"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham"
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
OS CURANDEIROS CURAM TANTO QUANTO OS MÉDICOS
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
A verdade é que tanto a medicina oficial como a tradicional tem seus méritos e apresenta limitações. Um célebre médico chegou a declarar, num simpósio internacional sobre medicina, realizado há três décadas na Itália, que Os Curandeiros curam tanto quanto os Médicos profissionais, com a diferença de realizá-lo a custos muitíssimo inferiores. Ambos, na verdade, se baseiam na fé: os médicos têm fé na ciência, e os curandeiros creem nas forças magnéticas de que são dotados, ou nos chás que receitam, ou métodos que aplicam.
Na cura de alguma doença entram três fatores, que recebem o nome de tríade terapêutica: quem cura, quem é curado e a opinião pública. No caso da medicina alternativa falamos de curandeiro, de paciente e de fama, que se espalhou entre o povo. Quanto maior a fama e quanto maior a fé do paciente, maior será o êxito do curandeiro. Nesse caso podemos considerar que é a fé que salva.
Diz-se que 80% das doenças têm fundo psicológico. Por isso, 80% da cura vêm da fé. Normalmente, os curandeiros têm maior êxito em sua especialidade que os médicos! Mesmo estes têm a eficácia de suas receitas ligadas, em grande parte, à confiança que neles se deposita. Não por nada recorrem aos meios de comunicação para ligar sua profissão aos remédios que se propagam. Não se conseguirá promover verdadeiramente a saúde da população sem promover a prática tanto da medicina oficial como a medicina tradicional. A medicina artificial não pode suplantar a medicina natural e as demais medicinas, desde as florais à homeopatia e toda a área ambiental, bem como os métodos artificiais não podem eliminar os métodos naturais em todos os campos da vida humana.
O que nos parece muito importante nessa questão é o espírito de ânimo e a fé do paciente, uma vez que se ouve frequentemente dos próprios médicos, que grande parte da responsável pela cura é a ajuda do próprio enfermo. Não entregar-se à enfermidade, lutar contra ela, por uma saúde, auxilia no processo de reabilitação da maioria dos pacientes de qualquer doença. Se verificarmos os milagres de Jesus, a maioria deles trata da cura dos enfermos que tem fé.
AS DOENÇAS ESTÃO NA ORDEM DO DIA
Pe. Gilberto Kasper*
Infelizmente vivemos num mundo em que as doenças estão na ordem do dia. Sem tirar nossa atenção da necessidade de prevenção, encontramo-nos diante de doenças que precisam, urgentemente, ser curadas. O assunto da saúde e da doença é demasiadamente grave para ser deixado somente aos cuidados dos médicos da medicina oficial, assim como, no dizer de um estadista, guerra é assunto demasiadamente sério para ser confiado exclusivamente aos militares, e o bem comum é demasiadamente oneroso para ser resolvido apenas pelos políticos de profissão, e a justiça é demasiadamente complexa para ser entregue exclusivamente aos juízes.
Temos duas tentativas terápicas frente à doença. Uma é, por assim dizer, a medicina oficial. Forma seus agentes em cursos superiores de medicina e enfermagem. Segue métodos considerados científicos, na suposição de que o homem é um ser natural, composto dos mesmos elementos, que constam nos fármacos. Outra é a chamada medicina tradicional. Compreende as medicinas e artes de curar ancestrais. O que a Organização Mundial da Saúde (OMS) denomina de medicina tradicional, normalmente é entendido como medicina alternativa à oficial, o que lhe dá, muitas vezes, a condição de não ser reconhecida. Daí fluem os mal-entendidos e, não raro, os atritos entre o aprovado e o não aprovado, como que a significar eficácia e autenticidade apenas para um método, com aval das autoridades públicas.
À primeira vista, fica a impressão de que os primeiros tratam seus clientes cientificamente, ao passo que os segundos os tratam humanamente; os primeiros, com os recursos técnicos da medicina e os segundos, com o carisma pessoal. Ou, à semelhança da divergência entre técnicos e humanistas, os primeiros são chamados de desumanos, ao passo que aos segundos vai o denominativo de charlatães.
O importante seria determinar se a medicina é realmente uma vocação ou mera profissão. Os médicos que a tem como meras profissões dialogam somente com resultados de exames. Já os que vivem a medicina como vocação dialogam também com seus pacientes e, com profunda ternura e compromisso da promoção da saúde.
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
sábado, 24 de novembro de 2012
SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, encerramos o Ano Litúrgico. Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim da história humana, que Deus transforma em história da salvação.
A festa de Cristo Rei foi instituída, como celebração litúrgica, pelo Papa Pio XI em 1925. O Papa fixou o último domingo de outubro como data da festa de Cristo Rei, tendo em vista, sobretudo, a festa subsequente de Todos os Santos, a fim de que se proclamasse abertamente a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos’. A reforma litúrgica do Vaticano II transferiu a data do último domingo de outubro para o último domingo do Tempo Comum. Desse modo, concedeu à celebração um significado mais amplo, sublinhando a dimensão escatológica do reino em sua consumação final. Com esta mudança, Cristo aparece como centro e senhor da história, Alfa e Ômega, Princípio e Fim (cf. Ap 22,12-13). É a Festa do Cristo ‘Kyrios’.
‘Meu reino não é deste mundo, Jesus nos diz. Todo o universo, e nele o ser humano, é criação divina, o alfa, e tem um único objetivo: o ômega – a finalização de tudo e todos no amor, que é Deus. Para que isto ocorra, temos de fazer que Cristo seja o rei, o coração, do mundo e de nossa vida.
O filho do homem glorioso recebe todo o poder e reinará para sempre. Jesus é o grande vencedor e o modelo de fidelidade a ser imitado. O reino proposto por Jesus não se confunde com os modelos do reino que a sociedade propõe’ (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2012 da Paulus, pp. 75-77).
Reconheçamos com sinceridade: não é fácil vencer a tentação do triunfalismo. As influências dos tempos de cristandade ainda repercutem e revelam sua força, em muitas manifestações eclesiais e litúrgicas. Hoje o estandarte de Cristo Rei tremula em meio a muitas outras bandeiras da sociedade.
É importante deixar claro que a realeza de Cristo não se confunde com a realeza deste mundo. Suas conquistas não se medem pela quantidade de indivíduos batizados, pela eficiência das estruturas e das instituições eclesiais, pela grandiosidade das igrejas, pelo temor que as autoridades eclesiásticas às vezes impõem. O reino de Cristo conquista novas fronteiras pela atitude de serviço, pelos gestos de doação solidária em favor dos mais fracos. Ele se manifesta no respeito de uns pelos outros, no encontro, no diálogo que instaura relações de comunhão.
Talvez devêssemos retomar a pergunta de Pilatos: ‘Tu és rei?’ Que rei Jesus é hoje para nós?
‘Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade’. Jesus Cristo é reconhecido como Senhor (Kyrios) e Rei porque realizou (e realiza) a missão de salvar, perdoar, reconciliar, libertar, curar, dar a vida, anunciar a Boa Nova do amor do Pai e da esperança. Nesta perspectiva, celebrar hoje a festa de Cristo Rei é reconhecer que ele é o ponto de convergência da história, da atividade e da peregrinação terrena da humanidade. O Cordeiro que foi imolado, agora é motivo de alegria de todos os corações e plenitude total dos anseios. Por isso podemos proclamar: ‘Jesus Cristo, ontem, hoje, sempre. Aleluia!’
Jesus afirma: ‘meu reino não é deste mundo’. O fato de o reino de Cristo não ser do estilo político dos governos terrenos não significa que esteja ausente, que não se realize já neste mundo. Jesus mesmo nos ensina a rezar: ‘venha a nós o vosso reino’.
