COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
DIA DA BÍBLIA
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Recordai, Senhor meu Deus, vossa
ternura
e a vossa compaixão, que são eternas!
Não recordeis os meus pecados quando
jovem
nem vos lembreis de minhas faltas e
delitos!
De mim lembrai-vos, porque sois
misericórdia
e sois sem limites, Senhor!” (Cf. Sl
24).
A Palavra de Deus, proclamada, acolhida e
celebrada no Dia da Bíblia, no Vigésimo-Sexto Domingo do Tempo Comum “nos convida a reconhecer que não basta só
falar, o nosso agir é que demonstra se cumprimos ou não a vontade do Pai. Neste
Dia da Bíblia, lembramos que ela
ilumina nossa vida e aponta o caminho do Reino de Deus.
A
Palavra de Deus nos fala da responsabilidade que temos sobre nossos atos e suas
consequências e salienta a importância da coerência entre o falar e o agir.
Não
podemos culpar Deus pelos nossos erros. Não basta apenas dizer sim (formalismo); é preciso trilhar o caminho da justiça.
Imitar a Cristo na humildade e no desprendimento.
A
Eucaristia é a ação pela qual nos identificamos com a morte e ressurreição de
Cristo, dispondo-nos a ir com ele até a cruz para que os outros vivam” (cf.
Liturgia Diária de Setembro de 2014 da Paulus, pp. 80-82).
Somos daqueles que pensam
que basta dizer: “Senhor, Senhor” para
entrar no reino de Deus? Daqueles que se acomodam com formalidades e com
títulos religiosos e não se esforçam na prática da justiça? Seguir Jesus
repercute em nossa prática. É ela que decide o destino diante de Deus. O fazer
comprova ou desmente o dizer. A pergunta de Jesus exige discernimento: qual fez
a vontade de Deus?
A intenção de Jesus não é
convencer seus adversários, mas dizer-se porque são rejeitados. Ouvimos, neste
contexto, uma das frases mais duras de Jesus: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de
Deus”. Aqueles que pretendem ser perfeitos, bons observadores da lei serão
antecipados no Reino por aqueles que eles julgam e condenam como os maiores
violadores da lei, os pecadores públicos. Pecadores
públicos de nossos dias, são aqueles homens e mulheres públicos que
escandalizam a Nação que representam, traindo a confiança de seus eleitores,
legislando leis em benefício próprio, desviando verbas públicas destinadas à
Saúde, Educação, Moradia, etc aos próprios bolsos. Somos também, nós, quando
não somos honestos em relação às coletas, dízimo e demais contribuições
destinadas aos mais pobres ou outras finalidades maiores, utilizando-nos dos bens da Comunidade em
benefício de determinadas mordomias pessoais. A lei que Jesus exige é
colocar em prática a vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial, os mais
necessitados e desprezados.
Jesus nos ensina a
reconhecer a justiça das pessoas que não têm boa fama, mas praticam a justiça.
Ensina-nos a denunciar, para o bem delas e de todos que sofrem sua influência,
as que têm boa fama, os considerados santos, mas que não praticam a justiça,
conforme o projeto do Pai. Jesus é o Filho que diz “sim” e faz o que o Pai decidiu. Todas as pessoas que acolhem e
seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai.
Ezequiel nos fala em
praticar o direito e a justiça e a nos convertermos constantemente. Essa
atitude julga a nossa vida. Julgar que somos “justos” é uma cegueira pessoal que faz semear dúvidas sobre a
conduta e as crenças de quem é diferente de nós. Para fazermos a vontade do
Pai, a Carta aos Filipenses nos mostra o caminho assumido por Jesus: “Esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição
de servo”. Jesus deixou de lado todo privilégio. O fato de sermos cristãos,
de exercermos um ministério na Igreja, não deve ser motivo de elogios, de
prepotência, de nos sentirmos mais e melhores que outras pessoas. É motivo sim
de solidariedade, de espírito de comunhão e serviço; de um permanente processo de
encarnação no mundo dos excluídos.
Neste Dia
da Bíblia, celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se revela nas
pessoas que procuram viver o discipulado, obedientes à Palavra de Deus. Além da
Liturgia da Palavra, parte integrante da liturgia cristã e constituindo com o
rito eucarístico um só ato de culto (cf.
Sacrosanctum Concilium, n.56), toda a celebração como memorial do mistério
pascal de Jesus, no hoje de nossa vida, está inserida no conjunto da História
da Salvação, da qual a Bíblia dá incomparável testemunho.
No próximo dia 30, festa
de São Jerônimo, estudioso da Bíblia, entramos em comunhão com as comunidades
judaicas que celebram o Rosh há shaná,
primeiro dia da festa de ano-novo judaico.
Em cada celebração,
colocamos em nossos lábios muitos cantos e palavras, repetimos orações e
fazemos tantos gestos. Tudo isso terá sentido e agradará a Deus como oferta
bendita se for expressão de um coração orante e comprometido com a vontade de
Deus.
A Palavra de Deus nos faz
mergulhar em nossa fragilidade humana e nos leva a experimentar a bondade
sempre fiel do Senhor que nos propõe mudança de vida e acredita em nossa
conversão. Ele, porém, não se contenta que apenas o invoquemos, repetidamente: “Senhor, Senhor!”.
Penso que devemos “Fazer amor com Deus”. Amá-lo
e deixar-nos amar profundamente por Ele. Quando amamos, fazemos de tudo para agradar
o amado. Mudamos até nossos hábitos e gostos. Porém, para “fazer amor”, é
preciso sentir-se atraído pela outra pessoa e a ela entregar-se totalmente,
sendo-lhe infinitamente fiel! Portanto, quem diz amar a
Deus, mas não conhece Sua Palavra, Sua Vontade e não sente Seu amor, ao invés
de “fazer amor com Deus”, prostitui-se. Porque fazer amor com quem não se conhece, é prostituição,
ou não?
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura
e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 18,25-28; Sl 24(25); Fl 2,1-11 e Mt
21,28-32).