-- Meu Imaculado -- Coração Triunfará: 2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegremo-nos todos no Senhor:
Hoje nasceu o Salvador do mundo,
Desceu do céu a verdadeira paz!”(Sl 2,7).

ANÚNCIO NATALINO       
“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo
e fez o homem à sua imagem,JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI,
querendo santificar o mundo com a sua vinda,
foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belém de Judá.Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana.Venham, adoremos o Salvador.Ele é Emanuel, Deus Conosco.”
(Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, p. 76)

Nosso Comentário da Palavra da Solenidade do Natal do Senhor, tentará, resumidamente abordar as Celebrações da Noite de dia 24 e do Dia 25 de Dezembro!,
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Por isso, “Exultemos todos no Senhor: nasceu o salvador do mundo, do céu desceu a verdadeira paz e felicidade. Na fragilidade da criança, contemplamos a revelação de Deus na história da humanidade. Deus se encarna no humano para nos tornar mais divinos.
         
Todos somos convidados a formar coro com os anjos: glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra às pessoas de boa vontade. Jesus chegou até nós, trazendo-nos a salvação. Chegou a salvação dos pobres e oprimidos (Is 9,1-6). Por meio de Jesus, Deus entra na história da humanidade para dela fazer parte (Lc 2,1-14). A graça de Deus traz salvação a toda a humanidade (Ler Tt 2,11-14).
          Cristo, que nasce pobre em Belém, está entre nós na simplicidade do pão que compartilhamos, dando graças ao Pai. Com Maria e os pastores, reconheçamos e adoremos nosso Senhor.
          As promessas de Deus se cumprem: um menino nasceu para nós; ele é o príncipe da paz e a luz que brilha para o mundo, afastando toda treva. Na fragilidade da criança, Deus se torna presente em nosso meio. A palavra se fez pessoa e veio morar junto conosco.
          A luz se manifestou para iluminar os caminhos da humanidade, que anseia por paz e fraternidade. Acolhamos com alegria a palavra de Deus, força de vida e salvação. Deus vem trazer-nos paz e salvação. A palavra de Deus torna-se carne e habita entre nós. Ele nos fala diretamente por meio de seu Filho.
          Louvemos o Pai porque, com a encarnação de seu Filho, possibilita o encontro do divino com o humano. A palavra eterna do amor de Deus se fez homem, e nós vimos brilhar a sua luz” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, pp. 74-84).
          Gosto muito da frase que se pronuncia, geralmente em voz baixa, durante o canto da preparação das oferendas na Missa, enquanto se coloca uma gota de água no cálice de vinho: “Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade”. Penso que esta afirmação deveria ser dita em voz alta, pois sintetiza o evento do Natal do Senhor! Nossa participação de toda a História da Salvação é apenas uma gotinha de água, o mínimo, unicamente o esforço por acolher A palavra de Deus que se faz Pessoa igualzinha a nós em tudo, menos no pecado, remetendo-nos ao mais profundo conhecimento de Deus, na meiguice de um recém-nascido. Todo o resto Deus mesmo realiza em nós, na medida em que o permitimos agir.
A Natividade de Jesus é uma festa antiga. Esta celebração deita suas raízes na veneração da gruta em que o Senhor nasceu. No rito romano, como liturgia orgânica e já instituída somente tem-se notícia a partir do século IV, quando aparece pela primeira vez a data de 25 de dezembro, segundo os testemunhos de um antigo documento chamado Cronógrafo Romano.
          O que se celebra nesta liturgia é bem mais do que o aniversário do nascimento histórico de Jesus. É, em suma, a celebração de sua Páscoa vista sob a perspectiva de sua entrada no horizonte da história humana de modo inaudito e admirável, como sugere a bucólica cena do nascimento narrado no Evangelho de Lucas. Embora se possa (e deva!) localizar os feitos maravilhosos do Senhor no âmbito da história humana, que o ocidente convencionou consignar em “passado – presente – futuro”, a ação divina sempre precede e supera os nossos limites temporais e espaciais. Por isso, a liturgia divina quando celebrada se torna uma espécie de parêntesis no tempo cronológico, como momento da história da salvação que nos alcança aqui e agora, um acontecimento que deve ser lembrado em todo tempo e lugar.
          A celebração da Natividade do Senhor é festa de sua manifestação na carne, isto é, Deus vindo ao encontro da humanidade como pessoa humana: “sob véus de humildade podemos ver” o Deus invisível e eternal grandeza (Adeste Fidelis – Cristãos, vinde todos).
          Para Agostinho, no século V, a celebração do Natal do Senhor não tinha sentido de sacramento, era a recordação da Natividade de Jesus. Para o bispo de Hipona, o único sacramento era a Páscoa, pela qual os seres humanos e a criação inteira tinham sido reintegrados à sua origem, que é o próprio Deus, sumo bem. Será Leão Magno, no mesmo século e alguns anos mais tarde quem encontrará o sentido mistérico e por isso, sacramental, do Natal do Senhor. Para ele, a Natividade, celebração da encarnação do Verbo, está intimamente ligada à Páscoa. É seu início, pois, quando a Igreja celebra esta solenidade, comemora o aspecto do novo nascimento dos fiéis para uma vida redimida: ‘No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se um de nós, nós nos tornamos eternos’. Fica evidenciado o aspecto sacramental e pascal do Natal do Senhor.
Gosto de pensar como Deus dribla a humanidade, nascendo numa manjedoura, entre animais. Como se não bastasse, se permite anunciado em primeiro lugar aos mais simples dos simples: os pastores, durante uma fria madrugada. Talvez os únicos acordados naquela noite. Certamente os mais sensíveis e talvez os mais disponíveis para ouvir o jubiloso anúncio dos Anjos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”, isto é, aos homens e mulheres de coração aberto para acolher, como que uma “manjedoura”, um recém-nascido envolvo em panos, Emanuel, o DEUS CONOSCO, a meiguice e fragilidade de um bebê. Simplesmente uma criança. Isto me convence que Deus é muito mais simples do que O complicamos! Basta estar aberto, atento, ser hospitaleiro e acolhedor. Basta ler a face do Senhor no semblante do Outro!
Feliz e santo Natal a todos!
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 52,7-10; Sl 97(98); Hb 1,1-6 e Jo 1,1-18).

          

sábado, 20 de dezembro de 2014

QUARTO DOMINGO DO ADVENTO


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Céus, deixai cair o orvalho;
nuvens, chovei o justo;
abra-se a terra e brote o Salvador!”(Is 45,8).

