-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: Liturgia

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Liturgia

(Formação Litúrgica Nº1 – Janeiro/2003)

Natureza e Propriedade da Liturgia

1. O termo Liturgia
λειτσυρδία (do grego) = liturguia
λαός (do grego) = povo
έеδσυ (do grego) = serviço, obra

Na Grécia este temo era usado por aquele que prestava livremente um serviço em favor da comunidade.
Ex. Na mentalidade da democracia grega esse serviço era do povo, governo do povo para o povo. Isso também era chamado liturgia. Era também liturgia o trabalho feito para as olimpíadas, era o povo que organizava. Com a decadência da democracia, liturgia passou a ser serviço pago. A partir do século II a. C. o termo liturgia foi designado para os sacerdotes do culto pagão, pois, eles também prestavam uma obra em benefício de alguém.
Como é que esta palavra chegou até nós?
A tradução do LXX era a tradução do hebraico para o grego. Nesta tradução se usou a palavra liturgia para o serviço do Templo. Os levitas usavam já usavam a palavra liturgia. Os sacerdotes receberam um mandato de prestar um serviço para o povo.
Para os sacrifícios e orações pessoais não se usava o termo liturgia. Uma tendência de separar o culto oficial comunitário do culto pessoal. No culto pessoal particular se usava o termo latria, igual à adoração e dulia, igual a louvor a Deus.
Hiperdulia = super louvor a Nossa Senhora.

No Novo Testamento
O NT usa a palavra liturgia 15 vezes e não significa culto. No NT não é mais o Templo o centro do culto cristão, mas, o corpo de Cristo. Cristo é Altar, Sacerdote e Cordeiro. Por isso se usa pouco o termo liturgia.
Logo no início do NT a Igreja Oriental começa a usar o termo liturgia que aparece na Didaqué (tema dos dois caminhos). Usa-se porque a Didaqué tem influência judaica e porque já se passou o perigo desta influência.
São Clemente Romano também usa o termo liturgia.
No oriente a palavra liturgia designa a Missa. Serve para designar as diversas maneiras de celebrar a Missa. No geral, a palavra Liturgia é usada para todo o culto.
No ocidente usamos termos como: sacramentos, ritos, ofício, celebração, ações sagradas e não tanto a palavra Liturgia. Somente no século XVI a palavra liturgia aparece para designar os livros usados no culto. Nos séculos XVIII e XIX os protestantes usam a palavra liturgia para designar o culto de maneira ampla, geral. E nós católicos começamos usar o termo liturgia com o papa Pio X e com o CDC de 1917 o termo liturgia tornou-se oficial para a Igreja.

A palavra “liturgia” significa originalmente “obra pública”, “serviço da parte de/e em favor do povo”. Na tradição cristã ela quer significar que o povo de Deus toma parte na “obra de Deus”. Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e pro ela, a obra de nossa redenção. (CIC 1069)
A palavra “liturgia” no Novo Testamento é empregada para designar não somente a celebração do culto divino, mas também o anúncio do Evangelho e a caridade em ato. Em todas estas situações, trata-se do serviço de Deus e dos homens. Na celebração litúrgica, a Igreja é serva à imagem do seu Senhor, o único “liturgo”, participando do seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de caridade): (CIC 1070)
Com razão, portanto, a liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros. Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja..(SC 7)

Liturgia é uma ação ritual, não pode ser um “show”, nem um “teatro”.
É ação de Cristo, não nossa (Mistério Pascal).
É ação da Igreja = consiste em fazer com que o Mistério Pascal se faça presente no povo (Sinergia).

É o Espírito Santo que dá aos leitores e aos ouvidos, segundo as disposições dos seus corações, a compreensão espiritual da Palavra de Deus. Através das palavras, das ações e dos símbolos que formam a trama de uma celebração, o Espírito coloca os fiéis e os ministros em relação viva com Cristo, palavra e imagem do pai, a fim de que possam fazer passar à sua vida o sentido daquilo que ouvem, contemplam e fazem na celebração.(CIC 1101).

Formação Litúrgica Nº2 – Janeiro/2003


Qual é a relação entre Liturgia, Catequese, Evangelização, Pastoral e Piedade popular?

