COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
A Palavra do Senhor do Décimo
Primeiro Domingo Comum nos fortalece. Ajuda-nos a descobrir as pequenas
manifestações de sua presença entre nós. O crescimento do Reino ultrapassa
nossas fragilidades e não se baseia na eficiência das organizações e dos
inúmeros programas bem elaborados. Está intimamente ligado à escuta atenta da
Palavra de Deus, à confiança em sua graça e ao confronto frequente com o Evangelho,
na humildade e na oração.
E, qual insignificante
semente lançada pela iniciativa gratuita de Deus, o Reino aguarda nosso empenho
laborioso, movido pela sua graça, para atingir seu crescimento em nós e na
humanidade.
Uma alegria nos acompanha
e nos invade: a semente da Palavra, a força do crescimento do
Reino mora em nós, cresce na comunidade e já produz tantos frutos. Continua o
milagre da multiplicação dos pães e nos leva a bendizer a Deus e a nos
alegrarmos com a realização do seu Reino.
A Palavra nos incentiva à
fé na ação de Deus na história. Ela torna a história prenhe de sentido, grávida
do Reino, aberta a toda a humanidade. Chama-nos à esperança no processo lento
do crescimento da semente e do broto do Reino, frágeis e pequenos, mas resistentes
pela ação constante de Deus.
O Reinado de Deus não
crescerá pelo esforço humano nem se desenvolverá com força e violência; seu
desenvolvimento é misterioso como o crescimento da semente plantada no silêncio
da terra. Exige esperança e paciência, como acontece com quem prepara a terra e
planta, pois a vitalidade, a capacidade de crescer se encerra na semente,
embora cultivemos, plantemos e cuidemos do terreno. O poder escondido e
misterioso da vida acontecerá a seu ritmo. Foi Deus quem inseriu a força vital
e é Ele que continua agindo na semente. É Deus quem faz crescer o Reino (cf.
Tg 5,7; 1 Cor 3,6-7).
Ele foi plantado na terra
pela encarnação, vida e ação de Jesus Cristo. Ele crescerá em direção ao
projeto indestrutível de Deus. O acontecimento “Jesus” jamais será apagado da história. Essas são a fé e a
esperança inquebrantáveis. Muitos homens, mulheres e seus projetos podem
recusar a realidade trazida por Jesus de Nazaré, mas não serão capazes de
destruí-la jamais! (O que não é de Deus cai, um dia cai...)
Jesus de Nazaré e seu
projeto são sementes de mostarda, pequenas, mas fecundas. Ele é o novo ramo de
cedros; é a árvore frondosa, nascida de pequena semente verde, e onde todos
podem se abrigar, principalmente os pobres e marginalizados.
Nossa esperança não é
risco, mas uma certeza. Jesus é o Senhor da história e de sua meta final, mesmo
que os projetos dos grandes e opressores da terra teimem em desmentir essa
verdade esperançosa. A luta da comunidade cristã para a transformação do mundo
não é medida pelos êxitos e fracassos, mas pela confiança com que adere ao
Senhor e caminha aos seus passos.
A Palavra de Deus nos
desliga da ideologia de um reino ostensivo, de uma religião triunfalista, que
se anuncia com ufanismo, grandeza visível e numérica. Mas nos convida a nos
dedicar à missão e ao serviço na comunidade que cresce organicamente, a partir
do que é pequeno e, às vezes, até invisível ao mundo.
Costumamos fazer
comparações. Comparamos quem é melhor, mais eficiente e medimos a eficiência
pelo tamanho e suntuosidade de nossos Templos (Espaços Celebrativos), Obras
faraônicas; Resultados de Promoções como Quermesses; Quantidades de Diplomas de
nossos Ministros Ordenados e até a quantidade de espectadores, que chamamos de
fiéis assistindo a espetáculos que dizemos serem evangelizadores. Barulho
espetaculoso e multidão não medem a configuração de um Pastor verdadeiramente
eficiente, porque configurado com Cristo, que preferiu a discrição, “pois
a semente germina no silêncio da terra e faz crescer o Reino na vida e na
história das pessoas”.
Gosto muito do discurso
de Jesus, quando dá graças a Deus: “Eu te
dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois escondeste estas coisas aos
sábios e as revelaste aos humildes” (Mt 11,25). Não poucas vezes tentamos
garantir a posse do prestígio, fazendo mais barulho do que plantando no coração
das pessoas a semente da Palavra de Deus! Tornamo-nos tão ocupados com grandes eventos,
que deixamos de lado os preferidos do Reino de Deus: os humildes, os enfermos, os pobres,
os que vivem em situações constrangedoras ou pessoas que chamamos de
irregulares, enfim, os que não nos garantem fama!
Geralmente sabemos o quanto arrecadamos em
nossas promoções, quantas obras materiais realizamos e quantas placas
inaugurais existem (com nossos nomes) em nossos espaços. Saberíamos quantas
Missas, quantos batizados, quantas absolvições e unções dos enfermos celebramos
bem? Muitos se tornam tão ocupados e até mesmo famosos, logo, tão inacessíveis
como políticos e autoridades que ocupam altos postos, cargos e funções. Outros
agendam atendimento de pessoas como são agendados exames de
nossos Convênios Médicos, hoje tão demorados quanto demorado é o atendimento da
Saúde Pública. Sem esquecer, que para alguns poucos falarem com os “configurados com Cristo” que insistiu
na humildade
e no serviço (quem quiser ser o maior entre vós, seja aquele que serve)
distribuem senhas. Para ir à Casa do Pai, o Templo; ser acolhido pela Mãe, a
Igreja, precisamos de senhas? Entregamos a chave do Sacrário a muita gente,
enquanto que a do cofre só fica em nosso bolso. Quem nos elogia, torna-se
Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, enquanto quem nos questiona é
convidado a deixar o Conselho Administrativo, pois se torna uma ameaça aos
nossos gastos nem sempre tão sóbrios e justos.
Ética, Conversão, Coerência e Bom
Senso são apelos fundamentais para nós Ministros Ordenados e nossas
Comunidades, neste domingo! Do contrário fica até difícil cumprir nossa missão
profética. Como denunciar o mau uso do bem comum, se em nossas Comunidades não
é diferente? Não deixemos as sementes da bondade, humildade, verdade e justiça
mofarem no silêncio de nosso subsolo: a consciência de simples e pequenos servos!
Sejam nossos bustos e placas de honra, enfermos ungidos, penitentes absolvidos,
enlutados consolados, povo acolhido e alimentado espiritual e materialmente!
Não nos escondamos dos que buscam a sombra da árvore frondosa, pois a semente
de nossa vocação ao serviço gratuito, sem esperar recompensa e nem
reconhecimento de quem quer que seja já deve ter virado broto, crescido e ser
bálsamo para quem busca em nosso Ministério e Comunidades, nova esperança e
sentido de vida Cristã!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e
gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Ez 17,22-24; Sl 91(92); 2 Cor 5,6-10 e Mc 4,26-34)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2015,
pp. 52-55 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Junho de 2015), pp.
33-37.
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