            Já no Quarto Domingo do Advento e às portas da Solenidade do Natal do Senhor, a liturgia dirige o nosso olhar para o anúncio do Anjo feito a Maria e para sua própria pessoa enquanto imagem da Igreja que aguarda a chegada do Natal. Para sublinhar em que ponto a celebração nos situa, recordemos nosso trajeto realizado: nos dois primeiros domingos do Advento escatológico, nossa expectativa foi reacendida em vista das realidades futuras e dos últimos tempos que Jesus inaugurou a partir de sua vinda histórica e sua glorificação. A acolhida do anúncio da Palavra de Deus nos preparou na direção desse evento derradeiro, que o povo da Primeira Aliança viu realizar na Igreja, como já participante das realidades futuras.
No terceiro domingo do Advento, com o olhar mais voltado para a vinda histórica, a Igreja se alegrou, como que antecipando aquilo a que se prepara e no canto de Maria, proclamou as maravilhas que Deus realizou por seu povo e continua a realizar por meio de Jesus e de seu Espírito. Nesse mesmo período iniciamos a novena do Natal do Senhor, intensificando a nossa espera e vigilância, enchendo nossas lâmpadas com o azeite da oração, adentrando no festim do noivo que veio ao nosso encontro. Cada domingo, como luz a iluminar nossos passos, nos conduziu a este momento, onde contemplamos a Virgem como a um espelho, onde podemos ver a imagem daquilo que a Igreja é chamada a ser: casa preparada por Deus, arca da Aliança e receptáculo do Mistério outrora escondido e que Deus, por imensa bondade, revelou a todos.
“Graças ao sim de Maria, Deus veio habitar entre nós na pessoa de Jesus. Todos devemos estar disponíveis para a ação do Espírito de Deus, acolhendo no coração o mistério da encarnação. A páscoa de Jesus se manifesta nas pessoas e grupos que se dispõem a receber a boa-nova trazida pelo anjo Gabriel.
De coração alegre e agradecido, acolhamos a Palavra de Deus. Ela nos mostra o plano divino de salvação e em Maria realiza a prometida encarnação do Salvador.
Deus quer caminhar com seu povo, e não ficar trancado no templo. Maria aceita a proposta de ser a mãe de Jesus. O mistério de Deus se revela à humanidade em Jesus encarnado.
Respondendo nosso amém à oração eucarística, aceitamos com gratidão o plano de Deus; acolhendo a palavra feita carne, deixamo-nos transformar, pelo Espírito, em novas criaturas” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, pp. 64-67).
A celebração do quarto domingo, como último Domingo do Advento histórico, na mesma dinâmica do terceiro domingo, antecipa a realidade festiva que se desabrocha no Natal. Nesta celebração a Igreja é a receptora do anúncio do Anjo, participando da encarnação do Verbo ao acolher a Palavra proclamada, exercendo seu discipulado na escuta e na obediência e deixando realizar em seu seio a salvação esperada. Contudo, a chave messiânica da compreensão dos textos nos convida a perceber que a salvação principiou neste mistério e se completa na páscoa do Senhor, para a qual rumamos. Nós, que também já desfrutamos da vida divina em Cristo pela participação em sua páscoa, não devemos fazer o seu caminho de encontro com as realidades carentes de vida nova? Prolongar o anúncio do Anjo ao mundo, descobrindo a semente do Verbo nas realidades mais sofridas, não seria nossa resposta obediente, discipular e atenta à vontade do Pai? O Natal do Senhor se orienta e se aprofunda também na páscoa do mundo que anseia por vida nova e por salvação.
O mistério da encarnação, iniciando hoje com a anunciação do Anjo à Virgem, é aprofundado pelo mistério da cruz que nos leva à ressurreição. Segundo uma mensagem de Natal, “Para quem consciência ainda tem, o Natal  é dura cruz na casa de alguém”, poderemos nos encaminhar mais ligeiramente para o acontecimento natalino, se estivermos mais atentos e solícitos aos sofrimentos e cruzes que carregam os outros!
Com a Igreja, portanto, somos convidados a sentirmo-nos também grávidos do Senhor! Mais ainda: somos conclamados a “dar à luz ao Cristo não mais Menino, mas Ressuscitado”.  Por isso o Natal do Senhor precisa ser motivado por nossa missionariedade e discipulado a exemplo de Maria. Sejamos o porta-jóias de Jesus, anunciando-O com a própria vida ao mundo que nem sempre O reconhece em nossas incoerências. Quantas aparências, falsidades, mentiras, fingimentos e invejas atrapalham um verdadeiro Natal que não aborte Jesus, por conta do consumismo, hedonismo e individualismo! Sejamos livres para celebrarmos um Natal diferente, como nunca antes em nossa vida pessoal, comunitária e social!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
    (Ler 2 Sm 7,1-5.8-12.14-16; Sl 88(89); Rm 16,25-27 e Lc 1,26-38).



sábado, 13 de dezembro de 2014

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
GAUDETE – DOMINGO DA ALEGRIA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegrai-vos sempre no Senhor.
De novo eu vos digo: alegrai-vos!
o Senhor está perto” (Fl 4,4s).

