COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
O Terceiro Domingo do Tempo Pascal nos apresenta Jesus ressuscitado dos mortos,
revelando-se novamente à Comunidade dos discípulos, desejando-lhe: “a paz esteja convosco!”.
A morte e a ressurreição
do Senhor ocupam o centro da história da salvação. A escuta da Palavra de Deus suscita a fé em Cristo
ressuscitado. Como outrora os discípulos, hoje, nós também experimentamos sua
presença por meio da Palavra e do Pão da vida. Ele nos comunica a paz e
nos confirma como testemunhas do mistério de sua Páscoa. Confirmados na fé pelos sinais sensíveis e instruídos pelas
palavras da Escritura, podemos
perceber a sua presença viva na comunidade e na história.
Enquanto o
pecado que nos faz virar as costas para Deus, deixando-nos mofos, embolorados,
deprimidos e na sombra da solidão, o sepulcro vazio do Ressuscitado nos devolve
aquela paz que nossa arrogância e prepotência nos roubam.
Como Igreja, seguimos a
caminhada pascal com as manifestações de Jesus ressuscitado em meio à
comunidade de seus seguidores. O medo e a incerteza de outrora e de hoje
levantam algumas interrogações: Jesus
ressuscitou verdadeiramente? Como
podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como podemos
mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos seres humanos a
salvação?
O Apóstolo Pedro afirma ser testemunha viva
da ressurreição: “Deus ressuscitou Jesus
dos mortos” (cf. At 3,15). Esse acontecimento é Boa-Nova para o mundo. Por isso, os
apóstolos são, em primeiro lugar, testemunhas e anunciadores da ressurreição de
Jesus Cristo. “Disto nós somos
testemunhas”.
O Evangelho do Terceiro Domingo da Páscoa pode ser
chamado de a “a prova dos sentidos’”.
Os sentimentos dos discípulos são de medo, susto, surpresa, alegria. Para que
eles possam entender o que está acontecendo, o Ressuscitado fala, deixa-se ver,
pede para ser tocado e come na presença deles. A seguir, para levar seus
ouvintes a crerem, o Ressuscitado passa a fazer memória do que está escrito
sobre ele na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos. A argumentação a partir
das Escrituras, como palavra inspirada, torna-se uma fonte indispensável para
compreender os acontecimentos relacionados ao Ressuscitado.
A Palavra de Deus do Terceiro
Domingo do Tempo Pascal nos chama ao compromisso e à fidelidade. Acesos
no Círio Pascal, símbolo do
Ressuscitado no meio da Comunidade de Fé, nos tornamos uma extensão do mesmo.
Outros “Cristos” num mundo onde ainda somos atraídos por caminhos de prazeres
imediatos, mesmo que nos esvaziem do amor de Deus derramado do próprio Filho,
que abraçou a humanidade no abraço da cruz. Só ressuscita de verdade com
Cristo, quem é fiel a Ele por meio da Comunidade de Fé, Oração e Amor. Não
basta sermos solidários com a morte, quando nós mesmos protagonizamos a Cultura
da Morte em nossas eleições. É interessante como arranjamos tempo para
nossos compromissos sociais: aqueles que garantem nosso prestígio frágil,
porque um dia acaba. É interessante como gostamos de aparecer e necessitamos de
reconhecimento, que cai no esquecimento de quem fica depois de nossa passagem
por este tempo e espaço terrenos. É interessante o tempo que investimos para
estarmos sempre ao lado dos que estão “em alta”, quando nem sempre encontramos
tempo, disponibilidade, generosidade e compaixão para com os menos favorecidos.
Somos tão rápidos nas marteladas de pregos naqueles que erram de quando em vez,
segundo as convenções sociais, mas tão lerdos para estender nossas mãos e
oferecer o perdão que tanto imploramos quando nós mesmos caímos. Cristo seria
bem mais presente e sentido entre nós, se não deixássemos apagar a chama que
acendemos n’Ele na Vigília Pascal. Ele quer tanto ressuscitar mais do que ser
constantemente crucificado pelos pregos de nossas línguas felinas, caluniosas e
tantas vezes venenosas.
Sejamos um “Cristo
aceso” a iluminar o caminho sombrio dos nossos irmãos que sofrem exclusões e
são preteridos por nossa sociedade tantas vezes alimentada pela hipocrisia! Sejamos
a Esperança dos que a perdem a cada esquina de suas vidas!
Desejando-lhes muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e cheio de novas esperanças,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 3,13-15.17-19; Sl 4; 1 Jo 2,1-5 e Lc 24,35-48)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de abril de 2015,
pp. 85-88 e Roteiros Homiléticos da Páscoa (abril de 2015) da CNBB, pp. 60-64.
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