Ontologicamente a Liturgia ocupa o primeiro lugar, mas não exclui as outras ações, porque essas ações são complementares e não têm vida independente, complementa-se com as outras atividades.

4.1 Liturgia e Evangelização
Uma ação litúrgica não tem finalidade evangelizar. Não podemos subordinar a ação litúrgica à evangelização. Liturgia é momento culminante da nossa adoração a Deus, é momento de resposta ao chamado de Deus. É ato mistagógico: tudo deve conduzir ao mistério. A Evangelização deve preceder a ação litúrgica para que a liturgia seja celebrada com toda a densidade que lhe é inerente, porque é atualização da Páscoa do Senhor. A homilia, algumas monições devem fornecer condições para se entrar no mistério.

4.2 Liturgia e Catequese

A finalidade última da liturgia não é ensinar, mas celebrar. Uma ação litúrgica não visa diretamente a catequizar, embora na ação apareça o aspecto catequético: conteúdo, clima, etc. tudo isso leva a pensar que liturgia leva à catequese.
Quanto ao conteúdo: a palavra de Deus que é proclamada, profissão de fé, etc. tudo isso é matéria da catequese. Liturgia é celebração da fé, não estudo da fé.
Quanto à linguagem: A linguagem litúrgica tem força catequética porque interpela a inteligência, corporeidade, vontade, sensibilidade, isto é, atinge o homem total. A liturgia é variada e ordenada.; possui diversos gêneros literários: Ex.: Canto de entrada deve ser diferente da aclamação ao Evangelho.
Quanto ao clima: A liturgia deve gerar um clima de participação e de oração. É um clima sonhado com a catequese.
Em função da liturgia é classificada a catequese em catecumenal ou mistagógica.
Catecumenal: antes dos sacramentos.
Mistagógica: após a recepção dos sacramentos.

4.3 Liturgia e Ação pastoral

O que á ação pastoral? É o cuidado do pastor com as ovelhas. Toda ação da Igreja deve ser em vista do cuidado das ovelhas. Toda ação da Igreja é pastoral: Liturgia, catequese e evangelização.
A pastoral é a vivência concreta no mundo, daquilo que se celebrou.

4.4 Liturgia e Piedade popular

A Igreja vê na piedade popular algumas possibilidades de expressão e meio eficaz de evangelização.
O que é piedade popular?
É o modo peculiar que tem o povo, ou seja, as pessoas simples, em viver e expressar a sua relação com Deus, com a Virgem santíssima e com os santos. Portanto, a manifestação externa do povo é que nos interessa. Na piedade popular podemos distinguir pessoas, tempos, objetos e lugares.
Pessoas: Deus Pai, Cristo, Maria, Anjos.
Tempos: certas festas do ano litúrgico.
Objetos: imagens, relíquias, terço.
Lugares: santuários, cemitérios.

Há valores evangélicos que devem ser valorizados na piedade popular.


4.5 Relação entre liturgia e piedade popular

A relação está no fato de que os atos do povo devem ser uma prolongação dos mistérios celebrados, devia ser também uma complementação ou até uma personificação de tal mistérios.
A piedade popular e a liturgia deviam se enriquecer mutuamente sem perder suas características.
O que não pode perder é a consciência da presença do Senhor, a primazia da palavra nas celebrações e a assistência do Espírito Santo. Por sua vez a piedade popular, pode ajudar a mistagogia, quanto à devoção e à afetividade. A piedade popular reveste a mensagem da salvação de poesia, costumes tradicionais e imagens. A piedade popular está mais perto dos atos naturais do homem. A música deve ser muito enriquecida com a piedade popular. A piedade popular bem orientada para a liturgia pode obter um legítimo culto cristão.