O senhorio do Cordeiro imolado e vitorioso é reconhecido e perpetuado hoje, no mundo, através dos cristãos e das comunidades eclesiais, não tanto por privilégios e influências sociais, quanto pela presença e serviço, qual fermento na massa, em favor da verdade, da justiça, da fraternidade, da convivência no amor, na paz e na liberdade. ‘Após o Concílio, a teologia cristã insistiu de forma enfática sobre a necessidade de assumir a missão não como implantação da Igreja, mas também como serviço ao mundo, ou mais propriamente, ao Reino de Deus e à Paz que este traz à humanidade’.
Pelo batismo somos convidados a reinar com Cristo pelo serviço, pelo perdão, pela reconciliação, enfrentando o desafio da cruz a fim de que todos tenham dignidade e paz.
A Igreja comemora hoje o dia dos leigos, os missionários do Reino de Deus nas diferentes áreas e atividades que tecem a vida humana, religiosa e social. Louvamos a Deus por tantas mulheres e homens que vivem profundamente sua vocação batismal, colocando-se inteiramente a serviço da Boa Nova, anunciada, vivida e celebrada.
O ‘Dia do Leigo’ recorda os membros da Igreja que, pelo batismo, são em Cristo sacerdotes, profetas e reis, inseridos nas realidades da cultura, da política, do comércio, das ciências, da economia, da ecologia, da vida conjugal... A presença e a atuação de leigos cristãos pode transformar essas áreas em espaços fecundos para os valores do reino de Deus.
Neste último domingo do Ano Litúrgico, louvemos e agradeçamos ao Senhor por todas as graças e bênçãos recebidas de sua bondade, ao longo da caminhada do ano que passou. Hoje, em todas as dioceses do Brasil, fazemos a abertura da Campanha para a Evangelização, que é realizada no Terceiro Domingo do Advento” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, nº 23, pp. 109-116).
Celebrando o Ano da Fé, o Cinquentenário da Abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e o Vigésimo Ano do Lançamento do Catecismo da Igreja Católica, após o Sínodo que se ocupou com Uma Nova Evangelização para nossa vivência da Fé, somos convidados a rever como tratamos nossos irmãos e irmãs Leigos em nossas Comunidades. Se for verdade que “não há Igreja sem Eucaristia e não há Eucaristia sem Padre”, não menos pertinente nos parece que não é possível haver “Igreja sem os Leigos”, os grandes sacerdotes e sacerdotisas, por conta de seu Batismo, no seio do mundo; da porta dos Templos para fora; lá onde os ministros ordenados não chegam, mas são estendidos pelo testemunho, pela missionariedade e apostolado de nossos Agentes de Pastoral, geralmente tão dedicados e zelosos como Igreja do Ir ao encontro dos que não vêm. Nossos Leigos sintam-se amados e valorizados, uma vez que são eles que edificam o ministério ordenado. O que seria da Igreja, sem a rica presença dos nossos lindos e queridos Leigos? A eles invoco as mais abundantes bênçãos com a ternura de minha gratidão, pedindo que nunca deixem de rezar pela santificação dos sacerdotes ordenados. Se o Padre santifica a Comunidade, é a Comunidade orante que santifica seu Padre!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dn 7,13-14; Sl 92(93); Ap 1,5-8 e Jo 18,33-37)
MUDANÇA DE HORÁRIOS DAS MISSAS
NOSSA GRATIDÃO E BÊNÇÃOS
NA SANTO ANTONINHO
Muitas foram as manifestações de solidariedade e desejo de colaborar para repor o que foi furtado. Primeiro o Padre Gilberto está providenciando com os responsáveis, maior segurança, principalmente da casa ao lado, para depois readquirirmos o necessário para nossa Santo Antoninho. Foi aberta uma conta poupança na Caixa Econômica Federal para quem desejar contribuir, partilhando de sua pobreza. A Nina está responsável por esta conta e poderão ver com ela Agência 1612 e Conta Popança 13-00075028-1 – Realina Rosa de Rezende – CPF: 744.846.998-34. Sejam todos recompensados por aquilo que puderem contribuir.
MUDANÇA DE HORÁRIOS DAS MISSAS
A partir do dia 15 de Outubro, graças aos nossos Benfeitores João Naves, Abranche Fuad Abdo, Dulce Neves e o Engº Hermínio Marchetti, iniciarão as obras de melhorias em nossa Igreja Santo Antoninho, a começar da construção dos banheiros. Por esta razão não teremos as Missas durante a Semana. Porém, passaremos a celebrar aos Sábados às 18h40. Antes, às 17h30 teremos a Hora Santa seguida da Bênção do Santíssimo. As Missas aos Domingos continuarão sendo celebradas as 8 e 10 horas. A partir de 2013, celebraremos uma vez por semana na casa de algum Enfermo ou Idoso. Continuaremos nosso projeto da IGREJA DO IR ao encontro de quem já não pode vir.
Padre Gilberto Kasper
DÍZIMO: ATO DE AMOR E GRATIDÃO
“Pagai integralmente os dízimos devido ao Templo
para que haja alimento em minha casa.
Fazei a experiência, diz o Senhor,
e vereis se eu não abrirei os reservatórios do céu
e se não derramo minha bênção sobre vós
muito além do necessário” (Ml 3,8-10).
Falar em Dízimo, significa falar em dinheiro, e isso é um tanto complicado entre cristãos católicos, já que a nossa religião parece ser a mais liberal da face do mundo. Situados numa determinada “Cultura de Sobrevivência”, tornamo-nos mais “pedintes” do que “agradecidos”. Na medida em que entendemos nossa Igreja, como um “supermercado de sacramentos” nos comportamos demasiado “interesseiros”. Esquecemos que o DÍZIMO é um verdadeiro e profundo ATO DE AMOR E GRATIDÃO!
Tudo é de Deus. Nada nos pertence. O que temos, se nos é simplesmente emprestado. Poderíamos dizer que com o Dízimo consciente e comprometido, Deus testa nosso amor e nossa gratidão pelo dom da vida e tudo que Ele nos concede para sermos felizes e realizados.
A palavra dízimo significa a décima parte. No Antigo Testamento os Hebreus deviam contribuir para os serviços do templo, com o dízimo, isto é, a décima parte do que colhiam ou lucravam.
Para o católico a palavra dízimo quer indicar uma contribuição para a Igreja, contribuição que deve ser sistemática (de preferência, mensal), de compromisso moral – por amor, não por obrigação – e fixado de acordo com a consciência moral de cada um.
É uma forma de retribuição do homem a Deus!
O homem de fé reconhece que Deus é bondade. Criou o Universo e as coisas materiais. O Universo é um dom do Pai, para que o homem o possua e o transforme.
O homem de fé oferece uma parte do que possui em sinal de reconhecimento ao Pai, doador de todo o bem.
Não damos diretamente a Deus, pois Ele não precisa de nossos bens (do nosso dinheiro), mas colocamos a serviço desse corpo, a Igreja, pois, a Comunidade é fruto da colaboração de todos.
O dízimo não é só arrecadação financeira, mas é um sistema e método de formação comunitária com informações claras, contatos, reuniões e prestação de contas.
As finalidades do dízimo, seu destino ou aplicação são: para a conservação, manutenção e ampliação da vida e das atividades da Comunidade, de que fazemos parte e servimos. Para pagamentos de luz, água, telefone, impostos, consertos, e bens da Igreja. Para compra de velas, hóstias, vinho de missa, paramentos e objetos litúrgicos necessários para as celebrações. Para pagamento de folhetos e compra de flores. Para limpeza da Igreja e seu jardim. Para a manutenção do Padre e dos Funcionários. Para as despesas com serviços paroquiais, como: catequese, encontros, cursos de formação e outros. Não por último, o dízimo deverá contemplar sempre os mais pobres da Comunidade: aqueles que não têm como dar sua própria colaboração.
O Antigo Testamento apresenta o dízimo como prescrição divina. Inúmeras são as passagens bíblicas onde se prescreve a obrigatoriedade de se dar o dízimo ao culto.
No Antigo Testamento prevalece o dízimo legal, no sentido literal de décima parte, consagrada a Deus, para a manutenção do culto, dos ministros e da assistência aos necessitados.
