COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Cristo
deixou pastores instituídos para continuarem a guiar o seu povo, quer
por prados e campinas verdejante,
quer por vales tenebrosos. Eles são
chaves indispensáveis à vida e à missão da Igreja. A preparação e o cuidado
desses pastores se fazem cada dia mais exigente e de responsabilidade
de todos.
Existem tantos pobres e
famintos, abandonados e sem carinho. A comunidade eclesial, que celebra o pastoreio de Jesus Cristo, não pode
cruzar os braços nem fechar os olhos diante da situação de tantos e tantos
sofredores, ovelhas sem pastor.
Pastor ou Pastora
é quem tem responsabilidade pelo bem de outras pessoas. A atitude de Jesus nos
lembra de que esta é a forma de ser de Deus, e também deve caracterizar a
comunidade cristã.
No seguimento de Jesus,
somos ovelhas e pastores, convocados a
viver a “compaixão/sentir com” os
pobres, a ser “pastores amorosos”
responsáveis pela sorte, pela vida, pela paz, pela felicidade dos irmãos e
irmãs.
Jesus traz a paz a todos
sem exceção, porque vem da parte de Deus, e, nele, nós somos filhos de Deus. A
divisão entre judeus e pagãos, crentes e não crentes, brancos e negros, homem e
mulher ou qualquer outra oposição não pode ser aceita por nós. Não tem lugar na
comunidade eclesial. A comunidade é chamada a exercer o pastoreio de Jesus, ajudada e animada pelos pastores convocados e
instituídos.
O convite de Jesus para
ir a um lugar tranquilo e descansar um pouco não é detalhe que destoa no
Evangelho. Criemos em nossas comunidades espaços para o descanso, o lazer, a
convivência prazerosa. A vida cristã não se reduz a preceitos, pecados,
orações, devoções, abstinências, jejuns, esmolas... mas proporciona também
experiências fraternas na gratuidade, no aconchego, no convívio alegre e
fraterno.
Jesus Cristo é a
misericórdia de Deus que nos acompanha ao longo da vida e nos conduz à casa do
Pai, para aí habitarmos eternamente.
Como rebanho,
encontramo-nos no regaço de nosso Pastor para refazer as forças e
ouvir sua Palavra. A celebração nos afasta da correria da missão e dos afazeres
da vida, para permanecermos na intimidade do Senhor, experimentarmos o seu
carinho e a sua gratuidade, e prosseguirmos mais animados em nossa caminhada
pascal. Somos tocados pelo seu olhar compassivo. Sua presença amorosa se faz
sentir na comunidade de irmãos que juntos celebram o sacramento de sua Palavra,
que ecoa do meio dos acontecimentos, da homilia, dos cantos e do silêncio. E,
num diálogo de aliança e compromisso, respondemos, professando nossa fé e
suplicando, desejosos que seu Reino venha logo.
Mas é no rito eucarístico
que vivemos a plena comunhão da aliança com o Senhor. Agradecidos, oferecemos
com Ele nossa vida ao Pai que nos brinda com a ceia, sacramento da entrega de
seu Filho na cruz.
Na comunhão de sua
aliança, deixamo-nos tomar de compaixão pela multidão faminta, sofrida e
desesperançada ao nosso redor. Pela força do Espírito, como bons pastores,
assumimos doar nossa vida para que o mundo tenha vida e alegria.
O coração compassivo de
Jesus acolhe a todos os que se aproximam dele e nunca decepciona ninguém. Só
Deus não decepciona. Nós nos decepcionamos constantemente, por conta de nossos
limites. Mas se deixarmos Jesus assumir nossas fraquezas, Ele nos ajudará a
melhorarmos em nossa missão. É preciso configurar-nos com Jesus, o Bom Pastor, vivendo como Ele vive em
nossas relações pessoais, comunitárias, eclesiais, políticas e sociais.
O Senhor é o verdadeiro Pastor que conduz por caminhos retos e cheios de compaixão. As
lideranças e toda a comunidade são convidadas a orientar sua prática por Jesus,
que faz cessar as divisões e leva todos ao Pai.
O profeta Jeremias faz
severa crítica aos responsáveis pelo povo que não cumprem seu dever. Aqui
são contemplados os ministros ordenados e instituídos, os agentes de pastoral e
coordenadores de nossos movimentos eclesiais, bem como nossos políticos. A compaixão e a ternura de Jesus, pastor messiânico, diferenciam-se nos
dos outros pastores. Deus não exclui nenhum povo, ele quer que todos sejam “povo
de Deus”. A mesa da eucaristia nos alimenta e restaura nossas forças para
sermos bons anunciadores do reino.
Como bom pastor, Jesus
se compadece dos pobres, dos famintos, dos desempregados e abandonados
à própria sorte. Solidariza-se com os nossos sofrimentos. Guia-nos,
fortalece-nos e defende nossa vida em meio aos reveses e sobressaltos do dia a
dia.
O convite da Palavra
deste Domingo para cada um, mergulhado em sua vocação, missão e responsabilidade,
é de uma vez por todas configurar-nos com Jesus Cristo, o Bom
Pastor! Isso só será possível se nos despirmos de nossa arrogância,
prepotência, ganância, de nosso carreirismo, busca de prestígio e poder: o
querer ser sempre melhor que os outros. Também precisaremos esforçar-nos para
superar entre nós, pastores e ovelhas, a inveja, que nada mais é do que a baba de Caim, a competitividade, o
individualismo e a indiferença com nossos semelhantes. Quantas situações
conhecemos, em que nos alegramos com os aparentes fracassos de nossos irmãos,
até mesmo no ministério? Falamos em fraternidade sacerdotal, porém mal nos
cumprimentamos, e quando possível falamos mal de nossos próprios irmãos,
escondendo nossos defeitos atrás dos deles. Coisa feia!... É interessante que
não confiamos uns nos outros. Antes, corremos uns dos outros, julgamos mal com
mais rapidez do que oferecemos nossa ajuda. A falta de fraternidade presbiteral
e comunitária; a concorrência entre uma Comunidade e outra, são
contratestemunhos que espantam muitos fiéis de nossas Igrejas. Tais situações
escandalizam os menos evangelizados e nos garante como prêmio eterno uma pedra
de moinho ao pescoço e fundo do mar. Mas nem tudo está perdido. Ainda há tempo
de conversão.
Eis nossa sorte: Jesus Cristo, o Bom Pastor perdoa sempre. Permite que
recomecemos a cada dia novamente. Mas é preciso querer viver a ternura
que Jesus vive por cada um que procura esforçar-se para ser configurado
com Ele. Oxalá, nossa Igreja passe por uma profunda conversão e seja
reconhecida, porque acolhedora viva a verdadeira Teologia Pastoral da Ternura!
Sejam todos
abundantemente abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e
fiel.
Padre Gilberto Kasper
(Ler Jr 23,1-6; Sl 22(23); Ef 2,13-18 e Mc 6,30-34)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2015,
pp. 60-62 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de Julho de 2015, pp.
61-66.
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