COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O
que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia;
O que
escutais ao pé do ouvido,
Proclamai-o
sobre os telhados!”(Mt 10,27).
“O Décimo-Segundo Domingo do Tempo
Comum pode ser considerado como o ‘primeiro’
da ‘segunda parte’ deste tempo
litúrgico. Os Domingos do Tempo Comum são nossa páscoa
semanal. São os dias da nossa ressurreição, princípio e fim da nossa semana. O
centro deste magnífico dia é a Eucaristia, Ceia do Senhor, ‘onde toda a
comunidade dos fiéis se encontra com o Senhor ressuscitado, que os convida ao
seu banquete. O domingo é o dia por excelência da assembléia litúrgica em que
os fiéis se reúnem ‘para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da
Eucaristia, lembrarem-se da paixão e ressurreição do Senhor Jesus, e darem
graças a Deus que os regenerou para a viva esperança, pela ressurreição de
Jesus Cristo de entre os mortos’.
Costumo lembrar-me do
evento que um de nossos Padres da Arquidiocese de Ribeirão Preto conta,
enquanto chegava, na Amazônia, a uma Comunidade Ribeirinha, depois de quinze
horas de viagem de barco. Encontrou uma faixa no barranco com a seguinte frase:
“Padre, seja bem-vindo. Faz cinco anos
que não vemos um!”. O Padre em missão foi acolhido com uma sede da
Eucaristia, que ninguém é capaz de descrever. Enquanto em lugares como esse, as
pessoas só tem um padre para celebrar-lhes a Eucaristia, contamos na cidade de
Ribeirão Preto, num único final de semana mais de duzentas Missas Dominicais.
Ainda assim, quantos de nós, encontramos desculpas daqui e dali para faltarmos
tanto nas celebrações de nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor? Qualquer
motivo nos tenta a faltar do que São Paulo chama de Corpo Místico, mutilando,
portanto, nossas Comunidades Eclesiais. Cada membro que falta, mutila o Corpo
da Igreja, do qual somos os membros, enquanto Cristo é a Cabeça e o Espírito
Santo a alma! Torna-se desafiador afirmar que não existe Igreja sem Eucaristia.
Onde temos tantas Eucaristias celebradas, porém mal aproveitadas, seríamos mais
Igreja do que aquelas Comunidades que se alimentam durante cinco anos apenas da
Palavra, da fidelidade a Deus nas relações verdadeiras entre os irmãos? Cada um
tire suas próprias conclusões!
Dos homens não devemos ter
nem temor nem medo; ensina-nos o Evangelho deste domingo, de Deus, porém
devemos ter temor, mas não medo. O sentido do temor a Deus é completamente
diferente daquele do medo. ‘Temer a Deus
é o princípio do saber’ (Sl 111,10),
isto é, tem sua fonte exatamente no saber quem é o Senhor. Se o medo nasce da
obscuridade do desconhecido, o temor de Deus nasce do conhecimento de Deus.
Como sempre o Evangelho
nos ajuda a olharmos para os nossos dias com olhar transfigurado e lança luzes
sobre o nosso cotidiano. O nosso tempo é um tempo de angústia e a ansiedade e o
medo têm se tornado as doenças por excelência e principais causas de infartos e
suicídios. Como se pode explicar essa situação se na atual conjuntura temos
tantos recursos, em relação ao passado, que nos garantem segurança econômica,
planos de saúde, meios para enfrentar doenças e formas para retardar o
envelhecimento e a morte? Não será que na nossa sociedade diminuiu o temor de
Deus e quanto mais se diminui o temor de Deus se cresce o medo dos homens? Os
adolescentes e jovens que perderam o temor dos pais, que por sua vez perderam o
temor de Deus, são mais livres e seguros de si?” (cf. Roteiros
Homiléticos do Tempo Comum I de Junho/Agosto de 2014 da CNBB, pp. 31-38).
Enfim, a mensagem de Jesus,
a Boa Nova do Evangelho, é maior e mais forte que a fortaleza dos homens, que
muitas vezes se consomem em destruir relações, difamar, deixar a inveja
derrubarem os irmãos mais fragilizados. Tampouco a mensagem de Jesus é
destinada apenas a um pequeno grupo, aqueles que buscam ocupar cargos, funções e
correm atrás de privilégios à custa da instituição, seja ela eclesial, política
ou social, nem a um grupo de elite, de privilegiados, mas sim uma boa
nova que precisa ser dita “à luz
do dia” e proclamada “sobre os telhados”.
O cristão não deve ter
medo de anunciar com a própria vida os valores que lhe são essenciais e que o
caracterizam como verdadeiro filho que se sente amado por Deus, a saber: o
amor gratuito, a verdade, a justiça, a liberdade, a cidadania e a paz!
Desejando-lhe muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jr
20,10-13; Sl 68(69); Rm 5,12-15 e Mt 10,26-33).
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