça qualquer inovação: Sede vacante nihil innovetur. Tal princípio vem precisamente concretizado com um exemplo contido no § 2 – “os que cuidam do governo interino da Diocese são proibidos de fazer qualquer coisa que possa de algum modo prejudicar a Diocese ou os direitos episcopais; em particular, são proibidos, eles próprios, e por isso qualquer outro, de retirar ou destruir documentos da Cúria Diocesana ou neles modificar qualquer coisa”.
Essa normativa, com efeito, leva a quem governa interinamente e mesmo ao Administrador Diocesano ou Administrador Apostólico, Sé vacante a compreender que a sua tarefa é, na realidade, temporária, por isso possuem a obrigação de conferir, o quanto possível, um caráter de ação provisória, embora realmente detentora do seu devido valor, nas suas decisões, abstendo-se daqueles atos que poderiam criar dificuldades ao novo Arcebispo, com direitos adquiridos ou coisas realizadas.
A obrigação de residência e a Missa “pro populo”
Do mesmo modo como está prescrito para o Bispo diocesano, nos can. 388 e 395, vem determinado no cân. 429 que o Administrador Diocesano possui a obrigação de residência e a aplicação da Missa “pro populo“. As demais obrigações (visita ad limina, visita canônica diocesana = visita pastoral) também são da competência do Administrador Diocesano, mas essas não deixam de estarem um tanto quanto limitadas pela situação de possuírem apenas um mandato interino.
A cessação do oficio
Pode ocorrer:
1º Por morte do Administrador Arquidiocesano, embora isso não venha previsto, propriamente no cânon, é algo que pode verdadeiramente ocorrer.
2º Ipso iure, já que o próprio Direito prevê a cessação do ofício de Administrador Arquidiocesano, com a simples posse na Arquidiocese feita pelo novo Arcebispo Metropolitano. (cf. cân. 430, § 1);
3º Por remoção ou renúncia
a) A remoção do ofício de Administrador Arquidiocesano é reservada unicamente a Santa Sé, pois o Colégio dos Consultores, que elegeu o primeiro, não tem qualquer poder com relação a sua remoção.
b) A renúncia deve ser apresentada pelo Administrador Arquidiocesano ao Colégio dos Consultores, de forma autêntica, ou seja, por escrito ou oralmente, perante duas testemunhas (cf. cân. 189).
Em caso de remoção, de renúncia ou de morte do Administrador Arquidiocesano, deve ser eleito outro pelo Colégio dos Consultores, sendo feito isso à norma do cân. 421, observando-se tudo que aí vem exigido. Devendo ser comunicado a Santa Sé ao menos o fato da morte do Administrador Arquidiocesano, já que a remoção cabe a Mesma.
Chancelaria da Cúria Metropolitana de Ribeirão Preto
O SILÊNCIO DE DOM JOVIANO ECOANDO SUA TERNURA PELO REINO
Aparentemente desligado, Dom Joviano viveu seu ministério episcopal entre nós, mais do que se possa imaginar, “antenado”. Levou, armazenado em seu coração inchado de bondade e serenidade, segredos insondáveis e a vida de cada um que lhe foi confiado, ao colo misericordioso do Pai, no dia 21 de Junho, Memória de São Luís Gonzaga, dia dedicado à Eucaristia, logo ele, amante da Liturgia. Quis Deus acolhê-lo naquele horário em que o próprio Cristo fez igual experiência, percorrendo pela “irmã morte”, deixando que seu nome ecoasse na eternidade! Bem podemos imaginar a alegria da Corte Celeste abrindo espaço para um homem simples, descomplicado, prático e embora de poucas palavras, contundente e justo. Um homem de visão ampla, capaz de adentrar a intimidade de cada pessoa que amou a seu modo, transpirando delicadeza, respeito pelo diferente e amando profundamente nossa Igreja.
Zelava pela humildade e abominava a busca de prestígio. Dispensava elogios e era objetivamente, por tudo, sempre agradecido. Convidava a quem quisesse ser com ele missionário e discípulo do SIM – Ser Igreja em Missão, sem, entretanto, impor ou cobrar àqueles que se sentiam dispensados desse ou dos demais projetos de seu pastoreio. Sabia ser presente, mesmo que fisicamente ausente, por conta de sua dor e enfermidade, porque se fazia oferenda viva que só poderia santificar e promover comunhão, mesmo que invisível, mas profundamente sensível a quem teve a oportunidade de passar algum momentinho junto dele.