“Abraão... lhe dá os dízimos de tudo” (Gn 14,18-20).
“De tudo que me concede, lhe consagrarei fielmente a décima parte” (Gn 28,20).
“Todo dízimo é coisa consagrada ao Senhor” (Lv 27,20).
“Pode o homem enganar a Deus?... Trazei, pois, todo o dízimo para o templo de Deus” (Mt 3,8-10).
No Novo Testamento, o dízimo toma o sentido de oferta, consciente e livre, cor-responsável e comunitária, generosa e alegre, numa relação com Deus, para a manutenção do Culto Divino, Evangelização e Assistência da Comunidade Cristã.
O próprio Cristo ensina que quem se dedica à Evangelização tem o direito de viver da pregação e nos mostra que, ao lado de deveres para com o estado, temos deveres para com a fé: “Daí a César o que é de César (impostos) e a Deus o que é de Deus (dízimo) (Lc 20,25). Em muitos outros textos no Novo Testamento, sobretudo nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo, encontramos ricos testemunhos e princípios de que os cristãos devem dar a sua contribuição material para a manutenção dos ministros, as despesas do culto e a assistência aos pobres:
“Recebestes de graça, daí de graça” (Mt 10,8-10).
“Não sabeis que os ministros do culto vivem dos proventos do templo e os que servem o altar participam do altar? Assim aos que anunciam o Evangelho ordenou o Senhor viverem do Evangelho” (I Cor 9,4-14).
“Cada um dê, conforme decidiu no seu coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus ama a quem dá com alegria” (II Cor 9).
“Se entre vós semeamos bens espirituais, será, porventura demasiada exigência colhermos de vós bens materiais?” (I Cor 9,11).
“Os fiéis viviam todos unidos e tinham tudo em comum... repartindo tudo... conforme as necessidades de cada um” (At 2,44-45).
O Dízimo além de Ato de Amor e Gratidão é Gesto de Participação!
Vivemos num tempo de renovação. A Igreja também se renova, pois seria estranho que dentro de um mundo em mudanças e renovação ela ficasse parada. Seria estranho que a Igreja obrigasse o cristão retroceder no tempo para viver sua fé.
Embora a Igreja seja uma realidade eterna, isto é, seja a presença da ação Salvadora de Deus e tenha muitas coisas que não mudam, contudo Ela é também uma realidade histórica, que vive no tempo e no espaço, e por isso tem muitas coisas que devem mudar e se renovar.
Seria estranho se ela se descuidasse de se renovar no seu tipo de manutenção. E a melhor forma que Ela encontrou para isso foi a implantação do sistema do Dízimo.
Sem desmerecer outras formas de contribuição, o Dízimo é a forma mais legítima de expressar a cor-responsabilidade de todos os membros da Comunidade. Todos nós já estamos bastante convencidos de que a Igreja precisa dos recursos humanos e materiais para desenvolver suas atividades. E nós somos responsáveis pelos meios e recursos de que a Igreja precisa, pois nós somos membros dela.
DÍZIMO: Oferta espontânea feita consciente !!!
Qual é a nossa despesa mensal?
Clube, passeio, cigarro, cerveja, presentes, revistas, cinemas, divertimentos...
... e para sua Igreja?
O Dízimo é responsabilidade com Deus e não com o Padre!
Tornar-se “Dizimista” na Comunidade Paroquial não é apenas uma contribuição para as despesas da Paróquia para se ver livre, ou para “fazer como os outros”.
Ser Dizimista é em primeiro lugar, sentir-se responsável e participante na Vida da Comunidade Paroquial.
Por isso separamos, do muito que Deus nos deu, uma parte que Ele nos dá e a separamos para oferecer a Deus como Ato de Amor e Gratidão!
O dízimo não é “esmolinha” qualquer, não é uma contribuição forçada, não é um pagamento constrangido, porém, é uma atitude de filhos, pela qual dizemos a Deus “muito agradecido” por tudo que Ele nos deu.
É a nossa pequena parte oferecida para que não falte o necessário para que os outros O conheçam e O amem.
Devido às inúmeras dificuldades de “sobrevivermos” em nosso País, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sugere, que pelo menos reservemos, mensalmente, 2% de nossos salários para o dízimo. Porém, se cada cristão católico, oferecesse 1% de seu salário bruto à sua Comunidade de Fé, ficando com os restantes 99% para as demais despesas, não precisaríamos realizar tantas promoções, a fim de arrecadar o necessário para a sobrevivência de nossas atividades pastorais e materiais.
Finalmente, dar o dízimo justo à Comunidade não é favor e nem deve ser recompensado: antes é dever e compromisso, transformados em
Ato de Amor e Gratidão!
Pe. Gilberto Kasper
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
A SANTO ANTONINHO NO ADVENTO
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Celebraremos a partir do próximo domingo o Advento na Igreja Santo Antoninho, e com ele, o início do novo Ano Litúrgico. Além das Celebrações normais, prepararemos mais um Natal do Senhor com o especial atendimento das Confissões: nossa reconciliação com Deus, com os irmãos e conosco mesmos. Teremos o mutirão de Confissões nas Paróquias de nossa Forania, bem como na própria Reitoria. O Sacramento da Reconciliação nos capacita a compreendermos melhor a celebração do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, eixo principal da belíssima Novena de Natal preparada com tanta ternura pelo Seminário Maria Imaculada de Brodowski e a Comissão para a Liturgia de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto.
“Que a Novena de Natal nos ajude a viver mais consciente e alegremente nossa fé, confirme nossa esperança, inspire nosso amor fraterno em suas múltiplas e sempre novas exigências” (cf. Côn. Nasser Kehdy Netto, nosso Administrador Arquidiocesano).
Uma deleitosa maneira de prepararmos, durante os Domingos do Advento, o Natal do Senhor, com esse sabor de Ano da Fé, é nosso IXº Concerto Ecumênico de Natal de Ribeirão Preto. Durante as Missas das 10 horas, em nosso Espaço Cultural de Espiritualidade, teremos a participação de um Coral diferente, começando com o Arco Íris, sob a regência do Profº Osmani Antônio de Oliveira, já no próximo domingo, dia 2 de dezembro. Adornando a participação do Coral, teremos também, uma belíssima encenação da busca de acolhida de Maria grávida e José em Belém, onde nasceu o Salvador do mundo entre animais, já que nenhum coração humano se dispôs a ser o berço do Criador, que se dignou assumir nossa humanidade na meiguice de um Menino. Nasceu cheirando a feno. Hoje poderá nascer cheirando a paz, acolhida, ternura e a fraternidade que deveria nortear nossas relações humanas, num tempo de tanto desamor e violência. Que o Príncipe da Paz encontre em nossas Comunidades de Fé, a coerência entre o que celebraremos e o que pretendemos viver, concretamente, ao longo do Novo Ano!
Sintam-se todos convidados a preparar bem o Natal do Senhor, já a partir do próximo domingo, em nossa Igreja Santo Antoninho, na Avenida Saudade, 222-1, nos Campos Elíseos de Ribeirão Preto.
ADVENTO: INÍCIO DO NOVO ANO LITÚRGICO
Pe. Gilberto Kasper*
No próximo domingo iniciaremos o Advento, tempo de espera e esperança. E com o Advento, iniciamos o novo Ano Litúrgico, diferentemente do Ano Civil, que se inicia a 1º de Janeiro. O Senhor nos concede mais um ano para louvá-lo e amá-lo, para compreender e celebrar seu amor para conosco. Celebraremos o Natal e suas festas de manifestação da presença de Jesus, o Menino Deus, o Emanuel, o Verbo encarnado, acolhido pelos pobres pastores e os magos do Oriente: a salvação não tem barreiras, nem limites. Ele veio e vem para salvar a todos.