          “Celebramos com esperança, otimismo e muita fé o Terceiro Domingo do Advento – Gaudete – DOMINGO DA ALEGRIA! A exemplo do Profeta Isaías, todos devemos nos alegrar, pois o Senhor está próximo. João Batista aparece neste domingo para preparar o caminho de Jesus até nós.
          A Palavra de Deus proclamada neste Domingo nos apresenta o tema da alegria, pois o Espírito do Senhor está sobre nós, nos leva a rezar sem cessar e nos faz reconhecer em João Batista o mensageiro da vinda de Jesus.
A celebração é momento de exultação, pois Deus está em nosso meio. A missão de João Batista é apontar a luz para a humanidade. O desejo de Deus é ver-nos felizes. Mas o que significa, para nós, ser feliz?
          Com nossa ação de graças, reconheçamos que se realizou para nós o anúncio da libertação. Nosso Deus nos associa à alegria da sua vida nova” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, pp. 47-49).
Por tradição, o Terceiro Domingo do Advento é denominado Domingo Gaudete, que significa Domingo da Alegria. Isso, porque a antífona de entrada começa com esta expressão: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’ (em latim Gaudete in Domino semper). Esta, portanto, é a chave para a compreensão dos textos bíblico-litúrgicos e eucológicos, assim como dos ritos e símbolos do Terceiro Domingo do Advento.
          A alegria de que trata a Liturgia deste domingo liga-se à proximidade da festa da Natividade do Senhor. A percepção de que já atravessamos mais da metade do caminho rumo à Noite Santa do Natal ilumina a celebração da comunidade de fé. Com razão a Oração da Igreja assim se exprime: “Levantai vossa cabeça, pois a vossa redenção se aproxima”. Portanto, o júbilo não se dá somente por que já se aproxima uma data memorável, mas sobretudo, porque as consequências do Mistério que nela se celebra já podem ser sentidas pela Igreja peregrina.
          O Terceiro Domingo do Advento – Gaudete é momento de passagem ou transição para a comunidade que celebra como o fora para os contemporâneos do Batista. Nós, como eles, somos atraídos para a “beira do Jordão”, a fim de permanecer de prontidão, à espera da travessia pascal que se inaugura com a revelação de Deus e se plenifica com a encarnação do Verbo.
          Nesse sentido, nosso olhar recai sobre o que se augura com a celebração Eucarística: “que estes sacramentos nos purifiquem dos pecados e nos preparem para as festas que se aproximam”. A preparação para a celebração da natividade e manifestação do Senhor na carne exige transpor o Jordão, passando pelas águas que nos liberam da maldade, da corrupção, da morte. Dito de outro modo, ao celebrar o Terceiro Domingo do Advento, a Igreja se alegra por estar à “beira” do Jordão, em poder levantar a cabeça e vislumbrar seu destino, que é a comunhão de vida com o Messias, cujas vozes proféticas de todos os tempos e lugares apontam e prenunciam, segundo a inteligência da fé.
          Dar graças, fazer eucaristia, corresponde de fato ao “nosso dever e salvação”, porque é no ato de buscar e reconhecer a presença de Deus, que nos percebemos salvos, mergulhados em sua vida. Damo-nos conta o quanto o Espírito Santo está sobre nós empurrando-nos para que demos testemunho da visita do Messias no mundo, alegrando os tristes, devolvendo a dignidade aos empobrecidos. A ação de graças recomendada por Paulo nos faz reconhecer que tudo quanto fora dito por Deus em promessa, cumpriu-se em seu Filho e se desdobra naqueles e naquelas que o servem e lhe são fiéis. Em suma, nossa fidelidade torna evidente aquele que nos chamou e é fiel no cumprimento de sua Palavra.
AGRADECIMENTO PELA DOAÇÃO NA COLETA PARA A EVANGELIZAÇÃO
          [É o domingo em que deveremos partilhar nossa pobreza, doando generosamente os frutos saborosos de nossos exercícios penitenciais e de abstinência propostos para o rico tempo do Advento! Não devemos dar qualquer “migalha” ou aquilo que nos sobra da compra de presentes de Natal. Recebemos um envelope destinado à Coleta para a Evangelização, que deveremos devolver, contendo o resultado daquilo que deixamos de gastar em favor dos que têm menos do que nós, bem como, para que Jesus Cristo seja conhecido e nosso povo evangelizado de sul a norte de nosso imenso País. Quem não tiver ou esquecer o envelope, coloque na coleta da esmola numa das Celebrações deste Domingo da Alegria sua doação, porque todas as Paróquias e Comunidades endereçarão o que recolherem, à Cúria Metropolitana, que por sua vez dará o destino certo à generosidade de nosso coração. Sejamos, portanto, honestos e justos, porque a Igreja no Brasil sobrevive com nossa corresponsabilidade!]
          Desde o início, a obra de evangelização e o trabalho da Igreja contaram com o apoio espiritual e material de todos os batizados. Motivados pela fé recebida e pela gratidão a Deus, todos os membros da Igreja são chamados a colaborar, de várias formas, para que o dom do Evangelho também chegue a outras pessoas.
          Além de vivenciar concretamente sua corresponsabilidade de batizado pelas obras de evangelização e do sustento de irmãos e irmãs empenhados nestas atividades, a sua participação o tornará mais disponível ao Senhor.
          Esta será a destinação de sua coleta: 45% para a sua Diocese; 20% para as 17 Subsedes da CNBB; e 35% para a CNBB Nacional.
          Deus lhe pague pela contribuição nesta importante coleta!
          O grande convite deste Domingo da AlegriaGAUDETE – é transpirar a esperança de que o Natal do Senhor nos ajude a promovermos maior dignidade entre as pessoas, sendo Anjos uns para os outros. Acendendo a vela rosa de nossas Coroas do Advento, possamos renovar o propósito de testemunharmos uma fé cheia de alegria, com sabor divino.
          Não nos esqueçamos de nossos gestos concretos, oferecendo quem sabe, como presente de Natal uma Bíblia ao invés de presentes perecíveis. A Palavra de Deus semeada no coração dos que amamos e dos que ainda não a conhecem, não perecerá. Ao contrário será alimento de vida a quem a acolher com alegria! Não falar mal de ninguém até o Natal poderá tornar-se um magnífico hábito entre irmãos que amam, ao longo do novo ano que se aproxima. Se não tivermos nada de bom a dizer sobre o outro, é melhor calar!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Is 61,1-2.10-11; Sl Lc 1; 1 Ts 5,16-24 e Jo 1,6-8.19-28).

domingo, 30 de novembro de 2014

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO



COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O que vos digo, digo a todos; vigiai!” (Mc 13,37).