Não poucas vezes deixou escapar sua Ternura pelo Reino confiando-nos tarefas aparentemente simples, porém desafiadoras, as quais nos realizam em nosso ministério e pelas quais seremos sempre profundamente agradecidos, porque nos fazem feliz como pessoa, presbítero, professor e jornalista. Pediu-nos que transformássemos a Santo Antoninho num Espaço Cultural de Espiritualidade, onde as pessoas possam encontrar-se com Cristo na Liturgia bem celebrada, num Ambiente de Formação com Atendimento Espiritual Acolhedor. Dignou-se a celebrar conosco e sempre que passava pela Avenida Saudade, pedia para parar e olhando para nossa Reitoria repetia compassivo: “Eu não teria a paciência e perseverança para as reformas necessárias a este tão rico espaço que nos foi doado. Sempre que algum Padre me pede algum trabalho, peço que venha perguntar ao Padre Gilberto, como se faz, para estar sempre tão ocupado...”. Fez questão de conferir a implantação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), celebrando com as queridas Missionárias Liderene, Carmela e Stela, assessoras do Santuário Nossa Senhora do Rosário, que prepararam nossas Agentes da PPI na Santo Antoninho. Ao provisionar as Ministras Extraordinárias da Sagrada Comunhão, Dom Joviano nos disse que nunca deixássemos de acompanhá-las, porque a visita aos Enfermos santifica o nosso Ministério. Ao consultá-lo se deveríamos aceitar o convite para sermos Conselheiro Espiritual da Equipe Nossa Senhora da Esperança, respondeu-nos que ele sempre que pode, acompanhou alguma Equipe de Nossa Senhora. Disse-nos que as Equipes de nossa Senhora sempre edificam e enriquecem a vida do Padre. Na véspera da festa de Santo Antonio, ao visitá-lo em seu leito hospitalar, disse-nos: “Lembrei-me de você nesta manhã em minhas orações. Já espera mais de quatro anos pela aprovação das obras, e amanhã celebrará mais uma Festa de Santo Antônio sem banheiros...” Antes de despedir-nos, pediu que lhe concedêssemos uma bênção forte contra a dor. Ao saber que enviara um cesto de pães bentos na Missa de Santo Antoninho ao Palácio, fez questão de agradecer por telefone desde o Hospital. Era estampada sua expectativa por ver nossa Igrejinha restaurada e um “primor” de espaço a serviço da acolhida. Oxalá interceda por nosso projeto desde a eternidade, já que agora está na companhia de Santo Antoninho.
Confiou-nos a Assistência Eclesiástica do Centro do Professorado Católico da Arquidiocese de Ribeirão Preto, pedindo que não medíssemos esforços para oferecer formação e permanente assistência espiritual aos Professores Católicos ou não, levando para eles nosso Estudo Bíblico que denominou a “pupila dos olhos da Santo Antoninho”.
Encorajou-nos e posteriormente parabenizou-nos por assumirmos o Curso de Bacharel em Teologia na Faculdade Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP. Animou-nos a formar um grande laboratório teológico para o Diálogo Inter-Religioso. Disse ser excelente nosso Projeto Pedagógico!
Finalmente, escreveu-nos um último email: “Caríssimo Pe. Gilberto! Agradeço as orações por mim. É uma alegria tê-lo como amigo e irmão. Deus o abençoe sempre. Abraços! + Joviano”. Mais do que antes, sentimo-nos robustecidos em nosso ministério e animados a viver O Silêncio de Dom Joviano ecoando sua Ternura pelo Reino!”.
Padre Gilberto Kasper
Trabalhar em equipe
O incentivo nos vem dos documentos conciliares do Vaticano II. Mas, a experiência de estar juntos para partilhar a missão encontra-se no ensino e na prática de Jesus. Ele reuniu os doze e os destinou a constituir comunidades, pelo anúncio da Palavra.