Os textos litúrgicos do Advento ecoam a bondade divina e imploram salvação. A Deus pedimos que “nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho”; que “possamos celebrar de coração purificado o grande mistério da encarnação do vosso Filho”, e que, “pela participação na Eucaristia”, ele nos ensine, “a discernir com sabedoria as coisas terrenas e colocar nossas esperanças nos bens eternos”.
A riqueza espiritual dessas orações é grande, vale a pena meditá-las. Dessa forma, a liturgia vai ensinando-nos a orar numa linguagem repleta de expressões teologicamente ricas e se torna – como deve ser – “escola de oração”.
As explicações bíblicas e as orientações litúrgicas serão de grande valia para os que as usarem com sabedoria e fantasia, isto é, sem se dispensar da fadiga de aprofundar, compreender e adaptar à sua concreta realidade as numerosas e bonitas reflexões e sugestões celebrativas (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, nº 24, pp. 7-8).
Em nossa Igreja Santo Antoninho, na Avenida Saudade, 222-1, nos Campos Elíseos de Ribeirão Preto, pelo quarto ano consecutivo, prepararemos o Natal com o IXº Concerto Ecumênico de Natal de Ribeirão Preto. Durante os quatro Domingos do Advento, os quatro primeiros domingos do mês de Dezembro, a Missa das 10 horas, em nosso Espaço Cultural de Espiritualidade, acolherá um Coral diferente a cada domingo, para ajudar-nos através da música natalina, preparar bem nossos corações, que deverão transformar-se mais uma vez, a manjedoura humana, onde nosso Criador possa tornar-se um de nós, na meiguice de um Menino!
Sintam-se todos convidados a participar, já a partir do próximo domingo, dia 2 de dezembro, às 10 horas, da Missa que será cantada pelo querido Coral Arco Íris, sob a regência do Profº Osmani Antônio de Oliveira. Cantemos um novo Advento, preparando o melhor Natal de nossa vida!
*pe.kasper@gmail.com
É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
A Filosofia estabelece o princípio: “sublata causa tollitur effectus”, que, traduzido, garante que eliminando a causa cessa o efeito. O glossário popular sentencia que é melhor prevenir do que remediar.
Se isso vale em todos os campos, aplica-se particularmente à saúde. É preciso prevenir as doenças para garantir a saúde. Começa pela boca. Não só pelos cuidados com a higiene, com a escovação dos dentes, como com todo alimento que se ingere. Uns fazem mal aos dentes, outros ao estômago, outros aos rins, outros ao sistema nervoso etc. Quem sabe alimentar-se adequadamente corre menos perigo de ficar doente. A solução preventiva está na dosagem da dieta.
Além da boca, corremos hoje uma infinidade de riscos de acidentes e de violência. É possível cuidar-se mais, evitando os perigos, que nos rondam de todos os lados. A imprudência está na raiz de muitos males que nos acometem, conforme afirma Dom Dadeus Grings em sua Cartilha da Saúde, que nos autorizou a reproduzir suas ideias publicadas em seu material, partilhando-as com nossos leitores tão diletos.
A saúde não é apenas questão pessoal. Integra as exigências do bem comum. Por isso, procede-se a uma vacinação em massa, para prevenir e, consequentemente, eliminar o perigo de alastramento de pestes. Estamos, hoje, bem mais seguros que nas épocas anteriores à vacinação. A população inteira é imunizada contra certas doenças, que antigamente constituíam graves pesadelos e dizimavam populações inteiras.
Quando eu era criança, a pessoa que morria aos 60 anos de idade, morria velha. Muitas delas nem sabiam de que morriam. A medicina, embora menos desenvolvida, era mais preventiva. Mas não havia o hábito de refazer os chamados “exames de rotina”, anualmente. Hoje, quando a pessoa morre aos 80 anos de idade, lamentamos com comentários, como: “Mas ainda era tão jovem e já faleceu?”. Com o avanço da medicina ocorre uma tendência de esticar a vida. O que se torna um desafio para o Estado é a manutenção de um povo que vive mais, sem produzir. É lamentável quando se culpa os Pensionistas e Aposentados de causarem os chamados “rombos na Previdência”. Pessoas que gastaram a vida pelo desenvolvimento de uma Nação, acusados de “pesadelos econômicos”. Oxalá saibamos reconhecer e respeitar mais nossos idosos, proporcionando-lhes vida e saúde dignas.
A SAÚDE E SEUS DESAFIOS
Pe. Gilberto Kasper*
Dificilmente encontramos quem se diga satisfeito com a saúde. Diante de uma sociedade “enferma”, A Saúde e seus Desafios aumentam tanto, que mereceriam maior zelo por parte de todos, a começar pelos cidadãos. Não basta buscar culpados. Não basta reclamar, é preciso sugerir soluções concretas e reconhecer os esforços que de todos os lados são empreendidos para atender a todos.
Não podemos admitir que existisse alguém que não se importe com a saúde das pessoas. O que acontece, é a impotência que nossos Governantes sentem ao querer oferecer saúde de maior qualidade a seu Povo. Talvez haja falhas na Política Pública da Saúde. Mas é preciso reconhecer o esforço empreendido para aliviar os sofrimentos, especialmente dos menos favorecidos. As filas intermináveis nos Postos de Saúde, nos Consultórios Médicos, nos Hospitais Públicos e Conveniados são uma realidade igual. O SUS – Sistema Único de Saúde do Brasil é um modelo de atendimento elogiado pelos Países considerados desenvolvidos, e neles, funciona. Sua aplicabilidade em nosso País talvez seja mais problemática por falta de “vontade política”.
Se elencasse as intervenções que já fiz por agilizar atendimentos médicos a pessoas simples e dependentes do SUS, necessitaria de uma edição inteira deste querido Jornal, e nem assim, concluiria meus depoimentos. Sinto-me profundamente envergonhado, ter de interceder por alguém, quando tais atendimentos deveriam ocorrer naturalmente. Verba não falta. Talvez não seja aplicada com inteligência ou desviada de seu verdadeiro destino, para cobrir outros projetos. Quantas reportagens já assistimos, de hospitais e postos de saúde abandonados e inacabados, deteriorados com a desculpa de que a verba destinada não chegara ao destino? Certa vez fui chamado para atender um enfermo acidentado, num Hospital Municipal na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Estranhei, quando percebi todos os quartos do mesmo, vazios. Portas abertas, sem pacientes. Só a UTI e o CTI funcionavam. Perguntei à Enfermeira que me conduzia ao Paciente, o motivo daquilo, ao que me respondeu: “A Prefeitura não tem enviado alimento nem aos pacientes e nem aos funcionários do Hospital. Assim só funcionam a UTI e o CTI onde os pacientes são alimentados por sondas. E nós, funcionários, trazemos nosso alimento de casa”. Fiquei horrorizado, mas isso se repete Brasil afora mais do que se imagina.
Tenho passado por vários Postos de Saúde e também visitei recentemente o Hospital Municipal Santa Lídia de Ribeirão Preto. Percebi o empenho e o zelo dos médicos, enfermeiros, atendentes e funcionários, que irradiavam alegria na dedicação à saúde dos pacientes. Fiquei encantado com a limpeza, o lanche até para acompanhantes dos pacientes internados naquele Hospital, pelo SUS; não por intermédio de algum Convênio pago. Não conferi a acusação de que o mesmo Hospital faz acepção e discriminação de pacientes. O paciente que visitei, estava internado pelo SUS com atendimento tão digno como os que ocupavam leitos mantidos por algum Convênio. Ao contrário, conhecemos Hospitais de nossa cidade, que reformaram suas recepções, parecendo hotéis turísticos. Chegando às Alas atendidas pelo SUS, a miséria é tão decepcionante, que até os leitos se encontram enferrujados.
Antes de criticarmos, utilizemos de nossa educação básica, para então exercermos nossa cidadania, reivindicando atendimento digno de pessoas e não de “povão”. A Saúde e seus Desafios deve ser uma tarefa de todos. O Bom Senso sempre terá de ser a bússula orientadora de nossas relações: médicos e pacientes, pacientes e atendentes. Médicos deveriam dialogar mais com os pacientes do que com os exames, os atendentes deveriam acolher mais os enfermos, do que suas fichas de identificação.
