COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
Com a
celebração do Batismo do Senhor, encerramos o Ciclo do Tempo do Natal e
iniciamos um breve Ciclo do Tempo Comum que nos remete à Quaresma.
A Palavra de Deus proclamada
neste Segundo Domingo do Tempo Comum tem sabor de Vocação,
de Chamado,
de Seguimento
e de Encontro
com o Senhor!
A página do Primeiro
Livro de Samuel supõe o discernimento vocacional. Nossa primeira vocação deve
ser a Vocação ao Amor. Quem não ama um amor com sabor divino, dificilmente discernirá sua vocação específica no mundo!
A Igreja tem a missão de acolher aqueles que se apresentam a alguma vocação
específica e ajudar no discernimento cuidadoso da mesma, visando antes de tudo
a felicidade plena da pessoa. Uma pessoa só será realizada e feliz, na medida
em que descobrir sua verdadeira vocação, a começar pela Vocação ao Amor!
Nossas Casas de Formação
se empenham com zelo esmerado, para que os candidatos ao Presbiterado, por
exemplo, sejam antes de tudo, pessoas felizes, realizadas, bem resolvidas, a
fim de então dizerem um Sim definitivo, coerente e feliz de verdade!
Nunca, a vocação específica na Igreja deve ser meio de vida, de autopromoção,
busca de prestígio e reconhecimento ou poder. “Já que não sirvo para casar, serei padre!” Geralmente tal pessoa
torna-se amarga, um tipo de “solteirão
intratável” e infeliz, fazendo de sua “suposta” vocação, um trampolim
carreirista ou machucando aqueles que lhe são confiados no ministério pastoral
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No Evangelho
de São João, João Batista, reconhecendo Jesus, como o Messias, apresenta-o aos
seus seguidores, aqueles que sentem desde as entranhas de sua intimidade uma vocação
específica, como o Cordeiro de Deus a ser, doravante
seguido. João Batista se retira e deixa o Messias convidar aos que lhe
perguntam: “Mestre, onde moras?”, “Vinde
ver”.
Uma vez vendo onde Jesus
mora, onde se encontra, encontrando-se sinceramente com Ele, já não há mais
volta. É impossível não ficar com Jesus, que escolhe um a um, olha bem nos
olhos e os cativa, adiantando até mesmo o coordenador entre eles: “Tu
és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer pedra).
Deus escolhe
quem Ele quer, desde o seio materno. A pessoa já nasce escolhida para sua vocação
específica, porém nem sempre corresponde ao chamado. Por isso os Bispos
reunidos em Puebla diziam que “A Vocação
(específica) é a resposta de um Deus providente a uma Comunidade orante”. A
resposta generosa à vocação específica na Igreja, geralmente é fruto saboroso da Oração
pelas Vocações. Muitos rezam pelas vocações, desde que sejam os filhos
dos vizinhos. É necessário que nossas Famílias incentivem os próprios filhos à
vocação, também sacerdotal e religiosa. Mais do que falar mal de nossos
Sacerdotes, somos conclamados a rezar por eles e ajudá-los em seu caminho de
santificação. Como seria bom se cada Comunidade gerasse um Padre! Como seria
ainda melhor se cada Padre formasse outro para sucedê-lo no futuro!...

São Paulo,
na sua Primeira Carta aos Coríntios, lembra-nos de que somos, como membros da
comunidade, templos vivos do Espírito Santo. A responsabilidade das vocações
específicas na comunidade é de TODOS! Ninguém deve sentir-se isento.
Na medida em que faltarmos na Comunidade, mutilamos o Corpo de Cristo que ela
representa. Somos os membros e Cristo é a cabeça. Mesmo sentindo-nos o dedo
menor do pé, e faltarmos, estaremos mutilando este lindo corpo, malhado,
sarado, que é a Igreja de Jesus Cristo!
Meu primeiro incentivador
à vocação sacerdotal foi meu amado pai. Costumávamos acolher as visitas com uma
poesia, um canto ou algum teatrinho exibido pelas crianças. Faz 53 anos que meu
pai faleceu. Eu tinha quatro anos naquele entardecer do dia 15 de Janeiro de
1962, quando o sol se debruçava sobre uma montanha rochosa diante da casa de
meus avós, enquanto meu pai se reclinava eternamente no colo do Criador. O crepúsculo revestia o céu de indescritível
beleza. E era ele que me pedia para “rezar
uma missa sobre a máquina de costura de minha mãe, para as visitas que
chegavam...”. Imitava o Padre da cidade, sem nem mesmo saber exatamente o
latim que balbuciava. Mas todos ficavam admirados com a “Missa do Beto”.
Hoje, por
amor e misericórdia de Deus minha Missa não é mais teatro e tenho o incomparável
privilégio de oferecer a memória de meu amado pai no cálice precioso do Senhor!
Sejamos dóceis ao convite do Senhor: “Vinde Ver” e teremos muitas e
santas vocações para servir a Igreja da qual todos somos membros por conta de
nosso batismo!
Com ternura e gratidão,
bênçãos e abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Sm 3,3-10.19 / Sl 39(40) / 1Cor 6,13-15.17-20 e Jo 1,35-42)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2015,
pp. 57-59 e Roteiros Homiléticos do Tempo Comum de Janeiro de 2015 da CNBB, pp.
72-77.
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