COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Céus,
deixai cair o orvalho;
nuvens,
chovei o justo;
abra-se
a terra e brote o Salvador!”(Is 45,8).
Já no Quarto
Domingo do Advento e às portas da Solenidade do Natal do Senhor, a
liturgia dirige o nosso olhar para o anúncio
do Anjo feito a Maria
e para sua própria pessoa enquanto imagem da Igreja que aguarda a
chegada do Natal. Para sublinhar em que ponto a celebração nos situa,
recordemos nosso trajeto realizado: nos dois primeiros domingos do Advento
escatológico, nossa expectativa foi reacendida em vista das realidades futuras
e dos últimos tempos que Jesus inaugurou a partir de sua
vinda histórica e sua glorificação. A acolhida do anúncio da Palavra
de Deus nos preparou na direção desse evento derradeiro, que o povo da Primeira
Aliança viu realizar na Igreja, como já participante das
realidades futuras.
No terceiro domingo do Advento, com o olhar mais
voltado para a vinda histórica, a Igreja se alegrou, como que
antecipando aquilo a que se prepara e no canto de Maria, proclamou as
maravilhas que Deus realizou por seu povo e continua a realizar por meio de Jesus
e de seu Espírito. Nesse mesmo período iniciamos a novena do Natal
do Senhor, intensificando a nossa espera e vigilância, enchendo nossas
lâmpadas com o azeite da oração, adentrando no festim do noivo que veio ao
nosso encontro. Cada domingo, como luz a iluminar nossos passos, nos conduziu a
este momento, onde contemplamos a Virgem como a um espelho, onde
podemos ver a imagem daquilo que a Igreja é chamada a ser: casa
preparada por Deus, arca da Aliança e receptáculo do Mistério outrora escondido
e que Deus, por imensa bondade, revelou a todos.
“Graças
ao sim de Maria, Deus veio habitar entre nós na pessoa de Jesus. Todos devemos estar disponíveis
para a ação do Espírito de Deus, acolhendo no coração o mistério da encarnação.
A páscoa de Jesus se manifesta nas
pessoas e grupos que se dispõem a receber a boa-nova trazida pelo anjo Gabriel.
De
coração alegre e agradecido, acolhamos a Palavra
de Deus. Ela nos mostra o plano divino de salvação e em Maria realiza a
prometida encarnação do Salvador.
Deus
quer caminhar com seu povo, e não ficar trancado no templo. Maria aceita a
proposta de ser a mãe de Jesus. O
mistério de Deus se revela à humanidade em Jesus encarnado.
Respondendo
nosso amém à oração eucarística, aceitamos com gratidão
o plano de Deus; acolhendo a palavra feita carne, deixamo-nos transformar, pelo
Espírito, em novas criaturas” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da
Paulus, pp. 64-67).
A celebração do quarto domingo, como último Domingo
do Advento histórico, na mesma dinâmica do terceiro domingo,
antecipa a realidade festiva que se desabrocha no Natal. Nesta celebração a
Igreja
é a receptora do anúncio do Anjo, participando da encarnação do Verbo ao
acolher a Palavra proclamada, exercendo seu discipulado na escuta e na
obediência e deixando realizar em seu seio a salvação esperada. Contudo, a
chave messiânica da compreensão dos textos nos convida a perceber que a
salvação principiou neste mistério e se completa na páscoa do Senhor, para a
qual rumamos. Nós, que também já desfrutamos da vida divina em Cristo pela
participação em sua páscoa, não devemos fazer o seu caminho de encontro com as
realidades carentes de vida nova? Prolongar o anúncio do Anjo ao mundo,
descobrindo a semente do Verbo nas realidades mais sofridas, não seria nossa
resposta obediente, discipular e atenta à vontade do Pai? O Natal
do Senhor se orienta e se aprofunda também na páscoa do mundo que
anseia por vida nova e por salvação.
O mistério da encarnação, iniciando hoje com
a anunciação do Anjo à Virgem,
é aprofundado pelo mistério da cruz que nos leva à ressurreição. Segundo uma
mensagem de Natal, “Para quem
consciência ainda tem, o Natal é dura cruz na casa de alguém”, poderemos
nos encaminhar mais ligeiramente para o acontecimento
natalino, se estivermos mais atentos e solícitos aos sofrimentos e cruzes
que carregam os outros!
Com a Igreja, portanto, somos convidados a
sentirmo-nos também grávidos do Senhor! Mais ainda: somos conclamados a “dar à luz ao Cristo não mais Menino, mas
Ressuscitado”. Por isso o Natal
do Senhor precisa ser motivado por nossa missionariedade e discipulado a
exemplo de Maria. Sejamos o porta-jóias de Jesus, anunciando-O com a
própria vida ao mundo que nem sempre O reconhece em nossas incoerências. Quantas
aparências, falsidades, mentiras, fingimentos e invejas atrapalham um
verdadeiro Natal que não aborte Jesus, por conta do consumismo,
hedonismo e individualismo! Sejamos livres para celebrarmos um Natal
diferente, como nunca antes em nossa vida pessoal, comunitária e social!
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 2 Sm
7,1-5.8-12.14-16; Sl 88(89); Rm 16,25-27 e Lc 1,26-38).
Nenhum comentário:
Postar um comentário