COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
LAETARE – DOMINGO
DA ALEGRIA
Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
"Pois eu sou a luz do mundo, quem nos diz é o
Senhor;
e vai ter a luz da vida quem se faz meu
seguidor!" (Jo 8,12).
Na
caminhada para a Páscoa já próxima, somos convidados a deixar atitudes de
tristeza e desânimo e assumir a alegria e o otimismo, porque o Quarto
Domingo da Quaresma - LAETARE é o domingo que antecipa as alegrias
da festa da Páscoa que a Quaresma prepara nas entranhas de nossas
Comunidades de Fé, Esperança e Amor, no íntimo de cada cristão. Jesus cura
nossa cegueira e ilumina as trevas que alienam a vida das pessoas,
principalmente as vítimas do Tráfico
Humano! Deus vê fundo, não se deixa enganar pelas aparências. Nossa fé em
Jesus leva-nos a superar os valores do mundo e os seus preconceitos e assumir
os riscos que ela comporta, denunciando toda maldade fruto das trevas. Deus não
age segundo critérios humanos: ele vê o coração dos homens, não as aparências.
O encontro com Jesus, luz da humanidade, transforma nossa vida de trevas em
vida iluminada. A partir do batismo, somos novas criaturas; por isso, devemos
agir com bondade, justiça e verdade. Agradeçamos a Deus pelo novo olhar a nós
concedido, capaz de reconhecer na assembleia, na palavra e no pão partilhado os
sinais da presença de Cristo que salva.
O
Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o Domingo
Rosa, o Domingo da Alegria. A comunidade cristã celebra a
proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos
alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta
celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegramos, porque
Cristo nos salvou.
Saul,
como rei de Israel, não conseguia mais governar o povo com justiça e por isso
devia ser substituído. O profeta Samuel unge Davi, o último entre os oito
irmãos, como rei de Israel. A escolha e a unção do rei Davi nos ajudam a
entender o sentido do Batismo, especialmente o simbolismo da unção.
Pelo
salmo responsorial (Sl 23/22), a comunidade suplica ao Senhor que restaure suas
forças, derramando sobre ela o óleo do seu amor e a transforme em instrumento
de salvação na sociedade.
O
Apóstolo Paulo, fazendo referência ao contraste “trevas e luz”, ressalta a conduta
dos cristãos - vivam como “filhos da luz”. Nisto há uma relação
direta com o Evangelho. A luz que os outros contemplarão nos cristãos brotará
do testemunho, da prática das boas obras de bondade, justiça e verdade. “Pelos
frutos os conhecereis”. O batizado é iluminado pela luz de Cristo, para se
tornar luz do mundo.
A
cura do cego de nascença nos toca de perto, porque em certo sentido todos
somos... “cegos de nascença”. O próprio mundo nasceu cego. Segundo o que
nos diz hoje a ciência, durante milhões de anos houve vida sobre a terra, mas
era uma vida em estado cego, não existia ainda o olho para ver, não existia a
própria vista. O olho, em sua complexidade e perfeição, é uma das funções que
se formam mais lentamente. Esta situação se reproduz, em parte, na vida de cada
ser humano.
A
narrativa do cego de nascença serve para demonstrar como se chega à fé plena e
madura no Filho de Deus. Jesus nos recorda, com o sinal da cura do cego de
nascença que, além dos olhos físicos, há outros olhos que devem abrir-se ao
mundo. São os olhos da fé.
A
fé é a luz que ilumina a nossa vida e dá alento ao nosso peregrinar terreno. O
próprio Cristo apresenta-se como luz que nos ajuda a descobrir os verdadeiros
valores e nos capacita a viver fraternalmente. Assim, iluminados por Cristo,
seremos reflexo de sua luz. Vivamos na alegria da fé que se manifesta na
confiança em Deus!
Conhecemos
bem o ditado popular: "O pior cego é aquele que não quer
enxergar..." Este Domingo Laetare, da Alegria, o Quarto
Domingo do Tempo Quaresmal é um forte apelo a todos nós: que
enxerguemos bem a realidade em que vivemos como Filhos da Luz, assumindo
com coragem e ousadia nossos compromissos batismais. Muitas vezes é mais cômodo
não querer enxergar, pois isso exige comprometimento, perdas,
desinstalação do comodismo que nos impermeabiliza a críticas e cobranças. O
cristão que não se esforça por prevalecer a verdade, a justiça, a
liberdade e o amor gratuito e, a partir desses valores essenciais
promove a dignidade humana entre as pessoas, principalmente
as que se encontram em situações de risco do Tráfico Humano, não
assume seu batismo. Acovardar-se diante do pecado é tão grave como ceder a ele.
E quem cede ao pecado, sem lutar por superá-lo caridosa e fraternalmente, vira
as costas para Deus: deixa-o falando sozinho. Quanto maior a responsabilidade
do serviço de qualquer autoridade e pessoa pública, mais vulnerável a mesma
fica. Haja oração pela santificação daqueles que são, de alguma forma, autoridade
aqui ou acolá... Tal pessoa se torna vazia, seca, oca do amor que
lhe foi conferido no dia de seu batismo, bem como do chamado a viver sua
vocação específica. Talvez nossa falta de compromisso com a luz
enderece tantos irmãos nossos às seitas mercantilistas, cada vez mais
crescentes em torno de nossas comunidades, que ainda estão demasiadamente
acomodas em sua missionariedade! E isso também não deixa de ser uma espécie de Tráfico
Humano velado!
Desejando
a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Sm 16,1.6-7.10-13;
Sl 22(23); Ef 5,8-14 e Jo 9,1-41).
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