            Com o Primeiro Domingo do Advento iniciamos o Novo Ano Litúrgico, e nossa preparação para o Natal do Senhor! “A liturgia nos faz forte apelo à vigilância, para estarmos acordados e atentos, pois o Senhor vem vindo e nos visitará. Abrimos mente e coração para acolher a graça e a paz que vêm da parte de Deus.
          Deus se revela nosso Pai e redentor e nos restitui a dignidade perdida. Também nos convida a estar atentos e vigilantes para que, ao visitar-nos, nos encontre preparados. A exemplo de Paulo, louvamos a Deus pela graça que nos concede em Jesus Cristo.
          O povo reconhece estar distante dos caminhos do Senhor e deseja a sua vinda. Fiquemos sempre atentos e preparados, pois Deus quer nos visitar.Todos somos chamados à comunhão plena com Cristo.
          Iniciando novo ano litúrgico e o Ano da Paz proposto pelos Bispos do Brasil, ofertamos nossa vida e nossos projetos de um mundo melhor, onde as pessoas vivam a paz e a solidariedade” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, 97-99).
          O início do ano litúrgico nos convoca a exercitar uma das grandes virtudes cristãs: a esperança. Mas embora estejamos no seu começo, a liturgia, qual uma bússula, nos faz olhar para as realidades do fim, como que nos ensinando a direção, apontando a meta e orientando a nossa existência para Deus. Os cristãos são o povo da esperança, a confiança e o otimismo em relação ao reinado de Deus e sua definitiva instauração com a segunda vinda de Jesus tem, para nós, sabor de realização, plenitude e salvação. Jesus, convocando à vigilância, nos alerta para que, por desatenção, não sejamos surpreendidos enquanto dormimos. O sono, imagem da morte e da noite do pecado, conota falta de comunhão com o Senhor, o Vigilante por excelência, que não foi tragado pelo sono da morte.
          Mas realizar coisas, boas ações ou orações, não diz tudo a respeito da vida cristã. Existem tantas pessoas que oram e realizam boas coisas e talvez sejam até melhores do que nós naquilo que fazem... Nossa experiência de fé é pautada na vida em Jesus Cristo. Mais do que esperar Jesus, nós esperamos nele! As boas ações e a oração que fazemos são frutos de uma comunhão com ele, índice de nosso vínculo batismal com o Senhor, antecipação da vida futura que ele nos garante e nos reserva. É por isso que somos povo da esperança, pois o fato de estarmos tão intimamente ligados a ele, não só prolonga a sua ação salvadora no mundo, mas antecipa aquilo que para nós está reservado na vinda do Filho de Deus. Na aurora de um novo dia, como porteiro, nos postamos no limiar desse novo tempo que Jesus inaugurou. Vigiar é esperar com alegria e confiança as realidades futuras que já vivemos, permitindo que chegue ao mundo pela porta do nosso agir e da nossa oração o Desejado das nações.
          Embora os tempos continuem difíceis e desafiadores, quiçá mais complexos, não estão nos faltando a atenção aos crucificados de hoje, às perseguições e injustiças, mas também à vida que insiste e resiste, bem como aos sinais que nos anunciam a chegada do Filho de Deus? O mandato do Senhor continua válido: ‘o que vos digo, digo a todos: Vigiai!. Entendemos isso a partir da nossa comunhão com ele, sempre perseverantes na oração e no bem que devemos fazer por causa dessa comunhão, sem perder a alegria e a confiança que marcam nossas vidas e a nossa missão.
          Mas como fazemos o exercício da espera? Como a esperança acontece em nós e por quê? A quem aguardamos? Todas essas questões nos ajudam a compreender a comunidade e a nossa própria vida, como existência pautada pela expectativa. A vigilância é a couraça da esperança. Vigia quem espera confiante e alegre, pela vinda do Senhor, quem trabalha pela construção de um mundo melhor, quem exercita o amor pelo próximo, sobretudo o mais desvalido, quem ‘sintoniza’ sua vida na frequência do Evangelho e do Espírito de Deus, quem promove a paz e a justiça e quem não descura da vida de oração e de busca pelo Senhor. Desde a sua origem a Igreja repete a súplica pela vinda dele – Maranatha! – e pelo Reino, na oração do Pai nosso. A Igreja nasceu suplicando e desejando o Reino porque experimentou e vive da Páscoa de Jesus, penhor das realidades definitivas.
          É preciso dispor-se a ser evangelizado. Quem está em processo de Evangelização se torna evangelizador. O encontro com o Verbo encarnado impulsiona a anunciar a outros a feliz experiência.
          A corresponsabilidade na obra evangelizadora deve suscitar nos batizados a percepção das necessidades na sustentação dessas atividades, levando-os à solidariedade através da contribuição para que a Igreja tenha recursos para evangelizar e manter seus organismos e pastorais nos níveis: paroquial, diocesano e nacional (CNBB e suas subsedes Regionais – 17). A solidariedade de todos contribuirá para que a evangelização possa atingir as regiões mais desprovidas de recursos financeiros, como a Amazônia ou as periferias das grandes cidades.
Sendo o Advento uma especial preparação para a Solenidade do Natal do Senhor, o convite é de alegre vigilância e profunda esperança nele! Um dos exercícios muito proveitosos e práticos para o Advento parece simples, mas não é: Não falar mal de ninguém neste rico tempo! Pode parecer simples, mas trata-se de um exercício muito difícil, embora santificador. Mesmo sabendo ou constatando erros nos outros, guardar para si, no silêncio do coração, em segredo, sem espalhar a ninguém o erro cometido. Tentemos todos os dias, até o Natal, Não falar nadinha de mal sobre ninguém!
O outro exercício está ligado à Coleta para a Evangelização realizada no Terceiro Domingo do Advento GAUDETE, O Domingo Rosa Domingo da Alegria! Neste primeiro domingo receberemos um pequeno envelope a ser devolvido no domingo da Coleta. Que valor colocaremos neste envelope? Eis o segundo exercício do Advento: pensando nos irmãos em dificuldades, dispor-nos a partilharmos da nossa pobreza em favor de uma Evangelização mais eficaz. Portanto, no envelope, deveremos depositar nossos exercícios penitenciais deste rico tempo de vigilância e conversão! Deixar de consumir e o resultado de tal renúncia será o resultado de nossa doação. Não consumir algum refrigerante, guloseimas, outros prazeres somados, deveriam se converter em frutos saborosos de nossa participação consciente nesta Coleta!
          Finalmente, possamos pensar em ser mais presença do que dar presentes neste Natal. E, se quisermos dar algum presente, evitemos a “cultura do consumo”, pensando em quem precisa mais do que nós. Um belo gesto concreto seria tornar-nos, quem sabe, colaboradores do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, destinando uma pequena parcela de nossos presentes natalinos aos mais surrados pela vida: nossos Moradores de Rua do Núcleo Dom Hélder Câmara, nossas crianças, adolescentes e jovens em situação de risco do Núcleo Dom Bosco. Ligue já para o FAC e seja um sócio colaborador, oferecendo seu presente de Natal ao verdadeiro aniversariante estampado no rosto de nossos pobrezinhos assistitos: (16) 3237-0941/3237-0941. Ou então faça-nos uma visita, de segunda a sexta-feira entre 8 e 17 horas: Rua Barão do Amazonas, 881 – Centro de Ribeirão Preto!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79(80); 1Cor 1,3-9 e Mc 13,33-37).
         


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra.
a ele glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6).

            Celebramos o último domingo do Tempo Comum com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. “O reino de Jesus é reino de justiça, vida e liberdade. Depende de nós aceitar e antecipar a vinda desse reino, constituindo-o pelo nosso empenho pessoal, familiar, comunitário e profissional. Hoje celebramos também o dia do leigo e da leiga.
          Porque nos ama, Deus cuida de cada um com justiça. Pela ressurreição de Cristo, recebemos vida nova, que precisa ser preservada. Jesus nos deixa alguns critérios para saber se estamos ou não no caminho do reino. ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!’ (Mt 25,34).
          O bom pastor não descansa enquanto há ovelhas a ser resgatadas. O que nos faz sentar ao lado de Cristo, rei do universo, é a caridade praticada em favor do necessitado. Cristo, ressuscitado e rei do universo, é o senhor da história e da humanidade” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 80-83).
          O Ano Litúrgico termina com a festa de Cristo-Rei. E fica a pergunta: quem é esse Cristo-Rei para a comunidade reunida para celebrar o memorial da páscoa? Interessante que a primeira leitura mostra em que consiste a realeza de Deus: ela é serviço à liberdade e à vida das pessoas, sobretudo das que são impedidas de viver. O Evangelho, por sua vez, nos compromete radicalmente com a prática da justiça, traduzida em solidariedade e partilha com todos os necessitados, vendo neles o próprio Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje continua nos desafiando colocando-nos diante dos irmãos menores e mais fracos.
          Paulo, por sua vez, com a ressurreição de Jesus comprova a vitória da justiça. Dentro de nós há uma semente de ressurreição, de justiça, de partilha e solidariedade.
          Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que tem sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se ele está nos irmãos, ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos.   
          O Reino de que Jesus fala é um reino não de poder, mas sim de serviço: “O Filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20,28). Esse é o critério do julgamento. Entrar no reino supõe que os discípulos tenham seguido os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados.
          Celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna? Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? “Entre nós está, e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos”.
          É tempo de parada e de avaliação, tendo diante dos olhos Jesus Cristo, Rei do Universo, o Ressuscitado e na nossa frente os irmãos pobres e abandonados, lembrados por Jesus no Evangelho.
          Rezando neste domingo, especialmente pelos Leigos e Leigas,  lembramos que somos chamados pela consagração batismal à missão profética, sacerdotal e régia para transformar o mundo no Reino de Deus.
          Quando nos referimos à festa de Cristo Rei do Universo, certamente como os próprios apóstolos, imaginamos majestade, magnitude, poder, prestígio, honras e tapetes aveludados... Gosto do modo como Deus dribla a humanidade do começo ao fim da História da Salvação, História Amorosa para com a Humanidade! Ele nos surpreende com Sua simplicidade, que até escandaliza alguns. Deus, em Jesus Cristo, Rei do Universo, é muito mais simples do que O complicamos. Espera de cada um de nós, igual humildade, sobretudo em relação aos mais fracos e menos favorecidos por nossa cruel e hipócrita sociedade!
Muitos de nós nos contentamos com as “ovelhas” que nos procuram e obedientemente participam e servem nossas Comunidades. Acomodados às nossas salas de atendimento, celebrações de sacramentos, temos dificuldades de exercer nossa missão profética, sacerdotal e real de sermos, de uma vez por todas uma IGREJA DO IR! Irmos em busca das “periferias existenciais”, como tanto o Papa Francisco insiste. Elas, geralmente, são nossos desafios, nos desinstalam e nos dão trabalho. Mas é lá que encontramos o verdadeiro Rei do Universo, estampado no rosto sofrido e nem poucas vezes no mau cheiro de nossos irmãos, os mais surrados pela nossa Cultura do Descartável.
Com freqüência fazemos acepção às ovelhas gordas, bem como às mais bonitinhas e bem tratadas, chutando as machucadas ou excluindo as que representam ameaça ao nosso próprio prestígio ministerial. Isso, lamentavelmente, acontece entre ministros ordenados e não. Que nossas Comunidades sejam, de verdade, mais acolhedoras e saibam viver a profunda ternura entre o rebanho, a Igreja!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28 e Mt 25,33-46).

