COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
“Felizes aqueles que ouvem a
Palavra de Deus e a guardam!” (Lc
11,28).
Celebramos no Vigésimo
Domingo do Tempo Comum uma das festas mais populares e consoladoras
dedicadas à Virgem Maria: Assunção de Nossa Senhora!
Cantamos
as maravilhas que Deus realizou em Maria, exaltada acima dos anjos na glória
junto a seu Filho Jesus. A páscoa de Cristo se realiza nos corações e
comunidades que, a exemplo de Maria, se abrem à palavra de Deus e formam
família com o Ressuscitado.
Elevada
ao céu, Maria intercede por nós e nos espera para que desfrutemos de sua
companhia. Celebramos em comunhão com os vocacionados à vida consagrada:
religiosos e consagrados seculares, que a exemplo de Maria, dão seu sim
generoso ao projeto de Jesus.
Mulher
revestida de honras e glórias, Maria reconhece, agradecida, as maravilhas que
Deus nela realizou em favor do povo. Ela é o grande sinal da nova humanidade
redimida pelo seu Filho.
Maria
assunta ao céu é sinal da vida do povo grávido de Deus que aguarda a revelação
da glória. Em Maria, humilde serva do Senhor, Deus tem espaço para operar
maravilhas. A vitória de Cristo sobre a morte é símbolo também de nossa
vitória.
Maria
já participa do banquete do reino com seu Filho. Quanto a nós, na eucaristia
nos é concedido antecipar a alegria que o Pai reserva a todos os que são fiéis
a Jesus (cf. Liturgia Diária de Agosto de 2014 da Paulus, pp. 61-66).
É a partir da gloriosa
vitória da Páscoa sobre o pecado e a morte que nós contemplamos Maria
toda gloriosa no céu. Vemos como o próprio Evangelho
coloca na sua boca palavras que proclamam a beleza de Deus que, na vitória de Jesus,
‘realizou uma tríplice inversão das falsas situações humanas, para restaurar a
humanidade na salvação, obra de Cristo:
No campo religioso, Deus derruba as autossuficiências humanas,
confunde os planos dos que nutrem pensamentos de soberba, erguem-se contra Deus
e oprimem os seres humanos.
No campo político, Deus destrói os injustificáveis desníveis humanos,
abate os poderosos dos tronos e exalta os humildes; repele aqueles que se
apoderam indevidamente dos povos, e aprova os que os servem para promover o bem
das pessoas e da sociedade, sem discriminações...
No campo social, Deus transforma a aristocracia estabelecida sobre
ouro e meios de poder, e cumula de bens os necessitados e despede de mãos
vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade e
entre os povos.
A festa de Nossa
Senhora da Assunção representa uma injeção de ânimo para todos que, em
meio a tantas dificuldades, peregrinamos na fé e na caridade rumo à pátria
definitiva. Nela celebramos a esperança de estarmos todos juntos, um dia, com Maria,
participando da festa que no céu nunca se acaba, a festa da total e definitiva
libertação.
Congratulando Maria,
congratulamo-nos a nós mesmos, a Igreja. Pois, mãe de Cristo
e mãe da fé, Maria também é Mãe da
Igreja.
Sua glorificação são as primícias da glória de seus filhos na fé.
Para os tempos de hoje,
no momento histórico em que vivemos, a contemplação da serva gloriosa pode nos trazer uma luz preciosa. Que seria a humilde serva no século 21, século da publicidade e do
sensacionalismo? Não se assemelha a isso a Igreja dos pobres? A exaltação de Maria
é um sinal de esperança para os pobres. Sua história joga também uma luz sobre
o papel da mulher, especialmente da mulher pobre, duplamente oprimida, Maria é a mãe libertadora.
Assumindo
responsavelmente o projeto de Deus, Maria é figura e esperança de
quantos aspiram por liberdade e vida. Ela vem reforçar a confiança dos pobres,
ao mostrar que neles o Poderoso opera maravilhas de libertação. Serva fiel, bem-aventurada porque acreditou nas promessas, solidária com
os necessitados, é mãe das comunidades que lutam contra os dragões que procuram
roubar-lhe as esperanças. Associada intimamente a Jesus por sua maternidade
e mais ainda pela prática da Palavra participa da vitória de Cristo,
primícia da vida em plenitude. O canto de Maria nos estimula a lutar pelo
mundo novo já iniciado com a ressurreição de Jesus. Esse mundo novo
irá se tornando realidade concreta se formos cidadãos conscientes e
responsáveis.
Reunimo-nos, neste
domingo, com Maria para proclamar as maravilhas operadas em nós pela morte e
ressurreição de Jesus. Desta forma, iniciamos mais uma semana que, com a graça
de Deus e proteção de Maria, será uma
semana de paz, abençoada.
Nada mais justo que Jesus
acolhesse de corpo e alma Sua Mãe, a Virgem Maria, na feliz
eternidade, uma vez que, totalmente Imaculada
emprestou seu útero, a fim de que se tornasse o porta-jóias do próprio
Deus, feito pessoa. Penso que o grande convite desta festa, é que cada um de
nós se sinta, igualmente, o porta-jóias,
o sacrário, o tabernáculo de Jesus
Sacramentado, bem como no semblante do irmão, preferencialmente no
rosto triste, enrugado, sofrido, desolado e desesperançado. Enfim, celebrar, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, para nós é celebrar novo ânimo, nova
esperança e novas perspectivas de um mundo mais humano e fraterno.
Que todos sintam as
carícias da bênção materna de Nossa
Senhora Assunta ao Céu! Com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ap
11,19; 12,1.3-6.10; Sl 44(45); 1Cor 15,20-27 e Lc 1,39-56).
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