*pe.kasper@gmail.com
A SOLICITUDE PELA SAÚDE PÚBLICA
Pe. Gilberto Kasper*
Sabemos que surgem sempre ameaças de novas doenças, que assustam. Não basta empenhar-se na cura de quem já está infectado. É preciso ir às causas. Citemos a calamidade da AIDS. Está ligada a uma série de comportamentos humanos, que estão longe de serem recomendados. É preciso apelar para a responsabilidade nesses campos, tanto no que diz respeito ao uso de drogas, que virou o grande pesadelo de nossos tempos, como a todo campo de doenças sexualmente transmissíveis. É preciso advertir acerca das consequências para, depois, não se limitar a chorar sobre o leite derramado.
Não há dúvida de que um dos fatores decisivos para a prevenção das doenças é a higiene e uma vida regrada. Mas é também preciso advertir sobre o exagero, que chega até o escrúpulo e à ansiedade, que se incute e implanta nesse campo. Vida saudável não é só comida e bebida saudáveis, mas também alegria e paz, convivência harmônica e fé, descanso e trabalho, exercício físico e mental... Temos que aprender a viver em cidade, criando hábitos urbanos, mas também tornando a cidade mais humana, com espaços para o lazer e para a convivência salutar. A solicitude pela saúde pública vai desde a água potável ao esgoto, desde o ar respirável ao ambiente de relativa tranquilidade, que evite o barulho desmesurado e o trânsito caótico. Cuidar da saúde não é, em primeiro lugar, cuidar de hospitais e postos de saúde, mas criar as condições que a promovam. Ou seja, cuidar da saúde, não se reduz às terapias que se ocupam com as doenças e enfermidades.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como expressão de uma inter-relação entre três níveis vitais: o físico, o psíquico e o social. Com isso, demonstra que não existe saúde sem os requisitos fundamentais da educação, da habitação, da alimentação, da equidade, da paz, da justiça social e da fé.
Com grande esperança em nossos eleitos para governar nossas cidades nos próximos quatro anos, confiamos que se realizem de verdade, as promessas elencadas nos “projetos que nortearam as campanhas eleitorais”. Exercendo nossa cidadania, ficaremos atentos e cobraremos com veemência tudo o que nos foi prometido!
Precisamos descobrir entre nós, verdadeiros líderes, que nos desacomodem da passividade. Tenhamos consciência de nossa participação ativa na elaboração das leis, bem como de suas devidas aplicações. Sem nossa participação não teremos como cobrar e nem esperar melhorias. A Santo Antoninho que o diga, esperando há 5 anos!
*pe.kasper@gmail.com
sábado, 17 de novembro de 2012
HOMILIA PARA O 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM DE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A Liturgia da Palavra do Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum traz consigo um sabor de despedida, de término, de fim! É o penúltimo domingo do Tempo Comum, em que Jesus prepara os seus interlocutores à vigilância!
“A celebração deste domingo nos motiva a assumir a condição de peregrinos nesta terra, onde tudo é efêmero e provisório. O céu e a terra passarão, a Palavra de Deus não passará. Ele nos pede vigilância e discernimento ativo dos sinais dos tempos, em atitude de esperança pela manifestação gloriosa da majestade do Senhor.
Aguardando a plena manifestação de Deus na plenitude dos tempos, vivamos intensamente o presente, nos esforçando em dar o melhor de nós, na esperança de que um mundo novo é possível. Enquanto aguardamos a vinda final de Jesus, não podemos ficar parados. Novos céus e nova terra são possíveis, começando aqui e agora.
‘Somos convidados a ter os olhos bem abertos e os ouvidos bem aguçados para perceber os sinais do Reino de Deus. Para não sermos surpreendidos pelos acontecimentos, é necessário estar sempre alertas. Jesus se revela na assembleia reunida e também nas situações do dia a dia. Manifestemos nossa confiança no Senhor, a quem a vida e a história humana se submetem.Todos os sábios e virtuosos, santificados por Cristo, serão acolhidos pelo Pai celeste. Vindo de todos os cantos da terra, brilharão para sempre como as estrelas no firmamento.
Qual será o destino dos bons e dos maus? Precisamos estar atentos aos sinais dos tempos, que nos mostram a presença e a ação do Filho de Deus. Cristo se oferece como sacrifício definitivo para a salvação da humanidade’ (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2012 da Paulus, pp. 58-61).
Há uma pergunta que não quer calar: ‘quando o mundo acabará? Vai mesmo acabar? Como seria?’. Será no dia 12 de dezembro de 2012 como alguns estão anunciando? A resposta de Jesus supera toda e qualquer curiosidade e banalidade: primeiro, é preciso ver os sinais do Reino já presentes na história; segundo, confiar na Palavra de Deus, pois os sinais passam, mas a Palavra permanece para sempre; por último, só o Pai sabe o dia e a hora, de forma que não cabe à comunidade cristã especular sobre esse assunto.
Não são poucos os cristãos que hoje ficam preocupados com as afirmações o sol ‘está escurecendo’, a lua ‘não brilha mais’, estrelas ‘começarão a cair do céu’ e as ‘forças do céu... serão abaladas’. Não faltam visões de anjos, arcanjos, querubins e serafins ‘subindo e descendo em todas as direções’. Seria esta a mensagem do evangelho de Jesus, hoje proclamado?
O discípulo missionário sabe que, para efetivamente anunciar o Evangelho, deve conhecer a realidade à sua volta e nela mergulhar com o olhar da fé, em atitude de discernimento.
O Concílio Ecumênico Vaticano II nos conclama a considerar atentamente a realidade, para nela viver e testemunhar nossa fé, solidários a todos, especialmente aos mais pobres.
O discípulo missionário observa, com preocupação, o surgimento de certas práticas e vivências religiosas, predominantemente ligadas ao emocionalismo e ao sentimentalismo. O fenômeno do individualismo penetra até mesmo certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescinde-se do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes.
A espiritualidade, a vivência da fé e do compromisso de conversão e transformação nos orientam para a construção da caridade, da justiça, da paz, a partir das pessoas e dos ambientes onde há divisão, desafetos, disputas pelo poder ou por posições sociais. Este é um tempo em que, através de ‘novo ardor’, novos métodos e nova expressão’, respondamos missionariamente à mudança de época com o recomeçar a partir de Jesus Cristo.
A ação eucarística é vivência antecipada da manifestação gloriosa de Cristo, acontecendo hoje, pela prática da fé e da caridade solidária” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB nº 23, pp. 98-108).
Como seria bom, se ao invés de preocupar-nos com o fim do mundo, nos ocupássemos com a promoção da dignidade no mundo. Só quem sente o quanto é bom ser bom, sabe que a bondade salvará até mesmo os que consideramos menos bons. Não canso de pensar e renovar o propósito de tentar sempre. Pois o que determinará meu fim último é o esforço que empreendo por ser melhor hoje do que fui ontem. A coerência entre o que penso, rezo e vivo, é que será meu acesso à eternidade feliz, junto ao colo d’Aquele que me gerou antes mesmo de ser planejado. Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dn 12,1-3; Sl 15(16); Hb 10,11-14.18 e Mc 13,24-32).
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Maria é o novo mundo preparado para receber o novo Adão
Antes de formar o primeiro homem, Deus tinha-lhe preparado o magnífico palácio da criação. Colocado no Paraíso, o homem se deixou expulsar por causa da sua desobediência, e tornou-se, com todos os seus descendentes, presa da corrupção. Mas, Aquele que é rico em misericórdia, teve piedade da obra de Suas próprias Mãos, e decidiu criar um novo céu, uma nova terra, um novo mar para servir de morada ao Incompreensível, desejoso de reformar o gênero humano.