Formação Litúrgica Nº3
Importância da Liturgia

A Igreja continua a missão de Cristo, que é régia, profética e sacerdotal e com isso edifica o Reino de Deus. A missão profética é a primeira na ordem crono e lógica, tudo deve proceder a proclamação da Boa Nova. O aspecto sacerdotal vem antes na ordem ontológica – do ser – Por que você evangeliza? Para que se tornem um povo sacerdotal – em comunhão. A pastoral, força do reino, busca força na liturgia. Liturgia é cume e é fonte de vida da Igreja.
Todavia, a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isto: que todos, feitos pela fé e pelo Batismo filhos de Deus, juntos se reúnem, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor.
A própria liturgia, por seu turno, impele os fiéis que, saciados dos sacramentos pascais, sejam concordes na piedade; reza que conservem em suas vidas o que receberam pela fé; a renovação da Aliança do Senhor com os homens na Eucaristia solicita e estimula os fiéis para a caridade imperiosa de Cristo. Da liturgia portanto, mas da Eucaristia principalmente, como de uma fonte, se deriva a graça para nós e com maior eficácia é obtida aquela santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus, para a qual, como a seu fim, tendem todas as demais obras da Igreja.. (SC 10)
A primazia ontológica também se manifesta na vida dos presbíteros e bispos durante a ação litúrgica. Ação pastoral desabrocha na liturgia.
“Cristo, a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, fez os bispos participantes de sua consagração e missão, através dos apóstolos, de quem são sucessores. Os bispos passaram legitimamente o múnus de seu ministério em grau diverso, a pessoas diversas na Igreja. Assim o ministério eclesiástico, divinamente instituído, é exercido em diversas ordens pelos que desde a antiguidade são chamados bispos, presbíteros e diáconos. Embora os presbíteros não possuam o ápice do pontificado e no exercício de seu poder dependam dos bispos, estão contudo com eles unidos na dignidade sacerdotal. Em virtude do sacramento da Ordem, segundo imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote, eles são consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, de maneira que são verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento” (LG 28 § 1).
A liturgia também é primazia na vida dos fiéis.
“Cumpre que essa participação plena e ativa de todo o povo seja diligentemente considerada na reforma e no incremento da Sagrada liturgia. Pois é a primeira e necessária fonte, da qual os fiéis haurem o espírito verdadeiramente cristão. E por isso, mediante instrução devida, deve com empenho ser buscada pelos pastores de almas em toda ação pastoral” (SC 14 § 2).

“Por isso a Igreja com diligente solicitude zela para que os fiéis não assistam e este mistério da fé como estranhos ou espectadores mudos. Mas cuida para que bem compenetrados pelas cerimônias e pelas orações participem consciente, piedosa e ativamente da ação sagrada, sejam instruídos pela palavra de Deus, saciados pela mesa do Corpo do Senhor e dêem graças a Deus. E aprendam a oferecer-se a si próprios oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele e assim tendo a Cristo como Mediador, dia a dia se aperfeiçoem na união com deus e entre si, para que, finalmente, deus seja tudo em todos” (SC 48).

A ação profética, está em primeiro lugar, porém, na ordem ontológica, quem está em primeiro lugar é a liturgia.
A liturgia pressupõe evangelização e exige compromisso cristão. E esse compromisso é pessoal, social e comunitário. Na liturgia somos penetrados e informados pelo Espírito Santo para instaurar o Reino de Deus onde quer que estejamos.
A oração litúrgica exige o incremento da oração pessoal que dá consistência à liturgia e à vivência cristã.




(Formação Litúrgica Nº4 – Março/2003)

Conceito Teológico de Liturgia

Antes se via a liturgia como algo estético, jurídico, legalista, subjetivismo alegórico (ex.:cíngulo que representa o Cristo amarrado), portanto, conseguimos superar tudo isso e dar o conceito teológico de liturgia. Graças a Pio X e Pio XII, e a “culminação” com o Vaticano II o conceito foi resgato. A liturgia é considerada o ponto culminante da História da Salvação. A liturgia tem uma dimensão Cristológica, pneumatológica, sacramental, cultual e escatológica. Não é apenas ação oficial da Igreja.
Liturgia é a atualização sacramental do Mistério Pascal, realizado por Cristo, em por sua Igreja, com a cooperação do Espírito Santo para comunicar a Salvação aos homens e prestar culto a Deus até chegar na Parusia. Esta é uma definição partindo do método descritivo.