Quando o Concílio nos diz, no documento sobre a Igreja Lumen Gentium, que somos o povo de Deus, explicita o sacerdócio comum dos fiéis. Um conceito importante que fundamenta a participação ativa da assembléia nas celebrações litúrgicas e na vida da Igreja em missão.
O trabalho em equipe fortalece os laços de amizade e de pertença. Todos, buscando os mesmos objetivos, sentem-se comprometidos com uma mesma causa. Uma realidade percebida tanto nos grupos de base quanto nas estruturas de coordenação.
No trabalho em equipe aprendemos a escutar e a valorizar opiniões diferentes. Nós nos enriquecemos mutuamente, buscando o consenso de forma criativa, dinâmica. Nossas análises são mais consistentes. E, assim, podemos responder aos desafios da missão evangelizadora, numa sociedade complexa em que nos situamos. Muita coisa pode se transformar na ação pastoral, em termos de acolhida e eficiência, quando se adota um estilo participativo.
O Conselho Pastoral Paroquial (CPP) é uma forte instância de comunhão e participação dos leigos na ação evangelizadora. Resulta de um bom trabalho em equipe, onde cada participante é valorizado. Não pode ser numeroso, pois havendo muitas pessoas no CPP torna-se difícil a participação de todos. Cabe ao CPP animar a missão permanente, fazendo com que o Evangelho seja a Boa Notícia de salvação, sobretudo para aqueles que se encontram mais afastados da comunidade.
Trabalhar em equipe exprime o nosso desejo de viver a fé em comunidade, ao lado de irmãos e irmãs que querem caminhar juntos, centrando suas vidas na Palavra e na Eucaristia.
+ Joviano de Lima Júnior,sss
Arcebispo de Ribeirão Preto
Igreja-Hoje - Julho 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Ave Maria, Mãe de Deus
Ave Maria, Mãe de Deus, tesouro venerado por todo o Universo, luz que não se apaga, tu geraste o sol da justiça, o cetro da verdade, o templo indestrutível, imperecível. Ave Maria, morada d`Aquele que nada, nem lugar algum podem conter, tu que fizeste brotar a flor que jamais secará.
Por meio de ti os pastores glorificaram a Deus, através de ti, abençoado é aquele que vem em nome do Senhor; a Santíssima Trindade é glorificada, a Cruz é adorada em todo o Universo. Através de ti exultam os Céus, pois a humanidade caída foi reerguida. Através de ti o mundo inteiro, pôde, enfim conhecer a Verdade.
Através de ti, Igrejas foram fundadas em toda a Terra; por meio de ti, o Filho único de Deus fez resplandecer a luz sobre aqueles que estavam nas trevas, expostos à sombra da morte. Por meio de ti os apóstolos puderam anunciar a salvação às nações. Como cantar dignamente os teus louvores, ó Mãe de Deus, por quem a Terra inteira vibra de alegria?
"Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!" Em memória desta solene definição, o Concílio de Éfeso (431) juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte."
São Cirilo de Alexandria (380-444)
Defensor do título de Maria "Théotokos" (Mãe de Deus, no Concílio de Éfeso (431)
(*) São Cirilo, Patriarca de Alexandria, conseguiu, neste Concílio, a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da Maternidade Divina de Nossa Senhora. À pergunta "A Virgem é mãe da divindade?" respondemos: "O Verbo vivente, subsistente, foi engendrado pela mesma substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas, no tempo, Ele se fez carne, por isso se pode dizer que nasceu de mulher."
sexta-feira, 22 de junho de 2012
HOMÍLIA DO DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM - 2012
SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade da Natividade de São João Batista, tamanha sua importância na História da Salvação. Além de Jesus Cristo e Maria Santíssima, João Batista é o único santo que tem celebrado no Calendário Litúrgico, seu nascimento, enquanto os demais são lembrados no dia de sua páscoa natural ou na data de seu martírio! A Igreja celebra também sua Vigília, preparando-se para celebrar o precursor, a luz que haverá de preparar os caminhos e abrir as cortinas para a estreia do verdadeiro Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo, Jesus, o Messias! Com João, o que batiza um Batismo de Conversão, nos deparamos com o encontro do Antigo com Novo Testamento. Com João Batista, o último e principal dos Profetas acontece o enlace da Antiga com a Nova Aliança; a maior compreensão do pacto de Fidelidade de Deus para com a Humanidade! Ressalta a “teimosia” de Deus em amar, apaixonadamente, sua Criatura predileta: a Pessoa!