O que é este mundo novo, esta nova criação? A bem-aventurada Virgem Maria é o céu que mostra o sol da justiça, a terra que produz o rio da vida, o mar que traz a pérola espiritual... Como este mundo é magnífico! Como esta geração é admirável, com a sua bela vegetação de virtudes, e suas flores odoríficas da virgindade!... O que há de mais puro, de mais irrepreensível que a Virgem Mãe?
Deus, luz soberana e imaculada, nela encontrou tantos encantos que se uniu, substancialmente, a ela, por meio da descida do Espírito Santo. Maria é a terra sobre a qual o espinho do pecado não conseguiu sequer florescer. Ao contrário, ela produziu o rebento, por meio do qual, o pecado foi completamente extirpado.
Maria é uma terra que não foi amaldiçoada como a primeira, aquela terra, fecunda em espinhos e cardos. Sobre ela, ao contrário, desceu a bênção do Senhor e seu fruto é bendito, como cita o divino oráculo.
Agora, de posse da bem-aventurada imortalidade, A Santa Virgem ergue para Deus - para a salvação do mundo - as suas mãos, estas que embalaram o próprio Deus... Branca e pura pomba, erguida em seu vôo até o mais alto dos céus, ela não cessa de proteger nosso plano inferior. Ela nos deixou, fisicamente, mas está conosco em espírito; no Céu, a Virgem Santa coloca os demônios em fuga, tendo-se tornado nossa mediadora junto ao Pai. Outrora, a morte, introduzida no mundo por meio de Eva, estreitou-a sob o seu penoso império; hoje, lançando-se sobre a bem-aventurada filha de u´a mãe cheia de culpa, a morte foi expulsa; e sua derrota surgiu de onde, dantes, surgira o seu poder...
Ó Virgem, eu vos vejo adormecida e não morta: vós fostes assunta, da Terra ao Céu e, não obstante, não cessais de proteger o gênero humano... Mãe, permanecestes virgem, porque "Ele era Deus, aquele a quem vós destes à luz". Assim atua, igualmente, vossa "morte viva", tão diferente da nossa: somente vós - o que é mais do que justo - tendes o corpo e a alma íntegros, puros, incorruptos.
De São Teodoro Studita
Os mais belos textos sobre a Virgem Maria
Apresentados por Padre Pie Régamey (1946)
sábado, 10 de novembro de 2012
HOMILIA PARA O 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM DE 2012
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Estamos chegando ao final do Ano Litúrgico. Hoje celebramos o Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum. Jesus continua o ensinamento aos discípulos, agora, já em Jerusalém, depois de sua entrada triunfal (cf. Mc 11,1-11).
A Liturgia da Palavra nos apresenta duas viúvas – a de Sarepta e a que colocou sua esmola no cofre do Templo de Jerusalém. Na segunda leitura, estamos em outro Templo, não no de Jerusalém, mas no Santuário que é o próprio corpo de Cristo, simbolizado em sua Igreja reunida.
Fiquemos atentos, na celebração de hoje, a muitas ‘viúvas’ que trazem para nossas celebrações suas vidas, seus sofrimentos, suas dores, suas esperanças. Que nossa assembleia litúrgica esteja aberta a todos que a compõem. Todos os que exercerem algum ministério, nesta celebração, estejam a serviço daqueles que estão dispostos a ouvir a Boa Nova e a oferecer suas vidas ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Que possamos todos fazer de nossa vida uma oferta agradável a Deus e aos irmãos.
‘Deus abençoa o pobre que, com sua generosidade, sabe partilhar o pouco que possui. Jesus se doa totalmente para a expiação dos pecados da humanidade. A verdadeira generosidade se manifesta no dar além da sobra’ (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2012 da Paulus, pp.41-44).
Diante do gesto da pobre viúva, Jesus chamou os discípulos para conversar e ensinar. Diante da sociedade utilitarista e daqueles que alicerçam suas vidas sobre os critérios da aparência e da generosidade calculada, Jesus nos chama para conversar e ensinar. Diante deste mundo no qual o dinheiro, o status, o sucesso são mais valorizados que as pessoas e seus sentimentos, Jesus nos chama para conversar e ensinar.
Mesmo no interior da Igreja, contra toda a lógica do evangelho, há aqueles que fazem de sua vida uma corrida em busca de honrarias, prestígio e aplausos. Iludem-se, pois a fama pela fama, a aparência pela aparência, só traz um imenso vazio. No passado, Jesus alertou os discípulos: ‘Guardai-vos dos escribas’. Hoje ele avisa: ‘Não se iludam com os modelos de sucesso que existem por aí’.
Jesus reprova nos escribas a cegueira espiritual. Eles eram os especialistas no conhecimento e na interpretação dos preceitos do Senhor. Sua prática, porém, não se conformava com seus conhecimentos e suas interpretações. Há muitos cristãos que, teoricamente, conhecem muito bem os critérios evangélicos e os preceitos da vida cristã, todavia ‘fazem o bem, pensando em si’. Na prática comunitária, não mergulham no espírito e, consequentemente, se tornam mesquinhos e intolerantes. O Mestre alerta seus discípulos para a verdadeira prática religiosa. Esta não consiste na busca de honrarias, no ocupar lugares de destaque nas comemorações públicas, no uso ostensivo de vestes e de sinais externos para chamar atenção sobre si. A verdadeira prática religiosa brota da generosidade e da humilde dedicação aos pobres e necessitados (cf. Tg 1,27). O seguimento de Jesus se caracteriza pela doação, pela solidariedade.
Jesus contrapõe ao modo hipócrita do agir dos escribas e ricos senhores do templo a generosidade e a religiosidade sincera de uma pobre viúva. Despojada dos bens terrenos, doa tudo o que possui, demonstrando que sua confiança e segurança estão nas mãos de Deus. É a generosidade radical. Ela não doou o supérfluo, manifestou uma generosidade gratuita, no sentido da entrega total, sem esperar nada em troca. ‘Sua humilde esmola vale mais do que abundantes doações dos ricos, pois estes dão do supérfluo, enquanto que a viúva oferece a Deus o que ela necessitava para viver’.
A Liturgia da Palavra de hoje nos faz lembrar que a grande maioria de nosso povo é muito generoso. Basta avaliar a pronta resposta diante de certas calamidades provocadas por seca ou por enchentes. Multiplicam-se as toneladas de donativos. [...] Lamentavelmente as doações nem sempre chegam ao destino. Ainda nesta semana assistimos noticiários que mostraram milhares de pares de sapatos, centenas de eletrodomésticos destinados à Região Serrana do Rio de Janeiro, desde o início do ano armazenados e apodrecendo em Nova Friburgo. Enquanto os pobres partilham de sua pobreza, os responsáveis pela justa distribuição se revestem de descaso e egoísmo insensíveis com as pessoas sofredoras. [...]
Felizmente, existem muitas ‘viúvas de Sarepta’, como a do evangelho, que anonimamente vivem da certeza de que ‘Deus abençoa quem generosamente partilha seus próprios bens’. Vivem na gratuidade. Não porque ter bens materiais seja uma coisa ruim, mas pelo fato de eles assim cumprirem sua finalidade: serem colocados à disposição de quem deles necessita. A partilha generosa e solidária multiplica as soluções de problemas que parecem insolúveis. Enquanto a ganância provoca a fome e a miséria, a partilha solidária multiplica as possibilidades de vida digna.
Não nos esqueçamos de que, além de nossos bens materiais, é preciso também partilhar nosso tempo e nossos dons pela causa do Reino de Deus. Às vezes, pode ser mais fácil dar em forma de dinheiro, do que mexer em nosso tempo” (cf. Roteiros Homiléticos n. 23 da CNBB, pp. 91-97).
Finalmente a Palavra de Deus deste domingo nos coloca diante de algumas perguntas pertinentes. Neste Ano da Fé somos conclamados à coerência entre o que pensamos, rezamos, pregamos (falamos) e fazemos. Se Jesus, em pessoa, viesse conversar conosco, ficaria feliz com nosso modo de viver nosso Batismo, nosso Ministério e nossa Vida na Comunidade de Fé?
