COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Eu sou a salvação do povo, diz o
Senhor.
se clamar por mim em qualquer
provação,
eu o ouvirei e serei seu Deus para
sempre”.
“O
Senhor é nossa salvação e está sempre pronto a ouvir e atender nossos clamores.
Ele nos convida a participar da construção do reino de Deus e nos oferece a
possibilidade de receber seus dons, ouvir sua palavra e experimentar seu amor
para com toda a humanidade.
Nossos
pensamentos estão, às vezes, muito longe dos pensamentos de Deus. As parábolas
de Jesus nos deixam inquietos precisamente porque mostram que a bondade e a
justiça divinas superam nossos cálculos mesquinhos.
Sempre
é tempo de conversão, de buscar o Senhor. O cristão deve surpreender pela sua
bondade com os mais fracos. A preocupação principal do evangelizador é
dedicar-se à comunidade para que ela viva conforme o evangelho.
A
eucaristia nos dá ocasião de agradecer a Deus pelos dons recebidos e apresentar
os frutos que a semente da palavra produziu em nós” (cf. Liturgia Diária de Setembro de 2014 da
Paulus, pp. 65-68).
A Palavra de Deus do Vigésimo
Quinto Domingo do Tempo Comum nos faz uma pergunta muito pertinente: “Você
está com ciúme porque estou sendo generoso?” As situações de ciúme
e de inveja são muito percebidas e sentidas em nossas relações, as mais
diversas: pessoais, familiares, eclesiais, sociais, políticas e de mercado de
consumo...
O Evangelho deste domingo
nos leva a pensar no trabalho, na oportunidade de emprego, no sustento da
família e na vida digna para todos. Angustia ao coração humano e sensível,
muito mais à consciência dos cristãos, a multidão de desempregados, as pessoas
que passam fome, a falta de moradias dignas, as injustiças sociais e do outro
lado, o número privilegiado de pessoas ricas e poderosas que pouco se importam
com os que não têm pão, casa e emprego. É uma divisão complicada e fere
profundamente o coração humano.
A liturgia deste Vigésimo
Quinto Domingo do Tempo Comum – No Mês da Bíblia - nos ajuda a fazer
uma reflexão sobre essa situação e nos aponta caminhos na perspectiva do patrão
que saiu a contratar operários, desde a primeira hora, para trabalhar na sua
vinha. Porém a liturgia corre o risco de ser lida e entendida de uma maneira
espiritualista. Mas ela tem sérias implicações econômicas, políticas e sociais.
A vinha, símbolo do povo de Israel, tem a missão de garantir vida e segurança
para todos. O Senhor cerca e cuida dela para que produza frutos.
Mas que frutos e para
quem? A história da Igreja e dos cristãos é como a história do patrão que saiu
de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Vinha são os
espaços dignos e alimentos necessários para os filhos e filhas de Deus. A
Igreja e a comunidade têm a missão de cuidar dessa vinha para que produza
justiça, liberdade e pão para todos.
Recordamos hoje o
apóstolo e evangelista São Mateus que apresenta Jesus como
o Mestre da Justiça. Lemos seu Evangelho neste ano do calendário litúrgico.
Para uma melhor compreensão
da parábola do patrão justo, é bom ler Mateus
de 19,30 até 20,16. Existe uma moldura para essa parábola: “Muitos primeiros serão últimos e últimos
serão primeiros”.O versículo inicial anuncia a inversão de valores, e o
final explica a relação correta entre Deus e a humanidade. É no trabalho
cotidiano que Deus se revela e nós demonstramos nosso empenho pela justiça.
Deus não é injusto ao ser
generoso. A bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos [...] Lembro-me ao
meditar a Palavra deste domingo, de uma frase que marcou muito minha vida,
proferida sempre por minha saudosa mãe: “Meu
Filho, o combinado não sai caro!...”, querendo ensinar-me que devo sempre cumprir com o prometido, e fazer até mesmo mais do que prometi, quando
estiver ao meu alcance. Isso não nos parece claro no Evangelho? [...] O que
importa não é o quanto fazemos, mas o como fazemos.
Deus ultrapassa todas as
nossas limitações e o nosso jeito de entender a vida. Tanto quanto as nuvens estão longe de nosso
chão, assim são nossos planos de Deus com relação à nossa estreiteza de visão e
de projetos. Mas Deus se deixa encontrar, está em nossos caminhos para
transformá-los em caminhos de Deus. Isaías nos revela que Deus nos convida a
abandonar nossas maquinações e assumir a generosidade de Deus. Assumindo o
projeto de Jesus, nossos caminhos se aproximarão do caminho do único “Patrão”
que devemos ter. “Patrão” que é o Pai de Jesus, Pai Nosso!
Ciúme e Inveja atrapalham
relações harmoniosas entre as pessoas. Um bom exercício para nós, nesta Vigésima
Quinta Semana do Tempo Comum, poderia ser uma profunda revisão, desde
as entranhas de nossa intimidade, o quanto temos sido generosos com os outros e
o quanto temos prejudicado os outros em suas atividades pessoais, familiares,
sociais, eclesiais (principalmente em nossas Comunidades e, sobretudo entre nós
clérigos, já que não conheço pior dano do que a Inveja Clerical),
políticas (quantos horrores ouvimos entre nossos políticos!..., dos interesseiros,
que somam lamentavelmente a maioria, já que honestos dificilmente sobrevivem ao
sistema corrupto e diabólico de nossa falsa democracia), profissionais
e tantas outras atividades, até mesmo na esfera do voluntariado?
Concluo minha reflexão
com Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas, lindas, a
raiva e a coragem. Raiva do estado das coisas e coragem para mudá-las!”.
Não nos falte a Esperança de que podemos mudar as coisas, se quisermos e usar
da coragem
que o Senhor nos confere!
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura
e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Is 55,6-9; Sl 144(145); Fl 1,20-24.27 e Mt 20,1-16).
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