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sábado, 15 de novembro de 2014

TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Meus pensamentos são de paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me invocareis,
e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro,
de onde estiverdes” (Jr 29,11s.14).

            A Palavra de Deus do Trigésimo-Terceiro Domingo do Tempo Comum, apresenta-nos a Parábola dos Talentos. Atraídos por Jesus, “reunimo-nos para celebrar a sua páscoa, pedindo-lhe que nos torne comunidade vigilante e responsável na administração dos dons que Deus nos concede. Participando da alegria do Senhor, queremos ouvir dele:  ‘Empregado bom e fiel, eu lhe confiarei muito mais’.
          Deus concede às pessoas muitos dons. Sua Palavra nos convida a ser habilidosos e vigilantes para administrar esses dons e fazê-los frutificar para o bem de todos.
          A mulher virtuosa e temente a Deus é bênção para toda a família. A vigilância verdadeira consiste em trabalhar os talentos recebidos para construir o reino de Deus. A vigilância cristã deve ser contínua.
          Com a Eucaristia, Deus renova em nós o dom do compromisso com a edificação do reino celeste. Convidados ao banquete eucarístico, participamos da alegria do Senhor” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 60-63).
          A primeira leitura deste domingo faz o elogio de uma mulher ideal, exemplo de pessoa sábia: sua administração e sabedoria são completas. É a sabedoria em ação; o homem depende dela; tem capacidade para os negócios; ela é o contrário da pessoa preguiçosa, insensata e sem responsabilidade de que o Evangelho nos fala.
          A mulher aqui descrita é a personificação da sabedoria. Sabedoria significa o sentido que damos à vida e a tudo que a partir dela realizamos. O sentido da vida passa a ser a nossa esposa-companheira-ideal, capaz de recriar, colocar sabor àquilo que faz parte do nosso dia-a-dia. Essa mulher é inspiração e fama do marido, na cidade e na comunidade, mãe zelosa dos filhos que somos nós nas labutas diárias. O marido e os filhos são discípulos da sabedoria, aceitam os ensinamentos da Lei, dos Profetas e dos Sapienciais.
          Não devemos dormir, mas permanecer vigilantes e sóbrios. Isso significa vigiar e vigiar é abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça e entrar no coração do Reino que comporta uma prática de serviço no culto ao Deus verdadeiro.
          É preciso estar atento à leitura e compreensão do Evangelho. Quem é o homem que vai fazer uma longa viagem? Quem são os servos? O que significa a entrega dos talentos? Em que consiste a prestação de contas?
          O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confiou seus bens, a cada um conforme sua capacidade. A um deu cinco, a outro dois e ao outro um talento.
          A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em nos entregar seus bens. Nada retém para si. Tudo é entregue. Sua fragilidade é confiar em nós, que podemos desperdiçar toda a sua riqueza. Deus arrisca perder confiando em nós. Sua fragilidade ressalta sua grandeza e bondade.
          A Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver como filhos da sabedoria, da luz e do dia. Impele-nos a entrar na luta com coragem e responsabilidade para que o Reino de Deus cresça neste mundo. Não desperdicemos os talentos, que são de Deus, a nós entregues em confiança.
          O Senhor nos pergunta pelo sentido que damos para a nossa vida e o que dela fazemos na perspectiva da chegada do Reino de Deus. Essa avaliação acontece no encontro pessoal com ele. Não devemos ter medo dele nem considerá-lo um homem severo, mas que nos confia uma missão e não faz as coisas por nós nem assume as nossas tarefas.
          Somos convidados a rever o compromisso, a missionariedade e o discipulado de nossas Comunidades. Tanto os ministros ordenados, como os agentes de pastoral não tem direito de “enterrar” os talentos que o Senhor lhes confiou. A Religião Católica é uma das mais “liberais” do mundo. Não podemos mais aceitar, à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II, da Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha de Aparecida, da Evangelii Gaudium e Documento 100 da CNBB: Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia – A Conversão Pastoral da Paróquia, fiéis que tão somente sejam “cumpridores de preceitos”, sem profundo compromisso pastoral!  Com quanta facilidade nos descompromissamos com nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor! Elencamos inúmeras justificativas e responsabilizamos “outros” para nossa ausência na vida eclesial.
          Penso que há dois elementos a serem superados, a fim de fazermos render os talentos que nos são confiados para enriquecer a Igreja do Senhor: sermos menos acomodados e insensíveis, colocando-nos mais a serviço e valorizar os irmãos que receberam talentos, mas são ignorados por irmãos invejosos e carreiristas: aqueles medíocres, que têm medo de serem “ultrapassados” porque preguiçosos, enterram os próprios talentos e tentam desfazer dos talentos dos outros, por pura inveja!
          Não tenho como não repetir a conversão, a coerência e o bom senso de: poder em serviço; de talentos em partilha e de prestígio em humildade!
          Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127(128); 1Ts 5,1-5 e Mt 25,14-30).
           

          

sábado, 1 de novembro de 2014

COMEMORAÇÃO DOS FALECIDOS

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Queridos Irmãos e Amigos na Fé!
“Como Jesus morreu e ressuscitou,
Deus ressuscitará os que nele morreram.
E como todos morrem em Adão,
todos em Cristo terão a vida” (1Ts 4,14; 1Cor 15,22).