“São João Batista é importante para os cristãos. Santo muito querido e estimado pelo povo brasileiro. Em todas as regiões, principalmente do norte e nordeste, existem as festas tradicionais de São João, celebradas com alegria, muita comida e bebida, danças e trajes típicos, à luz da tradicional fogueira de São João. Estas festas ocupam lugar de destaque no calendário popular.
A Igreja, já no século VI, reservou o dia 24 de junho para comemorar o nascimento de São João Batista. Santo Agostinho escreve: ‘A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação... João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o Antigo e o Novo. O próprio Senhor diz: ‘A lei e os profetas até João Batista’ (Lc 16,16)... Antes mesmo de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele’ (Ofício das Leituras, in Liturgia das Horas).
Jesus o declara o maior de todos os profetas. Homem simples, austero, corajoso, apontou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29-36). Deu testemunho da luz, aplainou os caminhos e preparou o povo para acolher o Salvador. Antes que Jesus chegasse, pregou um batismo de conversão.
A celebração do seu nascimento nos associa à alegria de Isabel, de Zacarias e dos vizinhos, porque Deus se lembra de nós, indica os caminhos da salvação e aponta os horizontes da liberdade.
A Palavra anunciada nos conduz para dentro da verdadeira Luz de todos os povos, o Salvador, do qual nem merecemos desamarrar as sandálias. Celebramos, acima de tudo, o mistério daquele que se fez o menor no reino de Deus, e, por isso, é o maior: Jesus.
As leituras bíblicas apresentam a vida e a missão de João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias esperado. Como diz Santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro para o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a vida de asceta, e é chamado de batista. Pelo batismo, nós também recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a opressão.
Celebrar o nascimento de João é experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.
O jeito despojado de João Batista viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão. Jesus o elogia, dizendo que ‘entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele’ (7,28). [...] Eis um dos maiores elogios aos cristãos comprometidos com o Reino de Deus, que é um Reino de Amor, Justiça, Verdade, Liberdade e Paz. Envolve-nos na esperança de sermos reconhecidos no Reino de Deus pelo esforço que empreendermos por promover desde já maior dignidade humana, começando ainda hoje o céu na terra... Como mostra também o Servo, na primeira leitura deste domingo, João é modelo de vida por causa de sua entrega total ao Reino. Que o Senhor nos dê a graça de viver conforme sua Palavra e testemunhar a Boa Notícia do Reino, o ‘Sol nascente que vem nos visitar’ (1,78). Precisamos de testemunhos proféticos, como João Batista, capazes de denunciar a corrupção, as injustiças e de conduzir o povo para Deus para criar um mundo melhor, mais justo e mais fraterno” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 45-50).
O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista a todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar lugar, retirar-se e deixar Cristo aparecer. Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido nossas carências e limites, plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo, mas queremos também saborear os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns plantam, outros regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos que passaram e somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos frutos. Tal Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com Cristo, se conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la, apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e pastoral.
Sejamos a exemplo de São João Batista, Comunidades simples, descomplicadas, acolhedoras, amorosas e cheias de ternura, porém sem ter medo de corajosa e ousadamente perdemos nossa cabeça = a própria vida por conta da coerência do Evangelho anunciado e vivido no hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que prestamos, sempre gratuitamente neste mundo tão vazio de Deus!
Sejam todos sempre abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 49,1-6; Sl 138(139); At 13,22-26 e Lc 1,57-66.80)
Nota de Falecimento de Dom Joviano de Lima Júnior, sss

segunda-feira, 18 de junho de 2012
Quinze minutos em companhia do Imaculado Coração

domingo, 17 de junho de 2012
HOMILIA DO DÉCIMO-PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO LITÚRGICO DE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“A Palavra do Senhor do Décimo Primeiro Domingo Comum nos fortalece. Ajuda-nos a descobrir as pequenas manifestações de sua presença entre nós. O crescimento do Reino ultrapassa nossas fragilidades e não se baseia na eficiência das organizações e dos inúmeros programas bem elaborados. Está intimamente ligado à escuta atenta da Palavra de Deus, à confiança em sua graça e ao confronto frequente com o Evangelho, na humildade e na oração.