A palavra “liturgia” significa originalmente “obra pública”, “serviço da parte de / e em favor do povo. Na tradição cristã ela quer significar que o povo de Deus toma parte na “obra de Deus”. Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.(CIC 1069)
A palavra “liturgia” no NT é empregada para designar não somente a celebração do culto divino, mas também o anúncio do Evangelho e a caridade em ato. Em todas estas situações, trata-se do serviço de Deus e dos homens. Na celebração litúrgica, a Igreja é serva à imagem do seu Senhor, o único “liturgo”, participando do seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de caridade). (CIC 1070)

2.1 Liturgia e História da Salvação
O que é história da Salvação?
É a sucessão de etapas históricas nas quais Deus vai suscitando a sua vontade amorosa de comunicar aos homens sua própria vida divina.
1a. Etapa: O Antigo Testamento: é uma etapa profética, de anúncio e de modo progressivo e imperfeito o mistério de Deus que está escondido desde toda a eternidade. (Col 1, 26)
2a. Etapa: Plenitude dos tempos: Temos a encarnação do Verbo e o cume desta Encarnação centraliza-se no Mistério Pascal, isto é, o coração de todo mistério cristão. Ex..No Evangelho de São João: Minha hora – Cruz e Ressurreição – Bodas de Cana. A Morte e Ressurreição... são todos fatos históricos que não ficaram amarrados no tempo, porque o verbo de Deus, sendo eterno, assumindo em si toda a humanidade faz com que sua ação se prolonga ao longo do tempo. Os atos de Cristo dominam todos os tempos, de modo que todos sejam atraídos por Cristo.

Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu mistério pascal. Durante a sua vida terrestre, Jesus anunciava o seu Mistério pascal pelo seu ensinamento e o antecipava pelos seus atos. Quando chegou há sua hora, viveu o único evento da história que não passa: Jesus morre, é sepultado, ressuscita dentre os mortos e está sentado à direita do Pai “uma vez por todas”. É um evento real, acontecido na nossa história, mas é único: todos os outros eventos da história acontecem uma vez e depois passam, engolidos pelo passado. O Mistério pascal de cristo, ao contrário, não pode ficar somente no passado, já que pela sua morte destruiu morte, e tudo o que Cristo é, fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e por isso abraça todos os tempos e nele se mantém permanentemente presente. O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida..(CIC 1085)

3a. Etapa: Tempo de Igreja: Ide, pregai o Evangelho... Neste tempo, não acontece nada de novo, se prolonga sim, atualizando-se ao longo dos tempos. É Cristo que comunica seu mistério a todos os homens de todos os tempos e todas as classes na Igreja e pela Igreja. Esta atualização acontece de modo particular na Liturgia. O ponto alto e culminante de Cristo de se dar acontece na liturgia. A liturgia é fonte e cume da Igreja, não é única, mas é força que nos remete à missão e vice-versa.
Liturgia é ponto culminante do mistério salvífico e a história da salvação e marco para sua reta compreensão.
O AT é figura de Cristo. Ação litúrgica hoje não é mais prefiguração de Cristo, mas atualização de Cristo, trazendo em mente a plenitude.

AT CRISTO ATUALIZAÇÃO PLENITUDE

2.2 Liturgia e Cristologia

Em Cristo acontece duas coisas: a reconciliação plena do homem e o verdadeiro culto de Deus e também em Cristo acontece a perfeita glorificação do Pai.

Deus, que quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os homens, havendo outrora falado muitas vezes e de muitos modos aos pais pelos profetas, quando veio a plenitude dos tempos, enviou Seu Filho, verbo feito carne, ungido pelo Espírito santo, para evangelizar os pobres, curar os contritos de coração, como médico corporal e espiritual, Mediador entre Deus e os homens. Sua humanidade, na unidade da pessoa do Verbo, foi o instrumento de nossa salvação. Pelo que, em Cristo, ocorreu a perfeita satisfação de nossa reconciliação e nos foi comunicada a plenitude do culto divino.
Esta obra da Redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de Sua sagrada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão. Por este mistério, Cristo, morrendo, destruiu a nossa morte e ressuscitando, recuperou a nossa vida. Pois do lado de Cristo dormindo na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja. (SC 5).