            “A Igreja convida-nos a entrar em comunhão com o Deus da vida e rezar pelos nossos falecidos. O dia nos lembra que nossa existência terrena é passageira, mas nem por isso deve ser desvalorizada; lembra-nos também que não podemos perder a fé na ressurreição. Por isso nos unimos ao salmista e proclamamos: ‘O Senhor é minha luz e salvação’.
          Nossa vida não se resume nos poucos anos de existência neste mundo. Fomos criados para a eternidade. Assim como o Senhor vive para sempre, na ressurreição viveremos eternamente junto a ele.
          Muitos nos precederam no tempo; deixaram-nos uma herança de vida construída no amor e na fé, no sacrifício e no trabalho. Apresentamos ao coração de Deus todos os nossos falecidos” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 26-28).
A palavra da Sabedoria gira em torno do conflito justos versus injustos, chamados de insensatos. No Sermão da Montanha (cf. Mt 5,7-27), Mateus reúne a nova justiça trazida por Jesus. As bem-aventuranças abrem esse sermão, anunciando a felicidade verdadeira de ser merecedor do Reino. São  proclamações de salvação para aqueles que aderem à comunidade dos seguidores de Jesus Cristo. Quando tudo parecer acabado, novas coisas surgirão, e quem se manteve fiel receberá sua herança. Será tudo novo, sem dor, sem choro, sem luto. Nem morte haverá.
          A Palavra de Deus é um apelo para sermos pobres em espírito e nos propõe o aspecto dinâmico do ser humano, de buscar a incerteza do ser. Expressa muita exigência e não apenas desprendimento dos bens materiais. Ser pobre ‘em espírito’ nos leva a transformar a referência de uma situação econômica e social em uma atitude para aceitar a Palavra de Deus. Este é um tema central das Sagradas Escrituras que nos convida a viver em total disponibilidade à vontade de Deus e fazer dela nosso alimento. É uma atitude de filhos e filhas, irmãos e irmãs dos demais filhos de Deus; ser pobre em espírito é ser discípulo de Cristo. O discipulado exige abertura ao dom do amor de Deus e solidariedade preferencial com os pobres e oprimidos.
          As demais bem-aventuranças referem-se a outras atitudes do discípulo, do pobre: bom trato, aflição pela ausência do Senhor, fome e sede de justiça, misericórdia, coerência de vida, construção da paz, perseguição por causa da justiça. Elas enriquecem e aprofundam a primeira bem-aventurança.
          Neste dia de esperança, de comunhão com quem amamos e continuamos amando, mesmo sem a presença física, a Ressurreição de Jesus é uma luz cintilante para nossa fé na vida. Temos certeza que todo mal já foi vencido e nos aguarda um futuro onde a morte não existirá mais. É essa também a certeza que temos quanto a nossos pais, irmãos, amigos e a todos os que adormeceram no Senhor.
          Temos que construir o novo céu e a nova terra durante o tempo de nossa história, mas temos a confiança que quem morreu, tendo guardado a fidelidade a Jesus Cristo, já pode usufruir do novo céu e da nova terra sem fim.
          Com Santo Agostinho de Hipona, gosto de pensar que “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser!” Nossa fé se debruça sobre a esperança de que, morrendo, veremos Deus como Deus é, e isto nos basta. “Nascemos para morrer e morremos para viver de verdade...”, mesmo na incerteza de que “O passado já não é mais e o futuro não é ainda...”, questionando “Que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede, não sei”. Finalmente fazemos a experiência, neste dia, que “A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído!”
          Desejando-lhes a esperança na ressurreição, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Sb 3,1-9; Sl 41(42); Ap 21,1-7 e Mt 5,1-12).

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegremo-nos todos no Senhor,
celebrando a festa de Todos os Santos.
Conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho de Deus”.

            “Celebrando a Solenidade de Todos os Santos de Deus, comungamos com aqueles que já se encontram na casa do Pai e vivem em plenitude as bem-aventuranças. Nós também somos proclamados felizes, porque formamos a grande família de Deus e procuramos seguir a multidão dos que nos deixaram exemplo de fidelidade e amor.
          A multidão dos fiéis seguidores de Jesus, filhos e filhas amados pelo Pai, reúne-se numa celebração celestial. Ainda em vida são proclamados felizes porque depositaram sua confiança em Deus.
          Todos os que se mantêm fiéis a Cristo serão vitoriosos. As bem-aventuranças são o caminho da santidade proposto por Jesus. Somos filhos e filhas de Deus, pois ele é nosso Pai, e seremos semelhantes a ele.
          A Eucaristia transforma-nos, lenta e progressivamente, em seres capazes de contemplar o Pai unidos a todos os que são salvos” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 17-20).
          A celebração de Todos os Santos é a festa da santidade anônima. Da santidade entendida, em primeiro lugar, como dom de Deus e resposta fiel da criatura humana. Torna-se impossível enumerar todos os santos, tido como sinais da manifestação maravilhosa da ação de Deus. A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única santidade de Deus.
          Cada santo é um exemplar único e exclusivo. Não podemos pensar a santidade como um produto em série. A comemoração de todos os santos nos abre à imprevisibilidade do Espírito Santo.
          A multiplicidade de santos faz deles um modelo perfeito para a vivência dos carismas pessoais e para a diversidade de opções no seguimento de Jesus e no serviço à Igreja e à sociedade.
          Quando veneramos ou falamos de um santo de nossa devoção, somos tentados a contemplá-lo (a) pela ótica perfeccionista. ‘Ele foi perfeito’, ‘Um super-humano’. Não! Os santos, antes de tudo, foram pessoas comuns. Eles fizeram sua caminhada de vida seguindo os passos de Jesus. Participaram da realidade do povo santo e pecador. Contudo, eles se destacaram na vivência radical do ideal proposto pelas bem-aventuranças. Foram pessoas que, por seu modo de viver a Boa-Nova, marcaram significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em referenciais atualizados para a história.
          O convite evangélico à santidade é proposto a todos. Não é uma realidade impossível de alcançar. Tudo depende do vigor com que se vive o ideal das bem-aventuranças na relação com Cristo e nos compromissos inerentes à vida. Eu e você podemos ser santos. Não importa se somos pessoas de muitas qualidades ou não. O que conta é que sejamos pessoas extraordinárias pela vivência do programa de Jesus resumido nas bem-aventuranças.
          Fica mais uma vez entre nós a pergunta crucial: como ser santo? O que significa ser santo? A liturgia vai nos conduzir para mais perto da santidade de Deus.
Ouve-se frequentemente de bons lábios cristãos algumas frases em relação à santidade, como: “Eu não nasci para ser santo...”. “Não sirvo para ser santo...”. “Não sou santo, logo não tenho culpa...” Gosto de pensar que tais cristãos não compreendem o próprio Batismo. O Batismo torna-nos seres divinizados, ou seja, candidatos à santidade! Não creio que sejam as coisas boas que conseguimos realizar, nem as coisas más que praticamos, por vezes, involuntariamente, que nos conduzem à santidade, porém o esforço empreendido por fazer de tudo para ser bondoso, humilde, servo e anjo para os irmãos, vivendo uma relação de ternura constante. Quem sabe, fazendo uma listinha de esforços diários nos ajude a conquistar a santidade proposta a todos os filhos e filhas de Deus, nascidos do “útero da Igreja, a Pia Batismal!” Já paramos para pensar, com quantos santos convivemos ao longo de nossa vida, mesmo que não reconhecidos, oficialmente, por decretos de beatificações ou canonizações?
            Não deixemos para amanhã, nem mesmo para daqui há pouco: comecemos já nosso esforço por sermos santos, sendo anjos uns dos outros. Só quem é simples e bondoso, sabe o quanto é magnífica a ante-sala da santidade!
                    Desejando-lhes, por intercessão de Todos os Santos, muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24); 1 Jo 3,1-3 e Mt 5,1-12).

sábado, 25 de outubro de 2014

TRIGÉSIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Exulte o coração dos que buscam a Deus.
Sim, buscai o Senhor e sua força,
procurai sem cessar a sua face” (Sl 104,3s).