E, qual insignificante semente lançada pela iniciativa gratuita de Deus, o Reino aguarda nosso empenho laborioso, movido pela sua graça, para atingir seu crescimento em nós e na humanidade.
Uma alegria nos acompanha e nos invade: a semente da Palavra, a força do crescimento do Reino mora em nós, cresce na comunidade e já produz tantos frutos. Continua o milagre da multiplicação dos pães e nos leva a bendizer a Deus e a nos alegrarmos com a realização do seu Reino.
A Palavra nos incentiva à fé na ação de Deus na história. Ela torna a história prenhe de sentido, grávida do Reino, aberta a toda a humanidade. Chama-nos à esperança no processo lento do crescimento da semente e do broto do Reino, frágeis e pequenos, mas resistentes pela ação constante de Deus.
O Reinado de Deus não crescerá pelo esforço humano nem se desenvolverá com força e violência; seu desenvolvimento é misterioso como o crescimento da semente plantada no silêncio da terra. Exige esperança e paciência, como acontece com quem prepara a terra e planta, pois a vitalidade, a capacidade de crescer se encerra na semente, embora cultivemos, plantemos e cuidemos do terreno. O poder escondido e misterioso da vida acontecerá a seu ritmo. Foi Deus quem inseriu a força vital e é Ele que continua agindo na semente. É Deus quem faz crescer o Reino (cf. Tg 5,7; 1Cor 3,6-7).
Ele foi plantado na terra pela encarnação, vida e ação de Jesus Cristo. Ele crescerá em direção ao projeto indestrutível de Deus. O acontecimento ‘Jesus’ jamais será apagado da história. Essas são a fé e a esperança inquebrantáveis. Muitos homens, mulheres e seus projetos podem recusar a realidade trazida por Jesus de Nazaré, mas não serão capazes de destruí-la jamais! (O que não é de Deus cai, um dia cai...)
Jesus de Nazaré e seu projeto são sementes de mostarda, pequenas, mas fecundas. Ele é o novo ramo de cedros; é a árvore frondosa, nascida de pequena semente verde, e onde todos podem se abrigar, principalmente os pobres e marginalizados.
Nossa esperança não é risco, mas uma certeza. Jesus é o Senhor da história e de sua meta final, mesmo que os projetos dos grandes e opressores da terra teimem em desmentir essa verdade esperançosa. A luta da comunidade cristã para a transformação do mundo não é medida pelos êxitos e fracassos, mas pela confiança com que adere ao Senhor e caminha aos seus passos.
A Palavra de Deus nos desliga da ideologia de um reino ostensivo, de uma religião triunfalista, que se anuncia com ufanismo, grandeza visível e numérica. Mas nos convida a nos dedicar à missão e ao serviço na comunidade que cresce organicamente, a partir do que é pequeno e, às vezes, até invisível ao mundo” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22).
Costumamos fazer comparações. Comparamos quem é melhor, mais eficiente e medimos a eficiência pelo tamanho e suntuosidade de nossos Templos (Espaços Celebrativos), Obras faraônicas; Resultados de Promoções como Quermesses; Quantidades de Diplomas de nossos Ministros Ordenados e até a quantidade de espectadores, que chamamos de fiéis assistindo a espetáculos que dizemos ser evangelizadores. Barulho espetaculoso e multidão não medem a configuração de um Pastor verdadeiramente eficiente, porque configurado com Cristo, que preferiu a discrição, “pois a semente germina no silêncio da terra e faz crescer o Reino na vida e na história das pessoas”.
Gosto muito do discurso de Jesus, quando dá graças a Deus: “Eu te dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois escondeste estas coisas aos sábios e as revelaste aos humildes” (Mt 11,25). Não poucas vezes tentamos garantir a posse do prestígio, fazendo mais barulho do que plantando no coração das pessoas a semente da Palavra de Deus! Tornamo-nos tão ocupados com grandes eventos, que deixamos de lado os preferidos do Reino de Deus: os humildes, os enfermos, os pobres, os que vivem em situações constrangedoras ou pessoas que chamamos de irregulares, enfim, os que não nos garantem fama!