Esta obra se atualiza permanentemente na história, o Senhor enviou-nos à missão para realizarmos a obra. (SC 6), não só para pregar o Evangelho, mas para levar a efeito o anúncio. Exatamente para realizar esta obra Cristo está sempre presente na Igreja.

Para levar a efeito tão grande obra – a saber, a dispensação ou comunicação da sua obra de salvação – “Cristo está sempre presente na sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz, quanto sobretudo sob as espécies eucarísticas. Presente está pela sua força nos sacramentos. A tal ponto que, quando alguém batiza, é Cristo mesmo quem batiza. Presente está pela sua palavra, pois é ele mesmo quem fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja. Presente está, finalmente, quando a Igreja reza e salmodia, ele que prometeu: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles”. (CIC 1088)

A presença de Cristo dá conteúdo subjetivo à liturgia, não é minha vontade que deve imperar. A presença de Cristo na liturgia não é de forma unívoca, mas está presente nas espécies, de forma substancial; nos ministros, pois os ministros possibilitam o atuar de Cristo: a eucaristia é corpo de Cristo e os sacramentos são as forças que saem deste corpo. Na palavra proclamada, Cristo é o profeta que se faz presente e que revela o projeto do Pai.


Liturgia é o ato pessoal de Cristo, sempre vivo e operante na Igreja que comunica ao homem à sua virtude salvadora mediante a força do Espírito Santo, e associa o povo ao culto infinitamente perfeito que ele não cessa de tributar ao Pai.

2.3 Liturgia, realidade eclesial

A Igreja é um povo sacerdotal.

Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens, fez do novo povo “um reino de sacerdotes para Deus Pai”. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, para que todas as obras do homem cristão ofereçam sacrifícios espirituais e anunciem os poderes d’Aquele que das trevas os chamou à sua admirável luz. Por isso todos os discípulos de Cristo, perseverando em oração e louvando juntos a Deus, ofereçam-se como hóstia viva, santa , agradável a Deus. Por toda parte dêem testemunho de Cristo. E aos que pedirem dêem as razões da sua esperança da vida eterna..
O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico ordenam-se um ao outro, embora se diferenciem na essência e não apenas em grau.. Pois ambos participam, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que goza, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e O oferece a Deus em nome de todo o povo. Os fiéis, no entanto, em virtude de seu sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na oblação e na caridade ativa..(LG 10)

Pelo batismo somos todos um povo sacerdotal. A Igreja tem uma função cultual que se estende além da liturgia, não se esgotando nela.

Todavia, a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isto: que todos, feitos pela fé e pelo Batismo filhos de Deus, juntos se reúnem, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor.
A própria liturgia, por seu turno, impele os fiéis que, saciados dos sacramentos pascais, sejam concordes na piedade; reza que conservem em suas vidas o que receberam pela fé; a renovação da Aliança do Senhor com os homens na Eucaristia solicita e estimula os fiéis para a caridade imperiosa de Cristo. Da liturgia portanto, mas da Eucaristia principalmente, como de uma fonte, se deriva a graça para nós e com maior eficácia é obtida aquela santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus, para a qual, como a seu fim, tendem todas as demais obras da Igreja.. (SC 10)

A Igreja como comunidade como de batizados é templo espiritual para oferecer a sua obra como sacrifício espiritual. O sacerdócio é o de Cristo.

É toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua cabeça, que celebra. As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o sacramento da unidade, isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção dos Bispos. Por isso, estas celebrações pertencem a todo corpo da Igreja, influem sobre ele e o manifestam; mas atingem a cada um de seus membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual efetiva.. É por isso que todas as vezes que os ritos, de acordo com sua própria natureza admitem uma celebração comunitária, com assistência e participação ativa dos fiéis, seja inculcado que, na medida do possível, ela deve ser preferida à celebração individual ou quase privada .(CIC 1140)
A assembléia que celebra é a comunidade dos batizados, os quais, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais. Este sacerdócio comum é o de Cristo, único sacerdote, participado por todos os seus membros.(CIC 1141)

A Igreja não é exclusivamente hierarquia, hoje não assim, o povo participa do culto.