            Neste Trigésimo Domingo do Tempo Comum, nos reunimos “para celebrar novamente, a páscoa de Jesus e buscar a face de Deus, que se revela no rosto sofrido dos pobres e oprimidos. Amando os irmãos sofredores, amamos o próprio Deus. A eucaristia é a expressão da ternura misericordiosa do Pai para com todos.
          As leituras nos convidam a amar a Deus acima de tudo e nos comprometem a amar os necessitados. O amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis.
          Deus nos convida a defender a vida dos pobres e esquecidos. Os dois amores da vida, Deus e o próximo: amando um, estaremos amando o outro. É importante que a comunidade saiba fazer memória da sua caminhada.
          Neste domingo, rezamos especialmente, pelo trabalho missionário e continuamos doando nossas ofertas em favor das missões. Agradecemos a Deus a generosidade dos fiéis que torna possível a atividade missionária da Igreja(cf. Liturgia Diária de Outubro de 2014 da Paulus, pp. 79-81).
          Na certa, temos uma situação que nos incomoda e mexe com o nosso modo de anunciar e celebrar com a comunidade o memorial da páscoa de Jesus. Como interpretar e viver nos dias de hoje a Palavra de Deus proclamada na liturgia?
          No Dia do Senhor, o Domingo, nos reunimos para nos encontrar com Deus. Mas para chegar a Ele é preciso ter feito uma opção e passar pela porta de entrada que é o povo com sua história, suas angústias, esperanças, lutas e privações, pois, Deus não quer um amor distante do povo e intimista.
          O nosso Deus que amamos e juramos fidelidade é o Deus defensor dos pobres. Somos seus aliados na defesa dos excluídos, desprotegidos e rejeitados da sociedade. A nossa religião se firma nesse Deus e cultiva o seu amor pelos últimos da terra.
          Somos reunidos por um Deus que está no meio dos deserdados e iletrados e que nos diz que a porta de entrada na sua amizade passa pelo amor ao povo que sofre e ama. E amar a Deus significa amar esse povo que vive e faz história conosco.
          E a Palavra de Deus nos faz lembrar que ser cristão significa ser missionário do bem, do amor, da justiça. Isso supõe o desmascaramento dos ídolos que mantém o povo à margem da vida e das celebrações que cultivam um deus falso e um culto vazio.
          O compromisso missionário é dos cristãos e das comunidades eclesiais. É dia de oração. Dia de ofertas generosas. Antes de tudo um dia de avaliação pessoal e comunitária. As missões não são apenas uma atividade da Igreja ou um dia do calendário pastoral. A fé que recebemos como dom e bênção não sobrevive nem se sustenta sem o mergulho no compromisso missionário e profético.
          A liturgia nos leva a olhar para o Senhor de braços abertos e olhar fixo no horizonte da missão e nos campos imensos que esperam operários e ceifadores. O que podemos e vamos fazer para contribuir no anúncio da Palavra do Senhor: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma e todo o teu entendimento’. ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a Bíblia!
          Ao definir o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo, o resumo da lei e de toda a mensagem bíblica, costumo pensar na qualidade desse amor. Vivemos um tempo, em que os contra valores engolem nossa sociedade, levando-a ao consumismo, egoísmo, hedonismo e individualismo. Será que nosso amor tem sabor divino? Enquanto criados à imagem e semelhança de Deus, somos capacitados a amar um amor com sabor de Deus mesmo. Porém, nunca antes houve tanta depressão e descontentamento com nossa imagem. Penso que ao criar-nos à Sua imagem e semelhança, nem régua Deus usou. Moldou-nos segundo Seu amor profundo por cada um de nós, Suas criaturas prediletas. Nem sempre nos damos conta disto. Por isso, penso que amar a Deus e o próximo como a mim mesmo, implica num terceiro mandamento: amar-me a mim mesmo como Deus me criou e moldou. Isso nem sempre é fácil. Quantas intervenções cirúrgicas plásticas vemos acontecer mundo afora, com a desculpa de melhorar a auto-estima? Para mim, não existem pessoas feias, a não ser em suas atitudes, comportamentos e relações com os semelhantes. Logo gosto de dizer assim: amar a Deus e ao próximo como a mim mesmo, do jeito que cada um é, e não como gostaríamos que fosse. Se eu não for capaz de aceitar-me como sou e amar-me do jeitinho como Deus me moldou, também não serei capaz de amar meu próximo e muito menos a Deus.
          Não esqueçamos de devolver o envelope da Coleta para as Missões. Mesmo que a Coleta tenha sido semana passada, ainda há tempo, para os que esqueceram. Seja esta coleta o fruto saboroso, a partilha de nossa pobreza em favor das Missões. A coleta não poderá ser uma simples esmola ou migalha, mas um valor considerável que demonstre nossa generosidade. Deixar de consumir algo em favor de quem precisa mais do que nós, agrada o coração de Deus. A indiferença e insensibilidade para com as Missões, desfigura nosso compromisso de sermos uma verdadeira Igreja de Jesus Cristo, totalmente missionária e ministerial.
                    Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ex 22,20-26; Sl 17(18); 1 Ts 1,5-10 e Mt 22,34-40).

sábado, 18 de outubro de 2014

Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
Dia Mundial das Missões
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Missão para libertar”.
“Enviou-me a proclamar a libertação”