Geralmente sabemos o quanto arrecadamos em nossas promoções, quantas obras materiais realizamos e quantas placas inaugurais existem (com nossos nomes) em nossos espaços. Saberíamos quantas Missas, quantos batizados, quantas absolvições e unções dos enfermos celebramos bem? Muitos se tornam tão ocupados e até mesmo famosos, logo, tão inacessíveis como políticos e autoridades que ocupam altos postos, cargos e funções. Outros agendam atendimento de pessoas como são agendados exames de nossos Convênios Médicos, hoje tão demorados quanto demorado é o atendimento da Saúde Pública. Sem esquecer, que para alguns poucos falarem com os “configurados com Cristo” que insistiu na humildade e no serviço (quem quiser ser o maior entre vós, seja aquele que serve) distribuem senhas. Para ir à Casa do Pai, o Templo; ser acolhido pela Mãe, a Igreja, precisamos de senhas? Entregamos a chave do Sacrário a muita gente, enquanto que a do cofre só fica em nosso bolso. Quem nos elogia, torna-se Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, enquanto quem nos questiona é convidado a deixar o Conselho Administrativo, pois torna-se uma ameaça aos nossos gastos nem sempre tão sóbrios e justos.
Ética, Conversão, Coerência e Bom Senso são apelos fundamentais para nós Ministros Ordenados e nossas Comunidades, neste domingo! Do contrário fica até difícil cumprir nossa missão profética. Como denunciar o mau uso do bem comum, se em nossas Comunidades não é diferente? Não deixemos as sementes da bondade, humildade, verdade e justiça mofarem no silêncio de nosso subsolo: a consciência de simples e pequenos servos! Sejam nossos bustos e placas de honra, enfermos ungidos, penitentes absolvidos, enlutados consolados, povo acolhido e alimentado espiritual e materialmente! Não nos escondamos dos que buscam a sombra da árvore frondosa, pois a semente de nossa vocação ao serviço gratuito, sem esperar recompensa e nem reconhecimento de quem quer que seja já deve ter virado broto, crescido e ser bálsamo para quem busca em nosso Ministério e Comunidades, nova esperança e sentido de vida Cristã!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Ez 17,22-24; Sl 91(92); 2 Cor 5,6-10 e Mc 4,26-34)
sábado, 16 de junho de 2012
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

quinta-feira, 14 de junho de 2012
O CORAÇÃO DE JESUS, TEMPO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

terça-feira, 12 de junho de 2012
SANTO ANTONINHO, PÃO DOS POBRES!

Como você tem feito suas escolhas?

sábado, 9 de junho de 2012
HOMILIA PARA O DÉCIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos de Fé!
“A comunidade, a casa de Jesus, comprometida com o bem e a fraternidade, vive em tempos de ganância, violência, corrupção, impunidade, enfim, um rosário de coisas que fazem o povo sofrer. E, ainda, tantas vezes, é vítima de calúnias e suas lideranças são ameaçadas, perseguidas e até mortas violentamente.
A Palavra de Deus do Décimo Domingo do Tempo Comum vem ao encontro das comunidades e as motiva a continuarem na luta e a melhorarem as condições de moradia, de emprego, de salários e de pão para todos. A Palavra ajuda a identificar os responsáveis por essa triste situação de fome, de injustiças, de violência e de agressão à vida. Deus mesmo não quer o mal e muito menos compactua com ele. Jesus veio para amarrar satanás e tirar do seu poder o povo explorado, injustiçado e sem dignidade e liberdade.
Jesus constitui uma nova família com os que fazem a vontade de Deus e entram no seu projeto de vida, aceita viver a fraternidade, romper os padrões envelhecidos e carcomidos pelo tempo que não mais se colocam a serviço do bem comum da população: a nossa comunidade.