Penso comigo: graças a Deus, entre nós, Jesus certamente não precisaria repetir o que disse aos discípulos: “Tomai cuidado com os doutores da lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação”(Mc 12,38b-40).
Caso alguém se identifique com os “escribas”, ainda é tempo de mudar. A conversão não deve esperar para amanhã. Oxalá aconteça ainda neste domingo. Do contrário, de que adiantaria celebrar, não é mesmo?
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Rs 17,10-16; Sl 145(146); Hb 9,24-28 e Mc 12,38-44)
QUE TODOS TENHAM VIDA
QUE TODOS TENHAM VIDA
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Quem observa o número de farmácias – chamadas, com propriedade, também de drogarias – em nossas cidades, fica com a impressão de que nossa população está gravemente doente. Quando se faz uma pesquisa sobre os remédios que cada um toma, fica-se assustado. As famílias costumam ter um verdadeiro arsenal deles em casa. Tornam-se dependentes.
Quando verificamos as filas junto aos postos de saúde e o sofrimento que se retrata nos rostos dos que buscam algum recurso, ficamos ainda mais abalados. Além da impressão de que nossa população está doente, constatamos que o tratamento que se lhe oferece não é adequado. Criamos uma estrutura que torna inviável o tratamento da saúde de nossos cidadãos. Devemos então concluir que assistimos ao alastrar-se de uma peste. Parece-se ao tormento de Dândalo, que morre de fome e sede dentro da água, amarrado ao sopé de uma árvore carregada de frutos.
A medicina indubitavelmente progrediu. Está em condições de resolver muitos problemas de saúde. Faz maravilhas. Podemos anunciar os tempos messiânicos, quando cegos começam a enxergar com o transplante de córneas, paralíticos andam com a implantação de próteses, leprosos são curados... E o incrível acontece quando até corações são transplantados e mortos são reanimados.
Mas é preciso reconhecer que a medicina se elitizou. Nem todos têm acesso a ela. Gastam-se enormes fortunas que, na prática, favorecem alguns poucos, em detrimento das multidões de pobres, que formam nossas filas de enfermos, sem atendimento ou com atendimento precário. Pelo fato de se querer o ótimo – para o que não existe estrutura suficiente – omite-se fazer o que seria possível e bom. Por isso, vale o provérbio que o ótimo é inimigo do bom. Em vez de simplificar todo o esquema, de modo a atingir a todos, investe-se em instrumentos extremamente sofisticados, que servirão para bem pouca gente. É preciso democratizar a medicina!
A questão das farmácias e das filas para o atendimento é apenas um sintoma. Há algo de errado, tanto na mentalidade acerca da saúde como na organização de seu serviço. Talvez tenhamos subido muito alto, colocando-nos a par do que existe de mais moderno e avançado e tenhamos esquecido as práticas elementares, capazes de proporcionar saúde melhor. O assunto exige uma revisão, para reintegrar os valores da saúde no grande contexto do bem comum. E, assim, chegaremos mais perto da máxima do Evangelho: “que todos tenham vida e a tenham em abundância!” (Jo 10,10).
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
O Rosário de nossa Santa Mãe
A própria natureza fez do nome "mãe", o mais doce entre todos os nomes e, do amor materno, o próprio modelo de um amor terno e cuidadoso; assim, a alma piedosa o sente, de forma tão vivaz, que não encontra palavras para exprimir, o quanto pulsa e arde, em Maria, a chama de um amor benevolente e eficaz. Isto ocorre porque Maria é nossa Mãe, não no plano natural, mas por parte de Cristo.
Ela conhece mais do que ninguém, ela vê perfeitamente tudo o que nos diz respeito: as nossas necessidades na vida; os perigos públicos ou íntimos que nos ameaçam; as angústias e os males que nos rodeiam e, sobretudo, a dificuldade da luta que devemos enfrentar para a salvação de nossa alma, contra os inimigos mais encarniçados.
Nessas e em tantas outras provações, nossa Mãe celeste possui, mais e melhor do que ninguém, o poder e o desejo de trazer consolo, força e auxílio, de toda espécie, a seus filhos bem-amados.
Vamos nos dirigir a Maria, corajosa e ardentemente; vamos invocá-la, em nome destes laços maternais que a unem tão estreitamente a Jesus e a nós; invoquemos, com profunda devoção, sua assistência pelo modelo de oração que lhe é agradável; então, poderemos, com justa razão, repousar em segurança e alegria sob a proteção da mais perfeita de todas as mães.
Papa São Leão XIII (1810-1903)
Encíclica "Magnae Dei Matris", de 8 de setembro de 1892.
MAIS RESPEITO E REVERÊNCIA
MAIS RESPEITO E REVERÊNCIA
Volto da missa dominical. Mas dela não saí edificado; antes constrangido com a “nova” pedagogia da Igreja, a de como se dirigir a Deus. Ensina-me o folheto dominical que devo me dirigir a Deus não de uma forma “temente”, isto é, respeitosa e reverente; mas com intimidade desabrida, tratando-o por “você”. O refrão de um dos cantos, aliás, pareceu-me paradigmaticamente escandaloso: “você em mim, eu em você”. Daqui a pouco agrega-se “e nóis tudo c’as mina, cara, numa boa, brodis”.
Talvez não seja prudente atribuir isso à Igreja, mas a alguns padrecos, ou freirinhas, não importa. Mas o tratamento dado a Deus, “você”, é irrefletido, irreverente e desrespeitoso. O surpreendente é que se o tenha permitido com a chancela de alguém maior, “oficializando” um documento que serve de base ao culto de milhões de católicos. Obviamente, duvido que esse padreco, ou essa freirinha, ousasse se dirigir a uma autoridade, ainda que apenas o Prefeito fosse; ou ao Papa, ou ao Bispo, ou a um sacerdote mais velho por essa forma “e aí cara, você me entende, não é? Somos iguais na essência...” E nem isso se poderia dizer a Deus; entre Criador e criatura, perfeição e corrupção (da qual um belo exemplo é dado...) não há igualdade. A pura e simples educação social imprime o dever de tratar pessoas mais velhas, ainda que de menor hierarquia por “Senhor” e nunca “você”! De onde vem, pois, essa estranha pedagogia de que Deus deve, ou pode, ou “quer” ser chamado de “você”?
Dir-se-á que Deus é tão grande, que nem estará “aí” para a forma como se o chama. Que é tão misericordioso que perdoará até àqueles que o ofendem injuriosamente e que, portanto, esse “você” é o de menos. Mas há duas “pedagogias” norteando nossa religião: uma “primária”, a do Deus do Antigo Testamento, ciumento e exigente; e a “superior”, do Deus compassivo e amoroso que, todavia, não veio para ab-rogar as escrituras, a Lei e os Profetas. E que também, parece, sempre foi respeitosamente tratado, mesmo por seus “mais chegados”.
Afinal, como tratar Deus? É uno e trino. E, talvez, por essa condição trinitária, tenha se desenvolvido a noção de referi-lo pela segunda pessoa do plural, “vós”, aliás cerimoniosa como exigem as convenções humanas. É verdade que no trato de “Vossa Excelência”, atribui-se, frequentemente, a conjugação com a terceira pessoa do singular mas, sempre, subentendendo-se, reverentemente, uma forma implícita (ou explícita) de Senhor, Magnífico, Todo-Poderoso, não “você” (embora corruptela de “Vossa Mercê”, por “vos-micê...). O que não deve ocorrer é a “mistureba” da concordância verbal desses folhetins entre a segunda do singular (tua, teu), a terceira do singular (Receba o Senhor...), ou a segunda do plural (ó Pai, aceitai-nos...). Conviria, penso, uma normatização; caso contrário professoras de Português contra-indicarão --- e com razão --- esses roteiros das missas distribuídos aos fiéis, pelo menos por sua forma, como nocivos à alfabetização...