As ações litúrgicas não ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o sacramento da Unidade, isto é, o povo santo, unido e ordenado à direção dos Bispos.
Por isso, estas celebrações pertencem a todo o Corpo da Igreja, e o manifestam e afetam; mas atingem a cada um dos membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual.(SC 26)

O sujeito da Eucaristia é o próprio Cristo, a Igreja se apropria e o nosso culto não pode ser subjetivo, pessoal sim, mas não subjetivo.

A liturgia á ação do Cristo todo, “Christus totus”. Os que desde agora a celebram, para além dos sinais, já estão na liturgia celeste, onde a celebração é toda festa e comunhão.(CIC 1136)

Liturgia é realidade eclesial, porque a liturgia faz e realiza a Igreja. Não há liturgia sem Igreja e não há Igreja sem liturgia. Em relação à Igreja a Liturgia tem duas funções:
· Construir a Igreja
· Revelar a Igreja
A Liturgia constrói ou edifica a Igreja: A Igreja nasce e cresce por meio da Liturgia, de modo especial nos sacramentos. Ex. O Batismo gera novos filhos para a Igreja. A Crisma confirma os filhos da Igreja. A Eucaristia une e nutre os filhos da Igreja. A reconciliação reincorpora o filho à Igreja. A ordem edifica a Igreja, porque perpetua a própria autoridade e poder de Cristo Jesus.
A Liturgia revela a Igreja: Vemos a Igreja na ação litúrgica, a liturgia torna visível a Igreja. A Eucaristia é a foto autentica da Igreja. A Liturgia é a suprema autorealização da Igreja. A Liturgia é a Epifania da Igreja.

Pois a Liturgia, pela qual, principalmente no divino Sacrifício da Eucaristia, se exerce a obra de nossa Redenção, contribui do modo mais excelente para que os fiéis exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja. Caracteriza-se a Igreja de ser, há um tempo, humana e divina, visível, mas ornada de dons invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação, presente no mundo e no entanto peregrina. E isso de modo que nela o humano se ordene ao divino e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à cidade futura, que buscamos. Por isso, enquanto a Liturgia cada dia edifica em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no espírito aqueles que estão dentro dela, até à medida da idade da plenitude de Cristo, ao mesmo tempo admiravelmente lhes robustece as forças para que preguem Cristo. Destarte ela mostra a Igreja aos que estão fora como estandarte erguido diante das nações, sob o qual se congreguem num só corpo os filhos de Deus dispersos, até que haja um só rebanho e um só pastor. (SC 2)

2.4 Realidade pneumatológica

Na ação litúrgica temos a presença e a atuação do Espírito Santo onde se comunica. O Mistério de Cristo se faz presente pela obra do Espírito Santo e porque o Espírito Santo faz com que se chegue à obra de Cristo e leva o ser humano a comunhão com Deus. Há duas dimensões: ascendente e descendente.





MISTÉRIO DE COMUNHÃO COM
CRISTO DEUS

Aqui se realiza o verdadeiro culto em espírito e verdade. Na verdade de Cristo morto e ressuscitado. O culto dos fiéis na Igreja é sempre dirigido ao Pai, em Cristo, no Espírito Santo. Não se pode compreender hoje a liturgia sem a força e ação do Espírito Santo. Aqui está o grande furo da Liturgia Tridentina. Assim como o ES agiu em Cristo, assim também atua nos membros do seu corpo. O ES não age só no fato de tornar o mistério presente, mas age também na pessoa, criando também um dinamismo interior. O ES provoca e suscita a fé, a conversão, à acolhida e resposta à Palavra de Deus, vivifica a ação litúrgica e a torna frutuosa na vida dos fiéis. O ES atua nos ministros e nos fiéis. Sem a ação do ES a liturgia se torna um ritualismo vazio ou um simbolismo mágico.