Quem pratica o mal não se encontra mais no lugar que lhe foi designado e confiado na criação. Deus o procura e chama... e não o encontra. ‘Onde estás?’ Está, portanto, fora do lugar, longe do projeto original e distante da bênção de Deus, que é vida e paz para todos. O local previsto e preparado por Deus não é o pecado, o orgulho e a dominação, que distanciam os homens uns dos outros. Os que pecam se sentem nus, como os escravos, despojados da liberdade e da dignidade humana.
Ao se deixar conduzir pelo egoísmo, o homem destrói a si mesmo e abala a ordem da natureza, que se revolta, perde a fertilidade, chama catástrofes, produz cardos e espinhos...
A verdade continua a mesma: quem julga poder proclamar sua independência diante de Deus, quem pretende construir seu próprio mundo, quem se isola em seu egoísmo não considera Deus como seu amigo, mas como um adversário a ser temido, evitado, mantido à distância. ‘Ouvi o barulho dos teus passos no jardim e tive medo’: ou seja, a presença de Deus incomoda, coloca ruídos na consciência e atrapalha o sossego do paraíso. Deus criou os homens para se ajudarem. O pecado, ao contrário, os desune, os afasta uns dos outros e os torna inimigos.
Colocados, neste domingo, frente a frente ao Evangelho, concluímos como é importante cada um descobrir e assumir a sua missão, contribuindo com a sua parte na construção de uma nova sociedade, que é a família de Jesus, cujo espelho é a comunidade litúrgica, a verdadeira mãe e irmã do Senhor, onde se cultiva o bem, se vive a fraternidade, se partilha os bens e se luta para melhorar a qualidade de vida de todos e para todos. Essa convicção da missão ajudará a sair do comodismo, a vencer críticas e superar todo tipo de dificuldades” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 31-37).
O grande convite da Palavra de Deus proclamada neste Décimo Domingo do Tempo Comum é a retomada de nossa identidade, como criaturas prediletas e amados de um Criador louco de amor por nós. Afogados no consumismo, no egoísmo, no individualismo e no hedonismo de nosso tempo, somos desafiados a testemunhar uma comunidade humana mais configurada com nosso Criador. Jesus é nossa referência: ele nos deixa a receita aparentemente simples, mas que no hodierno de nossas relações nos desafia: o amor gratuito! Com quanta facilidade dividimos, mentimos, enganamos a nós mesmos e aos outros. Gosto de dizer que não existem pessoas feias, mas têm as se tornam feias pelas atitudes de egoísmo e de indiferença para com os que mais precisam de nosso testemunho, de nossa solicitude, nem sempre à disposição de quem está próximo e muito menos de quem não conhecemos, mas sofrem.
Celebramos no mês de Junho, inúmeras festas: as Festas Juninas, que ressaltam os três Santos mais comemorados: Santo Antônio, São João e São Pedro; o Aniversário de Criação de nossa Diocese e sua Elevação à Arquidiocese; o Aniversário de nossa Cidade, as Celebrações Litúrgicas da Santíssima Trindade, Corpus Christi, o Congresso Eucarístico Internacional em Dublin, na Irlanda, Sagrado Coração de Jesus e Coração Imaculado de Maria. Incontáveis são as Quermesses e Comemorações com fins lucrativos. São, também, incontáveis as Celebrações que se utilizam da Liturgia, para explorar a dimensão psico-emocional das pessoas. Muito barulho, muito “desopilar de fígado” e pouco compromisso com a promoção da dignidade de nossos irmãos em dificuldade. A missionariedade e o discipulado de nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor esperam de cada um, compromisso concreto de conversão, coerência entre o que rezamos, cantamos, celebramos e vivemos! Enquanto não assumirmos uma Teologia da Ternura, pouco faremos para que nossa cultura de morte se transforme em verdadeira Cultura de Vida!