            A Palavra de Deus do Vigésimo-Nono Domingo do Tempo Comum, Dia Mundial das Missões, nos desafia “a não separar a liturgia da vivência cotidiana. Com a frase-resposta ‘dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’, Jesus vence o desafio lançado por seus opositores e nos ensina a dar glória a Deus por meio da vida dedicada ao seu povo.
          Como cidadãos do reino conduzidos pela mão do Senhor, vamos acolher a palavra da salvação. Ela vem a nós com a força do Espírito e nos ensina a dar a Deus o que lhe pertence.
          Ciro, rei pagão, torna-se instrumento de salvação nas mãos de Deus. A autoridade é responsável pelo bem-estar do povo, que tem a Deus como seu único Senhor. O tripé de uma comunidade cristã é a fé, a caridade e a esperança.
          Não podemos separar a vida cotidiana da vida de fé. Na assembleia que partilha o pão da vida, reconhecendo-nos todos filhos e filhas do mesmo Pai e cidadãos da mesma pátria” (cf. Liturgia Diária de Outubro de 2014 da Paulus, pp. 62-66).
          Há quem use a palavra do Evangelho de hoje para manter a religião longe da política. Essa maneira de pensar já é uma opção política que serve aos interesses dos que têm poder e exploram o povo.
          Em tempo de tanta corrupção, podemos reconhecer vários poderosos que se colocam como deuses. O poder político coloca-se como valor absoluto. Pessoas, regimes ou estruturas que impedem a humanidade de ser “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Roubam de Deus o que pertence unicamente a ele: o povo.
          A política e a economia devem ser instrumento para a realização da justiça, do direito da vida, conforme a vontade de Deus. Quando o dinheiro domina a pessoa, fica perdida a noção de dignidade, de direito, de justiça e de respeito. Muitas vezes, é uma questão mal resolvida dentro de cada um de nós, na sociedade e na política.
          Os cristãos que se engajam na política não são fiéis a Deus na medida em que se comprometem com o sistema que oprime. Quando forem capazes de renunciar à riqueza, serão fiéis a Deus, a quem devem devolver o povo que lhe roubaram.
          O imposto cobrado deve ser revertido em benefício do bem comum e não desviado para algum “caixa dois’. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece dominadores e fortalece a dominação tanto interna como estrangeira.
          Jesus chama de hipócritas os grupos que o elogiam, mas sustentam a injustiça sobre o povo. Ele manda devolver para Deus o que é de Deus – o povo libertado. O nome do amor hoje é a política vivida como solidariedade.
          A Deus não temos como pagar, pois tudo a ele pertence. O tributo que podemos pagar a Deus é a entrega de nossa vida, compromisso com o projeto que Jesus nos ensinou, no amor fraterno e na justiça. Ligamos fé, política e economia, conseguindo romper com a dominação do dinheiro, do consumismo, da adoração à moeda estrangeira, do poder e do sucesso. Na Igreja, na comunidade, como nos organizamos para ficar livres da ganância, do poder e do dinheiro?
          A moeda deve ser restituída a César, porque nela está impressa a imagem do seu senhor: o imperador. Há uma criatura sobre a qual está impressa a imagem de Deus. Esta é sua e somente sua. Ninguém pode apropriar-se dela indevidamente.
          As palavras de Jesus nos alertam a ficarmos atentos e prontos a gritar quando as pessoas são injustiçadas, exploradas e massacradas em seus direitos.
          Somos tentados frequentemente a “comprar deus” com dinheiro ou falsas promessas e dar a César o que é de Deus. O que é de Deus? O que é de César? Não podemos cair na armadilha e trair os princípios e valores do Reino de Deus. Pedimos a graça de estar ao dispor de Deus e servi-lo de todo coração.
          A comunidade é o lugar, por excelência, para servir a Deus, cantar as suas maravilhas e professar a nossa fé nele. A fé nos leva a “devolver a César o que é de César”, recusando todo tipo de dominação ou privilégios, pois, o Deus em quem acreditamos quer vida e liberdade para todos.        
O desenvolvimento, crescimento e valor de um País, geralmente, é medido a partir da economia, enquanto deveria ser reconhecido desenvolvido, civilizado a partir dos valores de seu Povo: a riqueza de sua cultura, a sustentabilidade de seus bens naturais e a sabedoria dos que nascem naquela determinada Nação. Lamentavelmente o dinheiro apodera-se sempre da “última palavra”. Com dinheiro resolve-se a vida e os problemas de uma pequena porção de um povo em detrimento da grande maioria, que sobrevive com “migalhas”.
          Se nossos políticos e servidores públicos, que nem sempre servem o povo, mas apropriam-se indevidamente do que é de todos, trabalhassem por salários mais modestos, talvez a injustiça na política pudesse ser sanada. Não é o que acontece. Além de salários demasiados altos, têm assessorias que recebem vergonhosas ajudas de custo, além de barganhas, comissões e dinheiro sujo que compra a honra de quem quiser sobreviver ao sistema corrupto que contemplamos escancaradamente. Nossos impostos não são honestamente aplicados em favor do bem comum. Quanta sujeira varrida debaixo dos tapetes de nossos Governos! Subestimam nosso senso crítico e nós não exercitamos nossa cidadania e direitos. Não valorizamos nem mesmo um centavo de troco, permitindo que de centavo em centavo, alguns poucos enriqueçam com dinheiro ilícito. Somos apáticos e conformados com o que nos é imposto, tornando-nos o País que paga os mais altos impostos do mundo, sem que esses sejam aplicados em melhor qualidade de vida dos cidadãos.
          Os bancários fazem greve enquanto os banqueiros se dão conta de que muitos dos grevistas são inúteis, já que a vida do País continua. Sofre o povo simples. Basta inovar um pouco mais a tecnologia eletrônica da transação bancária e a mão de obra humana torna-se supérflua. Não seria mais inteligente os bancários combinarem uma greve interna, sem prejuízo aos clientes de seus bancos? Durante um mês os funcionários dos bancos deixariam de vender os produtos de seu banco, atendendo tão somente os clientes, sem fechar as portas. Nosso dinheiro fica à mercê dos bancos que enriquecem ainda mais, durante a greve.
Seria injusto, não fosse diabólico! Enquanto grevistas gritam por justiça, políticos votam aumento dos próprios salários. Daí que afirmo acreditar na honestidade da maioria dos políticos, desde que trabalhem sem salário fixo; contentando-se apenas com o necessário para servir seus eleitores!
          Corruptos e desonestos não nascem nas Câmaras, no Congresso Nacional, Senado e até mesmo na Suprema Corte. São (des) educados no seio da própria família desde tenra idade. Quando os pais pagam seus filhos para que obtenham bons resultados na escola; quando recompensam os filhos por serem educados, comportadinhos e coniventes com as falcatruas familiares formam homens desonestos, corruptos e sem escrúpulos.
          Também em nossas Comunidades, precisamos estar atentos para destinar com justiça o dinheiro que nos chega, aplicando-o honestamente. Refiro-me ao dízimo, às coletas hodiernas e extraordinárias e taxas cobradas nas secretarias de nossas Paróquias e Celebrações. A Coleta para as Obras Missionários deste Dia Mundial das Missões deverá ser enviada toda ela à Cúria, sem subtrair nenhum centavo, como parece acontecer frequentemente. Não podemos utilizar o dinheiro das Coletas para decorar nossos Templos. Vivemos com simplicidade, utilizando os recursos para nossas despesas? Devemos sustentar nossas Comunidades com dignidade e partilhar de nossa pobreza com os que têm menos do que nós. O que Jesus diria a cada um de nós, vendo que algumas Comunidades sobrevivem com dificuldades agudas, enquanto outras ostentam luxo chamado de bom gosto? É admissível que numa Igreja que se diz ser de Jesus Cristo haja tamanha disparidade e desigualdade entre irmãos no Sacerdócio? A tão falada “fraternidade presbiteral” é concreta ou não passa de “balela”? Cada um de nós é chamado a responder desde os porões da própria intimidade: somos coerentes ou hipócritas entre o que pregamos e vivemos: na Família, na Sociedade, na Igreja e na Política?
Neste ano, celebra-se também neste domingo o Dia Nacional da Juventude, que geralmente é comemorado no quarto domingo de Outubro (Ver maiores informações nos Sites: www.arquidioceserp.org.br e www.cnbb.org.br.
          Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço fiel e amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 45,1.4-6; Sl 95(96); 1Ts 1,1-5 e Mt 22,15-21).