Nesta dispensação sacramental do mistério de Cristo, o Espírito age da mesma forma que nos outros tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para encontrar o seu Senhor, recorda e manifesta o Cristo à fé da assembléia, torna presente e atualiza o mistério de Cristo pelo seu poder transformador, e finalmente, como Espírito de comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo. (CIC 1092)

Função do Espírito Santo e a Igreja na Liturgia:

· Preparar - ad accogliere Cristo
· Recordar - il mistero di Cristo
· Atualizar - il mistero di Cristo
· Entrar em comunhão – la comunione dello Spirito Santo

Na Liturgia sempre supomos uma invocação ao Pai para que Cristo seja enviado. Liturgia é simultaneamente anámmesis – eucaristia – epíclesis.
- Anammesis – lembrança de Cristo – memória
- Eucaristia – louvor ao Pai
- Epíclesis – invocação do Espírito Santo

Liturgia é a celebração do Mistério.
Mistério: é algo não conhecido, mas que é revelado, não para uma compreensão intelectual, mas para uma compreensão experimental.

A Liturgia não é Pedagógica, mas Mistagógica.
Pedagógica: ensino
Mistagógica: mistério

2.5 Liturgia é realidade cultual

Quando falamos do culto, podemos classifica-lo de três maneiras:
* Culto Natural
* Culto Judaico
* Culto Cristão

CULTO NATURAL

É um dado histórico que os homens de todos tempos e culturas sempre tiveram a consciência de um ser Superior, e sentiam-se dependentes dele. Essa dependência manifesta-se de várias maneiras: adoração, súplicas e sacrifícios. O pecado original deformou esta dependência natural em magia, politeísmo etc.

Na sua história, e até os dias de hoje, os homens têm expressado de múltiplas maneiras a sua busca de Deus através de suas crenças e seus comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc). Apesar das ambigüidades que podem comportar, estas formas de expressão são tão universais que pode-se chamar o homem de um ser religioso...(CIC 28)
A criação está em função do Sábado e portanto do culto e da adoração de Deus. O culto está inscrito na ordem da criação. Nada se anteponha à obra de Deus, diz a regra de S. Bento, indicando assim a ordem correta das preocupações humanas.(CIC 347)

CULTO JUDAICO

O povo tinha um culto como ou igual ao culto dos outros povos. Demorou para Israel descobrir que Deus age na história, que são povo escolhido. Deus liberta do Egito – Deus age em favor do povo. É um culto memorial – faz memória em comunidade. Neste sentido a Arca da Aliança, o Templo se tornou locais da celebração – tem locais consagrados – espaços sagrados.
O aspecto profano está sempre em direção ao Sacro. Na mentalidade pagã não há responsabilidade de assembléia – não se forma comunidade.
Obs. O significado do termo Basílica – casa do Rei – onde o povo se reunia para ouvir o rei, etc... Com o surgimento das comunidades cristãs numerosas, começam a usar as Basílicas para o culto. Tiram a estátua do rei e colocam o ícone de Cristo junto a um altar, há um ambão e uma cadeira presidencial.

CULTO CRISTÃO

A encarnação do Verbo é a plena e definitiva intervenção de Deus na história humana e instaura uma nova ordem salvífica e implanta um novo culto. Esse novo culto se caracteriza pela obediência radical de Cristo. (Fl 2)

O culto cristão não anula, mas supõe o rito. A verdade se manifesta pela obediência à palavra de Deus – colocar em prática a palavra:
Características do culto cristão:
· Espiritual e sensível
· Pessoal e comunitário
· Terreno e celestial
· Glorificador e salvador
Espiritual porque é continuação do culto de Cristo.
Sensível porque é realizado por meio de um ato humano – precisamos ver. É sensível por causa da comunicação humana, isto é, por causa da condição humana que necessita de sinais para a comunicação. Aquilo que é espiritual deve se manifestar de modo sensível.
Pessoal – não individualista (eu, minhas paixões etc, fechar-se em si mesmo). Pessoal é a construção sadia do próprio ser na interação – eu creio – nós cremos. O individualismo não tem vez na liturgia.
Comunitário – é a ação do Cristo total.