Iniciamos, neste domingo, a preparação da Celebração do Padroeiro de nosso Espaço Cultural de Espiritualidade, Santo Antoninho. Nossa festa será a liturgia bem celebrada, a bênção e distribuição de pães aos nossos irmãos menos favorecidos e a visita sacerdotal às pérolas de nossa Reitoria: os enfermos e os idosos, que já não conseguem celebrar conosco em nossa Igrejinha, neste dia 13 de Junho. Assim seremos para eles A Igreja do Ir, levando-lhes o alimento sacramental: o Viático – Jesus em Viagem, o pão bento, nossa ternura, carinho e gratidão pela vida que dedicaram, enquanto puderam, à nossa amada Santo Antoninho!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Gn 3,9-15; Sl 129 (130); 2 Cor 4,13-5,1 e Mc 3,20-35)
terça-feira, 5 de junho de 2012
HOMILIA PARA A SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI 2012

sábado, 2 de junho de 2012
HOMILIA PARA A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Com a solenidade de Pentecostes, encerrou-se o tempo pascal. Celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, muito recente no calendário da liturgia romana, datada do ano de 1334. Com o Concílio Vaticano II, deixou-se de ser uma celebração temática e recebeu um sentido mais bíblico-celebrativo.
A sua celebração é contemplação: junta o sentido da Encarnação e da Redenção realizados na história, onde o Deus Vivo é protagonista. Não desenvolve uma teologia sobre a Santíssima Trindade, mas celebra a renovação da aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou, com sua morte e ressurreição, o dom de seu Espírito” [...]
Gosto de mergulhar no mistério da Santíssima Trindade, pensando num Amante – o Pai, num Amado – o Filho e no Amor com o qual o Filho é amado – o Espírito Santo! [...]
Somos chamados, na ação litúrgica, a renovar o compromisso batismal. Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mergulhamos na dinâmica do amor trinitário. A nossa vocação é sermos comunidade, ícone da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de ajuda mútua, de partilha, de solidariedade, num mundo divido, individualista, ganancioso, desesperançado e violento.
E, tantas vezes, tentados a fabricar deuses, facilmente nos submetemos a seus caprichos e seduções. Aceitamos ídolos que nos são impostos e que favorecem a uns poucos e geram a morte de muitos. Em consequência, amargamos a exploração, a opressão e a violência.
O Deus verdadeiro é Javé. O Deus que liberta para que todos tenham vida. Ele é nosso parceiro e libertador. Um Deus que é comunidade. Que mora na comunidade. Que ensina a viver em comunidade e que nos salva em e com a comunidade.
A Igreja sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao Pai, o Criador, no Espírito de amor, o Santificador. Toda celebração é trinitária. A liturgia é a celebração da Páscoa e, pela nossa participação, mergulhamos no mistério inefável da Trindade, fonte e meta do peregrinar da humanidade.
Acreditamos que a Santíssima Trindade é a melhor comunidade. Pelo Batismo, somos mergulhados no mistério do seu amor (o útero da Igreja), e nos tornamos participantes da vida trinitária. E Deus, nosso Pai, nos dá o Reino de herança, adotando-nos como filhos e filhas. Ele elimina, pelo Espírito de Jesus, o medo que nos escraviza e aprisiona. Esse Deus se revela na prática das comunidades, que vão refazendo os gestos de Jesus até que o mundo seja transformado e tudo se torne posse da Trindade.
O Batismo, feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa: consagração, ser marcado pela Trindade a serviço da justiça, dedicação total e entrega a tudo o que Jesus ensinou.
Deus é nosso Pai. Nossa relação com Ele exprime o que há de mais íntimo e carinhoso. Podemos, pelo Espírito, chamá-lo ‘Abbá, meu Pai’, exatamente como Jesus o fez (cf. Mc 14,36). Na condição de filhos e filhas, recebemos a herança do Pai, que nada reserva para si. Senhor e dono absoluto de todas as coisas, tudo nos dá. A síntese da herança é o Reino de Deus.
Somos convocados a ser sinal do carinho do Pai, a cuidar da obra que Ele criou, a defender as pessoas, filhos e filhas de Deus, trabalhar para a vida ficar do jeito que Deus Pai sempre quis” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 15-23).
O grande convite da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no Nono Domingo Litúrgico do Tempo Comum, é adotarmos uma verdadeira Teologia da Ternura. Saibamos herdar da Comunidade Perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a sermos protagonistas do amor gratuito, da verdade, da justiça, da liberdade e da paz, sendo uns para com os outros, Anjos revestidos de pura ternura!
Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt 4,32-34.39-40; Sl 32(33); Rm 8,14-17 e Mt 28,16-20)
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