COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Neste
Primeiro Domingo da Quaresma, em comunhão com a Igreja, iniciamos
um caminho batismal. A Quaresma tem caráter essencialmente batismal,
sobre o qual se fundamenta o caráter penitencial. A Quaresma é tempo de
vivência profunda do mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Uma
experiência que acontece na comunidade de fé.
Neste
domingo, com Jesus, somos conduzidos pelo Espírito ao deserto. A Quaresma,
tempo especial de reflexão e conversão, é uma ocasião privilegiada para rever
nosso modo de agir, tomar novas decisões, promover mudanças significativas.
Nesta Campanha da Fraternidade a Igreja nos convida a dirigir esse
processo de conversão para a defesa da vida comum de todos nós, a pessoa que
Deus criou com sabedoria. Somos chamados a contemplar e proteger a vida humana,
também como forma concreta de louvar e servir a Deus, a partir da Fraternidade
e Tráfico Humano! “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Conduzidos pelo Espírito de Deus, celebramos em
louvor daquele que venceu as tentações. Em comunhão com Jesus, vamos nos
alimentar com o pão da Palavra e da Eucaristia, para também nós podermos
superar toda tentação e obstáculos em nossa caminhada.
A história humana se move entre o projeto de Deus e
o poder do mal. Fortalecidos pela palavra de Deus, podemos vencer, a
exemplo de Jesus, as forças que geram opressão e morte no mundo.
A humanidade continua a pecar contra a vida humana,
obra de Deus, negociando-a. As tentações de cada dia nos afastam do projeto de
Jesus. Há o contraste entre Adão, desobediente a Deus e responsável pelo
pecado, e Cristo, obediente a Deus e responsável pela graça
.
"O homem não
vive somente de pão,
mas de toda
palavra da boca de Deus" (Mt 4,4).
Como
o Filho de Deus, somos tentados, a todo instante, a nos desviarmos do projeto
de Deus e a trilharmos nosso projeto pessoal, segundo nossos interesses, e a
fazermos uso ou nos servirmos da vida humana em vista do lucro (de nosso
bem-estar descabível). Basta lembrarmos as inúmeras denúncias da imprensa sobre
alguns dos pecados que se tornaram públicos: escândalos com desvio de verbas,
mensalões, homicídios, desaparecimento e tráfico de pessoas, de crianças, jovens,
mulheres e até órgãos humanos... devastações da obra maravilhosa do Criador!
Eles manifestam a ganância do ser humano e sua pouca preocupação com o destino
de seu próximo e com o cuidado da vida.
A
Palavra de Deus (deste domingo), não nos condena por nossos pecados, mas nos
alerta para o triste fim a que eles nos levam: desarmonia consigo mesmo, com a
natureza, com os outros e com Deus, ou seja, a morte. .
Gosto
de pensar que o problema não é o pecado, pois ele existe;
o problema também
não é a tentação, pois ela existe;
e nem mesmo o mal
parece ser o problema. O problema consiste em ceder ao pecado, à
tentação e ao mal.
Quanto
mais públicos, mais vulneráveis nos tornaram ao pecado, à tentação e ao mal.
Somos tentados a ceder ao poder sobre os outros; à inveja dos outros (por
conta disso machucamos, maltratamos e surramos os outros com nossa língua
felina e nossa incapacidade de perdoar - um padre que não consegue perdoar,
estaria habilitado a dispensar a absolvição?) e à desenfreada busca de
prestígio (necessitamos de elogios e precisamos aparecer sempre mais do que
os outros), escondendo nossos limites atrás dos limites dos outros. Isso me
parece abominável e profundamente contraditório à proposta do Primeiro
Domingo da Quaresma, que nos conclama a uma profunda e verdadeira conversão
ao BEM! Só quem é bom sabe o quanto é maravilhoso ser BOM!
Desejando
a todos uma Quaresma muito abençoada, com ternura e gratidão, nosso abraço
amigo,
Pe. Gilberto
Kasper
(Ler Gn 2,7-9;
3,1-7; Sl 50(51); Rm 5,12-19 e Mt 4,1-11).
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