A liturgia á ação do Cristo todo, “Christus totus”. Os que desde agora a celebram, para além dos sinais, já estão na liturgia celeste, onde a celebração é toda festa e comunhão.(CIC 1136)
É toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua cabeça, que celebra. As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o sacramento da unidade, isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção dos Bispos. Por isso, estas celebrações pertencem a todo corpo da Igreja, influem sobre ele e o manifestam; mas atingem a cada um de seus membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual efetiva.. É por isso que todas as vezes que os ritos, de acordo com sua própria natureza admitem uma celebração comunitária, com assistência e participação ativa dos fiéis, seja inculcado que, na medida do possível, ela deve ser preferida à celebração individual ou quase privada .(CIC 1140)

Celebração privada não tem vez na liturgia. A comunidade gera a presença de Cristo. A Eucaristia é presença de Cristo substancial, real e permanente.

Terreno porque Cristo realizou um culto espiritual, mas na terra inserido na história, por isso continuarmos a liturgia de Cristo.
Espiritual porque ainda não estamos no céu, não são dois cultos diferentes – são modos diferentes de celebra-lo. É terrestre mas celeste – celebramos a glória de Deus.
Glorificador porque apresentamos ao Pai o sacrifício de Cristo Jesus – e nós nos unimos ao sacrifício de Cristo.
Salvador porque a salvação se torna presente pela palavra – a palavra salva e transforma o homem. A Liturgia salva e santifica o homem.

2.6 A liturgia é realidade escatológica

Na liturgia terrena nós antegozamos da liturgia celeste, da nova Jerusalém. É a Liturgia do céu.

A Igreja celebra o mistério do seu Senhor até que ele venha e até que Deus seja tudo em todos. Desde a era apostólica a liturgia é atraída para seu termo pelo gemido do espírito na Igreja: Maranatha! A liturgia participa assim do desejo de Jesus: Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco (...) até que ela se cumpra no Reino de Deus. Nos sacramentos de Cristo, a Igreja já recebe o penhor da herança dele, já participa da Vida Eterna, embora ainda aguarde a bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador, Cristo Jesus. O Espírito e a esposa dizem: Vem! (...) Vem, Senhor Jesus! (CIC 1130)

A liturgia não é algo meramente terrena, não é figura de Cristo, é realidade, não plena, mas faz gerar o penhor da glória eterna. Torna presente a Paixão de Cristo e demonstra a graça e prenuncia a glória futura. A liturgia terrestre torna presente a liturgia celeste. Na celebração gozamos da presença dos anjos e santos. A liturgia é sinal rememorativo, demonstrativo e preanunciador da glória futura. Esperamos de maneira concreta a vinda de Cristo pela liturgia.

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(Formação Litúrgica Nº5 – Março/2003)


Liturgia e norma Litúrgica

Na liturgia de Trento o que valia ara a norma. A grande descoberta foi a visão de mistério. A liturgia era baseada toda em normas, antes da reforma.
A nova liturgia é a celebração do mistério e não o cumprir das rubricas. As rubricas agora têm um novo sentido. As normas são para auxiliar a celebração do mistério.
Hoje se pergunta: Por que devo fazer assim?
Não podemos ter a mente rubricista e sim, perguntar, por que devo fazer assim?

“O Código de Direito Canônico normalmente não determina os ritos que se devem observar na celebração das ações litúrgicas; por isso, as normas litúrgicas até agora vigentes conservam sua força, a não ser que alguma delas seja contrária aos cânones do Código” (CDC 2).

As normas litúrgicas se encontram todas elas na Introdução dos livros litúrgicos. (IGMR) Praenotanda.
Na Introdução Geral do Missal Romano se encontra a Teologia da Liturgia.
O cerimonial dos bispos nos ensina como executar melhor os ritos.

Participação litúrgica

A própria natureza exige da liturgia a participação dos fiéis. É direito dos batizados participarem da liturgia. No Vaticano II fala-se de uma participação ativa e consciente e frutuosa.
Participação ativa: Contraposição que se tinha antes do Concílio Vaticano II. Ninguém respondia, ninguém cantava ...Os únicos que respondiam à missa eram os acólitos, coroinhas, ministros, etc...
Participação consciente: É quando se sabe o porque se participa, busca-se compreensão daquilo que se participa. Tem-se consciência do que se está fazendo.
Participação frutuosa: é a participação no mistério celebrado. É a participação plena. Participa frutuosamente aquele que penetra no mistério celebrado. Essa é a participação verdadeira e ideal. É possível haver uma participação ativa sem ser plena.

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