Ó Pai, como é possível que se pense que (tu) sejas a inspiração desses padrecos, retire (o Senhor) deles essa missão ou (vós) os iluminai. Isto vos pedimos para que (o Senhor) nos conceda tal graça a teu povo...
Amém.
Harley Edison Amaral Bicas
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS FALECIDOS
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS FALECIDOS
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Celebrar a Comemoração de todos os Fiéis falecidos é antes de luto e perda, celebrar a esperança e a entrega daqueles que amamos a quem de direito, o próprio Criador.
Segundo o teólogo especialista em Escatologia (o estudo após a morte) Renold Blank, toda a nossa fé se baseia na ressurreição. Sem a ressurreição, nossa fé seria simplesmente mais uma entre muitas outras crenças.
A ressurreição é a expressão e a confirmação do fato de o último destino de toda pessoa e da criação inteira ser o repousar no amor inimaginável daquele que criou a todos nós. É para isto que Deus ressuscita todo ser humano depois de uma única vida vivida: para que esse ser seja eternamente amparado no seu amor; para que Deus seja amparado no amor daqueles pelos quais ele se apaixonou, os seres humanos.
De acordo com os Roteiros Homiléticos da CNBB, n. 23, pp. 76-82, “Se contemplarmos a morte de Cristo, contemplamos também sua ressurreição. O mistério pascal não apenas ilumina e ajuda a reler nossa vida, mas também ensina poderosamente qual é a vida que Deus diz ser plena, perene e que não é destruída pela morte. Precisamos viver como vocacionados para a ressurreição. Somos criados pelo Autor da vida para viver e dar a vida. Quanto mais dermos a nossa vida, tanto mais vida receberemos”.
Na Celebração de todos os Fiéis falecidos, celebramos nossa vocação de ressuscitados. No Batismo, fomos unidos a Cristo, começamos a participar da vida celeste de Cristo ressuscitado. Na Eucaristia, somos alimentados com o Corpo e o Sangue de Cristo, pois já pertencemos a seu Corpo.
Insistindo que “o túmulo de Jesus estava vazio”, a Igreja primitiva expressou não somente o fato da ressurreição em si, mas também seu significado: a superação de toda dimensão de corruptibilidade, simbolizada pela putrefação que se verificaria dentro de um túmulo não vazio. Tudo isso é superado pelo agir de Deus. Por causa disso, Paulo pôde exclamar: “nem o olho viu nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
POR QUE MEDO DA MORTE?
POR QUE MEDO DA MORTE?
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Se há alguns poucos anos falar de sexo abertamente era tabu, hoje é tabu falar em "morte". Por que medo da morte? A grande certeza que vivemos, é que um dia morreremos, no entanto "morremos de medo de morrer...". Cada vez que a morte passa por perto, ou me encontro diante dela através do exercício de meu ministério, encomendando alguma pessoa falecida, meu questionamento é em relação à vida que levo! A morte é uma excelente oportunidade de melhorar minha qualidade de vida. Geralmente deixamos para depois, as mudanças que talvez teriam de ser revistas logo. É bom não sabermos o dia e a hora de nossa morte, mas quando vier, e nosso nome ecoar na eternidade, não terá outro jeito, a não ser morrer! Há quem chama a morte de segundo parto. O primeiro acontece quando deixamos o útero materno, que geralmente é aconchegante e delicioso. Talvez por isso a criança, ao nascer chora. O segundo parto, é deixar o "útero da terra". Por mais difícil que seja viver, ninguém quer partir. A morte dói, nos faz chorar e traz vazio com sabor de saudade inexplicável.
Nossa vida poderia ser comparada a uma viagem de ônibus. Quem ainda não andou de ônibus? Quando nascemos, entramos num ônibus, que é a vida terrena. A única certeza que temos é que há um lugar reservado para nós. Uma poltrona. Não sabemos quem serão nossos companheiros de viagem. Apenas sabemos que a poltrona reservada para nós deverá ser ocupada. Às vezes, ocupamos a poltrona do outro, e isso nos traz constrangimentos. Já assisti muitos "barracos" em ônibus cuja mesma poltrona estava reservada para duas pessoas. Não sabemos quem serão nossos pais, irmãos, amigos, parentes, enfim...
Nossa única missão é tornar a viagem a mais agradável possível. Às vezes há pessoas que tornam a viagem insuportável; outras vezes a viagem é agradável!
Há também o bagageiro. Nossas coisas não podem ocupar o lugar dos outros, mas devem caber em nosso próprio bagageiro do ônibus, a vida!
O ônibus, de vez enquando pára na rodoviária. Se a viagem de ônibus é a vida terrena, a rodoviária é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: há cheiro de banheiros, de óleo diesel, barulho de ônibus chegando e saindo, ninguém se conhece, muita gente se esbarrando ou até se derrubando. Há sempre uma incerteza, um friozinho na rodoviária que arrepia nossa espinha, que é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: todos passam por ela porque precisam, mas não porque gostam. Haverá um momento em que nosso nome será chamado no alto-falante da rodoviária. Então precisaremos descer do ônibus da vida. Se tivermos enviado algum bilhete, uma carta, feito um telefonema ou até mesmo enviado um email para a eternidade, avisando nossa chegada, não precisaremos ter medo, porque Deus estará esperando por nós. O bilhete, a carta, o telefonema, o email são nossa maneira de viver a fé, a esperança e a caridade através de nossa relação conosco, com Deus e com os outros!
Assim Deus estará esperando-nos na rodoviária da morte. Seremos identificados e acolhidos por Ele, de acordo com o que fomos e nunca com o que tivemos. Se Deus não tiver tempo, pedirá ao Seu Filho Jesus para buscar-nos e conduzir-nos à morada eterna. Se de tudo Jesus também não tiver tempo, Nossa Senhora nunca nos deixará perdidos ou esperando na rodoviária da morte. Ela estará lá, de braços abertos, para receber-nos e levar-nos à presença de Deus, colocando-nos em Seu Eterno Colo de Amor. É o que rezamos sempre: "...rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém!"
DIA DE FINADOS
DIA DE FINADOS
Pe. Gilberto Kasper*
No próximo dia 2 de novembro celebraremos o Dia de Finados. A instituição de um dia especial, deve-se a uma iniciativa dos monges beneditinos, por volta do ano 1000, na França. Aos poucos, este costume foi se espalhando pelo mundo, até ser assumido por a Igreja Católica Apostólica Romana.
O Dia de Finados não é um dia triste ou de luto. Pelo contrário, é um dia de saudosa recordação, confortados que somos pela fé e pela esperança na vida eterna. “Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram” (1 Ts, 4,13-14).
Mas, como podemos provar a ressurreição? Além de nossa fé, baseada no testemunho dos apóstolos, revigorada neste Ano da Fé, proclamado pelo Santo Padre o Papa Bento XVI, tantas vezes registrada no Novo Testamento, temos a chamada “prova sociológica” da ressurreição de Jesus. Devemos ter presente que, no tempo de Jesus, a morte numa cruz era o maior sinal de fracasso, vergonha e exclusão. De um pobre crucificado ninguém falaria e nem poderia falar. Com a ressurreição, até o sinal da cruz, sinal de vergonha, condenação e escárnio, foi-se transformando em sinal de salvação, de vitória, de vida. Se hoje existe a fé cristã, é porque ele ressuscitou.
Um aspecto muito importante a ser ressaltado no Dia de Finados, ao professarmos a nossa fé na ressurreição e na vida eterna, é que a ressurreição nos faz assumir um novo modo de viver.
Conforme o texto dos Roteiros Homiléticos da CNBB, nº 23, nas páginas 76-82, também lemos no Catecismo da Igreja Católica, n. 995, “ser testemunha de Cristo é ser ‘testemunha da sua ressurreição’ (At 1,22), ‘ter comido e bebido com Ele após sua ressurreição dentre os mortos’ (At 10,41). A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros com o Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele”.
Celebremos com fé o Dia de Finados, buscando a partir do evento da morte, procuráramos melhorar nossa qualidade e vida.
*pe.kasper@gmail.com
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